(Rm 9:14-18) A Doutrina da Eleição: Misercórdia e Justiça
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Imagine que você assinou um contrato e não conseguiu cumprir com seus deveres. Então perdeu os seus direitos. Por exemplo, cumprindo determinado contrato, ao final do perído de dois anos, pagando tantas presetações, você tiraria um carro. Um termo desse contrato é que mesmo que não conseguisse cumpri-lo o dinheir que ja havia sido pago não seria devolvido, você concordou. No final, você não cumpriu o contrato, perdeu o carro e perdeu o dinheiro. Então você liga pra empresa e você pede pelo menos seu dinheiro de volta. O dono da empresa diz que você não direito ao dinheiro, porque você quebrou os termos do contrato, você foi inadimplente. E você diz, “eu sei, é justo, mas eu não to pedindo justiça, eu estou pedindo misericórdia”.
Duas coisas precisamos saber pra compreender melhor a doutrina da predestinação divina: primeiro é que tudo o que Deus faz é pra sua própria. Ele é digno disso, ele tem poder pra isso, e ele é o dono de todas as coisas. Deus é o único ser do universo que pode agir pra trazer glória pra si mesmo. Se a gente faz isso, a gente é injusto, egoísta e soberbo, porque nós não somos dignos disso. Mas se Deus faz, ele é justo, porque ele está dando valor e reconhecimento para aquilo que tem mais valor em todo o universo, ou seja, ele mesmo. Então Deus pode e até deve agir pra trazer o máximo de glória pra si mesmo, do contrário ele seria injusto e até idólatra.
Outra coisa que precisamos aprender aqui pra entender melhor da outrina da predestinação, é a relação entre a misericórdia e a justiça de Deus. Quando se trata da salvação de um indivíduo, vemos a misericórdia de Deus. Mas quando se trata da condenação, vemos sua justiça.
Romanos 9.14 “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!”
Eu lembro na época da escola ainda, quando descobri esse assunto, eu conversei com um colega, e falei que Deus escolheu e predestinou algumas pessoas para serem salvas e outras não, e a reação dele foi dizer: “mas aí Deus seria injusto”. Aquilo abriu ainda mais a minha mente, porque a reação, foi exatamente a reação que o apóstolo Paulo descreve aqui: “Há injustiça da parte de Deus?”, e em seguida responde enfaticamente “de modo algum”.
Paulo desenvolve a sua resposta divindo em duas partes, primeiro falando sobre os eleitos e depois sobre os réprobos, os reprovados. Quando ele fala dos eleitos, ele nos leva a contemplar a misericórdia de Deus; quando fala dos réprobos, nos leva a contemplar o seu justo juízo.
Então, quando as pessoas questionavam a doutrina da predestinação insinuando que Deus era injusto, ou seja, falando da justiça de Deus, Paulo respondia falando da sua misericórdia. veja o verso seguinte...
Romanos 9.15 “Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.”
Paulo cita uma Palavra de Deus em que Deus afirma categoricamente que a misercórdia dele tava fundamentada na sua vontade, ou seja, ele se compadece de quem ele quiser. Não é questão de justiça. Deus é justo salvando ou não. O ponto é se ele quer ou não salvar.
Pra lembrar desse episóddio em particular, de Êxodo 33, o povo de israel tinha adorado o bezerro de ouro, e Deus ameaçou tirar sua presença do meio deles, então Moisés intercede e súplica a Deus que não fizesse isso, e em seguida pede que Deus se mostrasse pra Moisés. Deus responde e diz que vai permitir que Moisés veja as suas costas, ou seja, que ele tenha um vislumbre de Deus, porque ver Deus na sua integridade é impossível, porque o pecador seria destruído. Então a única de forma de ver Deus é por um aspecto, é por sua bondade. Assim ele diz:
“Respondeu-lhe: Farei passar toda a minha bondade diante de ti e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer.”
A maneira como conhecer Deus mais pessoalmente, é por sua misericórdia e compaixão. Se Deus não fizer isso, jamais o conheceríamos. É o direito dele se revelar e salvar a quem quiser. E não é nosso dereito ser salvo.
Mateus 20.15 “Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?”
Imagine um professor que teve piedade de uma turma de alunos que não tinha tantas condições de estudar, e tiraram uma nota ruim. Então o professor resolveu passá-los com a nota mínima. Eles acharam injusto, e foram reclamar com o professor. Ele disse: Voces querem justiça, então estão todos reprovados.
O verso 16 diz:
Romanos 9.16 “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.”
Não há doutrina que nos faça compreender a essência da salvação se não a doutrina da eleição incondicional de Deus. Ele salva porque ele quer e a quem ele quer. Deus é justo em sua própria essência. Não há nada que ele faça que seja injusto.
As igrejas evangélicas hoje, que infelizmente negam essa doutrina junto com a igreja católica, dizem com razão, que se uma pessoa se perde e é condenada e vai pra o inferno, é por culpa dela, pelo pecado dela. E ele tem razão, é verdade. Mas essa é uma parte da verdade. A gente não pode acreditar nisso e negar que essa pessoa não foi escolhida por Deus. Por isso a visão teológica das igrejas hoje é uma visão inccompleta, eles acreditam em uma parte e negam outra. Precisamos confessar que nós somos responsáveis pela nossa salvação, ao mesmo tempo em que ela depende inteiramente da vontade de Deus, por isso, por mais que Paulo exorte a gente a viver em santidade, a buscar salvação, a viver pra agradar a Deus. Por mais que o escritor de hebreus que sem santificação ninguém verá o Senhor, ainda assim, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.
Veja essa parábola de Jesus:
Lucas 17.7–10 “Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa? E que, antes, não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás? Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.”
Romanos 9.17 “Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.”
