O Evangelho é único.
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6 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, 7 o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.
10 Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo.
INTRODUÇÃO
Objetivo da Pregação: Ouvir a Escritura através do pregador.
Este momento não é para ouvir o pregador, mas, a partir do pregador, ouvir a Escritura. Ouvir a Palavra de Deus é o anseio da Igreja quando se reúne. Por isso, deve-se prestar muita atenção às palavras do pregador, não engolindo-as, mas provando-as para saber se provêm de Deus ou não. E como fazer isso? Repetindo o exemplo dos Bereanos, que ouviam Paulo e iam confirmar na Torá se assim estava escrito. Precisamos retomar esse zelo. Anotem o texto, acompanhem-no em suas bíblias e, em seu momento solitário, leiam-no, de preferência, todo o contexto. Orem e estudem o texto, pedindo a Deus iluminação para provar o ensino que foi dado. Veja se há coerência com a Escritura. Assim, seremos guardiões do Santo e Verdadeiro Evangelho.
Temos um Paulo encarando o seu primeiro desafio pastoral. Os primeiros frutos do seu ministério estão sendo perturbados por falsos mestres e tendo seu comportamento desviado do verdadeiro evangelho.
A sugestão de fixação da data da composição do livro está em algum lugar entre 50-53 d.C. (segunda viagem missionária), logo antes da composição de 1 Tessalonicenses.
Gálatas, provavelmente, foi a primeira carta escrita pelo apóstolo Paulo, sendo então a primeira escritura do Novo Testamento. Seguimos a tese que foi direcionada à parte sul da Galácia, uma província romana que recebeu o nome do povo da parte norte. Ela foi destinada a algumas igrejas, onde, naturalmente, haveria um compartilhamento desse escrito. Carta escrita às igrejas que se encontravam na parte sul da Galácia, onde era uma província romana. O fato de ser endereçada a diversas igrejas faz-me pensar sobre a relevância universal do assunto sobre a veracidade do evangelho. O que Paulo discute não é algo pontual de uma comunidade, mas uma problemática que vai assolar as igrejas em todo o mundo.
A carta aos gálatas, se fosse possível ranquear, fato que não é, seria um dos principais livros da Bíblia. Ela inspirou grandes personagens na história, como Lutero, que declarou: “A epístola aos Gálatas é a minha epístola. Diante dela sou como que preso por laços matrimoniais. Ela é a minha Katherine”. O reformador a considerava melhor que todos os livros da Bíblia. Ela tem sido chamada “o grito de guerra da Reforma”, “a grande autora da liberdade religiosa”, “a declaração da independência do cristão” etc. Somente isso já são grandes motivos para nos motivar à leitura dessa grande obra. Convido os ouvintes a tirarem alguns minutos de sua semana para lerem toda a carta.
Atos 13:26-28 me fez refletir sobre o perigo que corremos, semelhante às autoridades que crucificaram Jesus, de desconhecermos a palavra dos profetas e apóstolos, mesmo ela sendo anunciada com frequência. As autoridades não desconheciam a mensagem bíblica por falta de acesso, pois a liam todos os dias. Como pode ser perigoso termos rituais religiosos diários que podem ser vazios. Uma relação rasa com a Escritura pode ser um grande indicativo de não conversão. Pessoas convencidas de um hábito, mas que nunca conheceram o Senhor Jesus e, consequentemente, não foram seladas pelo Seu Espírito. Gente que vive de comer “o filé mignon” nos domingos, mas nunca começou a jornada de conhecer o ensinamento Daquele que dizem ser tudo para elas. Segue o texto de Atos: Atos dos Apóstolos 13:26–28 (ARA) "Irmãos, descendência de Abraão, e vós outros, os que temeis a Deus, a nós nos foi enviada a palavra desta salvação. Pois os que habitavam em Jerusalém e as suas autoridades, não conhecendo Jesus nem os ensinos dos profetas que se leem todos os sábados, quando o condenaram, cumpriram as profecias; e, embora não achassem nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto."
“Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos” (At 15:1). Esse forte pronunciamento, uma vez que condenou a maioria da congregação à perdição, deve ter causado considerável consternação e tumulto. A igreja, entretanto, decidiu fazer alguma coisa a respeito, encorajada, sem dúvida alguma, pela crescente e bem fundada suspeita de que esses arruaceiros não tinham sido autorizados a espalhar tal mensagem amedrontante (cf. At 15:24).
