Galatas 1 - Um unico evangelho!

Perícope

Gl 1:1-12: "1 PAULO, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos),

2 E todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia:

3 Graça e paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo,

4 O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai,

5 Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém.

6 Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;

7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

10 Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

11 Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo."

Introdução

· A carta de gálatas é provavelmente a primeira carta do apostolo Paulo e também por consequência o primeiro escrito canônico do Novo Testamento.

Na história da igreja, essa carta é considerada a carta Magna da liberdade cristã. Lutero por exemplo, meditou tanto nessa epistola que dizia que “A epístola aos Gálatas é a minha epístola. Diante dela sou como que preso por laços matrimoniais. Ela é a minha Katherine.”, ou seja, ele estava unido espiritualmente com essa carta. Ela também foi chamada “o grito de guerra da Reforma”, “a grande autora da liberdade religiosa”, “a declaração da independência do cristão”.

· Essa importância se dá pelo tema principal da carta. Essa carta fala de uma divisão. Coloca os pingos nos is, e nos ensina o que separa bodes de ovelhas, salvos de condenados, mortos de vivos, verdade de mentira, benditos de malditos. Isso porque o tema principal da carta é o evangelho. Embora seja muito parecida com a carta de Paulo aos Romanos que também tem como tema central a justificação pela fé. Paulo também fala nas duas cartas sobre

o a inabilidade da lei para justificar (Gl2.16; Rm 3.20);

o a “morte” dos crentes para a lei (Gl 2.19; Rm 7.4);

o a crucificação do cristão com Cristo (Gl 2.20; Rm 6.6);

o a justificação de Abraão pela fé (Gl 3.6; Rm 4.3);

o os crentes são filhos espirituais de Abraão (Gl 3.7; Rm 4.10,11) e, portanto, abençoados (Gl 3.9; Rm 4.23,24);

o a lei não traz salvação, mas a ira de Deus traz (3.10; Rm 4.15);

o o justo vive pela fé (Gl 3.11; Rm 1.17);

o a universalidade do pecado (Gl 3.22; Rm 11.32);

o os crentes como espiritualmente batizados em Cristo (Gl 3.27; Rm 6.3);

o os crentes adotados como filhos espirituais de Deus (Gl 4.5-7; Rm 8.14-17);

o o amor cumprindo a lei (Gl 5.14; Rm 13.8-10);

o a importância de andar no Espírito (Gl 5.16; Rm 8.4);

o a luta da carne contra o Espírito (Gl 5.17; Rm 7.23,25);

o a importância de os cristãos ajudarem a levar as cargas uns dos outros (Gl 6.2; Rm 15.1).

Paulo tem, no entanto, a doutrina da justificação pela fé somente como tema principal por causa dos judaizantes legalistas que se introduziram nessas igrejas.

Os judaizantes

Os judaizantes ensinavam que a salvação não se dava pela graça e pela fé somente; segundo eles, os convertidos, além de crer em Jesus, precisavam ser circuncidados, guardar a lei do sábado, abster-se de carne de porco e observar muitas outras prescrições da legislação mosaica.

A urgência de Paulo

· Por isso quando começamos a ler a epístola de Paulo aos cristãos gálatas, não demoramos a perceber que há algo extremamente errado, pois não começa sua carta da maneira habitual, louvando a Deus elogiando e orando pelos santos. Não há tempo para isso! Paulo está prestes a entrar em uma batalha pela verdade do evangelho e pela liberdade da vida cristã. Os falsos mestres estão espalhando um falso "evangelho" que mistura Lei e graça, e Paulo não vai ficar de braços cruzados observando.

· Nós percebemos isso logo na introdução. Quando comparamos os primeiros versos dessa carta com as outras cartas de Paulo, percebemos como exclusivamente aos Gálatas, Paulo tem uma abordagem mais dura. Ele é sucinto e vai direto ao ponto. Ele começa com uma saudação curta e rápida.

Exposição: o apostolado de Paulo

· Nas primeiras palavras, Paulo fala do seu apostolado, pois não era incomum que esse ofício fosse questionado, principalmente pelos judaizantes. Paulo, porém, deixa claro que seu apostolado não foi decisão dele nem de algum outro homem, “não da parte dos homens, nem por homem algum” mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”.

O destino da carta

· Paulo em seguida diz o destino da sua carta. Ele tem como alvo as igrejas da Galácia, os gálatas (Gl 1.2) que eram habitantes de partes da Ásia Menor (correspondente à Turquia atual).

