Jesus, o Senhor do Sábado (2)

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Introdução

A verdade chocante de que os líderes religiosos de Israel desejavam destruir Jesus Cristo parece algo muito difícil de entender. O que Ele tinha feito? As curas das pessoas que sofriam terríveis enfermidades, a libertação de pessoas escravizadas por demônios, a mensagem da salvação eterna, a mensagem do perdão do pecado e a promessa da vida eterna no Reino de Deus no céu para todos os que se arrependessem e cressem? Isso não era mais do que o povo judeu poderia ter esperado? Não apenas uma mensagem de salvação, mas um mensageiro que demonstrou o poder Dele para dar a salvação, mostrando que Ele tinha poder sobre o mundo material, sobre o mundo demoníaco e até poder sobre o pecado.
O que mais eles poderiam querer? Por que tudo isto enfurecia os líderes de Israel?
Deveria ter sido uma boa notícia, mas houve uma enorme barreira para isso, porque a mensagem de Jesus era que esta salvação que Ele ofereceu não estava disponível por obras humanas, não poderia haver merecimento humano. Você não poderia alcançá-la, não importa quantas coisas moralmente boas você tenha feito ou evitado coisas ruins. Não importa seus rituais e cerimônias observadas. Essa salvação é separada das obras, é além do mérito, além da dignidade, além da realização humana, é por Graça e através da fé.
Mas, no judaísmo que se apostatou de suas origens, o orgulho espiritual reinava. Havia o status espiritual. A mensagem de contrição, arrependimento e humildade era intragável à religião estabelecida. Em essência, a mensagem do Evangelho era uma oposição completa e direta ao judaísmo apóstata que dominava a nação e era permeada pelos líderes religiosos, a saber, os fariseus e escribas.
Foi por isso que O odiavam. Jesus os atacou no ponto de seu orgulho espiritual. É uma história antiga. O orgulho religioso torna o homem resistente, pois o religioso orgulhoso gaba-se de suas alegadas conquistas espirituais. É por isso que as pessoas que foram a Jesus eram cobradores de impostos, prostitutas, criminosos e pessoas desprovidas de tudo, que não tinham orgulho espiritual, que não podiam ir à sinagoga e que não podiam ir ao templo. Eles eram marginalizados.
Agora, entenda o que o orgulho espiritual faz. Esses líderes religiosos e todas as pessoas que os seguiram, que era a maioria da população de Israel, faziam alegações de ter comportamentos externos de acordo com a lei. Lembra do que o jovem rico disse a Jesus? “Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?”. Paulo, um dos mais conhecidos fariseus, antes de se converter a Cristo, disse que sua vida era “segundo a justiça que há na lei, irrepreensível” (Filipenses 3:6).
Pessoas altamente religiosas esforçam-se para dizer não a manifestações externas do pecado. Elas estão dispostas a viver sob restrições morais, regras e regulamentos muito rígidos, os quais fazem parecer que são santas.
Você diz: “Bem, como os pecadores podem fazer isso?” Porque o orgulho, o orgulho espiritual, é um pecado que satisfaz tanto, que compensa tudo o que você tem que perder. Ouça, o orgulho espiritual é como uma droga que entorpece. Eles encontraram tanta satisfação pessoal no orgulho espiritual que eles estavam dispostos a abandonar alguns comportamentos. O orgulho espiritual é um pecado muito, muito poderoso. É também um pecado condenatório.
Agora, é claro, temos o outro lado da história, aquela que corre no interior, no secreto. Eles não podiam conter a carne e em segredo eles cometiam todos os pecados em seus corações. E Jesus expôs isso no Sermão da Montanha (Mateus 5 a 7) e também lhes disse:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia (Mateus 23:27).