Resumindo, portanto, a ocasião que levou Paulo a escrever esta carta foi a sinistra e, de alguma forma, bem-sucedida influência que os desordeiros judaizantes estavam exercendo nas igrejas da Galácia do Sul. E o propósito foi o de neutralizar esse perigoso erro, reenfatizando o glorioso evangelho da livre graça de Deus em Jesus Cristo: a justificação somente pela fé, sem as obras da lei, e levar os destinatários a adornarem a sua fé e comprovarem o seu caráter genuíno por meio de uma vida em que o fruto do Espírito fosse abundante.
DESENVOLVIMENTO
Os versículos 6 e 7 demonstram um fato incomum, contido nas cartas do apóstolo, que é a ausência de um momento em que ele elogia os irmãos, demonstrando uma satisfação pela caminhada no Evangelho. O que encontramos aqui não é satisfação, e sim, estupefação: um assombro esmagador, uma dolorosa perplexidade. Paulo diz: "Estou abismado de que tão depressa vocês se afastaram daquele que os chamou (e se voltando) para um evangelho diferente, que (na realidade) não é (nem mesmo) outro." Em Gálatas: A Carta da Liberdade Cristã, Hernandes Dias Lopes escreve: “Voltando ao texto, é importante ressaltar que o verbo usado por Paulo está na voz ativa, e não na passiva; está no tempo presente, e não no passado. Assim, o sentido não é ‘que tenhais sido afastados tão depressa’, mas ‘que estejais passando tão depressa’. O uso do tempo presente indica claramente que os gálatas estavam em pleno processo de abandono.” No mesmo livro, Hernandes continua: “William Hendriksen corretamente defende que os crentes gálatas não estavam se apartando meramente de uma posição teológica, mas estavam transferindo sua lealdade daquele que em sua graça e misericórdia os havia chamado. Warren Wiersbe tem razão ao argumentar que os cristãos da Galácia não estavam apenas ‘mudando de religião’ ou ‘mudando de igreja’; na verdade, estavam abandonando a própria graça de Deus! Pior ainda, estavam deixando o próprio Deus da graça! Os gálatas, com seu evangelho diferente, estavam saindo da graça para dentro da qual tinham sido chamados.”
Olhando para os versículos 6 e 7, John Stott apresenta essa ideia com diáfana clareza: “Paulo diz que a deserção dos gálatas convertidos estava relacionada com a experiência e também com a teologia. Ele não os acusa de desertarem do evangelho da graça com vistas a outro evangelho, mas de desertarem daquele que os chamara na graça. Em outras palavras, teologia e experiência, fé cristã e vida cristã, andam juntas e não podem ser separadas. Afastar-se do evangelho da graça é afastar-se do Deus da graça.”
O versículo 7, quando fala da perturbação e perversão, nos faz pensar: O texto nos ensina que os falsos mestres perturbavam a igreja e deturpavam o Evangelho. Isso é muito importante entender. Pois não é possível, de acordo com a Bíblia, mudar a igreja, ou seja, o crente deixar de ser crente, ou a ovelha deixar de ser ovelha. Os falsos mestres não têm esse poder, pois seria maior do que o poder que transformou pecadores em filhos. Assim como predadores perturbam rebanhos de ovelhas, falsos profetas com suas heresias perturbavam a igreja, deixando-a às vezes confusa, vacilante. Então, como um pastor faz com as suas ovelhas, Deus faz com a sua igreja, chamando a atenção, guiando para o caminho certo, e como disse Jesus, as suas ovelhas ouvem a sua voz.
Os versículos 8 e 9 nos fazem pensar sobre a ênfase de ser anátema que Paulo faz. Ele repete a expressão como se quisesse dizer: foi isso mesmo que vocês ouviram, é maldito. Demonstrando a seriedade do assunto. O apóstolo não negocia a essência do Evangelho, demonstrando que não há meio-termo: ou provém inteiramente de Deus ou é maligno, merecedor de condenação. Anátema (usada aqui em Gálatas 1:8,9 e também em Atos 23:14; Romanos 9:3; 1 Coríntios 12:3; 16:22) se refere àquilo que é consagrado a Deus sem esperança de ser redimido; e desta forma, aquilo ou aquele que está destinado à destruição e maldição. João Calvino é enfático quando escreve: “Com o fim de fulminar os falsos apóstolos ainda mais violentamente, Paulo invoca os próprios anjos. Também não diz simplesmente que não deveriam ser ouvidos caso anunciassem algo diferente, mas declara que devem ser tidos como seres execráveis.”
