PEDOBATISMO E SUA BASE TEOLÓGICA.

Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 1 view
Notes
Transcript
O pedobatismo (batismo infantil) é justificado biblicamente e teologicamente consistente com a continuidade das alianças bíblicas. Este sacramento é visto como um sinal de inclusão dos filhos dos crentes na aliança de Deus, similar ao papel da circuncisão no Antigo Testamento. As principais justificativas incluem a promessa de Deus de ser o Deus das crianças dos crentes (Gênesis 17:7), a prática histórica da igreja primitiva de batizar famílias inteiras (Atos 16:15, 33; 1 Coríntios 1:16), e a interpretação de passagens como Colossenses 2:11-12, que relaciona o batismo à circuncisão como um sinal de entrada na comunidade da fé. A teologia do pedobatismo também enfatiza a graça de Deus operando independentemente da capacidade humana de compreender, sublinhando a soberania divina na obra da salvação e o caráter inclusivo da Nova Aliança em Cristo.
1. Continuidade da Aliança: A aliança de Deus com seu povo inclui os filhos dos crentes. Assim como a circuncisão era o sinal da aliança para os filhos dos israelitas no Antigo Testamento, o batismo é o sinal da nova aliança para os filhos dos crentes no Novo Testamento.
- Referência Bíblica: "Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti nas suas gerações, por aliança perpétua, para ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti." (Gênesis 17:7)
2. Sinal da Aliança: No Antigo Testamento, a circuncisão era administrada aos filhos dos crentes como sinal de entrada na aliança de Deus (Gênesis 17:7-14). No Novo Testamento, o batismo substitui a circuncisão como sinal da nova aliança.
- Referência Bíblica: "Nele, também fostes circuncidados com uma circuncisão não feita por mãos humanas, mas pela remoção do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos." (Colossenses 2:11-12)
3. Unidade do Povo de Deus: A Igreja é uma continuação do Israel do Antigo Testamento, e as promessas da aliança se aplicam igualmente aos filhos dos crentes na nova aliança. A Igreja é vista como um só povo de Deus ao longo da história, com uma só aliança de graça em diferentes administrações.
- Referência Bíblica:"Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa." (Gálatas 3:28-29)
Aspectos Práticos:
1. Inclusão das Crianças: O pedobatismo reflete a inclusão das crianças na comunidade da fé. Isso é um sinal de que as promessas de Deus são para os crentes e seus filhos.
- Referência Bíblica: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar." (Atos 2:39)
2. Responsabilidade dos Pais: Os pais crentes têm a responsabilidade de criar seus filhos na disciplina e na instrução do Senhor. O batismo infantil é um reconhecimento dessa responsabilidade e um compromisso público dos pais e da igreja de nutrir a fé da criança.
- Referência Bíblica: "E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na instrução do Senhor." (Efésios 6:4)
Objeções e Respostas:
1. Fé Pessoal e Batismo: Alguns argumentam que o batismo deve ser administrado somente a quem professa fé pessoal. A resposta é que, assim como a circuncisão era administrada antes da profissão de fé no Antigo Testamento, o batismo pode ser administrado antes da profissão de fé, com a expectativa de que a criança, criada na fé, um dia professará sua fé pessoalmente.
- Referência Bíblica: "Circuncidai, pois, o vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz." (Deuteronômio 10:16)
2. Novo Testamento e Batismo Infantil: Embora o Novo Testamento não contenha um mandamento explícito para o batismo infantil, a prática é implícita na continuidade da aliança e nas passagens que falam sobre batismos de famílias inteiras.
- Referência Bíblica: “"E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso." (Atos 16:15); "E logo foi batizado, ele e todos os seus." (Atos 16:33) Batizei também a casa de Estéfanas; (1Co 1.16.)

Conclusão

Portanto, o pedobatismo é mais do que uma simples cerimônia; é uma prática rica em significado teológico e espiritual. Ele testemunha a fidelidade de Deus às Suas promessas, a responsabilidade da comunidade de fé em nutrir e educar os jovens na fé, e a continuidade histórica do povo de Deus. Ele oferece um sentido de identidade e segurança para os batizados e serve como um testemunho público da fé cristã. Ao batizar seus filhos, os pais crentes estão afirmando sua confiança nas promessas de Deus, comprometendo-se a criar seus filhos na fé e unindo-se à longa tradição de crentes que reconhecem a graça de Deus estendida de geração em geração.
ALIANCISMO X DISPENSACIONALISMO.
Em "Cristo dos Pactos", O. Palmer Robertson faz uma distinção clara entre os conceitos de aliança e dispensação no contexto da teologia bíblica.

Aliança:

Definição: Robertson define a aliança como um compromisso relacional estabelecido por Deus com a humanidade, estruturando a forma como Deus interage com seu povo ao longo da história.
Continuidade: As alianças são vistas como uma série contínua de promessas divinas que se desenvolvem e se cumprem progressivamente. Robertson enfatiza a unidade e continuidade da aliança desde Adão até Cristo, culminando na nova aliança.
Teologia Pactual: A teologia da aliança, conforme apresentada por Robertson, argumenta que todas as alianças bíblicas (com Noé, Abraão, Moisés, Davi, e a nova aliança em Cristo) são manifestações da mesma aliança de graça, na qual Deus se compromete a redimir e preservar seu povo.

