Vivendo no Espírito - Ceia Agosto 2024
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João 3.1–5 (NVI)
1 Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: “Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele”.
3 Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”.
4 Perguntou Nicodemos: “Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!”
5 Respondeu Jesus: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito.
Ao observar a história bíblica, a gente pode perceber que antes de Jesus aparecer em cena, aparece primeiramente João batizando no Jordão. A mensagem que João pregava alcançava o desejo de muitos judeus de todas as classes - inclusive fariseus, de se purificar das impurezas que permeiam a natureza humana. Os judeus, sobretudo os mais devotos - como no caso dos fariseus, desenvolveram o custume de ter em suas casas certa quantidade de água que serviria para purificação tanto externa quanto interna. Com certeza Nicodemos conhecia o fenômeno de João Batista no Jordão, pregando arrependimento, e batizando nas águas. Alguns até chegaram a pensar que João pudesse ser o messias (Jo 1.19-28), mas João nega essa popssibilidade, e aponta para o Cristo que estava na iminência de se manifestar. Mas, o que levava alguém ali a querer ser batizado por João? Com certeza era esse desejo de se purificar e diante de Deus. Os fariseus em geral tinham um profundo desejo de se apresentarem limpos diante de Deus. O problema é que eles achavam que conseguiriam ser limpos o suficiente através de seus rituais religiosos, de seu rigor nos rituais.
O aparecimento de Jesus ali nesse contexto começa a gerar um certo alvoroço, não só entre os judeus mais simples, como era o caso do galileu Jesus, mas também entre os prórpios participantes do sinédrio, da cúpula judaica composta também por fariseus, da qual Nicodemos fazia parte. A gente percebe isso quando vê Nicodemos dizendo “sabemos que é Mestre vindo de Deus” (vs.2). João é cuidadoso em escrever “sabemos” ao invés de “sei”. Entendo aqui que enxergar Jesus como mestre não era algo exclusivo em Nicodemos, mas também em outros de seus compaheiros do sinédrio. Alguns acreditam que ele foi à noite por que tinha vergonha, entretanto, na época era comum diálogos desse tipo à noite por ser um momento mais trnaquilo e de maior concentração, e o diálogo poderia ocorrer melhor sem interrupções. Então eu não acredito que Nicodemos foi à noite porque tinha vergonha.
E, levando em conta que já havia uma expectativa messiânica por parte dos Judeus, podemos compreender que aquela ida de Nicodemos até Jesus tem o intuito de sondar Jesus de alguma forma em relação a isso (a expectativa do Messias). Outro detalhe no texto que aponta para essa possibilidade é a própria resposta de Jesus. Jesus vai falar sobre como entrar ou não no reino de Deus. Então, podemos presumir que Jesus conhecia que aquela era a intenção de Nicodemos ao procurar Jesus - a intenção de saber se Jesus tinha algo a dizer sobre o Messias.
Jesus responde antes mesmo de uma pergunta ser formulada. E a resposta de Jesus é bem direta: “se a pessoa não nascer de novo não pode ver o reino de Deus (a soberania de Deus)”. “Nascer de novo” aqui significa “nascer de novo e do alto”. Em outras palavras, Jesus está dizendo a Nicodemos: “O que você sabe e o que você tem não é suficiente! Com o que você conhece até aqui, com o que você pratica até aqui, mesmo tendo um desejo de ser puro no coração, você não vai conseguir conhecer o reino de Deus!”. Note que os fariseus acreditavam que eles conheciam o reino de Deus, a santidade de Deus, e conheciam os métodos de se purificar para Deus, e isso através de seus rituais. Então a resposta de Jesus para Nicodemos é: vocês estão enganados. Vocês estão pensando que a vontade que vocês tem de se purificar e os rituais que vocês praticam são suficientes, mas não são. Vocês precisam nascer de novo e do alto.
