BATALHA ESPIRITUAL

Lucas 4.1–13 (BSAS21)

Na plenitude do Espírito Santo, Jesus voltou do Jordão; e foi levado pelo Espírito para o deserto,

tendo sido tentado pelo Diabo durante quarenta dias. Sem ter comido nada nesses dias, teve fome ao fim deles.

Então o Diabo lhe disse: Se tu és o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão.

Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão o homem viverá.

Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.

E disse-lhe: Eu te darei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foram entregues, e os dou a quem eu quiser;

se me adorares, tudo será teu.

Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele cultuarás.

Em seguida, levou-o a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;

porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem;

e: Eles te sustentarão com as mãos, para que nunca tropeces em nenhuma pedra.

Mas Jesus lhe respondeu: Foi dito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

Tendo o Diabo acabado todo tipo de tentação, afastou-se dele até ocasião oportuna.

BATALHA ESPIRITUAL

A narrativa deste texto se repete nos três evangelhos, no evangelho de Mateus capítulo 4 e no evangelho de Marcos capítulo 01. Nós sabemos que esses 3 evangelhos são chamados dentro do compêndio teológico como evangelho sinóticos. A expressão sinótica significa uma visão conjunta, ou seja, os três evangelistas se utilizaram da mesma lente, diferentemente do quarto evangelho, o evangelho de João, porque? Porque os três primeiros evangelhos, eles se prendem numa narrativa sobre o que Jesus fez enquanto encarnado permaneceu entre os homens. Já o quarto evangelista João, prende a sua narrativa não em dizer o que Jesus fez, mais em refutar a heresia do século 1º, que tentava de alguma forma não aceitar essa identidade messiânica de Jesus. Ou seja, Mateus, Marcos e Lucas, têm por objetivo registrar os milagres, enquanto João tem por objetivo afirmar ou reafirmar quem Jesus é. O próprio João escreve ao final do seu evangelho que o evangelho foi escrito para que saibais que Jesus Cristo é o filho de Deus.

No texto que lemos encontramos a narrativa sobre, (na minha opinião), o evento que marcou consideravelmente a jornada terrena de Jesus. Todos nós conhecemos esse texto e todos nós sabemos falar alguma coisa sobre as tentações sofridas por Jesus naquele deserto.

A bíblia diz que Jesus após ser batizado por João Batista (o profeta), lá no rio Jordão, Jesus o filho de Deus é conduzido pelo espírito ao deserto e ali no deserto Jesus num período de 40 dias, Jesus foi tentado pelo diabo.

Eu confesso que quando eu leio sobre esse evento, mais do que enxergar o processo de tentação, eu consigo identificar uma profunda batalha espiritual travada por Jesus.

Interessante é que Jesus estava por iniciar a sua caminhada ministerial aqui na terra. Preste atenção: Jesus havia sido batizado, Jesus agora é conduzido para o deserto, Jesus é tentado e somente esse evento marcado pela tentação é que Jesus começa verdadeiramente o seu ministério terreno e isso me ensina um princípio extraordinário, porque? Porque antes mesmo de Jesus realizar qualquer atividade, antes mesmo de Jesus alcançar qualquer pessoa, antes mesmo de Jesus recrutar qualquer discípulo, Jesus resistiu, Jesus desprezou as investidas satânicas. (a consagração virá sempre antes de qualquer execução). Sem consagração qualquer realização será na força do braço. O que nos faz vencer enquanto realizamos algo para Deus e por causa do poder de Deus, é exatamente o processo que antecedeu a realização. (A consagração da nossa vida, a consagração do nosso coração). Jesus o filho de Deus não aceitou as ofertas do inimigo, Jesus rejeitou o caminho do Poder, Jesus rejeitou o caminho da glória, Jesus permaneceu fiel ao propósito pelo qual ele veio a este mundo.

Eu penso que mais do que permanecer firme diante de uma tentação, naquele dia Jesus enfrentou uma batalha espiritual.

