(Rm 9:25-33) A Pedra de Tropeço e o Verdadeiro Israel

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Romanos 9.25–26 “Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada; e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.”
Os judeus não aceitaram o chamado dos gentios, um povo estranho. Mas isso não devia causar espanto, porque foi profetizado no Antigo Testamento que Deus chamaria os gentios, e que nós, os gentios, seríamos introduzidos ao povo Deus.
Na verdade, por causa de tantos pecados, do pecado consciente contra a Lei revelada de Deus, os judeus deixaram de ser o povo de Deus como nação. E AT anuncia, para o consolo dos crentes, que Deus amaria aqueles que não eram amados, e que faria seu povo àqueles que não era seu povo. O interessante é que Paulo aqui está aplicando essa profecia aos gentios, dizendo nós, os gentios, nos tornamos povo de Deus, enquanto a linguagem do profeta é voltada para Israel. Isso quer dizer que o Israel de Deus são os convertidos, aqueles que são salvos.
O que está acontecido de maneira mais clara, é que a diferença entre judeus e gentios foi removida. Não há mais distinção. A divisão não é entre judeus e gentios, mas entre crentes e não crentes, não importa a etinia, o sexo, a língua, a condição social etc.
Veja por exemplo como o Apóstolo Pedro aplica um texto claramente direcionado a Israel, como ele aplica aos gentios.
1Pedro 2.9–10 “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.”
Sproul: Paulo olha para o passado, para a peregrinação de Israel no Antigo Testamento e ele nos lembra que Oseias foi obrigado a casar com uma mulher adúltera e que os nomes dos seus filhos tinham significados simbólicos. Um dos filhos chamou-se Lo-Ami, que significa em hebraico “não meu povo”. Nesse nome Deus expressou o seu julgamento contra as dez tribos de Israel que haviam se tornado apóstatas, mas mais tarde ele disse: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada (v. 25).
Aqui já importante notar o erro da nossa cultura em dizer que Deus ama a todos igualmente. Que todos são filhos de Deus e etc. Não é verdade. Deus não ama a todos com o mesmo amor. Deus pode amar a todos com um tipo de amor, por bondade, ele ama a sua criação. Por isso muita gente ruim, que não crê e Deus e talvez nunca creia, tem muitos benefícios. Isso pode ser a bondade de Deus. Mas o amor que salva, o amor paternal, intímo, o amor da aliança, isso é só para os eleitos, só para a igreja. Então basta saber que ser amado por Deus com amor salvífico, amor especial, não é um direito de nascença, nem comprado com dinheiro, nem baseado em status ou persuasão, barganha, mas é baseado apenas no próprio Deus. Se eu sou amado por Deus, eu não sei porque ele ama. Eu não mereço.
O Isarel que rejeitou Deus e que foi rejeitado por ele como nação, não era melhor do que os gentios. Os gentios são um povo pagão, que vive na imoralidade. É isso que Paulo estabelece no início da carata aos romanos. Um povo gentio que vive na imoralidade e no paganismo, na adoração aos animais e no ateísmo, e o povo judeu que vivia numa religiosidade barata, superficial, hipócrita e legalista. Todos pecaram e carecem da glória de Deus. Mas… o pecado de Israel fez com que Deus abrisse as portas agora de maneira oficial aos gentios. Antes, quem quisesse fazer parte do povo de Deus deveria se tornar um judeu, deveria correr atrás, ir até Jerusalém, se circuncidar, e cumprir toda cerimônia. Mas agora, Deus pede que o Evangelho de Cristo Jesus seja pregado a toda criatura, a todos os homens e todo lugar. É disso que Paulo falando aqui.
Então, se o texto de Oséias que Paulo cita fala da inclusão dos gentios, o texto de Isaías fala da rejeição de Israel.
Romanos 9.27–29 “Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve; como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.”
O contexto do texto de Isaías fala da apostasia de Israel no século 8 antes de Cristo. Israel foi destruído pela Assíria. Mas Deus promete que vai punir a Assíria e que um remanescente voltaria para o Senhor. Então os gentios se tornam a maioria do povo de Deus, e os judeus, como diz Isaias em outro lugar, se torna um toco. Uma minoria. Mas iss não importa. O que importa é que o verdadeiro de Deus é a Igreja do Senhor Jesus Cristo, composta de judeus e gentios.
Ler Rm 11:1-5
Matthew Henry: É uma maravilha do poder e da misericórdia divinos o fato de haver alguns salvos, pois mesmo aqueles que foram deixados como semente, se Deus os tivesse tratado de acordo com seus pecados, teriam perecido com os demais. Essa grande verdade que as Escrituras nos ensinam. Mesmo entre o grande número de cristãos professos, é de se temer que apenas um remanescente seja salvo.
