Olhando para Cristo

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Podemos comparar nossa carreira a uma jornada de um maratonista...

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Hebreus 12.1-4.

O autor da carta
Diferentemente das demais epístolas do Novo Testamento, Hebreus não apresenta em seu preâmbulo o nome do autor, nem mesmo os destinatários.
Também não há uma precisão da data que ela foi escrita, onde a maioria dos teólogos a colocam num momento anterior ao ano 70 d.C, (data que o Templo foi destruído pelo general Tito Vespasiano (que mais tarde veio a ser imperador de Roma).
Alguns estudiosos são inclinados a crer que essa epístola foi escrita por Paulo. Outros pensam que foi Lucas o seu autor.
Há aqueles que defendem que foi Barnabé quem a escreveu, e outros ainda alegam que foi Apolo.
Essas opiniões, entretanto, carecem de confirmação. Orígenes, ilustre Pai da igreja, chegou a dizer que só Deus conhece quem foi o autor de Hebreus.
Em Hebreus 2.3, o escritor indica que ele e os leitores dessa carta pertencem à segunda geração de seguidores de Cristo, ou seja, eles não tinham ouvido o evangelho do próprio Jesus.
A carreira cristã é comparada uma corrida, uma maratona realizada numa grande Rua, na qual, podemos chamá-la de Rua da Santificação.
O escritor de Hebreus usa um exemplo bastante popular na Grécia antiga, bem como, em Roma, e que podia ser perfeitamente compreendido pelos leitores.
Os cristãos estão rodeados de testemunhas, e prontos para fazerem a corrida de suas vidas.
Portanto, os cristãos têm uma meta, uma inspiração, têm obstáculos, uma condição, têm um modelo a seguir e um alvo ou “linha de chegada” que é a Cidade Celestial.
Algumas verdades nos chamam atenção nessa corrida ou jornada:
Em primeiro lugar, o que devemos considerar...
(12.1). Portanto, também, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas
A galeria dos heróis da fé não se restringe apenas aos crentes do passado, mas também deve incluir os crentes do presente
Vemos que o escritor dessa epístola (em forma de Sermão), se coloca no mesmo nível dos leitores, ou seja, ele também estava correndo, já que é competidor da mesma maratona. Logo, ele se refere no capítulo 11, àqueles que já participaram da maratona e foram vencedores, e agora eles nos são um incentivo, pois testificam para nós que Deus pode ver-nos na corrida e nos fortalecer, do mesmo modo que aqueles da galeria da fé, também o foram no período que correram. (11.2,4,5,39).
Portanto, essas testemunhas têm interesse em nossa vitória, pois somos uma só equipe
Eles podem nos encorajar nas mais diversas circunstâncias...
Se você estiver enfrentando problemas com sua família, olhe para José do Egito e veja como ele lidou vitoriosamente com a situação. Se você estiver em conflito no seu trabalho, olhe para Moisés e veja como ele superou essas dificuldades. Se você estiver sendo tentado a retaliar, veja como Davi lidou com o problema. Essa nuvem de testemunhas serve de exemplo para nós de como correr vitoriosamente a carreira.
2. Em segundo lugar, o que devemos rejeitar (12.1). … desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia…
A palavra grega aqui pode ser traduzida por peso, embaraço, volume.
Um corredor não pode ir para a pista de corrida carregando uma bagagem extra.
Esse peso é tudo aquilo que serve de embaraço, e que atrapalha o corredor, ou seja, é qualquer coisa que o incapacita a correr com boa desenvoltura. Esse peso pode advir de vestimentas inadequadas para a corrida ou mesmo da falta de uma forma física adequada.
No caso dos cristãos essa aplicação pode ser os prazeres da vida, as vantagens do mundo e a fascinação pela riqueza. Corremos o risco de transferir nossa dependência de Jesus para as nossas posses.
Jesus falou sobre o perigo da sobrecarga provocada por orgia, embriaguez e preocupações deste mundo (Lc 21.34). O apóstolo Paulo falou sobre a necessidade de nos despojarmos de ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem obscena (Cl 3.8). Tiago deu ordens para que os crentes se livrassem de toda impureza e acúmulo de maldade (Tg 1.21), e o apóstolo Pedro falou sobre a necessidade de nos livrarmos de toda maldade, hipocrisia, inveja e de toda sorte de maledicência (1Pe 2.1).
Calvino diz que o pecado é a carga mais pesada a embaraçar-nos. Talvez um peso não seja necessariamente um pecado em si, mas pode tornar-se um estorvo em nossa carreira cristã. Mas o pecado é maligníssimo em sua essência: engana com suas propostas sedutoras, gruda em nós facilmente como fuligem e nos assedia tenazmente. O pecado é um embuste, um engano que promete prazeres, mas produz tormento.
3. Em terceiro lugar, como devemos correr (12.1). … corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta. A palavra grega agona, traduzida por carreira, da qual vem a palavra “agonia”, dá a ideia de um esforço agonizante, ou seja, uma corrida que exige esforço até o ponto da agonia.
A carreira da vida cristã não é uma escolha nossa. Foi proposta para nós pelo próprio Deus.