Saudação e Evangelho

· Paulo continua rapidamente com sua saudação apostólica, graça e paz, e já parte para o seu argumento principal. Ele já parte direto para estabelecer os pilares da fé. Nos versos de 3 a 5:

3 Graça e paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo,

4 O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai,

5 Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém.

Nessas poucas palavras, Paulo, sem rodeio, resume todo o evangelho. Toda a mensagem da cruz, toda a boa nova que nos traz paz com Deus está resumida nessas palavras de Paulo. E Paulo faz isso de proposito.

Justificação pela fé somente:

· Ele começa assim chamando a atenção dos gálatas para o que há de mais precioso na fé, para o que há de mais santo, a centralidade, aquilo que é inegociável. Nessas rápidas palavras, Paulo deixa claro as verdades centrais do evangelho. Ele nos fala do senhorio divino de Jesus, da entrega voluntaria de Jesus por nós, nos fala da nossa pecaminosidade e escravidão (pois só precisa de libertação quem é escravo) e nos diz que essas coisas são segundo a vontade soberana de Deus Pai. Ele termina estabelecendo o fim de todas essas coisas, a causa última para tudo: toda a glória somente a Deus.

· Note no verso 4 como ele fala com clareza. Ele não diz: “O qual recebeu de nós boas obras”, nem: “O qual recebeu os sacrifícios requeridos da lei mosaica, observâncias religiosas, missas, votos, peregrinações”, etc., mas: “entregou”. Entregou o quê? Não ouro, prata, rebanhos, cordeiros pascais, não um anjo, mas, a si mesmo. Para quê? Não por causa de uma coroa, não em troca de um reino, não por causa de nossa santidade e justiça, mas por causa de nossos pecados. Essas palavras são verdadeiros trovões do céu contra toda a espécie de justiça, e cada palavra deve ser minuciosamente observada, não deve ser examinada friamente, passando-se rapidamente sobre ela, pois, consola e confirma maravilhosamente os corações atemorizados.

· Até aqui já temos a mais pura e perfeita pregação do evangelho, das doutrinas da graça, que nos vem da palavra de Deus, que nos salva por meio da fé, por graça de Deus pois somos pecadores sem merecimento algum de nada bom, por meio de Cristo somente e somente para a Glória de Deus. Quando essas verdades são levadas a sério com temor e reverencia, todas as portas para qualquer mensagem centrada no homem são lacradas e invioláveis.

· A maioria de nós pensa ou já pensou que, se nos empenharmos para ser pessoas boas, isso será suficiente quando comparecermos diante do julgamento de Deus. O grande mito da cultura popular, que entrou na igreja, é que pessoas podem ganhar por mérito o favor de Deus, embora a Escritura afirme claramente que, por obras da lei, ninguém será justificado (Gl 2.16). Somos devedores que não podem pagar sua dívida. A palavra nos diz pelo irmão de Jesus que: Tiago 2:10: "10 Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos." "11 Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei." Epístola de Tiago 4:17: "17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado."

Também nos diz nessa Epístola de Paulo aos Gálatas que: Gálatas 3:10: "10 Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las."

A conclusão então é uma só como já vimos: Romanos 3:10-12: "10 Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11 Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. 12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." Romanos 3:23: "23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;"

Um dia estaremos diante do tribunal de Cristo, três vezes Santo, único e soberano Deus, que Habacuque 1:13: "13 Teus olhos são tão puros que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade.

2 Coríntios 5:10: "10 Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más." Salmos 50:3: "3 Nosso Deus vem! Certamente não ficará calado! À sua frente vai um fogo devorador, e, ao seu redor, uma violenta tempestade."

O que, então, pecadores miseráveis poderão apresentar diante desse Juiz santíssimo, que sonda o mais íntimo dos nossos corações? As nossas melhores obras? As mesmas que a palavra de Deus diz ser trapos de imundícia? Isaías 64:6: "6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam."

O nível de santidade exigida por Deus é Cristo. Nele e somente Nele, Deus se compraz, Nele e somente Nele a lei pode ser e foi plenamente satisfeita. As únicas obras que serão aceitas no tribunal de Cristo são as obras do próprio Cristo, pois somente elas são perfeitas.

É por essa razão que o evangelho é chamado “boas novas”. Como Paulo escreveu sobre o evangelho: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.16-17). Em última análise, a salvação é um pronunciamento legal feito por Deus. Romanos 3:20: "20 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado."

