O Filho do Homem é Senhor também do sábado

Marcos   •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Mas, aqui eu quero que você observe o título: “Senhor do sábado”. Isso pode não parecer ser um título significativo, quando comparado aos outros mencionados, mas em termos de Sua relação com os fariseus e os escribas, os arquitetos do judaísmo apóstata que dominavam a nação, era o máximo de incômodo de todas as Suas credenciais messiânicas.
Jesus Se chamar a Si mesmo “o Senhor do sábado” era para eles uma indignação além da compreensão. Eles estavam muito conscientes do fato de que Deus havia ordenado o sábado. Gênesis 2:2-3 diz que:
E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.
Senhor significa soberano. É o próprio Deus que é o soberano durante o sábado, que governa o sábado, que define o sábado. Além disso, em êxodo 20:8-11, foi Deus que escreveu, com Seu próprio dedo ardente, nas tábuas de pedra:
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Além disso, foi o próprio Deus quem reiterou o sábado em Êxodo 31: 12-17, quem repetiu os Dez Mandamentos em Deuteronômio e sempre estabeleceu a lei do sábado.
Reivindicar, então, ser o Senhor do Sábado era essencialmente reivindicar ser Deus. E qualquer um que faz isso é Deus ou um blasfemador do tipo mais elevado. E realmente não há um meio termo. Jesus é além de um mestre, Ele é Deus, como Ele mesmo afirmou ser. Se você não crê nisto, você O tem como um supremo blasfemador. Você não tem nenhuma meia opção.
Agora, quando Jesus Se chamou “Senhor do sábado”, Ele desferiu o golpe mais severo no sistema farisaico, porque o sistema farisaico, o sistema de obras, do mérito, da autojustiça, da realização, do relacionamento espiritual com Deus através da cerimônia e do ritual e da lei externa, mantinha seu ponto focal no sábado, que era o dia principal para a religião farisaica. Quando Jesus, então, ignorou, desprezou o sábado, Ele se colocou em conflito direto com os líderes judeus no ponto mais sensível.
Agora, você precisa saber um pouco sobre o quão fanático eles eram sobre o sábado para que você possa entender isso. A palavra “sábado” vem de “sabbaton”, sua raiz é o verbo “cessar”. O duplo “B” no “sabbaton” é uma forma intensificada, por isso é uma cessação completa. Foi Deus quem definiu o Sábado em Gênesis 2:3. Ele cessou completamente a obra da criação. E então, o Sábado veio a se referir a esse dia em que as pessoas cessam de trabalhar. É o que diz o Antigo Testamento. Simplesmente diz que você não trabalha nele, e sim descansa. Era para ser um dia de alegria, foi feito para o homem, um dia de descanso, recuperação, restauração, adoração.
Mas, os hipócritas fariseus e escribas desenvolveram todo tipo de coisas para tornar o sábado pior do que qualquer outro dia, por causa de suas restrições inacreditáveis. O “Talmud” [coletânea de livros sagrados dos judeus] veio algum tempo depois de Cristo, mas retoma e codifica todas as leis que há muito existiam no judaísmo, nas discussões rabínicas.
Por exemplo, você não poderia viajar mais de 900 metros no sábado. Alguns diziam que, no sábado, você não poderia dar mais de 999 passos, o passo milésimo seria violação do sábado. Isso seria do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol no sábado.
Nenhum fardo poderia ser carregado que pesasse mais do que um figo seco, ou metade de um figo carregado duas vezes. Se você colocasse uma azeitona na sua boca e a rejeitasse porque era ruim, você não poderia colocar uma azeitona inteira na próxima vez, porque o paladar tinha saboreado o sabor de uma azeitona inteira. Se você jogasse um objeto para cima, teria que pegá-lo com a mesma mão, se usasse a outra seria pecado.
O escriba não podia carregar sua caneta. Um aluno não podia levar seus livros. Nenhuma roupa poderia ser examinada, para não correr o risco de encontrar um piolho e ter que matá-lo. Nada poderia ser vendido ou comprado. Nada poderia ser lavado. Uma carta não poderia ser enviada, mesmo que fosse enviada através de um pagão. Nenhum fogo poderia estar aceso. Um ovo não poderia ser cozido ou frito, mesmo que você o jogasse no chão quente. Você não poderia tomar banho, por temer que a água também lavasse o chão. As mulheres não podiam usar joias, porque a joia pesa mais do que um figo seco e etc. etc. etc.
O Talmud continha 24 capítulos de leis sobre o sábado. O sistema era opressivo e tudo era antibíblico. O sábado tornou-se um tormento. Agora, com isso em mente, vejamos a história:
“Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas” (Marcos 2:23).
Os fariseus estão O seguindo. Certamente eles deram mais de 999 passos naquele dia, pois seguiam Jesus por todos os lugares.
Haviam trilhas que atravessavam campos prontos para a colheita. Segundo suas doutrinas, os fariseus viram na colheita das espigas pelos discípulos uma violação grave do sábado.