Se você não experimentou o novo nascimento, não há nada que possa lidar com a miséria do seu coração. Você pode mascarar isso controlando seu comportamento, mas você não pode fazer nada no seu interior. Os religiosos estavam satisfeitos em viver uma vida miserável de pecado em suas próprias mentes, e no que diz respeito ao exterior, restringindo seu comportamento visível por causa do alto orgulho espiritual. O orgulho é o pecado que mais satisfaz. Por que eles odiaram Jesus? Porque Jesus os atacou no centro de seu orgulho, rejeitando o sistema de obras que eles desenvolveram.
O ponto alto desse sistema de orgulho espiritual era o Sábado. No sábado, todos saiam para serem vistos na sinagoga. Era o dia em que o orgulho e a autojustificação estavam mais evidentes.
Lembre-se, Deus instituiu o sábado em Gênesis 2:3 por ter descansado depois da criação. E então, Ele o abençoou, santificou, separou. Em Êxodo 20:8-11, quando Ele estabelece os Dez Mandamentos, Ele diz: “Lembre-se do sábado para santificá-lo”. Em Êxodo 31, Ele define o que isso significa, pare seu trabalho. Seja qual for o trabalho que você faz, não o faça. Que simples! Era apenas isso. Adore a Deus, tire um dia de descanso, não trabalhe. Era para descanso, restauração, culto.
Mas, no sistema dos fariseus, o sistema de justiça, que se desenvolveu durante séculos, o sábado deu-lhes a oportunidade de desfilar sua justiça própria. E como eles fariam isso? Desenvolvendo centenas de regras para a conduta no sábado, e assim eles manifestariam um suposto alto grau de espiritualidade. Eles criaram leis, rituais, rotinas, regras e restrições que fizeram o dia do sábado um dia difícil, uma opressão.
Em Mateus 11:28, Jesus disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. Ele estava falando sobre o fardo das regras de autojustiça, como as que se manifestavam no sábado, que se tornou o pior dia da semana. Jesus, para atacar seu sistema religioso, teve que atacar seu sábado corrompido, a fim de expor a falência espiritual de quem vivia sob a tutela das regras humanas. Eles odiaram a Jesus, porque Ele fez raiar uma luz na escuridão deles, a escuridão religiosa. E qual foi o resultado?
E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. (João 3:19-20).
E João também escreveu:
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam (João 1:9-11)
A falsa religião é uma profunda escuridão construída sobre o orgulho espiritual. Ela odeia a exposição da luz, da graça e do arrependimento. Os pecadores religiosos orgulhosos e cheios de autojustiça adoram a sua obscura escuridão, porque adoram ter pensamentos elevados sobre si mesmos e adoram que as pessoas tenham pensamentos elevados sobre eles. Então, esta é a patologia por trás do conflito.
Diante de uma questão tão sensível para a religião, como Jesus tratou o Sábado? O que Jesus fez no sábado? Jesus era absolutamente gentil e compassivo, mas quando se tratava de confrontar o erro, Ele não receava em dizer toda a verdade necessária.
Jesus não seguiu as regras religiosas sobre o sábado, Ele as violou abertamente para deixar bem explícito a maldade do sistema religioso orgulhoso e superficial. Em João 5:18 lemos isso: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.
Como vimos na última vez, o capítulo 2 do Evangelho de Marcos termina com uma declaração de Jesus: “o Filho do Homem é senhor também do sábado”. Foi uma afirmação chocante, além da compreensão para os judeus. Foi Deus quem havia ordenado a observância do sábado após a criação (Gênesis 2:3) e no pacto da Antiga Aliança (Êxodo 20:8-11), quando Jesus se disse Senhor do sábado, estava dizendo que Ele é Deus. Foi uma declaração intragável aos líderes religiosos.
Por sinal, é bom ter isto em mente, Jesus é Senhor sobre o sábado e Ele aboliu o sábado. Após a Sua morte e ressurreição, não há mais sábado. O sétimo dia da semana desaparece de todos os calendários religiosos. A igreja nasceu comemorando a ressurreição de Cristo aos domingos. O sábado era uma sombra, nós temos a realidade em Cristo. Os capítulos 3 e 4 de Hebreus dizem que Cristo é o nosso descanso, então, não precisamos da sombra, temos a essência. O Senhor do sábado anulou o sábado. Colossenses 2: 16-17 diz:
Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.