Dispensação:

Definição: A dispensação, em contraste, é entendida como diferentes períodos ou administrações no plano divino da salvação, cada uma com suas próprias características e formas de revelação e relacionamento entre Deus e a humanidade.
Discontinuidade: Robertson critica a visão dispensacionalista por enfatizar a discontinuidade entre esses períodos. Ele argumenta que essa perspectiva pode levar a uma fragmentação da narrativa bíblica e obscurecer a coerência da revelação divina ao longo da história.
Interpretação Literal: O dispensacionalismo tende a interpretar profecias e promessas bíblicas de maneira mais literal e distintiva, especialmente em relação às promessas feitas a Israel, separando-as das promessas feitas à Igreja.

Contraste:

Unidade vs. Fragmentação: Robertson defende a unidade das alianças bíblicas, vendo-as como progressivamente reveladas e cumpridas em Cristo, enquanto a dispensação vê a história da salvação como dividida em distintos períodos que não necessariamente se conectam de maneira contínua.
Promessas a Israel e à Igreja: Na visão da aliança, as promessas a Israel são vistas como cumpridas em Cristo e aplicáveis à Igreja, ao passo que no dispensacionalismo, há uma distinção clara entre as promessas a Israel e aquelas à Igreja, com algumas promessas ainda aguardando cumprimento futuro específico a Israel.
Cristo como Centro: Para Robertson, Cristo é o centro e o cumprimento de todas as alianças, e toda a Escritura aponta para ele. O dispensacionalismo, por outro lado, pode ver diferentes centros de foco dependendo da dispensação.

Conclusão:

Robertson propõe que a teologia da aliança oferece uma visão mais coerente e unificada da história redentora, enquanto critica o dispensacionalismo por introduzir divisões que ele vê como artificiais na narrativa bíblica.

Visão Coerente e Unificada:

Unidade da História Redentora: A teologia da aliança, segundo Robertson, apresenta a história bíblica como um todo integrado, onde as diversas alianças de Deus com a humanidade são partes de um único plano redentor. Ele argumenta que, desde a aliança com Adão, passando pelas alianças com Noé, Abraão, Moisés e Davi, até a nova aliança em Cristo, há uma continuidade que revela o caráter imutável de Deus e seu compromisso com a redenção.
Cristo como Fulcro: Robertson enfatiza que todas as alianças apontam para Cristo e encontram seu cumprimento nele. Cristo é visto como o centro de toda a história redentora, e todas as promessas e sombras do Antigo Testamento se realizam plenamente nele. Isso confere uma unidade teológica e narrativa à Bíblia, reforçando a centralidade de Cristo em toda a Escritura.
Promessas Inclusivas: Na teologia da aliança, as promessas feitas a Israel não são vistas como exclusivas ou separadas das promessas feitas à Igreja. Em vez disso, há uma continuidade das promessas, onde a Igreja é vista como o verdadeiro Israel, o cumprimento espiritual das promessas feitas a Abraão e seus descendentes. Isso elimina a necessidade de uma separação entre Israel e a Igreja, promovendo uma visão inclusiva e contínua do povo de Deus.

Crítica ao Dispensacionalismo:

Fragmentação da História: Robertson critica o dispensacionalismo por dividir a história bíblica em diferentes dispensações ou eras, cada uma com suas próprias regras e formas de relacionamento com Deus. Ele vê isso como uma fragmentação artificial que quebra a unidade da narrativa bíblica e cria descontinuidades que não refletem a natureza contínua da revelação divina.
Separação entre Israel e a Igreja: O dispensacionalismo, segundo Robertson, cria uma divisão artificial entre Israel e a Igreja, tratando-os como dois povos distintos com destinos separados. Ele argumenta que essa visão não se alinha com a mensagem unificadora da Bíblia, onde tanto judeus quanto gentios são unidos em Cristo, formando um só corpo (Efésios 2:14-16).
Interpretação Literalista: Robertson também critica a abordagem literalista do dispensacionalismo em relação às profecias e promessas bíblicas. Ele acredita que essa abordagem pode levar a uma interpretação rígida e limitada das Escrituras, que não reconhece a plenitude do cumprimento das promessas de Deus em Cristo.

Conclusão Final:

Portanto, Robertson propõe que a teologia da aliança oferece uma visão mais coerente, unificada e biblicamente fiel da história redentora. Ao ver todas as alianças como manifestações de um único plano divino de graça e redenção, centrado em Cristo, essa abordagem preserva a unidade e a continuidade da revelação bíblica. Em contraste, ele critica o dispensacionalismo por introduzir divisões que obscurecem a mensagem coesa das Escrituras e por criar uma separação entre Israel e a Igreja que não encontra suporte suficiente na narrativa bíblica. A teologia da aliança, ao destacar a continuidade e a centralidade de Cristo, proporciona uma compreensão mais profunda e integrada do plano redentor de Deus, promovendo uma fé que é histórica, teologicamente rica e espiritualmente inclusiva.

Related Media
See more
Related Sermons
See more