A alegria dos servos de Deus pela sua fidelidade - Salmo 105

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INTRODUÇÃO

Assim como os Salmos 103 e 104 formam pares, isso também ocorre com os Salmos 105 e 106, quando olham para a história de Israel sob a perspectiva de Deus e depois de Israel. Esse salmo possivelmente teve origem no comando de Davi a Asafe na ocasião em que a arca da aliança foi trazida pela primeira vez a Jerusalém, pois tanto tanto o Salmos 105 quanto o 106 são citados em parte em 1Crônicas 16:8-22 e 34-36.
Para entender melhor esse Salmo presisamos saber que em sua aliança com Abraão, Deus prometeu aos descendentes do patriarca a terra desde o rio do Egito até o rio Eufrates (Gn 15:18–21; Êx 23:31; Dt 1:7–8; Js 1:4). Era uma promessa incondicional, uma aliança da mais pura graça, dependendo inteiramente de Deus, não do homem.
GRANDE IDEIA
Os servos do Senhor se alegram em busca-lo e relembram seus grandes feitos por causa da fidelidade a Aliança.

I — OS SERVOS DE DEUS SÃO CHAMADOS A SE ALEGRAR EM BUSCAR AO SENHOR (V.1-4)

Vários salmos começam em tom suave, mas progridem, num crescendo de adoração. Esse salmo, por sua vez, inicia-se com uma verdadeira explosão de louvor que envolve o leitor em seu apelo eloquente. Observe como o salmista emprega uma série de verbos no imperativo para incentivar o povo a louvar:
Rendei graças ao SENHOR,
Invocai o seu nome,
Fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos.
Cantai-lhe, cantai-lhe salmos;
Narrai todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu santo nome;
Buscai o SENHOR e o seu poder;
Buscai perpetuamente a sua presença.
Lembrai-vos das maravilhas que fez…

II — OS SERVOS DE DEUS SÃO CHAMADOS A LEMBRAR DOS GRANDES FEITOS DE DEUS POR CAUSA DA SUA FIDELIDADE Á ALIANÇA (V.5-45)

O Salmista relembra com entusiasmo uma parte importante da historia da nação de Israel: da chamada de Abraão até a conquista da Terra prometica sob a liderança de Josué.
A ênfase é sempre sobre as obras divinas. Ao contrário da maioria dos salmos históricos, não há menção aos pecados e à apostasia de Israel.
Quem é chamado a lembrar? Os descentes de Abraão e de Jacó, o povo escolhido. O povo de Deus deve lembrar dele! (v.5-6).

1. De Abraão a José (105:7-25)

A. Sua aliança com Abraão (105:7–11)

O motivo imediato da alegria intensa do salmista é a aliança de Deus com Abraão (Gn 12:7; 13:14–17; 15:7,18–21; 17:8; 22:17–18; Êx 32:13). Quem firmou o pacto foi o SENHOR, nosso Deus, cujos atos de justiça são visíveis em toda a terra.
Ele jamais se esquecerá de sua palavra, ainda que o cumprimento seja adiado por mil gerações. Suas promessas são tão certas que é como se já houvessem se concretizado.

B. O início da nação (105:12–15)

Quando chegaram a Canaã vindos da Mesopotâmia, eram um pequeno grupo de imigrantes indefesos. Naquele tempo, adotaram um estilo de vida nômade dentro da terra e em outros países (Gn 12:1–13; 20:1–18; 28:1–29:35).
Todavia, Deus os protegeu de perigos e opressão e repreendeu governantes como Faraó (Gn 12:17–20) e Abimeleque (Gn 20:1–18; 26:6–11), dizendo, com efeito, a esses reis pagãos: “Não se atrevam a tocar em meus escolhidos ou maltratar os meus profetas, estes patriarcas aos quais me revelei diretamente”.

C. A ascensão de José ao poder no Egito (105:16–22)

Depois de algum tempo, uma fome terrível sobreveio à terra de Canaã e inviabilizou os meios de se obter pão. O texto afirma que Deus enviou essa fome no sentido de que ele permitiu sua ocorrência. O Senhor nunca é a origem do mal, mas, por vezes, o permite e depois predomina sobre ele para sua própria glória e para o bem de seu povo.
Em meio a essa crise, Deus escolheu operar por meio de José. Odiado por seus irmãos, José fora vendido ao Egito como escravo. Lá, foi acusado falsamente por uma mulher sedutora e lançado na prisão (Gn 39:20). No versículo 18, encontramos detalhes de seu encarceramento que não aparecem no relato de Gênesis: “Cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros”.
Durante os dois anos e meio em que ficou preso, a palavra do SENHOR testou sua habilidade de interpretar sonhos e prever o futuro. Por fim, Faraó soube da habilidade de José, e não apenas o pôs em liberdade, mas o nomeou seu braço direito. José recebeu autoridade para sujeitar os príncipes do Egito, caso fosse necessário, e sabedoria para instruir homens bem mais velhos do que ele.

