Resgatando o pecador - Tg 5.19-20
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Handout
introdução
introdução
Os guarda-vidas que salvam pessoas de afogamento sabem melhor do que ninguém que as vítimas têm a tendência de lutar contra eles no meio do desespero aterrorizante.
Sob pânico incontrolável, elas podem até puxar o guarda-vidas para debaixo da água.
A razão deveria lhes dizer que afundar o guarda-vidas é o mesmo que afundar a única esperança de sobrevivência.
Mas uma pessoa que está se afogando não tem condições de pensar, pois está tomada pelo desespero.
Muitas vezes é isso que acontece quando um cristão tenta resgatar os que estão vacilando espiritualmente em decorrência de um naufrágio na fé.
O professor Howard Hendricks, do Seminário Teológico de Dallas, conta a história de um jovem que, depois de se desviar do Senhor, foi finalmente resgatado com a ajuda de um amigo que o amou de modo incondicional.
Depois que o jovem estava com a vida plenamente restaurada, o Dr. Hendricks perguntou-lhe como ele se sentia enquanto esteve desviado de Deus.
Ele respondeu: "Eu me sentia em águas profundas, cada vez mais levado para o alto-mar. Todos os meus amigos estavam na praia e me dirigiam palavras de acusação, justiça, pecado e condenação". E ele acrescenta: "Mas um irmão na fé jogou-se na água para me resgatar e não me abandonou. Eu lutei contra ele, mas ele aguentou firme. Ele me segurou, me colocou um colete salva-vidas e deu um jeito de me puxar até a areia. Pela graça de Deus, foi só por causa dEle que fui resgatado — Ele não me abandonou".
Tiago também não quer que ninguém seja abandonado.
Em toda a sua carta, ele enfatiza a necessidade de uma fé operante e pergunta:
"Se você diz que crê, por que se comporta como se não cresse?". Agora, na conclusão do livro, Tiago nos ensina a lidar com aqueles que creem, mas se comportam como se não cressem.
Ao longo dos últimos versículos, ele vem desenvolvendo o tema da paciência genuína.
Mas paciência não significa permissividade.
Usando a desculpa de "esperar com paciência no Senhor", há cristãos que muitas vezes se retiram e assistem "pacientemente" enquanto um irmão ou irmã afunda cada vez mais no pecado.
Já vimos que a fé real se manifesta em diversos tipos de obras: estabilidade (1.1-27), atos de amor (2.1-3.12), humildade (3.13—5.6) e paciência (5.7-20).
Assim, quando se trata de lidar com irmãos que se desviaram , as obras genuínas produzidas pela verdadeira fé incluem não somente oração, mas também intervenção.
Enquanto o indivíduo é confrontado e restaurado, devemos manter um espírito paciente de confiança em Deus.
Nos últimos dois versículos, Tiago lida com algumas perguntas práticas.
Existe algum momento em que o cristão deve intervir e lidar com o pecado de outra pessoa?
Até que ponto deve ir a paciência de um cristão?
Será que a correção de um irmão que se desviou é obra exclusiva do Espírito Santo, ou devemos nos apresentar e fazer parte da solução?
Nesse caso, como devemos agir para não parecer críticos ou legalistas?
Será que Tiago não condena exatamente esse tipo de postura crítica no início do livro?
Diante dessas perguntas, examinemos a resposta que ele nos apresenta.
Certa vez, meu sogro estava trabalhando com metal, cortando uma peça, uma minúscula partícula de metal entrou em seu olho e se alojou.
Na hora ele não percebeu nada por causa do tamanho tão pequeno do pedaço de metal.
Mas a noite depois do banho, seu olho começou a ficar irritado e era óbvio que havia algum problema.
A irritação no olho o forçou a procurar um oftalmologista, que logo encontrou o fragmento de metal.
Com toda tranquilidade e cuidado, o médico apoiou o queixo dele em um suporte, com uma máquina identificou onde estava e começou a extrair o fragmento de metal com extremo cuidado e precisão.
Graças a Deus, o médico era experiente e conseguiu retirar o pedacinho de metal com grande paciência e delicadeza.
Jesus, parece ilustrar isso a nós quando em Mateus 7.3-5, fala sobre a retirada de um cisco do olho de alguém cuja visão ficou ofuscada pelo pecado:
3 “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? 4 Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? 5 Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.
Algumas pessoas tem o dom de criticar.
Mesmo quando sua vida está um caos e sua visão encoberta pelo pecado, elas acham que tem o dever de apontar até os pequenas defeitos dos outros.
Jesus condena esse tipo de julgamento hipócrita.
Seguindo o exemplo de Jesus, Tiago, censura aqueles que, cheios de hipocrisia, julgam, caluniam e criticam um irmão ou irmã em Cristo (4.11-12).
Sob a luz dessas advertências, jamais devemos nos preciptar na prática de cirurgias espirituais dos olhos.
Essa tarefa está reservada somente aos que enxergam com clareza, aos que têm paciência e são dotados de humildade e sabedoria, como fruto da obra do Espírito.
