IRA – Pág. 117-120 – Parte I

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Efésios 4.31 NAA
Que não haja no meio de vocês qualquer amargura, indignação, ira, gritaria e blasfêmia, bem como qualquer maldade.
Nossa ira é nossa resposta ativa e integral de juízo moral negativo contra um mal por nós percebido.
É uma ação, uma atividade. Ira é algo que fazemos, não algo que temos. Não é uma coisa, um fluido ou uma força. A Bíblia retrata pessoas que praticam a ira, não que tem ira.
Envolve todo nosso ser e põe em ação nossa pessoa como um todo. A Palavra de Deus, naturalmente, reconhece e confronta os muitos aspectos emocionais, cognitivos, volitivos e comportamentais da ira. Nas Escrituras a palavra ira comunica emoção, cobrindo todo o espectro da ira ardente e explosiva até a rejeição gélida. Mas, a ira sempre envolve crenças, motivações, percepções e desejos. Além disso, a Bíblia descreve a ira em termos comportamentais ricos e gráficos.
Ela não surge num vácuo, nem aparece espontaneamente. A ira reage contra alguma provocação. Tal provocação, naturalmente, não deve ser visto como causa (“Ele me fez ficar irado”, “Fiquei irado porque meu carro quebrou”.
Surge de nosso senso de justiça e funciona sob a dinâmica mais ampla da nossa capacidade de julgar. Neste sentido, poderíamos chamar a ira de uma “emoção moral”. Deus vê e julga todos os aspectos da nossa ira: Pv 5.21; 15.3; 16.2; Jr 17.9,10; Hb 4.12-13).
Nosso juízo moral surge a partir de nossa percepção pessoal. Na ira percebemos que alguma ação, algum objeto, alguma situação ou pessoa é má ou injusta. Nossas percepções, naturalmente, podem ser exatas ou inexatas. Podemos avaliar as ações de outras pessoas de maneira correta ou incorreta. Para complicar ainda mais as coisas, nossas reações às nossas percepções podem ser piedosas ou ímpias. Num evento qualquer, nossa ira surge a partir de nosso sistema de valores. Ele expressa nossas crenças e motivações.
Um teólogo resume a evidência bíblica para a ira como uma atividade judicial: “A ira humana é geralmente dirigida contra outras pessoas. A razão para a ira humana pode ser o fato de alguém ser tratado injustamente… que alguém perceba como outros são explorados…, ou que alguma outra pessoa manifesta desobediência contra Deus ou falta de fé Nele.”
Robert Jones escreveu em seu livro Uprooting Anger (Arrancando a ira pela raiz): “A ira é um problema universal, prevalecente em todas as culturas e vivenciado por todas as gerações. Ninguém está livre de sua presença e nem imune ao seu veneno. Ela impregna cada pessoa e azeda nossos relacionamentos mais íntimos. A ira é um aspecto garantido de nossa natureza caída. Infelizmente isso é verdade até mesmo nos lares cristãos e nas igrejas.”
À observação de Jones sobre lares cristãos e igrejas, eu acrescentaria que nossa ira é quase sempre dirigida às pessoas que mais amamos: cônjuge, filhos, pais, irmãos da nossa família biológica, e nossos verdadeiros irmãos em Cristo – a família da igreja.
Ex: Conheci um senhor cristão que era um símbolo de delicadeza com terceiros, mas despejava sua ira na esposa e nos filhos. Finalmente, depois de muitos anos tendo esse tipo de comportamento, Deus o fez reconhecer sua culpa e o ajudou a lidar com a ira.
Segundo os dicionários, ira nada mais é que um profundo sentimento de rancor e, normalmente, de antagonismo. Eu diria também que a ira, muitas vezes, vem acompanhada de emoções pecaminosas e de palavras e atitudes que magoam aqueles que são objetos de seu furor.
Para prosseguir no objetivo de confrontar os pecados que toleramos em nossa vida, irei concentrar-me num aspecto da ira com o qual, sem nem perceber, convivemos como um pecado “aceitável”. Para tanto, quero logo de cara analisar a ira legítima.
15.1. IRA LEGITIMA.
15.1.1. Muitas pessoas desculpam a ira que sentem dizendo que ela é justificada. Acham que têm o direito de ficar com ira em algumas situações. Mas como saber se a minha ira é justificada?
Primeiro, a ira legítima é fruto da percepção correta do mal verdadeiro – ou seja, da infração à lei moral de Deus. Ela é centrada em Deus e em sua vontade, e não em mim e em minha vontade.
