Chamados para perseverar
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Transcript
3 Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com a consciência limpa, porque, sem cessar, lembro de você nas minhas orações, noite e dia.
4 Lembro das suas lágrimas e estou ansioso por ver você, para que eu transborde de alegria.
5 Lembro da sua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em sua avó Loide e em sua mãe Eunice, e estou certo de que habita também em você.
6 Por esta razão, venho lembrar-lhe que reavive o dom de Deus que está em você pela imposição das minhas mãos.
7 Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
8 Portanto, não se envergonhe do testemunho de nosso Senhor, nem do seu prisioneiro, que sou eu. Pelo contrário, participe comigo dos sofrimentos a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,
9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação, não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos,
10 e manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus. Ele não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho.
11 Para este evangelho eu fui designado pregador, apóstolo e mestre
12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas. Mas não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar aquilo que me foi confiado até aquele Dia.
13 Mantenha o padrão das sãs palavras que de mim você ouviu com fé e com o amor que há em Cristo Jesus.
14 Por meio do Espírito Santo, que habita em nós, guarde o bom tesouro que lhe foi confiado.
Em que situação Paulo escreveu esta segunda carta à Timóteo? Onde ele estava? Que sentimentos permeavam o seu coração? Quem era Timóteo? Por qual razão Paulo escreveu para ele?
A situação de Paulo não era fácil. Quando escreveu esta segunda carta para Timóteo, ele estava preso em Roma e tinha a percepção de que sua morte era iminente. Ele chegou a escrever o seguinte em 2 Timóteo 4:6.
6 Quanto a mim, já estou sendo oferecido por libação, e o tempo da minha partida chegou.
Paulo demonstra grande pesar por ter sido abandonado por várias pessoas. Não sabemos especificamente o motivo dessas pessoas terem abandonado Paulo, mas uma coisa é certa - Paulo estava preso e prestes a ser executado por causa do evangelho que ele pregava.
Então podemos deduzir que o receio de ser associado a Paulo poder causar uma série de dificuldades, perseguição, prisão ou morte, muitos decidiram abandoná-lo. Isso trouxe muita tristeza ao coração de Paulo.
Os amigos de Paulo que eram seus associados no ministério estavam distantes envolvidos na pregação do evangelho. Ele menciona que apenas Lucas estava com ele (2Tm 4.11).
Era um momento muito difícil para Paulo, mas a principal preocupação dele não era consigo mesmo, mas com Timóteo e o sucesso da pregação do evangelho.
Timóteo era um jovem pastor, associado de Paulo na pregação do evangelho. Era filho de Eunice e neto de Lóide. Tanto sua mãe quanto sua avó são identificadas por Paulo como cristãs. Embora seu pai fosse grego, Timóteo desde muito cedo foi instruído nas Escrituras Sagradas:
14 Quanto a você, permaneça naquilo que aprendeu e em que acredita firmemente, sabendo de quem você o aprendeu
15 e que, desde a infância, você conhece as sagradas letras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.
16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,
Paulo se refere a Timóteo como:
“meu cooperador” (Rm16.21).
“servo de Cristo” (Fp1.1).
“meu filho amado e fiel no Senhor” (1Co4.17).
“verdadeiro filho na fé” (1Tm1.2)
“ministro de Deus no evangelho” (1Ts3.2).
Logo logo Paulo sairia de cena, seria executado à morte, e Timóteo daria continuidade ao trabalho de liderança espiritual às igrejas. Com certeza não seria uma tarefa simples, mas com a ajuda de Deus Timóteo poderia cumprir o propósito divino.
A carta de Paulo a Timóteo é uma carta pastoral e pessoal. São as últimas palavras de instrução do apóstolo.
Paulo se dirige a Timóteo com carinho, com apreço, relembrando-o de sua origem, de “sua fé sem fingimento” (2Tm1.5). Lembra-o das dificuldades que vivenciaram juntos, das lágrimas derramadas (2Tm1.4), e de que ele era motivo de suas orações.
Essa ternura no trato entre colegas de ministério é um modelo de relacionamento a ser imitado por todos os pastores mais experientes e os mais jovens. Ternura, bondade e palavras de encorajamento!
Aqui no capítulo 1 versículo seis, quando Paulo diz que Timóteo deveria se lembrar do dom de Deus que estava nele, percebemos que Paulo estava confiante que as igrejas da Ásia estariam em mãos competentes e que a fé de Timóteo constituía um fundamento sólido para enfrentar os desafios do futuro.
Observe as palavras de Paulo, como são palavras de encorajamento. Versículo 7:
7 Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
O Cristianismo genuíno não produz covardes. Isso pode ser exemplificado pela vida de Cristo e de Paulo. “Nenhum covarde escreveria tal epístola à sombra da espada do carrasco”. (SDABC, vl 7, p. 329).
Paulo estava convocando Timóteo a seguir os seus passos e diz para ele não se envergonhar do evangelho, ou do testemunho do Senhor.
