Como podemos consolar os aflitos
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Como podemos consolar os aflitos:
Como podemos consolar os aflitos:
Introdução
Um pastor certa vez disse que “O cristão algumas vezes afunda-se muito profundamente em dolorosa aflição exterior. Todo auxílio terreno desaparece.” Desde que nossos primeiros pais pecaram, o sofrimento e a aflição constantemente batem nas portas do nosso coração.
A aliança estabelecida com a humanidade tinha a seguinte cláusula: “No dia em que comeres do fruto proibido certamente morrerás”, e temos morrido desde então. Vivemos em um mundo que ainda está quebrado pelo pecado, onde as coisas não funcionam como deveriam funcionar.
Elucidação
Este é o caso do texto que lemos. Logo no primeiro capítulo do primeiro livro de Samuel, somos apresentados a um conflito familiar. Elcana inventou de ter duas esposas. Neste período a poligamia era mais comum do que pensamos; Penina, uma de suas esposas, provoca Ana, a outra esposa, constantemente, pois Ana não podia gerar filhos. A geração de filhos era o maior sinal da benção do Senhor, por outro lado, a incapacidade de tê-los, era entendido como sinal da maldição de Deus.
Imagine como não sofreu aquela mulher. Eu acredito que a gente tem muito o que aprender com o sofrimento de Ana; este texto tem muito o que nos ensinar sobre o trato para com as pessoas que sofrem. Como podemos ajudar os aflitos? É sobre isso que vamos refletir hoje:
Como podemos ajudar os aflitos?
Conhecendo suas dificuldades (9-11)
Tendo cuidado com os nossos julgamentos (12-16)
Abençoando com as palavras (17,18)
1. Conhecendo suas dificuldades (9-11)
Exegese do texto
(9) O narrador inicia esta seção mostrando o desdobramento do culto prestado por Elcana e sua família, juntamente com o sacerdote Eli - os filhos de Eli, hofni e Fineias, não são citados neste momento, eles aparecem no momento do sacrifício, no verso 4, mas não aparecem neste segundo momento, onde há o momento da comunhão.
Era comum no mundo antigo o sacerdote participar da carne trazida para sacrifícil. a gordura era queimada sobre o altar, mas a carne ficava para as refeições comunitárias dos ofertantes e sacerdotes.
O narrador continua, dizendo que após a refeição, estando Eli, o sacerdote, assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor, Ana se levantou.
Ela se levanta após todos se alimentarem, menos ela - Por que não comeste (8) -
O texto vai dizer, “com amargura de alma”Entenda-se amargo aqui como algo muito difícil de suportar, e com este sentimento, Ana ora ao Senhor, mas não de modo muito formal ou bonitinho, Ana chora copiosamente, abundantemente para que Deus lhe dê um filho Homem, como se a sua vida dependesse disso -
e em certo sentido, sua vida de fato dependia disso. No mundo antigo os filhos eram responsáveis pelos seus pais em sua velhice, pois as limitações da idade chegariam, a dor nas costas, a catarata e os pés inchados chegariam, e os filhos tornavam-se os responsáveis pelo cuidado e alimentação dos seus idosos.
Além da dificuldade em gerar filhos, ainda tinha a opressão de Penina, a outra esposa de Elcana, no juízo da coitada da Ana: (6) Sua rival a provocava excessivamente… o termo “rival” é juntamente aquela pessoa que oprime, que causa tribulação.
Ao invés de responder a Penina, Ana se volta para Deus, pois ela sabe a quem recorrer, ao “Senhor dos Exércitos”, (1Sm 1.11). Ana honrou a Deus atribuindo a ele todo o poder de que ela precisava, o poder do Senhor dos exércitos do céu.
Por isso ela pede a Deus: “Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão […]” (1Sm 1.11).
Esse não é um pedido qualquer, mas um pedido que reflete o que ela havia aprendido sobre Deus por meio do maior dos seus atos salvadores até aquele tempo: o êxodo.
Ela conhecia a história suficientemente bem. O Senhor disse a Moisés: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento” (Êx 3.7; cf. Êx 4.31; Dt 26.7). A declaração de Deus a Moisés mostra que a libertação no êxodo foi em resposta à oração.
Por isso, em sua necessidade, Ana invoca o Senhor numa oração de fé. “Ana implorou a Deus que fizesse por ela o que ele havia feito por Israel nos dias de Moisés. Ela estava pedindo a Deus para fazer o que ele havia mostrado ser seu comportamento, sua atitude característica em favor do seu povo.”