Em Marcos 2:27, Jesus disse que “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”. Ou seja, o sábado foi feito para benefício do homem, para ser um tempo de descanso, benção, alegria e refrigério. Não foi feito para o homem gastar sua vida tentando se adaptar a regras ridículas. E o Senhor do sábado demonstrou o que seria uma boa observância do sábado.
Ele se estabeleceu deliberadamente, em oposição aos Seus inimigos, e deu os passos que levaram à Sua morte. Agora, as duas histórias de confronto com os fariseus sobre o sábado (Marcos 2:23-28 e Marcos 3: 1-6) estão conectadas em Mateus, Marcos e Lucas. Todos três registram estes dois acontecimentos juntos. Provavelmente aconteceram em dois sábados seguidos.
Então, nós vemos em Marcos 3 o segundo acontecimento.
Jesus estava em algum lugar da Galileia, não sabemos onde. Lucas 6:6 diz que Ele estava ensinando, como sempre fazia. E naquela sinagoga estava um homem cuja mão estava ressequida, uma grave necessidade que dificultava desempenhar seu trabalho e sustentar a si e sua família.
Jesus poderia ter esperado o dia seguinte para curar aquele homem. Por que ele não esperou? Com o propósito de violar as regras farisaicas sobre o sábado. Foi um ataque aberto à falsa religião. Os fariseus “estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem” (Marcos 3:2), o mesmo relato que está em Lucas 6:7. Era uma observação intensa, com um propósito definido.
Agora, deixe-me apenas dar-lhe um pouco de fundo sobre isso. Não há nada no Antigo Testamento sobre não ajudar as pessoas no sábado. Tudo o que diz é não fazer o seu trabalho normal. Isso significa que você não faz nada no sábado? Claro que não. Você prepara comida para a família, você visita familiares, faz o que quiser. É apenas diferente do trabalho diligente e árduo do resto da semana.
Os fariseus e os escribas sabiam o que a Escritura dizia. No entanto, eles desenvolveram leis e tradições que consideravam violação do sábado até mesmo os esforços de um médico ou de um parente para ajudar um enfermo. Muito duro, mas era assim. Os rabinos decidiram que ajudar alguém no sábado era trabalho, e, portanto, violação do sábado.
Bem, eles queriam ver Jesus violar seu sábado. Mas eles viram que Jesus curou aquele homem sem fazer qualquer esforço, Ele curou com uma palavra, com um toque. Como Jesus ajudou alguém, eles classificaram seu ato como uma violação do sábado. Eles estavam olhando apenas para ver se Jesus curaria aquele homem no sábado, para acusá-lo de blasfemador. Eles, os protetores do sábado. Lucas 6:8 acrescenta: “mas Ele sabia o que eles estavam pensando”. Claro, na Sua onisciência, Jesus bem sabia o que estava no coração do homem (João 2:25). Jesus sabia o que eles estavam pensando e qual seria a reação deles. Marcos 3:3-4 diz:
E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio
O homem não disse nada, não pediu cura, Jesus apenas o chama dentre a multidão. Jesus não hesita, não está relutante ou temeroso. Ele bem sabia que Sua atitude seria vista como uma afronta. Lucas diz que tudo começou quando Jesus passou a ensinar. Então, Ele agora parou de ensinar, Ele sabia os pensamentos dos fariseus e dos escribas, e Ele traz o homem para levar esse assunto a um confronto.
Quando ele traz o homem, Mateus 12:10 diz que os fariseus e os escribas haviam perguntado a Jesus: “É lícito curar no sábado?”. Ele não respondeu, mas lhe dá uma analogia:
Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados (Mateus 12:11-12).