Interessante que em Deuteronômio 23:25, Deus oferece uma disposição maravilhosa para os viajantes: “Quando entrares na seara do teu próximo, com a tua mão arrancarás as espigas; porém não porás a foice na seara do teu próximo”. Aqui está uma permissão para o viajante colher espigas em campos alheios, durante sua viagem, para suprir sua fome. O Antigo Testamento não restringe a seis dias por semana, simplesmente diz que você pode fazê-lo. O Antigo Testamento nunca restringiu o quão longe uma pessoa pode andar. Ele simplesmente os chama a parar de trabalhar e descansar e passar o dia adorando a Deus.
Portanto, seus discípulos estão fazendo exatamente o que o Antigo Testamento lhes permitia fazer. Lucas acrescenta que eles estavam esfregando-os em suas mãos para obter o fruto (Lucas 6:1). Mateus acrescenta que eles fizeram isso porque estavam com fome (Mateus 12:1). Tudo estava perfeitamente dentro dos propósitos de Deus e da revelação de Deus no Antigo Testamento, mas em violação direta das regras religiosas que dominavam aquela cultura legalista.
Então, você tem o incidente do sábado.
O verso 24 diz: “Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?”.
Essa é a acusação dos fariseus. Em Lucas 6:2 há uma pergunta dos fariseus diretamente a Jesus: “Por que fazeis o que não é lícito aos sábados?”. Lá eles estavam prontos para proteger sua hipócrita religião sem pensar na provisão do Antigo Testamento, sem pensar na fome dos seguidores de Jesus. Eles estão examinando Jesus. Eles estão querendo acusá-Lo por causa da violação de suas ridículas regras artificiais.
Agora, isso é o que o Talmud diz: se você rolar o trigo em suas mãos para remover as cascas, está peneirando e isso é proibido. Se você esfregar as cabeças de trigo, está debulhando e é algo proibido. Se você descascar, está peneirando e isso é proibido. Se você joga a palha no ar, isso é cirandar, é proibido no sábado.
Então, a pergunta real dos fariseus foi: “por que Você e Seus discípulos vivem desafiando abertamente nossa religião? Por que Você desafia nossa religião? Por que Você desafia nossa autoridade?”. É uma ameaça implícita. Não é uma questão legítima, pois eles não querem uma resposta. É uma acusação desdenhosa, implicando uma ameaça.
Jesus responde com uma ilustração bíblica, no versículo 25.
Ele começa dizendo: “vocês nunca leram?” ou “vocês não conhecem as Escrituras?”
Isso os deve ter levado a uma profunda ira. Eles se consideravam mestres absolutos das Escrituras, e ouvir isto foi algo terrivelmente irritantes para eles. Eles de fato já haviam lido, mas sem qualquer entendimento. Suas interpretações eram esotéricas, místicas, enroladas, alegóricas, como as interpretações rabínicas do Antigo Testamento ao longo da história, e ainda são assim hoje.
É uma acusação mordaz sugerir-lhes que eles não sabem o que a Bíblia quer dizer. Jesus disse-lhes: “Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros?”. Esse fato está em I Samuel 21. Davi estava fugindo do sul de Gibeá, porque Saul estava atrás dele para matá-lo.
Ele veio, de acordo com I Samuel 21: 1, para Nobe, a cerca de 1 quilometro e meio ao norte de Jerusalém. O tabernáculo estava localizado ali. E ele não tinha comida e estava com fome. Lá, ele conheceu o sacerdote chamado Aimeleque e pede comida para si e para aqueles que estavam com ele. Ele pediu pelo menos cinco pães, mas o sacerdote disse que nenhum pão estava disponível.
O versículo 4 de I Samuel 21 diz: “Não tenho pão comum à mão; há, porém, pão sagrado, se ao menos os moços se abstiveram das mulheres”. Em outras palavras, ‘estou disposto a deixar você comer o pão sagrado se seus homens tiverem sido purificados’. Eles confirmam, no versículo 5, que estavam limpos nesse sentido. Versículo 6: “Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado, porquanto não havia ali outro pão senão os pães da proposição, que se tiraram de diante do Senhor, para se pôr ali pão quente no dia em que aquele se tirasse”.
Agora, essa era a provisão que Deus havia feito. Marcos 2:26 diz que Davi “entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes”. Claro, os companheiros de Davi também comeram.
O sacerdote era muito, muito sábio. Ele entendeu que nenhuma cerimônia deveria sobreviver a custa da morte de alguém. A cerimônia é cerimônia, o ritual é simbólico. Você não guarda uma cerimônia a custa da morte de uma pessoa. Tem seu lugar, mas a piedade triunfa sobre o ritual e a cerimônia. Este sacerdote entendeu o que alguém entenderia, é o senso comum.
A cerimônia, o ritual e a tradição vazia nunca estão no caminho da misericórdia, da bondade, do bem, da necessidade. Mas os fariseus não se importavam com isso. Eles encontraram pessoas com fardos e não fizeram nada para aliviá-las.
