(Sl 130) Das Profundezas
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Contexto
A natureza específica desse lamento, com seu reconhecimento do pecado e da necessidade de perdão, inclui-o entre as orações tradicionalmente chamadas de salmos penitenciais (veja também os Salmos 6; 32; 38; 51; 102; 143).
Davi aprendeu a clamar a Deus das profundezas. Aprenda, portanto, que não há lugar tão profundo de onde a oração não possa chegar até Deus e, em seguida, o extenso braço de Deus alcançará o fundo e nos tirará das profundezas!
Na história da igreja cristã, ele é freqüentemente conhecido por suas palavras iniciais em latim: De profundis. É muito mais que um mero clamor por auxílio, pois também contém a certeza da misericórdia de Deus que é capaz de apagar nossos pecados e iniqüidades
Calvino: “Embora reconheça que é castigado, com justiça, pela mão de Deus, ele encoraja a si mesmo e a todos os verdadeiros crentes a nutrirem boa esperança, visto que Deus é o eterno Libertador de seu povo e sempre têm em prontidão os meios de resgatá-los da morte”.
130:1-2. Das profundezas
O salmista se encontra em uma situação difícil, embora a natureza específica de sua angústia não seja especificada. Isso é típico dos salmos, que devem ser usados em uma infinidade de situações.
Quando numa situação de completa calamidade, e ciente do abismo entre si e Deus que seu pecado causou, o salmista apela para a misericórdia do Senhor.
Calvino: “para as pessoas que estão envoltas em tristeza e profunda angústia, nada é mais difícil do que estimularem sua mente ao exercício da oração… Mas, das próprias tribulações, preocupações, perigos e angústia em que se via envolto o profeta obtém confiança para achegar-se ao trono da graça”.
130:3-4. Perdão
Essa estrofe implica que o salmista atribui seu sofrimento atual ao pecado. Ele apela para o perdão de Deus diante da história de pecado da humanidade. Ninguém poderia sobreviver se Deus se lembrasse (mantivesse um registro) dos pecados. O fato de a humanidade continuar a existir significa que Deus perdoa. Ele o faz, de acordo com o versículo 4b, com um propósito - Os pecadores perdoados passam a reverenciar a Deus.
Deus perdoa e não mais se lembra do pecado por amor de seu próprio nome (Isaías 43.25 “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro.”) ; e os pecadores perdoados são cônscios da reverência a ele devida por sua graça e misericórdia. A recepção de misericórdia aumenta nosso senso de temor e reverência na presença santa de Deus.
Então, aqui o salmista reconhece que, embora estivesse sendo gravemente afligido, merecia com justiça a punição que lhe era infligida.
Calvino: “ninguém deve imaginar que pode entrar na presença de Deus, senão por meio do aplacar de modo humilde a sua ira. Em especial, quando Deus exerce severidade em seu lidar conosco, saibamos que Ele deseja que façamos a confissão aqui pronunciada”.
Calvino: “ até o homem que parece, aos olhos de outros, ser o mais santo deve humilhar-se em fazer a confissão de que, se Deus resolvesse lidar conosco de acordo com as rígidas exigências de sua lei e nos convocasse a comparecer perante o seu tribunal, ninguém dentre toda a raça humana seria capaz de ficar de pé ali… No entanto, o profeta não pretende atenuar sua própria culpa, envolvendo outros consigo, como o fazem os hipócritas, os quais, quando não ousam justificar-se completamente, recorrem a este subterfúgio: “Porventura, eu sou o primeiro ou o único homem que tem ofendido a Deus?” … o profeta, em vez de abrigar-se nesse subterfúgio, confessa, depois de haver examinado completamente o seu íntimo, que, se de toda a raça humana nem sequer um pode escapar à eterna perdição, isto, em vez de amenizar, intensifica ainda mais sua aversão à punição.”
Ao mesmo tempo, precisamos entender que o salmista não fala de um conhecimento confuso da graça de Deus, e sim de um conhecimento que capacita o pecador a concluir com certeza: logo que busco a Deus, Ele se deixa, imediatamente, achar por mim e reconciliar-se comigo.
Calvino: “A causa final da necessidade de obter o perdão é a existência da piedade e o culto de Deus no mundo.”