No versículo 10, Paulo vai falar sobre não estar preocupado em ficar bem na fita com os homens, em detrimento de não ficar com Deus. O apóstolo reforça o ensinamento do Evangelho, que diz que não é possível ser amigo do mundo e amigo de Deus, ou seja, abraçar a sistemática do deus deste século, o diabo, é excluir a dinâmica divina das nossas vidas. Mais recentemente, a chamada “nova perspectiva” sobre Paulo e a lei (por exemplo, Dunn) tem sugerido que a atitude judaica sobre a lei, contra a qual Paulo escreveu, era uma atitude de nomismo pactual, no qual os oponentes de Paulo viam a circuncisão e outras “obras da lei” como distintivos exclusivos de orgulho judeu que eles estavam querendo forçar sobre os gentios. Ele vai dizer no versículo 10 que não está para agradar o ego desses homens.
APLICAÇÕES
Um ponto importante é que o objetivo de escrever para trazer as igrejas da Galácia ao verdadeiro Evangelho nos alerta sobre as exortações necessárias, para as correções de caminho, realizadas pelo Espírito Santo. Paulo tinha convicção de que, se estivesse falando a verdadeiros crentes, eles cairiam em si. Então cabe um alerta aos ouvintes das comunidades evangélicas: estão ouvindo as exortações do Espírito Santo?
As pessoas que persistem em sua desobediência até o seu último suspiro de vida provam que jamais aceitaram a Cristo com uma fé viva e verdadeira, ainda que nominalmente tenham sido membros de alguma igreja local. Fica claro que a motivação de Paulo ao escrever para a igreja de Gálatas é a certeza de que há uma igreja lá que não desistiu do Evangelho, apenas foi confundida, e que, sendo esclarecida e advertida, voltará a recobrar a consciência. Pelo poder do Espírito Santo, a mensagem exterior se converterá em convicção interior. Deveriam ter guardado o depósito que lhes fora confiado.
Observo no contexto da carta aos gálatas algo que está presente em toda a história da igreja: a facilidade de se desalinhar ao verdadeiro Evangelho. Tão pouco tempo a igreja tinha recebido o evangelho e agora estava se distanciando dele. O apóstolo fica estarrecido com tamanha velocidade e loucura. Primeira carta canônica teve como objetivo chamar a igreja às origens. Acredito que hoje, mais do que nunca, a Escritura é o grito do Espírito Santo para a Igreja de Jesus acordar. Há um perigo de achar que está tudo bem e colocar como expectativa ouvir as bênçãos materiais que Deus tem. A igreja precisa estar alerta, pois o risco é sempre presente de desvio. A exortação do Espírito serve para separar as ovelhas dos bodes, é como se o pastor gritasse no campo, e as suas ovelhas o ouvissem e se alinhassem ao seu comando.
Uma aplicação que vem ao meu coração é a fidelidade à nossa consciência denominacional. Somos batistas, e isso não quer dizer que somos melhores, mais santos e ausentes de erros, de forma nenhuma, mas temos que entender que somos batistas por um motivo. Não era para haver denominações, mas infelizmente houve desvios no caminho. E hoje, em meio às centenas ou milhares de denominações, é necessário posicionamento. Mas não um posicionamento que objetiva mostrar que os outros estão errados e nós certos, mas um posicionamento que demonstra devoção à doutrina dos apóstolos, ao Evangelho. Nós que cremos entendemos que não podemos seguir a outro evangelho diferente daquele que os apóstolos pregaram, pois é maldição. Então, diante das diversas doutrinas, vamos à Bíblia, pois é o esperado, e comparamos as declarações de fé. Então, a nossa decisão em ser batista deveria estar baseada em fidelidade à nossa consciência de fé. A fé que abraçamos, a partir da revelação bíblica, está coerente com a denominação de que fazemos parte (Leia João 7:17). Por isso, ser batista e ser guardião dessa identidade é buscar viver a orientação aos gálatas, ou seja, viver o evangelho que os apóstolos pregaram. Devemos ter cuidado com o sincretismo religioso que sutilmente invade o nosso meio. Nós temos como princípio a liberdade de consciência, respeitamos a maneira de pensar dos outros, mas estamos juntos como comunidade, pois temos uma unidade que parte da nossa consciência. Então, a liberdade de consciência não está em outros buscarem implantar doutrinas de outros grupos em nosso meio e ficarmos achando que não há problema. Há, pois, como dissemos, somos o que somos, se for pelo motivo certo, por um motivo doutrinário. Se assim não for, que arranquemos o nome e vamos viver uma salada denominacional. Podemos ter entrada na denominação por outros motivos, mas é urgente alinharmos as razões da nossa permanência a partir do Evangelho.