1 Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. 2 Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.
Em face dessas importantes advertências e entendendo a seriedade de nossa responsabilidade para com os irmãos que se desviaram, podemos analisar os princípios que Tiago nos apresenta para lidar com pessoas assim.
Em primeiro lugar, a situação dos crentes que se desviaram.
Em primeiro lugar, a situação dos crentes que se desviaram.
19 Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta,
Ele não está falando de levar os incrédulos à salvação, mas de restaurar os cristãos.
Perceba também que as pessoas que Tiago tem em mente se desviaram da verdade.
A palavra grega aqui aplicada, é uma referência a todas as verdades do cristianismo contidas nas Escrituras.
É possível desviar-se da verdade de duas maneiras.
O indivíduo pode se desviar do ponto de vista doutrinário, ou seja, ele pode abraçar crenças erradas.
Mas também pode se desviar da verdade na prática, quando deixa de alinhar seus atos com aquilo que ele professa.
Nos dois casos, a reação dos irmãos saudáveis e maduros deve ser a mesma!
Reconduzir à verdade aqueles que se desviaram.
Precisamos fazer um parenteses aqui, para perguntar ao texto se Tiago está dizendo que o crente então, pode perder a salvação?
Nós sabemos que a resposta clara das escrituras é que crentes em Jesus, não perdem sua salvação, pois a vida recebida em Cristo é eterna, e que ele já preparou lugar aos que salvou.
Do que Tiago está falando?
Eu entendo que desviar-se da verdade aqui não é perda de salvação.
Mas perda na confiabilidade do Evangelho, e isso não é perder a salvação.
Quer um exemplo, eu já tratei de pessoas que pecaram gravemente e se sentiam tão culpadas e sobrecarregadas que claramente perderam a confiança no evangelho, de que poderiam ser reconduzidas à graça.
Pessoas podem perder a segurança da salvação, a confiança de que são salvas, de que foram alcançadas e redimidas por Cristo.
Mas isto não é a mesma coisa que perder a salvação, pois esta possibilidade não existe nas escrituras.
Logo, pessoas que se desviaram da verdade, não perderam a salvação, mas podem se sentir perdidas, culpadas, distantes, e como igreja temos a responsabilidade de reconduzi-los.
Vejamos alguns exemplos:
8 Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos daqueles que, por natureza, não são deuses. 9 Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?
E vejam como Tiago sabiamente conclui sua carta.
É como se ele dissesse que muitos de nós podemos cair nos vários pecados que ele nos orientou a abandonar até aqui, mas se isso acontecer, devemos agir, devemos buscar o desviado e o perdido.
Isso também nos ensina, que a igreja não tem só crente certinho, maduro e limpinho, mas tem gente que acha que é crente, mas não é, que é crente mas está desviado da verdade dentro da igreja, e tem gente que tem crescido em conhecimento e graça.
Mas que não deve se gloriar disso em detrimento dos outros, mas servir ao trabalho de resgatar aqueles que estão naufragando na fé.
A palavra traduzida por "trouxer de volta" (epistrepho [1994]) significa dar meia-volta e seguir na direção contrária - um movimento de 180 graus.
Literalmente, é fazer uma conversão, mudar a rota, voltar a verdade do Evangelho.
Lembre-se de que os judeus encaravam a vida como duas trajetórias que podem ser seguidas: O caminho da vida ou o caminho da morte.
Os fiéis que se desenvolviam na fé praticando boas obras estavam no caminho da vida, mas os demais estavam no caminho da morte.
Tiago está dizendo que alguns cristãos, depois de seguir pelo caminho da vida, estavam se desviando e seguindo na direção errada.
Essas pessoas precisam de uma intervenção firme, porém amorosa.
16 Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.
Nem todo mundo assume uma postura adequada para reconduzir ao caminho certo alguém que se desviou. Eu havia mencionado Gálatas 6.1.
Esse versículo retrata claramente a postura que devemos assumir ao lidar com um cristão que se desviou:
1 Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado.
Perceba algo aqui no final do verso:
Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Você entendeu?)
A pessoa que intervém na vida de um irmão ou de uma irmã que se desviou precisa ser madura, gentil, sábia e humilde.
Os crentes hipócritas, cruéis e arrogantes não têm condições de resgatar quem se desviou - embora sejam justamente estes que geralmente tentam resgatá-los.
Fico profundamente preocupado com o fato de que muitas vezes assumimos a tarefa de retirar ciscos dos olhos das outras pessoas sem primeiro verificar se estamos habilitados para isso.
Se uma pessoa se alegra com a ideia de confrontar um irmão, provavelmente é melhor que ela não faça nada.
Além disso, se o indivíduo que confronta uma pessoa que se desviou assume uma postura do tipo "sou mais santo que você", a intervenção trará mais prejuízo do que benefício.
Esse tipo de abordagem empurra o cisco para dentro em vez de extraí-lo com amor.