Vamos ler novamente:
8 Portanto, não se envergonhe do testemunho de nosso Senhor, nem do seu prisioneiro, que sou eu. Pelo contrário, participe comigo dos sofrimentos a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,
1. Esse poder que nos salvou;
2. Esse poder que nos chamou com santa convocação;
3. Esse poder que destruiu a morte (vs 10);
4. Esse poder que trouxe à luz vida e imortalidade, mediante o evangelho (vs. 10).
Lembro-me de uma propaganda antiga de um determinado carro. Os pais estavam levando o filho para a escola, mas o carro não era aquele carrão, e a criança pede para os pais não o deixarem na frente da escola. Depois aparece outra cena, agora uma família com aquele carrão, e o filho dica todo orgulhoso de parar na frente da escola para todos os seus colegas verem.
Quando eu era criança meu pai me levava de vespa para a escola. A vespa é muito parecida com a lambreta. Eu estudava em uma escola particular e havia muitos meninos e meninas cujo os pais tinham carros muito bonitos. Parecia que meus colegas tinham muito orgulho de seus pais virem buscá-los na escola com aqueles carros bonitos. Mas quando meu pai chegava para me buscar de lambreta.... eu morria de vergonha!
Agora veja. Raciocine comigo. Quem é que me sustentava? Quem é que me dava amor, carinho, educação, instrução religiosa e me proporcionava um desenvolvimento feliz? Meu pai. Você acha justo eu me envergonhar dele?
Quando criança eu confesso, eu tinha vergonha, mas posso dizer hoje que me arrependo e que tenho muito orgulho de meu pai e minha mãe, por todo sacrifício que fizeram para me proporcionar a melhor educação.
Você acha justo se envergonhar de Cristo? Você acha justo se envergonhar de ir para a igreja segurando a bíblia? Há muitos cristãos que agem como agentes secretos. Vão para a escola, para o trabalho e ninguém sabe que é cristão. Que triste! Você acha justo negar aquele que deu a vida por você?
Você se lembra de Pedro que negou a Jesus diante de uma situação difícil? Ele se arrependeu amargamente e essa experiência mudou a sua vida!
Olha só o que Jesus diz em Marcos capítulo 8 versículo 38:
38 Pois quem, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com os santos anjos.
Paulo tinha consciência de que havia sido chamado para proclamar o evangelho, para testemunhar de sua fé em Cristo. Está em 2 Timóteo 1:11:
11 Para este evangelho eu fui designado pregador, apóstolo e mestre
12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas. Mas não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar aquilo que me foi confiado até aquele Dia.
O comentário bíblico adventista faz uma ponderação interessante:
“Por causa de sua própria experiência de sofrimento por causa do evangelho, Paulo pôde exortar Timóteo com simpatia a sofrer sem vacilar” (SDABC, vl 7, p. 330).
“Embora Paulo enfrentasse a desgraça da execução como criminoso e o escárnio de um império, a sua confiança na mensagem que pregava animou o seu espírito e fortaleceu a sua coragem. Esse mesmo tipo de nobreza fortaleceu o coração dos nobres hebreus quando enfrentaram a fúria do rei da Babilônia (ver Dan. 3:16–18); Cristo também deu ao universo um exemplo de confiança desavergonhada na providência soberana do Pai quando enfrentou a desgraça da cruz” (SDABC, vl. 7, p. 330).
Para Paulo, conhecer Jesus Cristo ia muito além do conhecimento teórico ou teológico. Conhecer Jesus Cristo não é apenas confessar a Sua divindade e crer em Sua obra salvadora, mas envolve também experimentar ou ter a percepção da presença de Cristo no coração por meio do Espírito Santo. Nesse sentido Paulo diz em Colossenses1.27:
Colossenses 1.27 (NAA)
Cristo em vocês, a esperança da glória.
Lembre-se, Paulo estava vivendo o momento mais crítico de sua vida. Estava preso. Estava sendo tratado como um criminoso. Ele tinha consciência de que seria executado em pouco tempo. Ele havia sido abandonado por várias pessoas. Então ele escreve essa carta pessoal para seu colega de ministério, o jovem pastor Timóteo, para o encorajar a perseverar.
Vou recorrer novamente ao comentário bíblico adventista sobre a frase de Paulo, “porque sei em quem tenho crido”.
“A forma do verbo grego enfatiza que Paulo começou a confiar em anos anteriores e continuou confiando. Ele manteve sua fé mesmo em meio à diferente experiência de ser tratado como um criminoso comum. Deus não espera que ninguém confie cegamente Nele. Ele deu a cada homem provas suficientes nas quais basear sua confiança. A alegria da vida está em reconhecer essas evidências da mão de Deus” (SDABC, vl. 7, p. 330-331).
Temos muitos motivos para perseverar!
14 Por meio do Espírito Santo, que habita em nós, guarde o bom tesouro que lhe foi confiado.
18 Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.