A verdade é que falar sobre batalha espiritual é caminhar num terreno completamente controverso. Falar sobre batalha espiritual principalmente num cenário de uma igreja confessional (tradicional) é muito complexo. Até porque, para alguns batalha espiritual é um tema completamente relevante, para outros batalha espiritual é um tema apenas que interessa um povo (chamado de povo pentencostal). Aqueles que são de uma origem do protestantismo histórico reformado, eles não lidam muito bem com o assunto da batalha espiritual, até porque, batalha espiritual para alguns é apenas fruto da imaginação de alguns cristãos.

Na verdade, eu não poderia deixar de destacar logo no início do compartilhamento que existem dois perigosos erros quando o assunto é batalha espiritual. O primeiro erro é o erro de desacreditar da existência da batalha espiritual. Até porque quem não acredita não está preparado para enfrentar. Tem gente que desacredita na existência da batalha espiritual e isso é um grande erro, porque como eu disse, quem não acredita não está preparado para enfrentar. Mas existe um segundo erro que é perigoso tanto quanto desacreditar, que é o erro de acreditar e sentir um excessivo e doentio interesse pela batalha espiritual. (tem gente que não acredita, mais tem gente que só vive nisso), tem gente que espiritualiza tudo. Não é novidade que todos nós estamos envolvidos numa luta diária. Não é novidade que eu e vocês estamos inseridos numa luta contra o inimigo que não vemos. Não é novidade que eu e vocês estamos envolvidos numa batalha que apesar de não enxergarmos o inimigo pelos olhos físicos, nós sabemos que ele existe e ele está agindo tentando se opor ao cumprimento da vontade de Deus sobre a nossa vida. Jesus chamou o inimigo de: o príncipe deste mundo. Um inimigo ardiloso, astuto, perverso, malvado, um inimigo que se dedica a atacar a criação e de alguma forma atacar o criador. O inimigo que de alguma forma odeia o fato de nós termos sido criados à imagem e semelhança do criador. Nós temos um inimigo. A verdade é que estamos envolvidos numa luta diária, uma luta contra o inimigo enganador, um inimigo mentiroso, MAS UM INIMIGO QUE FOI DERROTADO NA CRUZ ATRAVÉS DO SACRIFÍCIO DE JESUS.

E aqui está uma grande questão, preste atenção. A maior estratégia desse inimigo invisível, porém real. É exatamente:

Convencer o máximo de pessoas de que ele não existe.

Até porque, se ele continuar agindo no anonimato, com sutileza, ele vai continuar destruindo a nossa vida e nos afastando de um relacionamento saudável com o Espírito de Deus. (não sei se você já brincou quando criança de arapuca). Mas a gente sabe que para capturar alguma coisa, a armadilha precisa estar escondida, no anonimato, e tem que ter sutileza (se não a gente espanta a presa). É dessa forma que o inimigo age.

Fiquem em alerta: A maldade do inimigo não pode ser subestimada, sabe porque? Porque o que torna o engano do inimigo tão eficiente, é o fato de não conseguirmos detectá-lo.

Eu tenho aprendido que quando o assunto é batalha espiritual, mais do que enfrentamento, mais do que exorcismo, mais do que libertação, batalha espiritual é discernir onde o diabo colocou as suas iscas para que eu não me torne um aliado das iscas de satanás. Não se iluda, o inimigo tem mãos ágeis e golpeia de forma rápida e certeira. (Se tu és o filho de Deus transforma essa pedra em pães). Se tu és o filho de Deus, pode se jogar deste monte, porque aos anjos darás ordens ao seu respeito. (Se tu és o filho de Deus, basta se curvar e me adorar, porque tudo que eu recebi eu daria a você). Sutileza, a princípio não parece nada ofensivo, na verdade a princípio parece algo lucrativo. Quem é que não gostaria de ser presenteado com glória, com poder, com destaque? Porém cuidado! Mais do que uma tentação nós estamos envolvidos numa batalha espiritual, logo resistir à tentação é vencer a batalha contra o nosso inimigo.

Tiago irmão de Jesus foi certeiro quando escreveu em sua carta "Resistir ao diabo e ele fugirá de vós".