Mas temos aprendido com Tiago que o ministério da igreja é também de resgatar os que perdem a confiança na verdade do evangelho, por causa dos seus pecados.
Segundo lugar, os resultados da operação de resgate.
Segundo lugar, os resultados da operação de resgate.
20 lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados.
Tiago está enfrentando com a sua igreja cristãos ainda imaturos que foram convertidos, foram salvos, mas não conseguiram permanecer firmes e desviaram da Verdade do Evangelho.
Tiago encoraja os mais velhos os mais maduros a ir atrás desses irmãos imaturos e isto nos leva ao ponto fundamental do sermão de hoje.
Isto só pode acontecer porque a igreja de Tiago era uma igreja que se preocupava com uma coisa chamada disciplina.
Uma igreja que não é amparada pela disciplina, uma igreja que não visa a reconciliação por meio da disciplina, uma igreja que não tem um comprometimento de disciplinar os seus membros.
Uma igreja que não exorta os seus membros a se arrependerem dos seus pecados está falhando não só na sua missão como está impedindo a obra do Espírito Santo que acontece exatamente quando esta igreja exorta o pecador.
E o pecador não obedece pelas suas próprias mãos, não obedece pela sua própria vontade, mas obedece porque ouviu a exortação pela palavra de Deus e pelo Espírito Santo através da pregação e da correção da igreja e por isso volta ao convívio da comunidade de fé.
Mas isso só acontece se a igreja for capaz de cuidar de seus membros, sabe porque não existe disciplina na igreja hoje porque disciplina é uma coisa muito difícil de fazer.
É muito mais fácil se preocupar com carpete da igreja é muito mais fácil se preocupar com os bancos da igreja, é muito mais fácil de preocupar com a estética da igreja, é muito mais fácil se preocupar com a aparência da igreja para que ela seja atrativa.
As pessoas precisam ser atraídas pela ofensa do Evangelho e não pela beleza do lugar.
Disciplina exige, tete-a-tete, exige ambientes de discipulado e de confiança.
Mas a disciplina acaba na igreja quando as pessoas não querem mais cuidar umas das outras, quando outra coisa se tornou o fazer igreja, mas Tiago nos chama a sermos resgatadores daqueles que se desviaram da verdade.
Saiba disso, uma igreja que abre mão da disciplina, abriu mão exatamente do único meio pelo qual Deus ainda exerce no meio do seu povo cuidado.
Por isso para eles existem duas disciplinas:
A disciplina que é o discipulado a disciplina que é o ensino:
A disciplina do discipulado que é formativa vai forjar nos cristãos o caráter de Cristo, e a disciplina corretiva aquela que vai ver as distorções do Evangelho presentes na prática e na vivência dos cristãos e vai exigir deles a correção.
Por que devemos utilizar da disciplina Bíblica?
Em primeiro porque ela é Bíblica, e depois porque ela restaura o pecador ao convívio da comunidade e caracteriza o amor de Deus aplicado à seus filhos.
15 “Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. 16 Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. 17 Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano.
5 Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, 6 pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”.
E porque ela vai gerar resgate e restauração dos danos do pecado.
20 lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados.
Tiago nos ensina aqui, que o resgate de um pecador que se desviou da verdade se dá pelo evangelho, pois somente o evangelho salva da morte e perdoa pecados.
Tiago termina sua carta nos chamando a fincar nossos pés no evangelho e te-lo como nossa prática de vida, a andarmos de modo digno do evangelho que fomos chamados.
O Evangelho é o instrumento que retira o cisco do pecado que nos cega, e nos instrumentaliza a retirar o cisco que cega nossos irmãos para a verdade.
Tiago nos garante que, se tivermos êxito em nossa operação de resgate, com paciência, humildade, bondade e perseverança, a pessoa será reconduzida ao caminho certo.
Por que devemos agir assim no resgate, aplicando a disciplina e reconduzindo a comunidade?
Porque é assim que Jesus faz por meio do seu santo evangelho.
Ele vem anunciando que os homens estão perdidos, desviados da verdade, desgarrados como ovelhas sem pastor.
Precisam se arrepender diante da santidade de Deus, porque seus pecados os colocam em rota de colisão contra Deus.
E que somente o arrependimento e fé na obra de Cristo salva os homens da morte e os perdoa dos pecados.
Esse sempre é o caminho da restauração, nunca a omissão, a conivência, a cumplicidade com os pecadores, mas sempre a pregação amorosa do Evangelho.
Portanto, nós, igreja do Senhor, que venhamos diante dessa final exortação, envolver nossas vidas ao discipulado uns dos outros, a correção amorosa, bíblica e restauradora.
Temos a oportunidade de viver isso, por meio dos microgrupos de discipulado, sermos aqueles que restauram aqueles que cegados pelo pecado, se desviam da verdade doutrinária e da vida prática.
Que assim, sejamos uma comunidade madura, vibrante no evangelho e parecida com Cristo no serviço de salvar, restaurar e anunciar aos pecadores, sua obra perfeita de salvação e reconciliação.
SDG