As duas únicas religiões no mundo

· Por isso nós temos uma coisa que divide todo o mundo. Temos dois tipos de religião do mundo. Peguemos os judeus, os muçulmanos, os hindus, os católicos, e todas as outras seitas que se dizem cristãs, todos esses têm uma coisa em comum: eles acreditam que podem agradar a Deus de modo suficiente com suas obras para serem salvos. Ou seja, acreditam que o homem tem que fazer algo para ser aceito por Deus. Nesse ponto, o cristianismo bíblico se difere de todas as religiões, pois prega que Deus é Santo e o homem é caído, pecador e inimigo de Deus. Vemos isso na doutrina da justificação que diz respeito à situação mais grave de seres humanos caídos – sua exposição à justiça de Deus. Deus é justo, mas nós não somos.

O espanto de Paulo

· Tendo em vista todas essas coisas, Paulo prossegue agora a mostrar sua inconformidade com o que estava acontecendo nas igrejas da Galacia por causa dos judaizantes que tentavam adicionar algo a obra redentora de Cristo.

6 Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;

· Aqui vemos como Paulo está diferente do que vemos nas suas outras cartas. Paulo está atônito, abismado, admirado, ele está maravilhado, perplexo, surpreendido. Mas o que causou todo esse escândalo ao apostolo? Vemos nas suas outras cartas coisas terríveis que estavam acontecendo nas igrejas, vemos os mais diversos pecados, vemos bagunças na ceia, imoralidade sexual do filho com a madrasta, vemos divisões e desordem nos cultos. Mas em nenhum lugar vemos um Paulo tão duro a ponto de nem elogiar a igreja, mas dar uma introdução curta e direta. O que então fez Paulo ficar tão escandalizado? Acontece que o assunto era o evangelho, a justificação pela fé somente. Esse é também um dos motivos que Martinho Lutero afirmava que a doutrina da justificação somente pela fé é o artigo do qual dependem a prosperidade ou a ruína da igreja, e João Calvino concordava com ele. Eles tinham opiniões firmes sobre esta doutrina porque entendiam, com base na Escritura, que nada menos do que o próprio evangelho está em jogo quando a justificação é debatida. E era isso que estava sendo atacado nas igrejas da galacia. Como vimos, os judaizantes diziam que a justificação era pela fé, mas com pequenos acréscimos. Paulo continua com sua dureza e afirma que isso se torna um outro evangelho, algo contrário do que ele tinha anunciado.

Não há outro evangelho!

7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

· Note que Paulo deixa claro que não há outro evangelho. Não tem outra mensagem, outra notícia, outro modo que Deus salva os seus. Nós vemos na palavra de Deus que somos salvos pela fé, e que essa fé vem pelo ouvir da palavra da verdade, do evangelho da nossa salvação como Paulo nos diz em Ef 1:13: "13 Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa."

· Com base nisso, qualquer modificação a essa verdade a torna em algo falso, numa maldição. Como Paulo nos diz Gl 5:9: "9 Um pouco de fermento leveda toda a massa." Tudo é perdido com um pequeno acréscimo, que poderia ser até valido pois o próprio Deus deu a lei e a circuncisão. Muitos diante disso poderiam argumentar “Mas Paulo, pra que tanto exagero, pra que tanto ódio? Afinal nós cremos em Cristo e cremos também na circuncisão. Foi o proprio Deus que nos ordenou essas coisas, pra que tanta dureza? Será que você não está pegando muito pesado Paulo? Deus é amor Paulo, Ele não vai nos condenar por pequenos acréscimos, pare de julgar.

· Mas como vemos, essas coisas da lei serviam como um dedo apontando para Cristo, como um aio Gl 3:24: "24 De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados." E ver a lei como um livro de instruções para ser salvos, somente leva a morte, a maldição e perdição eterna. Rm 7:12: "12 E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom." O problema da lei é que ela lida com pecadores, ela tem mandamentos santos para pessoas perversas e impuras. Por isso somente por meio de Cristo temos salvação, pois ele cumpriu toda a lei e satisfez toda a ira de Deus, pagando por todos os nossos pecados. Por isso persistir na salvação por obras ou dizer que temos que ajudar Cristo na nossa salvação, ou acrescentar algo a cruz de Cristo, nos leva a morte. Qualquer mudança por menor que seja, despreza a cruz de Cristo.

Gl 5:4: "4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído."

Gl 5:2: "2 Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará."

Gl 2:21: "21 Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.

Rm 11:6: "6 Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra."

Anátema!