Esse conhecimento de quem Deus é leva Ana a firmar um voto com o Senhor, de não passar navalha na sua cabeça, Semelhante ao voto feito pelos pais de Sanção.
Contextualização:
Mas lembre, nós ajudamos os aflitos conhecendo suas angustias. A gente observa que Elcana ainda tentou, do jeito dele conhecer melhor as angustias de Ana. Versículo 6 ele disse: Ana, eu sou melhor do que 10 filhos para você (romântico).
Mas precisamos nos aprofundar nas necessidades e angustias dos nossos irmãos, para que não venhamos a oferecer respostas superficiais a problemas profundos. Lembre meu irmão, minha irmã, que você tem uma família aqui na igreja. E uma família chora com aqueles que estão chorando, as vezes sem dizer uma só palavra, mas o fato de conhecer a dor do outro, chorar e abraçar é melhor do que palavras.
Quantas pessoas não choram ainda hoje por não terem filhos, ou porque perderam seus filhos, ou porque seus filhos estão no mundo das drogas e do crime; ajude essas pessoas, ore com elas e por elas; você ajuda o aflito conhecendo as suas angustias e tormentos.
2. O segundo modo de ajudar os aflitos, descrito no nosso texto, é a cautela no julgamento.(12-16)
Como gostamos de fazer julgamentos, irmãos...
É comum encontrar um pedinte na rua ou nos coletivos e rapidamente julgar, pensando “Quem mandou se envolver com drogas; quem mandou praticar crimes no passado.
Julgamos por que eles não estão trabalhando, vendendo pipoca ou água, ao invés de pedir esmolas.
Julgamos as pessoas pela modo como elas falam,se com gírias ou sotaque, ou até mesmo se falam de modo mais coloquial; julgamos quando as pessoas são pouco emotivas no culto, chamamos de crentes frios, mas julgamos também quando as pessoas são mais emotivas e emocionadas no culto; este foi o caso de Ana. No verso 12 encontramos a informação de que ela passou bastante tempo orando perante o Senhor.
Aquela mulher talvez pensou estar no melhor lugar para abrir seu coração diante de Deus com toda emoção e angustia que tanto o afligia, pois ela estava cultuando ao Senhor, perante o Senhor no santuário, na presença do sacerdote apenas, um homem de Deus que certamente entenderia seu momento com Deus.
Mas não é isso que acontece; por Ana estar orando apenas no coração e não mover seus lábios (12), como gemidos de alguém que perdeu algum familiar querido e não consegue expressar sua dor, mas apenas chorar e balburdiar. Veja o verso 13: Ana é julgada como uma mulher que procurou refúgio na bebida: (13) Porquanto Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma; por isso, Eli a teve por embriagada. 14 e lhe disse: até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti este vinho!
Palavras duras para uma mulher de oração. O sacerdote, responsável pelo trabalho do Senhor, não buscou parar e ouvir sobre a aflição de Ana; não perguntou o que estava acontecendo, muito menos se juntou a ela em oração;
o verso 12 já nos deu a informação de que ele apenas “passou a observar” - O verbo significa basicamente uma pessoa que está apenas olhando, ou uma pessoa que resiste em fazer algo, uma pessoa passiva. Rápida para julgar, mas lenta demais para ajudar.
(13) Mas observe a resposta de Ana: Não, Senhor, meu! Eu sou mulher atribulada de espírito.
Ana tinha entendido que a oração não é apenas repetir o pai nosso antes de dormir ou apenas dar graças antes das refeições. Certo pastor disse uma vez que:
“A oração não é simples súplica, mas súplica acalorada. É pleito ativo com Deus. Consiste não apenas na reflexão sobre as promessas de Deus, mas em tomar posse dessas promessas.”
Atribulada de Espírito...
Esta é a definição que ela dá de si própria: atribulada de espírito.
O termo “atribulada” pode significar tanto uma sobrecarga psicologica ou mental, mas também alguém de espírito teimoso, tenazmente relutante ou marcado pela insistência. Veja que interessante: Ana parece com você, minha irmã, mulher brasileira, trabalhadora e que não desiste fácil.
Contextualização
Mas e quanto a nós, irmãos, como agimos quando encontramos as Anas nas nossas vidas? Enchemos nossa boca para fazer um julgamento infundado, assim como fez o sacerdote Eli, ou cuidamos dessas Anas como Jesus cuidou de Marta e Maria, consolando elas pela perda de Lázaro, irmão de ambas; ou temos a mesma compaixão que Jesus teve, quando este viu uma viúva carregando o caixão de seu único filho;
ou mesmo o cuidado que nosso Senhor teve, quando pendurado em uma cruz, momentos antes de morrer, quando ele diz para Maria, sua mãe, e JOão, seu discípulo o seguinte: Mulher, eis aí teu filho […] e disse ao discípulo: eis aí tua mãe, ou seja, cuidem um do outro.
