O Antigo Testamento: por que estudá-lo?

Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 2 views
Notes
Transcript
2Timóteo 3.16–17 NAA
16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Para ler e meditar durante a semana
D– 2Pe 1.19-21 – A inspiração da Escritura;
S – Sl 119.89-96 – A perfeição da Escritura;
T – 2Ts 2.9-12 – Rejeitada a Escritura, vem o erro;
Q – 2Ts 2.13-17 – Deus preserva os seus na verdade;
Q – 2Tm 3.14-15 – Permanecer nas sagradas letras;
S – 2Pe 3.15-16 – O perigo de deturpar as Escrituras;
S – Dt 8.1-3 – Sustento pela Palavra
INTRODUÇÃO
Na lição anterior vimos, a partir do salmo 19, a perfeição do Antigo Testamento como revelação divina. Nesta lição, avançaremos em nosso estudo observando algumas razões que nos são apresentadas pelo apóstolo Paulo, pelas quais devemos estudar o AT. Faremos isso a partir do conselho que ele deu ao seu discípulo, o jovem pastor Timóteo, em sua segunda carta.
Tem sido corretamente apontado que em 2Timóteo 3.16 a declaração de Paulo não tem o objetivo de se referir apenas ao Antigo Testamento. Ao falar “toda Escritura”, Paulo inclui escritos do Novo Testamento, que àquela altura já haviam sido produzidos, como por exemplo, o Evangelho de Lucas. Em 1Timóteo, Paulo faz uma citação desse evangelho junto de outra citação do livro de Deuteronômio, e encerra as duas citações sob o termo “Escritura” (cf. 5.18).
Independentemente disso, certo é que por “Escritura”, Paulo faz referência ao Antigo Testamento. No versículo 15 ele diz algo muito interessante: “[...] desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”. Os livros do Novo Testamento só começaram a ser produzidos na década de 50 d.C. A primeira menção a Timóteo no Novo Testamento está em Atos 16.1. Quando Paulo chega a Listra, durante a sua segunda viagem missionária (cerca de 51 d.C.), Timóteo já era um jovem, tanto que acompanhou Paulo em sua viagem missionária. Assim, com toda certeza, as sagradas letras ensinadas a Timóteo desde a infância são as Escrituras do Antigo Testamento.
A declaração de Paulo em 2Timóteo 3.16, “Toda a Escritura”, é uma referência ao Antigo Testamento. E nessa passagem, logo depois de ordenar que Timóteo permanecesse apegado às sagradas letras (v. 14), o apóstolo faz três declarações que nos mostram as razões pelas quais devemos ser estudantes zelosos do AT.
I. O ANTIGO TESTAMENTO É INSPIRADO POR DEUS
O apóstolo Paulo está dizendo que se deve viver pelo Livro porque ele vem diretamente da boca de Deus. Toda a Escritura é “inspirada por Deus”, soprada por Deus, vem diretamente do Senhor. Quando falamos, sopramos nossas palavras a partir do que pensamos. É exatamente isso que Paulo está dizendo a Timóteo a respeito da natureza do Antigo Testamento. Essa convicção de que as Escrituras foram sopradas por Deus era a posição dos tementes a Deus do primeiro século, o que incluía os escritos do Antigo Testamento.
Por inspiração devemos entender “a influência sobrenatural do Espírito de Deus sobre os homens separados por ele mesmo, a fim de registrarem de modo inerrante e suficiente toda a vontade de Deus, constituindo esse registro na única fonte e norma de todo o conhecimento cristão”.1 Heber Carlos de Campos destaca que “a transformação da revelação especial de Deus para uma forma escrita é um processo que, tecnicamente, chamamos de ‘inspiração’”.2 B. B. Warfield chama a nossa atenção para um fato importante sobre 2Timóteo 3.16: “Em poucas palavras, o que é declarado por essa passagem fundamental é, simplesmente, que a Escritura é um produto divino, sem qualquer indicação de como Deus operou para a sua produção”.3
Algo que surge como uma implicação dessa verdade é que o Antigo Testamento, de modo específico, é a Palavra de Deus. Nós usamos muito essa expressão, mas o fazemos de uma maneira tão banal que acabamos por diminuir o seu significado. A Bíblia, de modo geral, e o Antigo Testamento, de modo específico, é a Palavra Viva de Deus. “De fato, a Bíblia é a viva Palavra de Deus. Ela é a verdadeira Palavra de Deus. Ela não é uma letra morta; ela é uma Palavra viva. Ela veio da própria boca de Deus, e, portanto, ela é suficiente”.4 Visto que o Antigo Testamento é a Palavra de Deus, ele possui completa autoridade, ampla utilidade e é suficiente para tudo na nossa vida.
II. O ANTIGO TESTAMENTO É ÚTIL
Muitas vezes, encontramos situações nas quais as pessoas dizem que gostariam que os seus pastores pregassem mensagens práticas e não exposições através dos livros da Escritura. É uma afirmação insensata, uma vez que pelas palavras do apóstolo Paulo, a Bíblia, a Palavra de Deus, incluindo o Antigo Testamento, é o livro mais prático em todo o mundo. Como afirma Ligon Duncan: “Paulo diz a Timóteo que a Bíblia nos diz tudo que precisamos saber sobre salvação e santificação, evangelização e edificação, fé e vida”.5 Quão prático é o Antigo Testamento? Paulo diz a Timóteo e a nós também: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.