Se Deus é magnificado em sua misericódia por salvar um pecador, uma criatura, sem que ela mereça, ele é exaltado também em seu juízo ao condenar um pecador porque ele merece ser condenado. O exemplo que Paulo usa é claro. Faraó foi levantado por Deus pra que Deus fosse glorificado de outra forma, em seu juízo. Calvino diz que se o endurecimento do Faraó glorificou o nome de Deus, então é blasfêmia acusar Deus de injustiça. Faraó cumpriu seu propósito último, foi pra isso que ele foi levantado. Então aqui Paulo ensina que Deus levantou o Faraó pra que o Faraó se levantasse contra o seu povo. Ou seja, estava no plano de Deus o endurecimento dele, para libertar o seu povo daquela maneira. O salmista, no salmo 105, fala assim, não só do Faraó, mas dos egípcios, ele diz:
Salmo 105.25 “Mudou-lhes o coração para que odiassem o seu povo e usassem de astúcia para com os seus servos.”
Por outro lado, o livro de Êxodo diz que o Faraó endureceu o seu próprio coração, ou seja, ele continou pecando, sem arrependimento.
Êxodo 7.13–14 “Todavia, o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.
Êxodo 7.22 “Porém os magos do Egito fizeram também o mesmo com as suas ciências ocultas; de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.”
Êxodo 8.15 “Vendo, porém, Faraó que havia alívio, continuou de coração endurecido e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.”
E por isso, o livro de Êxodo também diz que Deus endureceu o coração do Faraó
Êxodo 4.21 “Disse o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo.”
Êxodo 7.3 “Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas.”
Então a gente aprende três partes sobre o endurecimento dos ímpios. Primeiro, isso não foge do plano eterno de Deus. Segundo, os ímpios endurecem seu próprio coração, por isso são responsáveis por sua própria codenação. Terceiro, Deus endurece o coração endurecido dos ímpios, para que não se arrependam, como forma de juízo. Quando Deus endurece de uma vez, não há mais volta. Por isso o Faraó foi até o fim, e foi destruído. O endurecimento é um juízo de Deus sobre o próprio pecado. Em que ele entrega o pecador a si mesmo.
Assim, devemos assumir que se alguém se perde a culpa é sua, mas se alguém é salvo, o crédito é de Deus. O impressionante não é que alguém seja condenado, mas que alguém salvo. Deus poderia não salvar ninguém se ele quiser, mas ele resolveu salvar muitos. Louvado seja o nome do Senhor!
Cânones de Dort, 1:
6. Deus dá nesta vida a fé a alguns enquanto não dá a fé a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. Porque as Escrituras dizem que Ele "...faz estas cousas conhecidas desde séculos." e que Ele "faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade..." (Atos 15:18; Ef 1:11). De acordo com este decreto, Ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por duros que sejam, e os inclina a crer. Pelo mesmo decreto, entretanto, segundo seu justo juízo, Ele deixa os não-eleitos em sua própria maldade e dureza. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre os homens que estão na mesma condição de perdição. Este é o decreto da eleição e reprovação revelado na Palavra de Deus. Ainda que os homens perversos, impuros e instáveis o deturpem, para sua própria perdição, ele dá um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus.
7. Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, porém envolvidos na mesma miséria dos demais. São escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a eternidade, como Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá-los por Cristo, Deus decidiu dá-los a Ele e efetivamente chamá-los e atraí-los à sua comunhão por meio da sua Palavra e seu Espírito. Em outras palavras, Ele decidiu dar-lhes verdadeira fé em Cristo, justificá-los, santificá-los, e depois, tendo-os guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, glorificá-los finalmente. Deus fez isto para a demonstração de sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça. Como está escrito: "... assim como nos escolheu nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito [bom propósito] de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado...".
13. A consciência e a certeza desta eleição fornecem diariamente aos filhos de Deus maior motivo para se humilhar perante Deus, para adorar a profundidade de sua misericórdia, para se purificar, e para amar ardentemente Aquele que primeiro tanto os amou...
Confissão Belga, Art. 16:
Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência na perdiçãol mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho2, somente pela bondade, elegeu3 em Jesus Cristo nosso Senhor4, sem levar em consideração obra alguma deles5. Justo, porque Ele deixa os demais na queda e perdição, em que eles mesmos se lançaram.
Charles Spurgeon
Antes que a primeira estrela fosse acesa, antes que o primeiro ser vivo começasse a cantar louvores ao seu Criador, ele amava sua Igreja com um amor eterno. Ele a espiou no espelho da predestinação, retratou-a por sua presciência divina e a amou de todo o seu coração; e foi por esta razão que ele deixou seu Pai, e tornou-se um com ela, a fim de redimi-la. Foi por esta razão que ele a acompanhou por todo este vale de lágrimas, saldou suas dívidas, e carregou seus pecados em seu próprio corpo no madeiro. Por causa dela ele dormiu no túmulo, e com o mesmo amor que o derrubou ele subiu novamente, e com o mesmo coração batendo fiel ao mesmo noivado abençoado ele foi para a glória, esperando pelo dia do casamento quando ele voltará, para receber sua esposa perfeita, que deve ter se aprontado por sua graça. Nem por um momento, seja como Deus sobre todos, bendito para sempre, ou como Deus e homem em uma pessoa divina, ou como morto e sepultado, ou como ressuscitado e ascendido, ele nunca mudou no amor que tem pelos seus escolhidos.
Se renda a esse Rei Soberano que resolver nos amar. Declare sua fidelidade a ele, e clame pra que ele te salve. Ele mesmo disse que todo aquele o buscar e todo coração vai achá-lo. Faça isso essa noite, ore a Deus pra que você seja alcançado por sua misericórdia e compaixão, e ele, segundo sua maravilhosa vontade, poderá salvar você.