O juramento - Tg 5.12
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Introdução
Introdução
O Juramento de Hipócrates é um juramento solene efetuado pelos médicos, tradicionalmente por ocasião de sua formatura, no qual juram praticar a medicina honestamente.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte...
Infelizmente muitos médicos que fizeram este tão importante juramento hoje assassinam no ventre materno bebes indefesos, e aplicam a eutanásia em diversas pessoas ao redor do mundo.
Suas práticas só demonstram que seus juramentos não passam de mentiras mascaradas de verdade.
Como cristãos, será que devemos fazer uso do juramento para reafirmar que o que dizemos é verdade?
O juramento, deve ser feito, é proibido, como deve ser praticado?
Tiago levanta este tema nas considerações finais de sua carta, porque havia um costume entre os judeus muito comum de jurar sem que precisassem se comprometer com o que diziam.
Os crentes da época de Tiago, como sabemos, eram judeus convertidos a fé cristã, que provavelmente traziam consigo alguns maus costumes da sua antiga tradição religiosa.
Muito provavelmente estavam sendo tentados a falar mais do que deveriam e a fazer juramentos precipitados, devido a perseguição e sofrimento.
Em linhas gerais Tiago está dizendo, parem de jurar de forma precipitada, sejam íntegros em suas palavras e compromissos.
Simon Kistemaker diz:
Assim como casas e prédios que são construídos sobre fundações fortes não precisam ser escorados, assim também a pessoa cuja fundação é Jesus Cristo não precisa reforçar suas palavras com juramentos.
Esse é o contexto da exortação, um apelo a integridade nas palavras.
Ainda assim o juramento é um tema que levanta muitas dúvidas.
Pode um cristão fazer um juramento? Se é possível em que circunstâncias faze-lo?
Antes de responder estas perguntas, é importante observarmos que as palavras de Tiago neste versículo são um recorte dos ensinamentos de Jesus em:
34 Mas eu lhes digo: Não jurem de forma alguma: nem pelos céus, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36 E não jure pela sua cabeça, pois você não pode tornar branco ou preto nem um fio de cabelo. 37 Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do Maligno.
Além da similaridade, Jesus e Tiago, emitem uma ordem, para que não juremos de forma alguma.
Mas como devemos entender está ordem, será que Jesus está proibindo todo o tipo de juramento, ou apenas aquele tipo, que era comum em sua época, cujo o propósito era se desviar do compromisso com a verdade?
Podemos tratar esse assunto de duas maneiras:
Primeiro e essencialmente a luz do que a própria palavra diz, e em segundo lugar em diálogo com a tradição Cristã.
1. O juramento em si não é proibido, mas o juramento falso ou leviano.
1. O juramento em si não é proibido, mas o juramento falso ou leviano.
Qual é o plano de fundo? Qual o contexto histórico na época de Jesus?
O juramento em nome de Deus era algo bastante comum, era uma prática antiga, mas o uso indiscriminado gerou uma espécie de banalização dos juramentos.
Havia um antigo provérbio entre os judeus que dizia o seguinte:
Não se acostume a jurar porque mais cedo ou mais tarde você jurará uma falsidade.
O povo a quem Tiago está falando conhecia a Lei, a partir dos dos 10 mandamentos, o terceiro:
7 “Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão.
2 Quando um homem fizer um voto ao Senhor ou um juramento que o obrigar a algum compromisso, não poderá quebrar a sua palavra, mas terá que cumprir tudo o que disse.
Para permanecerem livres de culpa e também da palavra empenhada, os judeus haviam feito uma distinção entre julgamentos comprometedores e não-comprometedores.
Ao invés de usar o nome de Deus (que era comprometedor), eles juravam pelo céu, pela terra ou por qualquer outro elemento abaixo de Deus.
Pensavam que assim não estavam se comprometendo e não trariam sobre si a ira de Deus.
Tanto Jesus quanto Tiago denunciam essa prática; a intenção de se apelar para Deus ainda está presente, mesmo que se finge estar evitando usar o nome de Deus.
Pois quer o que está nos céus, na terra e sob a terra, pertencem ao Senhor, como diz o Salmista no salmo 139, é inescapável a santa presença de Deus.
Logo, o que se espera dos discípulos de Jesus é que mantenha a integridade no falar, a ponto de que se dissermos algo, não precisamos do nome de Deus como avalista de nossas palavras.
Porém com a banalização dos juramentos, Jesus e Tiago falam contra o uso indevido do Juramento que soa inicialmente como uma proibição absoluta para que o cristão não possa jurar nunca.
Calvino diz:
Epístolas Gerais Capítulo 5
Tiago agora, subscrevendo o decreto de seu Mestre, nos ordena a abster-nos dessas formas indiretas de juramento; pois todo aquele que jura em vão, e em ocasiões impertinentes, profana o nome de Deus, seja qual for a forma que dê a suas palavras.