Calvino: “Como é possível alguém se oferecer alegremente a Deus, se não confia em sua graça e esteja convencido de que a obediência que Lhe rende é agradável?”
130:5-6. Esperando pelo Senhor
Embora esteja angustiado, o salmista expressa sua intensa e ansiosa esperança de que Deus de fato o perdoe. Essa ansiedade é comunicada pela repetição do verbo esperar e pela analogia que ele cria entre ele e os vigias da manhã.
O versículo 5 constitui uma declaração de inabalável confiança no Senhor. Ele certamente já recebeu o perdão, e agora continua na firme confiança de que Deus, permanecendo justo, é capaz de apagar as iniqüidades (cf. Rm 3.26). Ele deposita sua inteira confiança na própria palavra de Deus.
Salmo 119.49 “Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na qual me tens feito esperar.”
O anseio dos atalaias da cidade pela aurora não é tão grande quanto a do salmista cuja confiança está depositada no Deus perdoador.
Calvino: “O salmista acrescenta, na sentença final, que o que sustentava sua paciência era a confiança que depositara nas promessas divinas. O salmista nos ensina que nosso contentamento com a Palavra de Deus é a única coisa que propicia uma prova genuína de nossa esperança.”
130:7-8. Esperança no Senhor
O lamento individual e a expressão de esperança do salmista o levam a terminar com um discurso para a comunidade de Israel. Israel deve depositar sua esperança em Deus para obter o perdão e o alívio do sofrimento, como ele mesmo fez. Deus restaurará o relacionamento com Israel que foi quebrado pelo pecado deles.
Havendo experimentado o perdão divino em si próprio, o salmista apela a Israel como um todo a que deposite sua confiança no Senhor (v. 7). Embora o verbo hebraico, “redimir”, ocorra cerca de sessenta vezes, o versículo 8 é o único lugar no Antigo Testamento em que ele é usado em associação com “pecado”. “Redenção” é entendida em termos espirituais, e Paulo corretamente usa a linguagem deste versículo quando descreve a obra que Jesus fez por seu povo – “que deu a si mesmo por nós, para redimir-nos de toda impiedade” (Tt 2.14).
Calvino: “O salmista descreve a redenção como copiosa, para que os fiéis, mesmo quando reduzidos aos últimos extremos, firmem-se com base na consideração de que na mão de Deus há muitos e incríveis meios pelos quais eles são salvos.
A verdadeira utilidade desta doutrina é, em primeiro lugar, que os fiéis, mesmo quando submergidos nos mais profundos abismos, não duvidem que seu livramento, está nas mãos de Deus, que, sendo necessário, achará os meios agora ocultos e desconhecidos de nossa percepção; e para que tenham certeza de que, sempre que a Igreja estiver aflita, Ele se manifestará como seu Libertador.”
Calvino: “o salmista afirma que Ele redimirá sua Igreja, não do cativeiro babilônico, nem da tirania e opressão dos inimigos, nem da penúria, nem, em suma, de qualquer outro problema, e sim do pecado; pois, enquanto Deus não perdoar os pecados dos homens aos quais Ele aflige, não é possível nutrir esperança de livramento.
Aprendamos desta passagem de que forma devemos esperar o livramento de todas as calamidades ou a ordem que devemos observar para alcançá-lo. A remissão de pecados sempre vem em primeiro lugar; sem a remissão dos pecados, nada virá como resultado favorável. Aqueles que só desejam livrar-se da punição são como tolos inválidos, displicentes quanto às próprias doenças com que são afligidos, contanto que lhes sejam removidos, por algum tempo, os sintomas que ocasionam tais problemas.”
“Deus é misericordioso exclusivamente para com os que buscam a expiação de seus pecados no sacrifício de Cristo.”
Significado
Esse salmo é um modelo de oração para aqueles que buscam um relacionamento restaurado com Deus após as consequências do pecado.
Jesus, que se ofereceu em nosso lugar, nos dá a esperança certa de que Deus ouvirá nossos pedidos de perdão.
“Se a respiração, tantas vezes gasta em vão,
Ao Céu fosse em súplica enviada,
Frequentemente, alegre seria a sua canção:
‘Ouçam as bênçãos que me foram dadas!’ ”