Segundo, a ira legítima é sempre regida pelo autocontrole. Nunca nos faz perder a cabeça ou retaliar de modo vingativo.
15.1.2. Apesar de a Bíblia apresentar alguns exemplos de ira justificada, como a de Jesus na limpeza do templo, eles são poucos. O foco principal do ensino bíblico sobre o assunto tem a ver com a ira pecaminosa, nossas reações malvadas às ações ou às palavras dos outros.
15.1.3. O fato de reagirmos ao pecado real de outra pessoa não torna a nossa ira necessariamente correta. É provável que estejamos mais preocupados com o impacto negativo das atitudes erradas sobre nós do que com a profanação da lei de Deus. Talvez usemos a violação da lei de Deus como justificativa para respondermos com ira perversa.
15.1.4. Outro aspecto da ira que está fora do escopo deste livro é o da pessoa que vive enfurecida, ou da pessoa cuja ira faz com que ela aja com violência, seja verbal ou física. Pessoas assim precisam de aconselhamento bíblico e pastoral adequados.
15.2. IRA COMUM.
15.2.1. Neste capítulo, quero me concentrar no que iremos chamar de ira comum, aquele tipo que aceitamos como parte da vida, mas que, na verdade, é pecado aos olhos de Deus.
15.2.2. Ao reconhecer nossa ira, temos de admitir que ninguém nos faz ficar com ira. As palavras ou atitudes de alguém talvez desencadeiem a ira, porém o motivo está lá dentro de nós – geralmente nosso orgulho, egoísmo ou desejo de supremacia.
Ex: Concordei em ajudar um amigo, mas acabei me esquecendo de realizar a tarefa. Quando soube que não fiz o prometido, ele ficou zangado comigo. Por quê? Porque meu esquecimento o deixou mal perante alguns de seus amigos. Isso não é desculpa para o meu esquecimento, e bem é verdade que o deixei numa tremenda “saia justa”. Todavia, isso não muda o fato de que o motivo de sua ira não foi meu esquecimento, mas o seu orgulho.
15.2.2. Ficamos com ira quando alguém nos maltrata de algum modo. A pessoa fofoca a nosso respeito, e ao tomarmos conhecimento disso ficamos bravos. Por quê? Provavelmente porque nossa reputação ou caráter foram postos em dúvida. Mais uma vez, o orgulho é a causa da ira.
15.2.3. Ficamos com ira quando não conseguimos o que queremos. Isso é comum nas crianças, mas também acontece com adolescentes, jovens e adultos. Ex: casamento livro.
15.2.4. Situação parecida também pode ocorrer na igreja ou até mesmo em organizações cristãs. Muitas vezes, uma pessoa enérgica e mandona quer exercer controle e fica brava ao encontrar oposição. Em todos esses exemplos, o egoísmo é a causa da ira. “A coisa tem de ser feita do meu jeito.”
15.2.5. Ficamos com ira em reação à ira de alguém.
Ex. O marido chega em casa esperando encontrar o jantar pronto. Se isso não acontece, ele fica nervoso, e sua ira se revela de forma explosiva num monte de palavras grosseiras. Embora não verbalize nada, a esposa também fica com ira, nutrindo ressentimento e fervilhando por dentro. A ira da esposa é tão pecado quanto a do marido. O homem leva uma tremenda bronca do chefe, possivelmente na frente dos colegas. Ele não pode revidar à altura, mas, igual à infeliz esposa, ele também é consumido pelo ressentimento.
15.2.6. Essas situações hipotéticas não têm o objetivo de justificar as ações do marido nem do chefe. Sem dúvida, são erradas. No entanto, somos nós que decidimos como reagir às más atitudes dos outros para conosco. Considere as orientações de Pedro aos escravos que eram maltratados por donos cruéis e injustos nas igrejas do primeiro século. De acordo com o pensamento dominante em nossos dias, a ira desses escravos seria justificada, mas Pedro admoestou: I Pedro 2:18-20
15.2.7. As orientações de Pedro aos escravos são uma aplicação específica de um princípio bíblico mais abrangente: nossa reação a qualquer tratamento injusto deve ter em vista a “consciência para com Deus.” Isso significa levar em conta a vontade e a glória de Deus. Como Deus espera que eu reaja nesta situação?
15.2.8. Creio que esta situação difícil, ou este tratamento injusto, está sob o controle soberano de Deus e que, em sua infinita sabedoria e bondade, ele está usando as circunstâncias para me deixar mais parecido com Cristo? Romanos 8:28;Hebreus 12:4-11
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