Sem título Sermão (14)
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INTRODUÇÃO:
Se existe uma palavra que pode resumir o verdadeiro cristão, é “compaixão”, que significa o que Jesus sente pelas pessoas. Compaixão é algo mais profundo do que “misericórdia” (do grego eleos). É também mais profundo do que “ter piedade” (do grego oiktirmos) e do que “simpatia” (do grego simpatheo). Estamos nos referindo a “compadecer-se”, ou seja, “sentir a dor do outro no meu coração”. Para aludir à “compaixão” de Jesus, os evangelistas tiveram de cunhar uma palavra que, até então, não existia na língua grega. A palavra criada foi “compaixão” (splanchnizomai),no sentido de “ser compassivo com as entranhas ou partes internas”,1 sendo empregada para caracterizar a compaixão de Jesus (Mc 1.41; 6.34; Mt 9.36; 18.27). Lucas vai utilizá-la várias vezes: “Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores!” (Lc 7.13). Era como se o coração de Jesus se contraísse convulsivamente diante das necessidades gritantes das pessoas (Lc 10.33; 15.20). No entanto, é importante percebermos que, sempre que a palavra “compaixão” é associada a Jesus, é seguida de ação. Compaixão não é simplesmente sentimento, mas ação (Lc 10.37).
O capítulo 7 de Lucas, no entanto, é um convite a olharmos para a compaixão de Jesus na prática.Esse também é um capítulo no qual percebemos a compaixão de Jesus voltada aos forasteiros sociais daquele tempo e daquele lugar.
Lucas está relatando os milagres de Jesus, não tanto para demonstrar seu poder (o que é um fato), mas para demonstrar sua compaixão. Jesus dirigiu-se a Naim, cidade que ficava a mais de 50 km de Cafarnaum. Essa cidade não é citada em outro lugar da Bíblia, mas fica a 5 km de Suném, lugar no qual Eliseu havia ressuscitado o filho de uma sunamita (2Rs 4). Jesus foi àquela cidade para cumprir um compromisso de sua agenda pessoal. Mais uma vez, ele se dirige a alguém socialmente vulnerável na sociedade da época. As viúvas não tinham amparo financeiro, dependiam da caridade de parentes e amigos. Um filho era garantia de sustento, mas o único amparo daquela mulher estava morto em um esquife/caixão.
UM ENCONTRO TRANSFORMADOR
a) Encontro de dois grupos,a caravana da vida e a caravana da morte;
b) Dois filhos únicos, Jesus, o Unigênito do Pai, vivo, destinado a morrer, e o filho único da viúva, morto, destinado a viver;
c) Dois sofredores, a viúva enlutada e Jesus, o homem de dores;
d) Dois inimigos, a morte o último inimigo a ser vencido e Jesus aquele que matou a morte e arrancou seu aguilhão.
O texto em tela fala sobre a caravana que saía de Naim, liderada pela morte, o rei dos terrores (7.11), e sobre a caravana que entrava em Naim, liderada por Jesus, o Autor da vida (7.12). Aqui a caravana da morte e a caravana da vida se encontram. Diante do coral da morte, o solo da ressurreição prevalece. A esperança brota do desespero, e o cenário mais doloroso converte-se em cenário de exultante alegria. Aqui o Príncipe da paz é maior do que o Rei dos terrores e, embora a morte, o último inimigo a ser vencido, seja poderosa, não é tão poderosa quanto o Amigo dos pecadores.
Algumas verdades devem ser destacadas no texto em apreço.
12 Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela.
Dessa vez, precisamente quando Jesus se aproximava da porta de Naim, ocorria algo para o qual o evangelista, ao escrever “eis”, deseja fixar nossa especial atenção: um cortejo fúnebre está saindo; saía pelo portão da cidade porque não era permitido sepultar um morto dentro de uma cidade judaica.
Entrando Jesus, ou estando para entrar; e, simultaneamente, saindo esse cortejo: seria a “a mão de Deus”, ou “uma mera coincidência”? Não está a Bíblia – e a vida de cada pessoa – cheia de fatos e circunstâncias que amiúde são descritos como “meras coincidências”?
1. Quando Abraão necessitava de algo para sacrificar em lugar de Isaque, ali perto estava um carneiro (Gn 22.13).
2. Mais tarde, o servo mais leal de Abraão foi enviado à Mesopotâmia com o fim de trazer de lá uma esposa para Isaque. Chegando àquele país estranho, o servo pede a Deus que o dirija. Antes que sua oração fosse concluída, ali está Rebeca, a jovem que ele buscava (Gn 24.15).