Eu quero fazer três destaques e o primeiro é:

1. A BATALHA ESPIRITUAL TEM A VER COM O TENTADOR E O HOMEM

Eu quero corrigir um equívoco teológico aqui. Nunca e em nenhuma ocasião satanás se tornou uma ameaça para Deus. Porque é dessa afirmação que estará enraizado a nossa certeza. Qual afirmação? Nunca em qualquer ocasião o diabo se tornou uma ameaça para Deus. A batalha espiritual é entre o diabo e a humanidade. Até porque a bíblia diz que Deus é superior em poder. Quem concorda? Amém? A bíblia diz que o poder de Deus é inigualável, inigualável em força, inigualável em majestade, inigualável em beleza, inigualável em glória, Deus é eterno, Deus não foi criado, Deus sempre existiu. Já o diabo não, o diabo é limitado em todos os sentidos. A derrota do diabo já é algo estabelecido por Deus. (Porei inimizade entre ti e o descendente da mulher de sorte que tu lhe ferirás o calcanhar , mais o descendente da mulher lhe esmagará a cabeça).

A batalha espiritual é entre o tentador e a humanidade. Não há possibilidade do inimigo se tornar amigo da humanidade. É a sutileza (eu te darei isso), é sutileza. Tem gente que acha que servir ao inimigo terá algum tipo de benefício. A inimizade entre o diabo e a humanidade é algo estabelecido por Deus. Não existe possibilidade de haver amizade. O objetivo dele sempre será (roubar, matar e destruir). E uma das coisas que ele tem feito com maestria nos últimos tempos é destruir a paz, a harmonia, o relacionamento dos irmão em Cristo. Com isso de forma sutil ele tem acabado com a igreja do Senhor Jesus.

Olha o que o apóstolo Paulo diz na sua carta aos Colossenses capítulo 2:14-15

Colossenses 2.14–15 (BSAS21)

e, apagando a escrita de dívida, que nos era contrária e constava contra nós em seus mandamentos, removeu-a do nosso meio, cravando-a na cruz;

e, tendo despojado os principados e poderes, os expôs em público e na mesma cruz triunfou sobre eles.

O diabo e os demônios já estão julgados e condenados. Só que tem algo mais extraordinário, porque apesar de estarem julgados e condenados, Deus decidiu derrotar o reino das trevas, através daqueles que foram revestidos do poder do Espírito Santo. Por causa da presença e do poder do Espírito Santo nós recebemos autoridade para vencer as inúmeras batalhas espirituais que existem (resistir e ele fugirá).

2. NA BATALHA ESPIRITUAL, JESUS NOS GARANTE AUTORIDADE, PODER E DOMÍNIO SOBRE O TENTADOR.

Deixa eu voltar aqui aos versículos 6 e 7. Porque a narrativa de Lucas é diferente, trás detalhe que Mateus e Marcos não enxergaram. Lucas foi o único a registrar um detalhe que está exatamente nos versículos 6 e 7 que eu quero destacar.

Lucas 4.4–7 (BSAS21)

Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão o homem viverá.

Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.

E disse-lhe: Eu te darei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foram entregues, e os dou a quem eu quiser;

se me adorares, tudo será teu.

Percebam a expressão: "Me foram dados"

O que o diabo estava falando naquele momento para Jesus era que: Quando Adão e Eva, quando eles foram tentados no Jardim, eles abriram mão da autoridade que receberam, aceitando a oferta da serpente. Isso significa dizer que não foi o diabo que roubou e nem usurpou, mais foram Adão e Eva que renunciaram, ou seja, que entregaram para o inimigo o privilégio que receberam para dominar. Ele diz: Me foram dados (eu não arranquei), me foram concedidos (eu encontrei legalidade), ou seja, Como consequência, depois que Adão e Eva pecaram naquele dia, derrotar o inimigo humanamente se tornou algo impossível. No entanto, quando eu olho para esse processo de tentação e batalha espiritual, eu percebo que foi por essa razão, que foi necessário que Jesus o verbo encarnado, não apenas viver entre os homens, mais acima de tudo, ser preso naquela cruz, assumindo o lugar da humanidade, para que pudesse resgatar A AUTORIDADE QUE HAVIA SIDO PERDIDA. Perdemos a autoridade lá no jardim quando abrimos mão de dominar, pela desobediência. E agora na cruz do calvário por causa da morte de Jesus essa autoridade foi resgatada. Na verdade, a morte de Jesus é algo que o diabo nunca teria buscado se soubesse o seu resultado.