No versículo 16 Paulo faz uso de dois pares de palavras para expressar a utilidade da Escritura. Ele diz que a Bíblia é útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir na justiça. O primeiro par de palavras tem a ver com doutrina. O termo traduzido como “ensino” é a mesma palavra que aparece em Atos 2.42, traduzida como “doutrina dos apóstolos”. E a palavra traduzida aqui como “repreensão” significa literalmente “refutação do erro”. Então, o Antigo Testamento é útil para ensinar doutrina. Há lugares nos quais as pessoas são expostas apenas a palestras motivacionais, não ao ensino de doutrina. E há muitos que usam a Bíblia para ensinar passos para a vida vitoriosa e não para ensinar a doutrina apostólica. No entanto, a Bíblia nos foi dada, em primeiro lugar, para nos ensinar doutrina. Toda a Escritura é útil para ensinar doutrina [aquilo em que devemos crer].
O Antigo Testamento também é útil para a repreensão, para a refutação do erro, porque quando a verdadeira doutrina é ensinada, o erro doutrinário é combatido e refutado. Quem é fiel às Escrituras não pode fugir dessa obrigação. Quem é fiel à Escritura precisa refutar o erro, precisa combater as seitas e as falsas doutrinas. É preciso que uma igreja que aprendeu durante muitos anos doutrinas errôneas seja corrigida. Juntos, o ensino e a repreensão produzem o benefício da sã doutrina. E é por falta de ensino e de repreensão que muitas igrejas têm caído no erro e se tornado cada vez mais antropocêntricas e desviadas.
O segundo par de palavras que Paulo usa tem a ver com a conduta do indivíduo. Paulo fala de correção e educação na justiça. Isso tem a ver com o comportamento da pessoa. A palavra traduzida como “correção” vem de outra palavra grega que significa “em linha reta”. Há uma versão em inglês que diz que a Escritura é útil para “nos endireitar”. A ideia é que a Palavra de Deus é prática a ponto de nos consertar, de nos fazer abandonar nossas condutas pecaminosas e a nos tornar retos. “Aqueles que aceitam ser reprovados da Escritura começarão a ter as suas vidas endireitadas.”6
Quando alguém tem, então, a sua vida corrigida pela Escritura, é educado na justiça. Isso tem a ver com santidade, piedade, com pensar todas as coisas à luz da Palavra de Deus. Alguém que se submete à Escritura é educado por ela no caminho da retidão. Esse alguém passa a pensar os pensamentos da Escritura sobre assuntos diários, cotidianos, como impostos, honestidade, trabalho, relacionamento familiar, namoro e casamento.
III. O ANTIGO TESTAMENTO É SUFICIENTE
Paulo declara a suficiência do Antigo Testamento no final do verso 17: “[...] a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Paulo usa aqui duas palavras, um adjetivo e um particípio, que são traduzidas como “perfeito e perfeitamente habilitado”, que servem para transmitir o sentido de que o homem de Deus é superequipado pela Palavra de Deus para saber como pensar e como agir em todas as áreas da sua vida. A Escritura é suficiente para produzir um cristão plenamente equipado, piedoso, que está pronto para viver com Deus, por Deus e para Deus. Já vimos que a Bíblia é suficiente para a salvação e para a nossa santificação. O que é dito aqui é que ela também é suficiente para a nossa vida diária.
Os católicos romanos negam essa verdade. De acordo com eles, a Bíblia não é suficiente como fonte de orientação para o dia a dia dos cristãos, de maneira que eles também têm necessidade daquilo que chamam de “tradição”, que é a interpretação oficial da Igreja de Roma ao longo da História. Nesse sentido, eles ensinam que os concílios romanos, o papa, quando ensina ex cathedra,ou seja, de forma oficial, complementam a Escritura como norma de vida para os cristãos. Os pentecostais e os neopentecostais também negam a suficiência das Sagradas Escrituras. Teoricamente, eles até dizem crer nisso, mas na prática, com o seu apego a sonhos, revelações e visões extrabíblicas, negam que a Bíblia seja suficiente para nos guiar em todos os instantes da vida. Para eles, a Escritura precisa ser suplementada por experiências e revelações pessoais. E tais coisas estão em pé de igualdade com a Bíblia, visto que eles se consideram guiados pelo Espírito Santo: “Teoricamente, se um cristão recebe uma ‘palavra de conhecimento’ do Espírito Santo, essa palavra deve ter o mesmo status e as mesmas propriedades que uma passagem da Bíblia tem, incluindo a inerrância”.7
Não obstante, a Escritura Sagrada é suficiente para todas as nossas necessidades em todas as áreas da vida. Nela encontramos a vontade revelada de Deus para o nosso trabalho, o nosso culto, nossa vida acadêmica, a nossa vida em família.
CONCLUSÃO
O nosso princípio básico é o de que a Bíblia é a suficiente e viva Palavra de Deus. Por essa razão, amemos a Escritura. Apeguemo-nos a ela da mesma maneira como alguém que está se afogando se agarra a uma boia. Vejamos a Bíblia como a única coisa que iluminará os nossos caminhos, para que consigamos andar neste mundo mergulhado em trevas. Nós temos um tesouro precioso em nossas mãos e muitas vezes não o valorizamos como ele merece.
Que a nossa disposição seja a mesma do salmista Davi, ao pensar no Antigo Testamento: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl 119.97).
APLICAÇÃO
Como você demonstra receber a Escritura como única e inerrante regra de fé e prática?
Related Media
See more
Related Sermons
See more