3. Rute, a moabita, sai ao campo certa manhã com o fim de juntar algumas espigas que sobrassem da colheita. “E sucedeu que aquela parte do campo era de Boaz”. Aquele era precisamente o homem indicado … seu futuro esposo, embora nesse momento ela de nada soubesse (Rt 2.3).
4. Jeremias é lançado numa cisterna e ali começa a afundar-se na lama. Não há ninguém para resgatá-lo? O profeta é salvo por um etíope que chega naquele exato momento (Jr 38.7; 39.1ss.)
A) Três ponto quero destacar em relação ao versículo 13:
1) Jesus enxerga a nossa dor (7.13)
13 Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: “Não chore”.
Este episódio registra três tragédias: 1) A morte de um jovem. Morrer na juventude era considerado uma grande tragédia. 2) A morte de um filho único. Esta tragédia é ainda maior. 3) A morte do filho único de uma viúva. Este é o ponto culminante da tragédia.
A mulher viúva sai para enterrar seu filho único. Deixa para trás sua esperança e tem pela frente apenas a solidão. Aquele esquife carrega não apenas o corpo de seu filho, mas também o seu futuro. O mundo dessa mulher desaba. É nesse momento que Jesus a distingue das demais pessoas que choram. Jesus sabe que a dor que ela está sentindo é diferente e avassaladoramente maior do que a dor de todas as demais pessoas. Jesus ainda hoje vê a nossa dor.
2) Jesus se compadecede nós em nossa aflição (7.13)
13 Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: “Não chore”.
Essa mulher viúva, enlutada, não pede nada, não espera nada. Está apenas mergulhada em sua dor, naufragando nas ondas revoltas de suas lágrimas. Mas Jesus a enxerga na sua dor e se compadece dela. As entranhas de Jesus se movem, e ele inclina seu coração cheio de ternura para ela.
Ainda hoje, Jesus nos vê em nossa aflição e nos consola em nossa dor. Ele sabe o que estamos passando. Conhece nossa realidade e se identifica conosco em nosso sofrimento.
Jesus estanca as nossas lágrimas (7.13)
13 Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: “Não chore”.
Não há uma palavra mais insensata num funeral do que esta: “Não chores”. Funeral é lugar de choro. A morte traz sofrimento e dor. As lágrimas são esperadas numa hora do luto. Mas o Jesus que ordena, “Não chores”, é o mesmo que tem poder para estancar as lágrimas. Seu poder não é apenas para consolar nossa dor, mas também para colocar um ponto final na causa do nosso choro.
Jesus triunfa sobre a morte que nos espreita (7.14)
14 Depois, aproximou-se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: “Jovem, eu lhe digo, levante-se!”
O solo da ressurreição triunfa sobre o coral da morte. Jesus não se afasta; ele chega mais perto. Jesus toca o esquife. Ele para os que conduziam o enterro e carregavam o morto. Jesus chama o morto e dá uma ordem a ele: “Levanta-te”. Aquele que é a ressurreição e a vida tem poder sobre a morte. A morte escuta a sua voz. Quando Jesus chega, a morte precisa bater em retirada. A morte não tem a última palavra quando Jesus ergue sua voz! O mesmo Jesus que ressuscitou esse jovem trará à vida todos os mortos no último dia (Jo 5.28,29).
Jesus nos devolvea esperança (7.15)
15 O jovem sentou-se e começou a conversar, e Jesus o entregou à sua mãe.
A vida entrou no jovem e ele se assentou. O silêncio da morte foi vencido, e o jovem que estivera morto passou a falar. Então, Jesus o restituiu à sua mãe. A esperança voltou a brilhar no coração daquela mãe. O irremediável aconteceu. O impossível tornou-se realidade. A vida desfraldou suas bandeiras. O choro doído foi trocado pela alegria indizível. As vestes mortuárias foram deixadas para trás.
William Hendriksen destaca o maravilhoso poder de Jesus, nestes termos: “Profunda compaixão, infinita sabedoria, ilimitada autoridade, maravilhoso poder! Aleluia! Que grande Salvador!”
Jesus é proclamado publicamente como o Profeta de Deus (7.16,17)
Diante desse milagre extraordinário, o povo relembrou a profecia de Moisés. Deus enviaria um profeta semelhante a Moisés. Este seria o Messias de Deus. As obras de Jesus testificam quem ele é. O poder de Jesus sobre a morte trouxe temor ao povo na terra e promoveu a glória de Deus no céu. Essa notícia gloriosa percorreu não apenas a Galileia, onde a cidade de Naim estava situada, mas chegou também às distantes regiões da Judeia.