Neste sentido, não adianta criarmos argumentos que demonstrem a verdade, inclusive ancorados em Deus, se por trás somos uma fralde, uma farsa.
Usar o nome de Deus como juramento não é uma fórmula mágica que transforma a mentira em verdade.
Muito pelo contrário, é sustentar a mentira querendo ser absolvido pela santidade de Deus sem a obra da cruz que exige arrependimento e fé!
Isso é manobra religiosa, não operação da graça.
Logo, jurar indiscriminadamente como era feito neste contexto, é pecado.
Mas quando olhamos para a escritura vemos diversos homens de Deus jurando.
No AT, temos Abraão fazendo juramentos, o apóstolo Paulo em diversas ocasiões chamou a Deus como testemunho da verdade.
E chamar Deus como testemunha, é o mesmo que jurar por Deus.
1 Digo a verdade em Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo:
20 Quanto ao que lhes escrevo, afirmo diante de Deus que não minto.
O exemplo de Paulo reitera que o cristão pode em algum momento fazer um juramento, e retira toda a dúvida acerca da legitimidade de juramento.
Quando olhamos para a reforma protestante, alguns grupos especialmente os anabatistas, a chamada ala radical da reforma, entenderam que era estritamente proibido aos cristãos fazer qualquer tipo de Juramento.
Eles entendiam que não podiam fazer um depoimento no tribunal, evitavam participar do exército por causa dos juramentos à bandeira e à pátria.
Portanto, quando for necessário e exigido não há problema jurar desde que seja verdadeiro.
Mas vamos pensar isso em nosso dia a dia, vivemos em uma mundo caído marcado pela mentira e pela falsidade, ainda sim, somos cercados pela necessidade fazermos juramentos.
Empenhamos nossa palavra aos nossos cônjuges de que seremos fiéis, empenhamos nossa palavra com nossos empregadores de que seremos pontuais e honestos.
Juramos fidelidades aos nossos amigos, assinamos pactos de membresia, afirmando que viveremos como crentes em Cristo.
Alguém disse certa vez:
A prática de tomar juramentos não era outra coisa senão uma prova da realidade da mentira, da fraude, da falsidade e do roubo.
Numa sociedade honesta o juramento não é necessário; só quando não se pode confiar na palavra dos homens é quando se deve recorrer aos juramentos.
A realidade desta prática era prova da predominância da mentira.
O que comprova se o que dizemos é verdade não são as promessas e juramentos, mas o testemunho prático de que vivemos sob a verdade.
Quando não cumprimos com o que dizemos, não só caímos em juízo. Mas demonstramos que carecemos de transformação, somos encontrados em falta.
Exemplo prático!
Quando somos convidados a estar com alguém que não gostamos tanto, e a pessoa diz, vamos marcar um café, e dizemos, vamos sim, quando na verdade não desejamos nenhum pouco fazê-lo.
E quando juramos a Deus, diante de situações adversas que oraremos mais se ele nos aliviar a barra? E não cumprimos.
Ou juramos que daremos mais recursos ou seremos mais constantes na contribuição na comunidade, se ele ajudar naquele aumento que tanto precisamos, e depois nunca mais lembramos do juramento.
O remédio para o uso indevido do juramento não é evitar jurar, pois quem jura falsamente, não tem de evitar o mal comportamento, mas precisa de mudança de coração.
Antes de criar novos hábitos, que é o que rapidamente tentamos.
Precisamos receber um novo coração que ama a verdade, que anela pela verdade, que orienta seus passos pelo caminho da verdade.
Isso é produzido somente por Cristo, através do poder regenerador do Espírito Santo.
Paulo nos ensina sobre isso em Efésios.
17 Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos. 18 Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração. 19 Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza. 20 Todavia, não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. 21 De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. 22 Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, 23 a serem renovados no modo de pensar e 24 a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. 25 Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo.
Essa tema foi tratado também em nossa tradição teológica reformada.
Na tradição reformada há um documento chamado confissão de fé de Londres, de 1689, que deveremos adotar em nossa comunidade.
Que é uma das confissões mais belas e teologicamente bem elaboradas, tem um capítulo específico sobre o juramento.
Capítulo 22 - Sobre os Juramentos Lícitos e os Votos
Artigo 1:
O juramento lícito é uma parte do culto religioso, no qual a pessoa, jurando em verdade, justiça e juízo, solenemente chama a Deus por testemunha do que assevera, para julgá-lo de acordo com a verdade ou falsidade disso.
Artigo 2:
É somente pelo nome de Deus que os homens devem jurar, e isso deve ser feito com todo o santo temor e reverência; pois, jurar em vão ou temerariamente, por esse nome glorioso e terrível, ou jurar por qualquer outra coisa é pecado, que deve ser abominado. No entanto, como em matéria de peso e momento e para confirmação da verdade e término de toda contenda, um juramento é autorizado pela Palavra de Deus, assim um juramento lícito, sendo exigido em determinados casos pela autoridade legal, deve ser feito.