Até porque o apóstolo Paulo diz em sua carta em 1Cor. 2:8

1Coríntios 2.8 (BSAS21)

Nenhum dos governantes desta era compreendeu essa sabedoria, pois se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória.

Se o inimigo soubesse que aquela morte não seria morte, e que aquela cruz não seria fracasso ou vergonha, mais que ali naquele madeiro seria anunciado a mensagem mais triunfante que a humanidade pudesse ouvir, não teria desejado a morte de Jesus. JESUS NÃO SOMENTE MORREU POR NÓS, JESUS MORREU COMO NÓS. Logo, a sua vitória, é a nossa VITÓRIA TAMBÉM.

3. A BATALHA ESPIRITUAL QUE JESUS ENFRENTOU NAQUELE DESERTO CONTINUA SENDO A MESMA PARA OS DIAS DE HOJE.

Quando eu leio esse texto, principalmente o último versículo que eu li com vocês, eu percebo que a batalha espiritual que Jesus enfrentou naquele deserto continua sendo a mesma para os dias de hoje. Ou seja, o que eu estou afirmando nesta noite no poder do espírito Santo, é que a forma como o diabo tentou vencer Jesus naquele deserto, é a mesma forma que o diabo está tentando nos destruir nos dias de hoje. OFERTAS SUTIS. Promessa que encham os nossos olhos. Por causa do seu poder de persuasão, o objetivo do diabo é nos manter paralisados pelas mentiras. Mentiras que soam para nós como se fossem verdades. O objetivo do inimigo é nos ludibriar para que aceitemos as suas mentiras. Ele de alguma forma tenta nos manter aprisionados pelo discurso do engano.

Jeremias vai dizer em sua carta. Jeremias 17:9

Jeremias 17.9 (BSAS21)

O coração é enganoso e incurável, mais que todas as coisas; quem pode conhecê-lo?

Gente que é controlada por aquilo que sente, em algum momento vai fracassar.

Nosso desafio é aprender a manejar corretamente essa palavra (Bíblia), como sendo a poderosa arma contra as investidas de satanás.

Transforma pedras em pães. Não, porque está escrito em Deuteronômio capítulo 8 "Nem só de pão viverá o homem".

Joga-te daqui para baixo. Não, também está escrito: "Não tentarás ao Senhor teu Deus".

Eu vou te dar tudo isso. Não, não, está escrito. Somente ao teu Deus adorarás e somente a ele prestarás culto.

Quem não conhece a palavra pode até sentir, mais será enganado.

Foi exatamente dessa forma que Paulo encorajou o seu filho na fé, Timóteo.

Paulo diz em 2Tim 2:15

2Timóteo 2.15 (BSAS21)

Procura apresentar-te aprovado diante de Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

Eu preciso concluir

CONCLUSÃO:

Mais que uma tentação, é uma batalha.

Resistir à tentação é vencer batalha. Mas não resisto e venço por causa da minha capacidade. Eu resisto e venço porque decidi HABITAR DEBAIXO DO GUARDA CHUVA DO PODER E AUTORIDADE DE JESUS.

Qual a conclusão que eu chego? O último versículo que nós lemos, ele diz o seguinte:

Lucas 4.13 (BSAS21)

Tendo o Diabo acabado todo tipo de tentação, afastou-se dele até ocasião oportuna.

Ou seja, o inimigo jamais desistirá de tentar nos enganar.

Vencemos hoje, teremos que vencer amanhã novamente, depois de amanhã novamente. Não é porque vencemos hoje que devemos sentar e ficar contemplando a vitória (achando que acabou). Na verdade, são guerras diárias.

Ele sempre vai atacar até nos pegar distraídos. Por isso mantenham-se vigilantes (alertas).

"O nosso adversário anda em nosso derredor bramando como leão procurando a quem possa tragar".

Mas a bíblia diz em Salmos: "Que os anjos do Senhor acampam-se ao nosso redor".

ENQUANTO VIVERMOS NESTA TERRA VIVEREMOS CONSTANTEMENTE ENFRENTANDO BATALHA ESPIRITUAL.