Dessa maneira Paulo continua:

8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

· Paulo está inflamado e cheio de indignação contra aqueles sedutores aos quais transfere toda a culpa. E, assim, logo no início da Epístola, troveja contra eles com verdadeiros trovões e relâmpagos: “Se alguém vos prega Evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema”. Depois, no capítulo 5:10 Paulo ameaça-os com o juízo: Gl 5:10: "10 Confio de vós, no Senhor, que de outro modo não haveis de pensar; mas aquele que vos perturba, seja quem for, sofrerá a condenação." Além disso, com palavras excessivamente cruéis, amaldiçoa-os: “Gl 5:12: "12 Bom seria que fossem cortados, aqueles que vos perturbam.". Paulo não pega leve e chama também os gálatas de insensatos Gl 3:1: "1 Ó INSENSATOS gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade...” isso por darem ouvidos aos que Paulo chama de falsos irmãos Gl 2:4: "4 E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;"

Mais uma vez

Gl 1:9: "9 Digo e repito: se alguém anunciar qualquer outro evangelho diferente daquele que vocês acolheram, que seja amaldiçoado."

· Para reforçar o que disse e para não dar margem para alguém pensar que Paulo estava dizendo essas coisas por emoção e sem pensar, Paulo repete o que tinha dito. Paulo estava escandalizado, porém calmo a ponto de cuidar de cada palavra dita, com um alvo claro. Apesar dos cuidados, Paulo não deixa nenhuma margem para um evangelho que diminui a soberania de Deus, a suficiência do sacrifício de Cristo a perfeição da redenção e da graça de Deus. Qualquer pessoa que colocar junto disso qualquer outra mensagem deve ser amaldiçoada.

Os falsos mestres e os cristãos

· Vemos algo parecido na carta de Judas irmão de Jesus, que trata de algo parecido e tem uma abordagem semelhante. Judas tem uma introdução ainda menor e está com ainda mais pressa. Ele diz que gostaria de falar de outras coisas, gostaria de meditar na nossa salvação, mas que tem algo mais urgente que precisa ser tratado.

Jd 1:3-4: "3 Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos.

4 Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo."

· João também nos adverte e vai até além dizendo que quem prega falsos evangelhos não devem ser tratados como irmãos, e que quem faz vistas grossas com estes, se torna cumplice dos seus pecados.

2Jo 1:9-11: "9 Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.

10 Se alguém vem ter convosco, e não traz este ensino, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda participa de suas más obras."

· Embora a hospitalidade fosse uma prática do amor cristão (lTm 3.2; 5.3-10; IPe 4.8-10), os crentes não deveriam receber estes falsos mestres em casa nem na igreja. A palavra grega usada, “saudar, cumprimentar”, indica a entrada em comunhão com a pessoa saudada, e receber um falso mestre era expressar a solidariedade com ele. Dar as boas-vindas a estes enganadores seria o mesmo que caminhar junto deles e ajudá-los nesse maligno propósito. Além dos falsos profetas, existiam ainda os charlatões que se aproveitavam da boa-fé dos crentes para se instalarem em suas casas, buscando proveito material. A heresia destes mestres era que eles não confessavam Jesus Cristo vindo em carne. Eles negavam a encarnação de Cristo. Por consequência, negavam toda a sua obra redentora e sua ressurreição. O “cristo intelectual” do gnosticismo não é o redentor do pecador por intermédio da morte sangrenta da cruz e assim ataca também de modo frontal o evangelho.

· Paulo nos diz algo parecido:

Rm 16:17-18: "17 E agora, irmãos, peço-lhes que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e perturbam a fé, ensinando coisas contrárias ao que vocês aprenderam. Fiquem longe deles.

18 Esses indivíduos não servem a Cristo, nosso Senhor, mas apenas a seus próprios interesses, e enganam os inocentes com palavras suaves e bajulação."

· E também faz uma pergunta retorica na sua outra carta:

Cl 2:20-23: "20 Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, 21 tais como: não toques, não proves, não manuseies 22 (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens?

23 As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne."

Vemos irmãos a seriedade do evangelho e da verdade de Deus. Por isso a reforma trouxe de volta o foco nas verdades bíblicas. Movidos por esse zelo os reformadores lendo a palavra de Deus se firmaram nos cinco pilares da fé cristã, as verdades centrais e inegociáveis, os conhecidos cinco solas: somente as Escrituras; somente a Fé; somente a Graça; somente Cristo; somente a glória de Deus.

A origem do evangelho

10 Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

11 Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo."

· A questão da origem desse evangelho que pregamos é fundamental. Se ele fosse mera invenção de homens — dos pais da igreja, de Calvino, de Lutero ou do próprio Paulo —, então todos os que professaram o cristianismo no passado e os que o professam hoje estariam sendo enganados há mais de dois mil anos. Estaríamos todos perdidos, e nossa religião não passaria de ilusão, ou seja, não seria diferente das outras. É muito importante que os autores do Novo Testamento afirmem com frequência que o evangelho pregado por eles não teve origem em homens, mas procedeu do próprio Deus e foi concedido por revelação divina. Assim, as verdades que entesouramos no coração com tanto carinho e defendemos com igual zelo procedem do próprio Deus. Nossa alma e nosso futuro eterno dependem delas. É questão de vida eterna — ou morte eterna — saber se esse evangelho tem origem humana ou divina.