Nicodemos então responde, usando de certa ironia, por discordar de alguma forma de Jesus, e diz: “como alguém pode nascer de novo sendo velho? vai entrar de novo no ventre da mãe?”. Será que Nicodemos realmente não entendeu que Jesus estava usando uma metáfora? Metáfora era algo bem comum para os judeus. O AT está repleto de metáforas e outras figuras de linguagem. Mas eu acredito que aqui existe um misto de discordância e anseio. Ao mesmo tempo que, por um lado, o orgulho farisaico de Nicodemos não que se render a Cristo, por outro lado, existe um anseio real no íntimo de Nicodemos por essa entrada real no reino de Deus. O anseio existe, como creio que exista no coração de cada ser humano. Mas esse anseio está comprometido pois está misturado com uma dose de orgulho. O ser humano quer Deus, mas o seu orgulho não o permite encontrar a Deus.
Jesus continua o diálogo e responde: “Ninguém consegue conhecer (ver) a Deus e a Sua Soberania, se não nascer da água e do Espírito”. Veja que Jesus menciona duas coisas aqui: água e Espírito. A primeira delas é familiar a Nicodemos - a água. Nicodemos já atribui poder purificador à água pois já está acostumado a usar água em seus rituais de purificação como um bom fariseu. Ele já conhece esse aspecto. Parece que temos um ponto em comum aqui entre Nicodemos e Jesus - a água. É como se Jesus estivesse dizendo a ele: “Ei! Nicodemos, esse anseio por purificação que você tem e expressa nos rituais faz parte da vida daqueles que vão contemplar em suas vidas o reino de Deus e sua soberania.” Mas Jesus acrescenta um elemento que Nicodemos conhece na teoria, mas nunca experimentou de fato - a realidade do Espírito. O AT está repleto de promessas do derramamento do Espírito, e Nicodemos como um bom estudioso do AT conhecia essas promessas, mas nunca havia experimentado. Essa nova realidade do Espírito agora será algo indispensavél imprescindível para participar do reino de Deus.
Jesus está explicando a Nicodemos que existe uma nova vida a ser experimentada e ela só é acessível por meio do Espírito. É preciso nascer do Espírito e viver pelo Espírito. O diálogo vai se estender aqui mas nós não vamos nos alongar nele, você pode acompanhar depois. Jesus vai expor a poderosa mensagem do Evangelho para Nicodemos.
Mas o que queremos chamar atenção aqui é para uma verdade central do evangelho que nós não podemos perder de vista. Se queremos de fato viver o reino de Deus, só existe um meio para isso, que é Vivendo no Espírito. Todo o NT vai ecoar e expandir essa mensagem. Paulo vai citar várias vezes em suas cartas a realidade dessa nova vida no Espírito que Jesus inaugurou e a necessidade de vivermos essa realidade.
Para concluir, gostaria de chamar sua atenção para alguns ensinamentos que extraímos desse texto:
A nossa santificação diante de Deus não depende em primeiro lugar do tanto de rituais espirituais que fazemos, ou do quanto que tentamos obedecer a Deus. Não são nossas horas de oração, leitura, jejum, cultos, etc que nos fazem Viver no Espírito. É o fato de vivermos no Espírito que nos impulsiona a todas essas coisas.
Viver no Espírito, antes de tudo depende de colocar Cristo no centro de nossa vida, reconhecer Ele como SENHOR e Único Salvador. Viver no Espírito começa quando perdemos tudo, inclusive a própria vida para Cristo! (Lc 14.26-33).
Compreender que todo impulso que temos em direção a Deus é obra do Espírito, e que é o Espírito que nos habilita nessa nova vida. Somos totalmente dependentes do Espírito tanto para querer quanto para efetuar.
Por fim, quando reconhecemos e nos rendemos a essa verdade, estamos glorificando a Deus e proclamando a obra de Cristo! Precisamos lembrar que nada disso seria possível sem a obra redentora do Filho! O Pai projetou a nossa vida no Espírito! O Filho, por sua vez, pagou o preço tornando possível vivermos no Espírito!
E hoje é noite de celebrarmos o ato de Cristo na cruz, realizando a nossa redenção!
1Coríntios 11.23–26 (NVI)
23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”. 25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que o beberem em memória de mim”. 26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.