Jesus sabia que eles salvariam a ovelha no sábado, mas estavam ali se opondo à cura de um homem enfermo, como se fazer um bem ou salvar uma vida no sábado fosse um pecado. Para eles, curar aquele homem era uma violação do sábado, um pecado, no entanto, no mesmo sábado “os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele [contra Jesus], para o matarem” (Mateus 12:14).
Então, ele devolveu a pergunta a eles, no versículo 4. Ele disse aos líderes religiosos: “É lícito fazer o bem ou fazer mal no sábado?”. Em outras palavras, ‘você me perguntou se era legítimo curar, deixe-me reformular a questão e colocá-la para você: é lícito fazer o bem ou fazer mal no sábado, salvar uma vida ou matá-la?’. Gente, essa pergunta é tão pesada, porque eles queriam matá-Lo e, acreditem, eles O matariam em um sábado se pudessem. Só que Jesus ali estava querendo fazer o bem.
Eles conheciam a resposta. Eles eram especialistas na Escritura. Eles teriam pensado em Isaías 1:11, onde o Senhor diz: “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios?”. E no verso 13 o Senhor diz que estava cansado dos sábados, festas e assembleias do povo. Nos versos seguintes, o Senhor diz que não suportava os ajuntamentos, rituais e orações de um povo pecaminoso. Ele diz apenas uma coisa para eles: “Arrependam-se de seus pecados, pratiquem a justiça, e então compareçam diante de Mim. Quero seus corações e não seus rituais”. Ele diz:
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas (Isaías 1:16-17).
“Aprendei a fazer o bem”. Jesus coloca esta mesma situação a eles e pergunta: “É correto fazer o bem no sábado?”. “Aprendei a fazer o bem”, foi o que o Senhor disse em Isaías 1. Fazer o bem não era proibido nos sábados. Mas, eles viviam no mesmo estado de hipocrisia daqueles a quem Deus repreendeu. Eles também conheceriam Isaías 58:6-7, onde o Senhor diz:
Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?… repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?… Abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita…
E o Senhor completa no verso 13:
Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs…
Em outras palavras: ‘O sábado não é um dia para vocês viverem suas regras, vontades e interesses, mas de se deleitar no Senhor’. Eles sabiam que fazer o bem era legítimo no sábado. Eles estavam condenando Jesus por curar um homem no sábado, enquanto estavam tramando matar Jesus no sábado.
As perguntas de nosso Senhor sempre colocam Seus inimigos em apuros. O que eles vão dizer? Se eles dizem que é lícito fazer o bem e salvar uma vida, então eles não seriam capazes de acusar Jesus de qualquer violação e afirmariam Seu ato de curar como bom e direito. Eles não querem fazer isso. Eles querem que Ele seja visto como um blasfemo, e não aquele que faz justiça.
Mas, por outro lado, se eles dizem que é lícito fazer o mal e matar, eles afirmariam sua própria iniquidade implacável. Então, eles fizeram a única coisa que eles poderiam fazer, versículo 4, “Eles ficaram em silêncio”.
Jesus fez isso com eles o tempo todo. Ele simplesmente fechou suas bocas. Eles sabiam o que o Antigo Testamento dizia. Eles poderiam acusar Jesus de violar o sábado por estar fazendo o bem, enquanto eles tramavam um assassinato no sábado? Jesus deixou bem claro esta pergunta: ‘Quem realmente representa Deus aqui? Vocês? Eu?’. O verso 5 diz:
Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada.
Um silêncio dramático. Eles não estão dizendo uma palavra. E Jesus olha para eles indignado e lamentando a dureza deles. Esta é a única menção explícita de que Jesus está indignado, feita no Novo Testamento. Claro que Ele ficou assim outras vezes, mas esta foi a única vez que isto é dito explicitamente.
Indignado com que? Com a Incredulidade, a rejeição, a obscura religião apóstata, o orgulho espiritual e iniquidade. Esta é a mais severa das expressões do pecado para rejeitar o Evangelho, rejeitar a graça e o bem. Eles eram implacáveis, sem compaixão, brutais, de coração duro, orgulhosos e cheios de autojustiça. Sim, Deus está bravo com o pecado, assim como Jesus.