Aqui está o ponto: se Davi recebeu a permissão de um sacerdote para violar um símbolo divino, talvez em um sábado, então os discípulos poderiam receber a permissão do Filho de Deus para violar uma regra não bíblica sobre o sábado. Todo o sistema religioso dos fariseus não era bíblico.
E então, no versículo 27, você tem o intérprete soberano do sábado. O sábado foi feito para homem e não o homem para o sábado. O sábado foi feito para descanso e benção, alegria, misericórdia, compaixão e o encontro das necessidades. E, assim, não haveria um dia melhor na semana para curar alguém. Não haveria um dia melhor na semana para fornecer comida, do que o sábado.
E então, Jesus deixou cair a bomba de todas as bombas em suas mentes cheias de autojustiça. No versículo 28, Jesus diz: “o Filho do Homem é senhor também do sábado”. “Eu sou”, Ele diz, “o soberano governante sobre o sábado”. O Filho do Homem, novamente o título messiânico, o Senhor do sábado, tudo soava como uma ultrajante blasfêmia para os fariseus.
Mas, Ele é o Senhor do sábado, porque Ele é Deus. Em outras palavras, Jesus havia dito: “Sou o soberano deste dia. Eu projetei este dia. Eu sou o Criador”. João 1:3 diz que “todas as coisas foram feitas por intermédio Dele” e Colossenses 1:16 diz que “tudo foi criado por meio Dele e para Ele”. Foi Ele quem descansou no sábado e o abençoou. Ele é o soberano sobre o sábado e é Ele quem interpreta toda a vontade de Deus para este dia.
Sim, Jesus é o intérprete da vontade de Deus. Ele é o intérprete da Palavra de Deus. Ele é o intérprete da Lei de Deus. Não os homens.
Conclusão
Por intermédio desses versículos, aprendamos quão exagerada importância é conferida a ninharias por aqueles que são apenas formalistas religiosos. Os fariseus eram meros formalistas, como talvez nunca tenha havido iguais. Parece que pensavam exclusivamente na parte exterior, na casca, na fachada e nas cerimônias da religião. A essas externalidades, acrescentavam as tradições por eles mesmos inventadas. Sua piedade compunha-se de abluções, jejuns e peculiaridades nos trajes e na forma de adoração, enquanto o arrependimento, a fé e a santidade eram comparativamente esquecidos.
Os fariseus provavelmente não teriam encontrado falha alguma se os discípulos tivessem sido culpados de alguma ofensa contra a lei moral. Eles teriam dado pouca importância à cobiça, ao falso testemunho ou à extorsão, pois esses eram pecados para os quais eles mesmos se inclinavam. Entretanto, tão logo viram uma infração às suas próprias tradições a respeito da guarda do sábado, protestaram em altos brados e acharam falta nos discípulos.
Oremos e vigiemos para não nos precipitar no mesmo erro dos fariseus. Existem crentes que caminham pelas mesmas veredas deles. Há milhares, em nossos dias, que pensam muito mais acerca das meras cerimônias religiosas do que a respeito das doutrinas do cristianismo.
Deve ser um princípio bem fixado em nossas mentes o fato de que a alma de um homem está em mau estado quando ele começa a considerar os ritos e as cerimônias, criados pelos homens, como de superior importância, exaltando-os acima da pregação do evangelho. Esse é um sintoma de enfermidade espiritual. Há um engano por trás dessa atitude. Com demasiada frequência, é um sinal de consciência intranquila. Os primeiros passos no afastamento do verdadeiro evangelho, em geral, seguem nessa direção. Não admira que o apóstolo Paulo tenha escrito aos gálatas: “Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.10–11).
Jesus mostrou que, em casos de necessidade, alguns dos requisitos da lei cerimonial de Deus podem ser abrandados. Nosso Senhor, pois, apresentou aos seus adversários esse exemplo, extraído das próprias Escrituras. Coisa alguma puderam encontrar para retorquir seu argumento. A espada do Espírito foi uma arma diante da qual não puderam resistir. Eles foram silenciados e envergonhados.
Ora, a conduta de nosso Senhor, nessa oportunidade, deve servir de exemplo para todo o seu povo. A grande razão impulsionadora de nossa fé e de nossa prática deve ser sempre a seguinte: “Está escrito” na Bíblia. E, igualmente: “O que diz a Escritura?”. Deveríamos nos esforçar para ter a Palavra de Deus do nosso lado, em todas as questões polêmicas. Deveríamos ser capazes de dar uma resposta bíblica em apoio à nossa conduta, em todas as questões suscetíveis de discussão. Deveríamos apresentar as Escrituras diante de nossos adversários como a nossa regra de conduta. No final das contas, descobriremos que um texto bíblico claro é o mais poderoso argumento que podemos usar. Em um mundo como o nosso, devemos esperar que nossas opiniões sejam atacadas, se estamos servindo a Cristo, e devemos estar certos de que coisa alguma é capaz de silenciar nossos adversários tão prontamente quanto uma citação das Escrituras.
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