Portanto, não podemos desistir dessa corida que Deus nos chamou para corrermos, ao contrário devemos correr com perseverança, pois na corrida da fé, é Ele quem nos receberá na reta final e é Ele que ao mesmo tempo nos acompanha a cada passo que damos.
A palavra grega que traduz-se por perseverança é hypomone e traz uma idéia de paciência triufante. (Tiago 1.2).
4. Em quarto lugar, para quem devemos olhar (12.2,3)...
A galeria dos heróis da fé não se encerra no Antigo Testamento. O maior de todos os heróis, nosso máximo modelo e o técnico da nossa corrida é o Senhor Jesus. Ele venceu a corrida. Desceu do céu, esvaziou-se, humilhou-se até a morte, e morte de cruz. Ele enfrentou a oposição dos pecadores, a vergonha e o sofrimento da cruz, pela alegria de nos salvar.
Jesus venceu os obstáculos, derrotou o diabo, triunfou sobre a morte e está assentado à destra do trono de Deus (1.3; 8.1; 10.12; 12.2). É para ele que precisamos olhar quando formos tentados a desistir. É nele que precisamos cravar nossos olhos quando estivermos fatigados, prestes a desmaiar.
O autor aos Hebreus diz que devemos olhar firmemente para Jesus. A palavra grega aqui traduzida, significa dá uma idéia de que devemos tirar os olhos de tudo aquilo que procura nos desviar de nosso alvo que é Jesus Cristo, pois haverá muitas coisas que tentarão nos desviar de tão grande alvo.
O próprio Jesus ensinou que não podemos servir a dois senhores, no entanto, aqui a idéia é praticamente a mesma, no entanto, aqui a ideia é que ninguém pode correr em duas direções ao mesmo tempo.
Isso significa que os competidores empenhados na corrida não podem se distrair. Não devem desperdiçar tempo olhando ao redor ou para trás.
Jesus é o autor e consumador da nossa fé, o autor da nossa salvação (2.10), que, como precursor, entrou no santuário celeste (6.19,20) e abriu para nós um novo e vivo caminho que conduz ao santuário (10.20), à própria presença de Deus.
Jesus, é o autor, é nosso lider, é o que forneceu a inspiração para todos os santos da antiguidade, mas também para nós sua igreja. Ele é como um pastor cuidadoso, que exorta os crentes a não entrarem na caverna da introspecção, mas a considerarem atentamente Jesus, que, mesmo suportando imensa oposição dos pecadores, concluiu sua obra (12.3).
Kistemaker diz corretamente que a introspecção causa cansaço e desencorajamento espiritual, mas olhar para Jesus renova a força cristã e aumenta a coragem.
Quando o cristão entende que Jesus enfrentou o ódio dos homens pecaminosos por sua causa, ele acumula coragem. Assim, seus próprios problemas se tornam mais fáceis de suportar, e ele também será capaz de continuar a corrida que lhe está proposta.
5. Em quinto lugar, até que ponto devemos ir (12.4). Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue.
O autor vai de um esporte a outro, da imagem da corrida ao pugilismo, ou mesmo a uma competição de gladiadores. Ele argumenta com os crentes que as coisas não estavam tão ruins quanto podiam ficar. Eles ainda não haviam chegado a lutar contra o pecado até o sangue.
No passado, alguns corredores (profetas), foram passados ao fio da espada e até cerrados ao meio (Isaías), e eles ainda não haviam chegado a essa condição.
O contexto nos faz perguntar: o que levou esses hebreus a retardar a sua marcha na carreira cristã e a sentir saudades do judaísmo?
Foi a perseguição que lhes sobreveio por causa da sua fé em Cristo. Por isso, diz o autor em Hebreus 12.4: Ainda não tendes resistido até o sangue.
A pergunta oculta que o escritor de Hebreus faz aqui é:
“Por que deveriam eles, quando outros sofreram tanto, render-se à menor pressão sobre a sua fé?
É uma pergunta retórica que se estende a nós. Porque deveríamos desistir da corrida se a pressão sobre a nossa fé, sequer é semelhante a que os antigos corredores suportaram?
Não podemos desistir, pois é Cristo que nos sustenta e nos condiciona a prosseguirmos, apesar de sermos fracos, é sempre a graça de Deus.
Conforme disse o grande evangelista Dwight Lyman Moody: “Faz toda a diferença no mundo como olhamos para Deus. Algumas pessoas temem a Deus, mas quando entendem que Ele é seu Pai, esse medo desaparece”
É semelhante àquilo que o Senhor Jesus, disse em sua oração sacerdotal, em João 17.3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
Ele é nosso Pai, que se relaciona conosco, embora não possamos comparar Deus conosco e nem com sua própria criação, pois Ele é Supremo, puro em seu Ser, que tem sua vida em e por si mesmo, eternamente, e não depende de nada e de ninguém, Ele tem o poder de ser em e por si mesmo.
Podemos nos lembrar daquilo que o Ap. Paulo, disse em 2 Tm 4.7 “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé;”
Portanto, Ele nos sustenta e nos guarda em nossa jornada ou corrida, e nos encoraja a prosseguir para o alvo que é Cristo, olhando para Cristo, confiando em Cristo, prossigamos firmemente, Naquele que é o autor e consumador da nossa fé. Amém!
Sola Deo Glória.
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