D. Jacó e sua família migram para o Egito (105:23–25)

Tempos depois, a família de José se mudou para o Egito e, com o passar dos anos, tornou-se um povo numeroso, próspero e militarmente forte. Contudo, em sua providência, Deus permitiu que os egípcios se tornassem antissemitas radicais e oprimissem os hebreus.

2 — De Moisés a Josué (105:26-45)

A. O chamado de Moisés e as pragas no Egito (105:26–36)

Dessa vez, Deus levantou Moisés, e seu porta-voz, Arão, para se apresentarem a Faraó e exigirem que ele libertasse o povo escravizado. Suas exigências foram pontuadas por várias pragas, cujo propósito era romper a resistência do monarca.
As pragas são relacionadas fora da sequência cronológica, e duas delas, a quinta e a sexta, não são mencionadas.

B. O êxodo (105:37–38)

Os israelitas deixaram a terra do cativeiro com mais prata e ouro do que quando chegaram. Para se livrarem deles, os egípcios lhes entregaram tudo que possuíam (Êx 12:33–36). As pragas que devastaram o Egito não afetaram os hebreus; estavam, portanto, em plenas condições de viajar. Não havia um só enfermo entre eles, e ninguém ficou para trás.
Os egípcios desenvolveram tamanha aversão aos israelitas que ficaram aliviados quando eles saíram.

C. A jornada pelo deserto (105:39–42)

Durante a jornada pelo deserto, Deus supriu as necessidades de seu povo de modo notável. Enviou uma nuvem que, além de mantê-lo no caminho certo (Êx 13:21), servia para ocultá-lo do inimigo (Êx 14:19–20).
À noite, a nuvem se transformava em coluna de fogo para iluminar a viagem. Deus proveu do bom e do melhor: codornizes em abundância e maná, o pão maravilhoso do céu. Para saciar a sede, fendeu uma rocha, e dela brotaram águas. Mesmo depois de o povo usá-las para tudo que precisava, as águas continuaram a correr, qual torrente, pelo deserto. Por que Jeová teve tanto trabalho de prover para Israel? Porque não se esqueceu da santa palavra que havia proferido a Abraão, seu servo.
D. A conquista da Terra Prometida (105:43–45)
A algria do inicio do Salmo deve ser a mesma do povo que viu o cumprimento da promessa de Deus ao dar-lhes finalmente a Terra prometida aos patriarcas.
Deus os conduziu a Canaã, de onde expulsou os gentios. Preparou tudo para os israelitas, e eles se apossaram do trabalho das nações.
Claro que fazia parte dos desígnios de Deus a obediência do povo e a observância de suas leis. Na verdade, a posse da terra era condicionada pela obediência (Lv 26:27–33; Dt 28:63–68; 30:19–20).
O último versículo do salmo relata o ápice pretendido. Era para esse fim que Deus havia operado ao longo dos séculos.
O mesmo se aplica a nós: O Senhor nos tomou para si como seu povo, a fim de podermos colocar em prática o trecho final: “Para que lhe guardassem os preceitos e lhe observassem as leis. Aleluia!”.

CONCLUSÃO

Mesmo diante de todos esses feitos de Deus, Israel nunca chegou a ocupar todo o território que Deus prometeu, nem mesmo durante o reinado de Salomão. Apesar de Salomão ter governado sobre reinos desde o Eufrates até a fronteira com o Egito, o povo de Judá e Israel habitava apenas a região que se estendia de Dã a Berseba (1Rs 4:21–25).
A razão de Deus não dar a terra em totalidade aos descendentes de Abraão foi a sua contante desobedia e quebra da Aliança, principalmente por causa da idolatria. Mas precisamos entender que a promessa de Deus a Abraâo, foi incondicional, diferente da Aliança que ele fez com o povo no Sinai. Sendo assim, podemos crer na fidelidade de Deus e esperar que Ele ainda vai cumprir essa promessa na sua totalidade.
Quando o Messias voltar em poder e glória, as fronteiras de Israel serão expandidas e incluirão toda a terra que o Senhor concedeu a Abraão. Nesse dia, os israelitas fiéis entoarão o cântico do salmo 105 com novo ânimo e entendimento..
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