Conclusão

Se antes de algum acidente fatal como a queda de um avião, você tivesse um minuto para dar uma mensagem para cada pessoa dentro daquele avião, qual mensagem você daria? Qual seria o conteúdo da sua mensagem? Você teria o que falar sabendo que todos morreriam em alguns instantes? Qual evangelho você pregaria? Você saberia pregar todo o evangelho para aquelas pessoas ou se limitaria em dizer que Deus é amor? O que você diria sobre o evangelho? Você deixaria ele vago e incompleto? O que nos separa e separa o mundo do tribunal de Cristo é uma veia entupida. É uma falha mecânica em um avião. É um piscar de olhos na velocidade da bala de uma arma. É um flash tão rápido quanto a destruição de uma bomba. O evangelho é algo urgente. E um cristão deve saber pregar o evangelho, pois ele tem a ordem, o mandamento de pregar o evangelho. Porque essa ordem? Porque é o modo que Deus escolheu pra salvar os seus. 1 Coríntios 1:21 Pois, visto que na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Pregação do que? Do evangelho. Que evangelho? Que boa notícia? A boa notícia diz que Deus é Santo e que pune o pecado, a boa noticia diz que todos nós somos pecadores e inimigos de Deus. A boa notícia nos diz que por causa do pecado, somos incapazes de obedecer e satisfazer a Deus. Tabom, mas até aqui eu estou desesperado, como isso pode ser uma boa notícia? A boa noticia é que diante de tudo isso, Rm 5:8: "8 Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores." 1Jo 4:9-10: "9 Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. 10 Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados." 1Co 15:1-4: "1 TAMBÉM vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. 2 Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. 3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." Essa é a boa noticia do evangelho. Essa é a unica notícia que salva. Essa é a unica noticia pela qual Deus age e salva pecadores. Por isso, como vimos, qualquer mudança nessa notícia é uma maldição. Porque se qualquer coisa for acrescentada ou tirada, já nao é mais o evangelho, mas um falso evangelho, um evangelho maldito. O evangelho é para todos e inclusive para os cristãos, porque cristãos todos os dias esquecem do evangelho e infelizmente pecam, por isso precisam meditar e lembrar do evangelho todos os dias como nos diz o apóstolo Fp 3:1: "1 No mais, meus irmãos, regozijai no Senhor. Escrever-vos as mesmas coisas não me é penoso, mas para vós é segurança." Paulo não se cansa de repetir as mesmas coisas, pois elas são para a nossa segurança. Nao podemos deixar que as boas novas se tornem boas velhas. Temos que renovar nossa confiança e firmeza em Deus todos dias. Todos os dias somos tentados a subestimar o Evangelho e parar de repetí-lo porque se tornou muito familiar. Nós o armazenamos em algum lugar do passado na nossa história e subconscientemente tentamos deixá-lo para trás. Precisamos de lembretes frequentes de tudo o que Deus tem feito por nós no Evangelho, porque o Evangelho alimenta e motiva o nosso desejo de obedecer a Deus e servi-Lo. Quando vemos o quanto Ele tem feito — o quanto Ele nos deu em Seu Filho — não conseguimos deixar de ser transformados e motivados a dar a Ele nossas vidas por completo. E mesmo enquanto pecadores fracos e débeis, lutando para seguir um Salvador perfeito, o Evangelho nos lembra o quanto somos amados e o quanto Deus nos ajuda a segui-Lo.  Não há maior necessidade na nossa vida Cristã do que lembrar e pregar regularmente da verdade do Evangelho porque ele é o poder de Deus. Rm 1:16: "16 Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê;"Rm 1:17: "17 Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé." E pela fé somente! Fé em Cristo somente e não e nenhum outro ou em alguma obra nossa, mas pela graça somente. E tudo isso a bíblia e somente a bíblia nos diz que essas coisas Deus fez na eternidade e faz hoje para a sua glória e para a sua glória somente. O Filho do homem vira sobre as nuvens com todo poder e autoridade para julgar o mundo. Ele julgará segundo esse evangelho! Romanos 2:16 "No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." Que nós possamos ser achados em Cristo e em Cristo somente. Eu termino lendo: 1 Coríntios 16:22 Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema. Maranata! Vem, Senhor Jesus! Maranata!