JOÃO 4

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João 4.1–26

Havia diversas estradas da Judeia para a Galileia: uma perto da costa marítima, outra através da Pereia e ainda outra pelo centro de Samaria. Contudo, Josefo nos informa que era costume dos galileus fazerem sua viagem pela região dos samaritanos, quando vinham à cidade santa para as festas (Antiguidades §20.6.1). Além disso, a distância mais curta da região de Jerusalém e Jericó, onde Jesus havia ministrado, para seu destino em Caná da Galileia (4.46) era a estrada através de Samaria. É possível que o verbo teve (ἔδει) se refira meramente a esta circunstância. Ou seja, que um viajante vindo da região rural da Judeia, para economizar tempo e distância, tinha de atravessar a Samaria para alcançar Caná da Galileia. Não obstante, tendo em vista que a consciência do nosso Senhor em cumprir o plano divino é enfatizada constantemente neste Evangelho (veja 2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 13.1; 14.31) e que também está implícita no contexto imediato (4.1–3), é mais provável que o significado aqui seja: ele teve de atravessar a Samaria em consonância com as ordens de seu Pai celestial, para fazer a vontade daquele que o enviou e realizar a sua obra (4.34).

João 4.1–26

A profundidade do poço de Jacó na época desta história, e hoje novamente, é de mais de 30 metros. Foi removido em anos recentes o entulho acumulado durante os séculos entre estas datas, e que levara muitos comentaristas a afirmar que a profundidade do poço era de 23 metros. O poço é cercado pelos muros de um convento. A água do poço de Jacó é muito refrescante, e não é inferior em qualidade à água das fontes ao seu redor.

João 4.1–26

O Senhor pretende, por meio desta mulher, alcançar seus vizinhos. Ele provará ser o Salvador não apenas para seus eleitos na Judeia, mas também para os de Samaria.

João 4.1–26

O contraste entre o terceiro capítulo de João (a obra de Cristo na Judeia) e o quarto (sua obra na Samaria) é marcante. No capítulo 3, Jesus lidou com um homem (Nicodemos); no capítulo 4, com uma mulher; lá, com um judeu, aqui, com uma samaritana; lá, com uma pessoa de alta posição moral, aqui, com uma pessoa de baixa reputação. Não obstante, o Senhor se prova capaz de salvar a ambos.

João 4.1–26

Para compreender a inimizade religiosa entre esses dois povos, é necessário fazer uma breve revisão da história dos samaritanos. O último rei de Israel, Oseias, após pagar seu tributo à Assíria, transferiu sua lealdade para o Egito. Logo Samaria, a capital do reino do norte, foi cercada pelos exércitos de Salmaneser. Após um longo cerco, foi tomada por Sargão, no ano 722 a.C.

João 4.1–26

Permitiu-se que as pessoas bem pobres ficassem na terra de Israel. Estrangeiros da Babilônia e de territórios ao redor foram trazidos para a região devastada. Estes se casaram com os israelitas que ficaram para trás. Esta população mista recebeu o nome de samaritanos (de Samaria, a metrópole fundada por Onri).

João 4.1–26

Assim, aconteceu que surgiu um judaísmo adulterado enxertado no culto pagão. Quando um remanescente dos judeus retornou à terra de seus pais (principalmente, mas não exclusivamente, dentre aqueles que foram deportados no exílio babilônico de 586 a.C.), eles reconstruíram o altar de holocaustos e lançaram os alicerces do templo. Samaritanos invejosos e seus aliados interromperam a obra (Ed 3 e 4). O motivo foi que lhes negaram permissão para cooperar na obra de reconstrução. Eles tinham pedido:

Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir para aqui. [Ed 4.2]

Mas a resposta que receberam foi a seguinte:

Nada tendes conosco na edificação da casa a nosso Deus. [Ed 4.3]

Ao receberem esta recusa brutal, os samaritanos passaram a odiar os judeus (cf. também Ne 4.1–2). Subsequentemente, construíram seu próprio templo no monte Gerizim. Este foi destruído por João Hircano, um dos governantes macabeus, por volta do ano 128 a.C. Contudo, os adoradores continuaram a oferecer sua adoração no topo do monte onde o edifício sagrado estava antes. Fazem isso até hoje. Na Páscoa, toda a comunidade deixa suas casas e acampa no topo do monte Gerizim; quando surge a lua cheia, o sumo sacerdote entoa as orações e os auxiliares cortam as gargantas dos cordeiros tal como faziam muitos séculos atrás. Hoje há um total de cerca de 270 samaritanos apenas. Do Antigo Testamento, aceitam apenas os cinco livros de Moisés. Parecia que a seita estava condenada à extinção, em razão de sua endogamia fechada e da grande falta de mulheres entre eles. Ultimamente, porém, passaram a se casar com mulheres judias.

Os sentimentos pouco amistosos dos judeus para com os samaritanos podem ser percebidos em passagens como 8.48 e (no livro apócrifo de) Eclesiástico 50.25–26. A atitude igualmente hostil dos samaritanos para com os judeus é demonstrada em Lucas 9.51–53. A bondade amorosa do nosso Senhor ultrapassou as fronteiras do ódio nacional, como se demonstra não apenas aqui em João 4, como também em Lucas 9.54–55; 17.11–19, e na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25–37).

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