Ele estava indignado, mas também triste e cheio de compaixão. Estas são as atitudes justapostas de Deus, enquanto Ele olha o incrédulo obstinado, irado e triste ao mesmo tempo.
Assim, Marcos 3:5 diz: “Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada”.
Você pode imaginar o rebuliço que houve naquela sinagoga? Uma cura milagrosa e inexplicável aconteceu diante dos olhos de todos em um sábado. Lucas 6:11 diz que eles “ficaram cheios de furor, e uns com os outros conferenciavam sobre o que fariam a Jesus”. A melhor tradução do grego expressa que eles “ficaram enlouquecidos” ou “perderam a cabeça”.
Deve ter havido um forte espanto de admiração na sinagoga, e isto enfureceu ainda mais a liderança religiosa. Em Marcos 3:6 é dito que “retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe matariam”.
Os herodianos não são uma seita do judaísmo. Não são como os essênios, os fariseus ou os saduceus, que eram seitas judaicas. Eles não fazem parte da religião judaica. Os herodianos são secularistas. Lembre-se agora, Herodes, o Grande, foi um rei que governou a terra de Israel sob os interesses de Roma. E quando ele morreu, ele dividiu Israel em quatro seções e deu uma seção a quatro de cada um de seus filhos, ou pelo menos quatro deles.
Havia judeus em Israel que não tinham interesse em religião, eram secularistas e haviam aderido à causa herodiana, à causa de Herodes, o Grande, e sua descendência. Eles eram politicamente dirigidos e leais à dinastia herodiana. Eles podem ter sido coletores de impostos. Eles foram considerados pelos verdadeiros judeus como helenistas, romanizados ou influenciados pela cultura grega, e assim, eram os secularistas que não eram amigos dos fariseus.
Na verdade, eles eram inimigos firmes. Os fariseus se opuseram ao helenismo. Interessante é que toda vez que os herodianos aparecem nas páginas do Novo Testamento, estão aliados com os fariseus contra Jesus. Todos os grupos judaicos agora vão se reunir, porque terão que cooperar plenamente para matar Jesus.
Um horrível fato da cegueira e da falsa religião. O contraste entre Jesus e os líderes religiosos judeus é absoluto; o contraste entre a verdade divina e a tradição humana; contraste entre conhecimento e loucura; contraste entre bondade e iniquidade, compaixão e indiferença. É o contraste entre o Reino de Deus e reino de Satanás.
Observemos, nesses versículos, como nosso Senhor Jesus Cristo era observado por seus inimigos. Lemos que eles “estavam observando Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem”.
O povo que pertence a Cristo não pode esperar ser tratado melhor do que foi seu Senhor. Eles são sempre observados por um mundo mau e despeitado. A conduta deles é examinada com olhos invejosos e argutos. Seus modos e maneiras são notados com grande diligência. Eles são pessoas marcadas. Não podem fazer coisa alguma sem serem observados pelo mundo. Suas roupas, seus gestos, o modo como empregam seu tempo, sua conduta em todas as relações da vida, tudo é rígida e atentamente observado. Seus adversários esperam um deslize; e, se em alguma ocasião eles caem no erro, os ímpios se regozijam.
Convém que todos os crentes conservem isso em mente. Não importa aonde formos ou o que fizermos, lembremos que, tal como sucedeu a nosso Senhor, estaremos sendo “observados”. Esse pensamento deveria levar-nos a exercer um santo cuidado quanto à nossa conduta, a fim de nada fazermos que leve o inimigo a blasfemar. Tudo isso deve tornar-nos diligentes, a fim de evitarmos “toda aparência do mal”. Acima de tudo, deve fazer-nos orar muito, para que saibamos como controlar nosso temperamento e nossa língua, e como conduzir nosso comportamento diário.
Que possamos calar os inimigos com a verdade e a pratica do bem.
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