Artigo 3:
Todo aquele que prestará um juramento garantido pela Palavra de Deus deve considerar devidamente o peso de um ato tão solene, e que nele nada afirme senão o que saiba ser a verdade, pois pelos juramentos precipitados, falsos e vãos o Senhor é provocado, e por eles esta terra se lamenta.
Artigo 4:
Um juramento deve ser tomado no sentido claro e comum das palavras, sem equívoco ou reserva mental.
2. Toda mentira será alvo do juízo de Deus;
2. Toda mentira será alvo do juízo de Deus;
Num tempo conhecido como pós-verdade, onde se prega que temos a liberdade de escolher as verdades que nos cabem melhor.
Ou seja, de que Deus não existe, de que não haveremos de prestar contas de nossas palavras e a atitudes, de que devemos viver a vida sem arrependimentos.
Ou que não somos pecadores, no fim basta fazer coisas boas que se houver um Deus ele se agradará de nós no final.
O mundo em que vivemos produz as suas próprias verdades (ou falsas mentiras), como se não houvesse uma Verdade Absoluta, como se não houvesse um dia determinado para prestação de contas.
Mas num tempo como este, nada mais necessário do que pastores que não se importam com as verdades relativas do mundo, mas que pregam e se mantém fiéis à Verdade Absoluta da Palavra de Deus.
A mentira é e continua sendo pecado desde que Satanás a usou como estratégia para induzir o homem ao pecado.
A sociedade em que vivemos pensa dizer a verdade, mas ama a mentira.
25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
A mentira será julgada juntamente com aquele que dela faz uso.
Precisamos lembrar que se estamos em Cristo, nenhuma condenação recairá sobre nós.
Mas isso, é claro, não significa dizer que estamos liberados para vivermos na mentira, ao contrário, vivemos sob a verdade, pois fomos gerado pela palavra da verdade.
32 E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.
16 Eles não são do mundo, como eu também não sou. 17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
Por outro lado, se em nossa vida, o que mais se caracteriza é a mentira, os falsos juramentos, isso pode demonstrar que não nascemos de novo, que não recebemos um novo coração que ama a verdade.
Enquanto a verdade nos liga a Cristo, a mentira denuncia que não pertencemos a ele e seremos condenados por ela.
44 “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.
36 Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. 37 Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados”.
Os mentirosos tem um lugar garantido no inferno, o juízo virá.
Nunca foi tão verdadeiro um ditado popular que diz, que a mentira tem perna curta, ou seja, que ela logo será descoberta.
O mentiroso sempre é capturado em sua mentira, mas ainda que isso não aconteça aqui, temos de nos lembrar diante do grande Juiz do universo o mentiroso será exposto para condenação eterna.
8 Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá pela manifestação de sua vinda. 9 A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. 10 Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. 11 Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, 12 e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça.
15 Fora ficam os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira.
Conclusão
Conclusão
Duas coisas aprendemos deste texto.
Em primeiro lugar, quando for necessário proferir juramentos, devemos faze-lo porque desejamos cumprir a palavra empenhada com verdade.
Pois isto glorifica a Deus, e nos identifica com nosso Salvador que é a própria verdade encarnada de Deus.
Como discípulos de Jesus devemos ser distintivamente marcados por falar e viver a verdade de Deus.
Em segundo lugar, que num mundo que vive cobrando juramentos para aferir a verdade de nossas palavras.
Significa dizer, que temos um sério problema, não somos capazes de sermos totalmente verdadeiros de forma voluntária e natural por nós mesmos.
Somos com freqüência tentados a mentir para esconder nossas falhas, tirar vantagens, obter ganhos financeiros e muito mais.
Porque somos naturalmente escravos da mentira, escravos do diabo que é o pai da mentira.
A única maneira de invertermos o jogo, e não sermos condenados com o Diabo e seus anjos.
Começa por reconhecermos que amamos a mentira, somos por natureza pecadores que usam da mentira para se beneficiar.
E que para nos livrarmos da mentira, que nos prende, domina e governa, precisamos urgentemente de Jesus Cristo.
Ele é o caminho, a verdade e a vida. Essa é uma verdade absoluta.
Somente Cristo quebra o poder do pecado, somente ele expurga o amor a mentira e nos guia ao caminho da verdade.
Ou seja, ele nos leva a uma experiencia com ele mesmo, pois suas palavras são verdade e vida.
Que possamos ser encontrados por Cristo esta noite, e com ele nos encontrarmos, a fim de que sejamos mudados, renovados e reconciliados com o Pai e vivamos com integridade de quem foi alca
SDG