Acredito que merece atenção a responsabilidade da igreja em manter viva todo o corpo doutrinário. Por isso acredito que a exposição bíblica deveria ser uma prática obrigatória nas igrejas. A igreja precisa, de tempos em tempos, refletir sobre toda a Escritura, para que não seja ludibriada por falsos mestres que gostam de trabalhar com recortes do texto, assim como Satanás fez na tentação ao Senhor Jesus.
Tópicos Simples para Pregação: Gálatas 1.6-10
Tópicos Simples para Pregação: Gálatas 1.6-10
Introdução
Introdução
Objetivo da Pregação:
Ouvir a Escritura através do pregador.
A Importância de Ouvir e Provar a Palavra:
Comparar com o exemplo dos Bereanos.
Paulo Enfrentando Falsos Mestres:
Desafio pastoral e perturbação dos primeiros frutos do ministério.
Datação da Carta:
Provável composição entre 50-53 d.C.
Primeira Carta de Paulo:
Destinada às igrejas do sul da Galácia.
Relevância Universal do Assunto:
A veracidade do evangelho é um tema universal.
Impacto Histórico da Carta:
Influência na Reforma, especialmente em Lutero.
Perigo do Desconhecimento da Palavra:
Reflexão sobre Atos 13:26-28 e a relação rasa com a Escritura.
Contexto de Atos 15:1:
Perturbação causada por falsos mestres e a resposta da igreja.
Motivação de Paulo:
Neutralizar o erro e reenfatizar o evangelho da graça.
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Versículos 6 e 7:
Ausência de elogios, estupefação de Paulo.
Abandono em pleno processo (análise de Hernandes Dias Lopes).
Deserção dos Gálatas:
Desertar da graça é desertar do Deus da graça (John Stott).
Perturbação e Perversão (v. 7):
Falsos mestres perturbavam a igreja, mas não mudavam a essência dos crentes.
Anátema (v. 8-9):
Seriedade da maldição para quem prega outro evangelho (João Calvino).
Agradar a Deus, não a Homens (v. 10):
Incompatibilidade entre agradar a Deus e ao mundo.
Aplicações
Aplicações
Exortações do Espírito Santo:
Correções necessárias para trazer ao verdadeiro Evangelho.
Persistência na Desobediência:
Prova de falta de verdadeira conversão.
Desalinhamento ao Verdadeiro Evangelho:
Risco constante e necessidade de retorno às origens.
Fidelidade à Consciência Denominacional:
Importância de ser batista e a coerência com a doutrina dos apóstolos.
Responsabilidade da Igreja:
Manter viva a doutrina através da exposição bíblica regular.
Mapa Mental
Mapa Mental
Introdução:
Objetivo, Ouvir e Provar a Palavra, Paulo e Falsos Mestres, Datação, Primeira Carta, Relevância Universal, Impacto Histórico, Perigo do Desconhecimento, Contexto Atos 15:1, Motivação de Paulo.
Desenvolvimento:
Versículos 6 e 7, Deserção dos Gálatas, Perturbação e Perversão, Anátema, Agradar a Deus.
Aplicações:
Exortações do Espírito Santo, Persistência na Desobediência, Desalinhamento ao Verdadeiro Evangelho, Fidelidade à Consciência Denominacional, Responsabilidade da Igreja.