Hoje você compreender como esse princípio permance. Nunca, nunca foi por aparência, por cerimônias. Nunca foi por sangue, por tradição, por nascer numa família de israelitas, por receber algumas, nunca foi por cumprir a lei, smepre foi sobre novo nascimento, sempre foi sobre ser transformado pelo poder do evangelho. Hoje estamos na mesma situação. Há um número massivo de crentes no mundo. Igrejas abarrotadas de gente. Evangélicos super envolvidos com políticas, com ongs, com mercado e tecnologia etc. Mas quem são os verdadeiros crentes? Olhe pra igreja evangélica. Olhe pra o comportamente dos crentes. Olhe pra desonestidade deles, pra o modo como tratam suas esposas, seus maridos, seus filhos, seus pais. Olhe pra o desprezo que eles têm pela vida de oração, pelo verdadeiro culto, e veja como amam o dinheiro, como amam o status, como idolatram personalidades religiosas. Entre numa igreja evangélica e veja o que acontece ali. Veja se você consegue entender o que está acontecendo naquele culto. Veja se há pregaçao, se existe amor entre os irmãos. Veja o modismo da igreja evangélica, o brilho. Veja os pastores envolvidos com polítca, cedendo seus púlpitos pra conseguir favor, dinheiro. É esse o verdadeiro israel de Deus? Não! Nós voltamos. Estamos aqui de novo. Há um remanescente. Um grupo, pequeno de crentes sinceros, que não dobraram seus joelhos a Baal. Um grupo de pessoas que amam a Palavra de Deus, que querem apenas louvar ao seu Senhor, se relacionar com ele. Um grupo de crentes que quer agradar ao seu Senhor, que morreu por eles. Um grupo que deseja a sua vinda, que deseja estar com ele. Esse é o Israel de Deus.
Gálatas 6.14–16 “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.”
Romanos 9.30–33 “Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé; e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei. Por quê? Porque não decorreu da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço, como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido.”
Aqui mais uma vez Paulo cita Isaias:
Isaías 8.14 “Ele vos será santuário; mas será pedra de tropeço e rocha de ofensa às duas casas de Israel, laço e armadilha aos moradores de Jerusalém.”
Mas como ele aplica essa passagem? Ele está se referindo a Cristo, mas especialmente à mensagem da cruz. Os judeus e todo aquele que rejeita o Evangelho, que se escandaliza do evangelho, tropeça pra cair.
Stott: Por que as pessoas tropeçam na cruz? Porque ela enfraquece nosso falso moralismo. Se pudéssemos ganhar uma posição justa diante de Deus por meio de nossa própria obediência à sua lei, a cruz seria supérflua. Se pudéssemos salvar a nós mesmos, por que Cristo teria se dado ao trabalho de morrer? O fato de que Cristo morreu por nossos pecados é uma prova positiva de que não podemos salvar a nós mesmos. Contudo, fazer essa humilhante confissão é uma ofensa insuportável para nosso orgulho. Então, em vez de nos humilharmos, tropeçamos na pedra de tropeço.
Sproul: E Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei (v. 31). Como pode ser, Paulo pergunta, que aqueles que estavam fora da comunidade histórica da aliança redentora encontraram a pérola de grande valor, enquanto os que estão dentro a perderam? “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Por quê? Porque não decorreu da fé e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço (v. 32). Aquele a quem Deus designou como a pedra angular de seu reino tornou-se uma pedra de tropeço, uma pedra de ofensa. Israel tropeçou na graça. Eles caíram sobre seu Messias, porque não poderiam imaginar receber favor de Deus independentemente da retidão deles. As multidões em Israel buscavam a justiça de Deus por meio de seus esforços e perderam o reino de Deus e esse mesmo erro está profundamente arraigado nas igrejas de todo o mundo. Atrevo-me a dizer que pelo menos oitenta por cento dos membros da igreja cristã em nosso país acreditam que podem chegar ao céu por meio de suas boas obras.
Uma vez, num evangelismo na rua, eu vi um grupo de jovens sentados na calçada de uma igreja, eles estavam esperando a igreja abrir. Era uma igreja evangélica, pentecostal. E eu parei na frente deles e pedi pra conversar com eles, e comecei peguntando se eles eram salvos. Eles disseram que sim. E eu perguntei por que. E todos, todos, deram respostas baseadas na justiça das obras. Todos falaram que era por causa de alguma coisa neles, ou que eles faziam. Jovens, da igreja, jovens bonitos, pareciam bem intencionados, mas não entendiam o evangelho. Não sabia exatamente porque estavam na igreja. Não entendiam a cruz. Não sabia exatamente porque Jesus teve de morrer. Será que esse é você hoje aqui? Será que vocÊ acha que é salvo por alguma coisa que você fez? Será que você entendo a cruz? Que você confia nessa rocha?
Essa tem sido a pergunta ao longo de toda a epístola de Romanos. Qual é a justiça que importa? Qual é a justiça que justifica? Não é a nossa. A tragédia para a nação judaica é que eles buscaram o reino de Deus na sua própria justiça, de modo que perderam o Messias. Eles não buscaram pela fé, mas pela obra da lei. Eles tropeçaram na pedra de tropeço. Mais uma vez Paulo cita Isaías: Como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido (v. 33). Israel foi ofendido pela rocha. Eles tinham vergonha de um servo sofredor. Aqueles que colocam a sua confiança nessa pedra de tropeço e não tropeçam, não ficarão envergonhados.
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