Mas O texto que lemos nos apresenta mais uma última forma de consolar os aflitos: usando nossa boca para abençoar (17-18)
Nós geralmente não sabemos o efeito que as nossas palavras geram em quem está nos ouvindo.
Não temos a mínima noção de quantos sonhos das nossas crianças foram mortos, e nós fomos os assassinos. Quantos possíveis médicos, bombeiros, astronautas, professores e jogadores de futebol já foram desistimulados por algumas palavras de desinsentivo proferida por nós ou por alguém próximo.
Nós geralmente não sabemos o efeito que as nossas palavras geram em quem está nos ouvindo...
Mas isso também vale para o lado positivo. As palavras de incentivo, as orações e as palavras de benção que preferimos também é como uma injeção de ânimo na alma de muitas pessoas. Capaz até de acalmar uma pessoa numa discussão acolorada, pois a palavra branda desvia o furor, como diz PV 15.
---------VOLTANDO AO TEXTO--------
Palavras de bençãos foram fundamentais para levantar o ânimo dessa mulher que se definiu como uma pessoa de “alma amargurada”
O sacerdote Eli, que julgou erroneamente aquela mulher, volta atrás e ao invés de insistir no julgamento, ele roga as bençãos do Senhor sobre a sua vida: (17) vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste…
O apóstolo Paulo escreveu sobre este cuidado com as palavras em suas cartas; no contexto de instruções para os crentes de Éfeso, sobre abandono da velha natureza, ou seja, de abandono da antiga vida de escravidão ao pecado, ele diz: Efésios 4.29 (ARA): Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.
Efésios 4.30 (CENT Efe): Aqui, “palavra torpe” indica algo imundo ou podre; o termo é usado três vezes em Mateus para fruta má ou podre (7.17,18; 12.33). Muitos o traduzem como “conversa suja”, mas a ideia é mais ampla do que simplismente piadas sujas. Paulo tem em mente principalmente a calúnia e a maledicência, quando usamos nossa língua para difamar e derrotar os outros.
Paulo está imaginando pessoas desagradáveis, como foi o próprio sacerdote Eli. Por isso ele vai dizer; fale apenas o que for bom para a edificação e você transmitirá Graça aos que te ouvem.
O efeito disso é visível, quase que podemos sentir a mudança de ânimo de Ana ao ouvir tais palavras. Ela vai dizer: (18) achei a tua serva mercê diante de ti. E o narrador vai encerrar dizendo: Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste.
Aplicação Cristológica
Observem, irmãos, o poder que nossa palavra carrega; ela pode jogar alguém na lama, mas também pode levantar o ânimo do aflito e mudar o seu semblante - lembrem, após as palavras de benção do sacerdote, o semblante daquela mulher já não era triste.
Todavia, ainda estamos sujeitos as ondas bravias desta vida. Quantas famílias oraram tanto para ter uma criança e quando finalmente conseguiram, tiveram que se despedir precocemente dela;
Quantas pessoas não já perderam seus cônjuges, por acidente, doença etc.
Para essas pessoas, irmãos, declare que o nosso Senhor é a ressureição e a vida; console os aflitos lembrando que umA eternidade de glória nos espera, que teremos corpos perfeitos e que reencontraremos aqueles que morreram em Cristo. Pois para aqueles que lavaram seus vestes no sangue do cordeiro, a morte não é o ponto final; para estes, Jesus diz, “ainda que estejas morto, viverás” Descanse nisso. Seu SEnhor não é um mentiroso. Se ele falou, não temos do quê duvidar.
E apenas crentes pertence esta esperança e consolo.
Aplicações
ccccConhecendo suas dificuldades (9-11)
Tendo cuidado com os julgamentos (12-16)
Abençoando com as palavras
Conclusão
Ainda que a aflição venha sobre a sua vida, ainda assim, Deus irá te segurar com os seus “braços eternos”. O cristão pode estar afundando em angústias interiores por causa de um conflito acirrado, mas até mesmo neste momento não pode ir tão fundo a ponto de estar além do alcance dos “braços eternos” — e enquanto sustentado por estes braços todos os esforços de Satanás para atingi-lo de nada valerão.