O Poder do Evangelho 2
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1Tessalonicenses 1.5–10 (ARA)
porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós. Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia. Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma; pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.
No sermão passado, apresentamos todo o contexto de plantação desta Igreja. Onde o apóstolo Paulo, conforme lemos em Atos 17, vai a região de Tessalônica, funda a igreja, por causa da perseguição, é retirado da cidade com Silas, encaminhado para Béreia, e mais tarde envia Timóteo para cuidar desta Igreja. Timóteo cumpre seu chamado naquelas região, anunciando o evangelho e estabelecendo os líderes locais. Ao término do tempo naquele local, Timóteo se dirigi a Corinto para encontrar Paulo e compartilhar um detalhado relatório sobre o trabalho realizado em Tessalonicenses.
O apóstolo recebe com grande alegria as boas notícias trazidas por Timóteo, e então, reunido com Silas e Timóteo, enviam uma carta à Igreja de Deus em Tessalônica.
No sermão anterior, tratamos de todo esse contexto, avançando até o versículo de número 4. Onde enfatizamos a “operosidade da fé”; a “abenegação do amor”; e a “firme esperança” dessa igreja.
Naquele sermão, falamos que fé, amor e esperança, são sinais claros e distintos da eleição divina. Conforme enfatiza o versículo 4. Paulo, vê nesta igreja, evidencia da obra salvadora de Jesus, mas adiante, nos textos que lemos nesta noite, ele dará destaque a outros mais aspectos desta mesma obra salvadora.
Mas, como podemos explicar a convicção dos Missionários (Paulo, Silas e Timóteo) da eleição dos Tessalonicenses?
O motivo nos é dado nos versículos seguintes, que devemos considerar uma só unidade (5-10).
v.5 - “porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós”
O sentido aqui dado pelos missionários, segundo Hendriksen é: “que vocês foram escolhidos (eleitos) nós sabemos pelo fato de que nosso evangelho não chegou até vocês apenas em palavras”
Com isso devemos entender que a eleição de Deus não paira invisível sobre o mundo como uma verdade teórica, mas acontece como história concreta em determinados lugares, pessoas e eventos. Esses eventos são, a princípio, a demonstração da eficácia da palavra.
É interessante notarmos, que aqui, o apóstolo Paulo usa a expressão “nosso evangelho”. - Mas, o Evangelho é de Paulo, Silas e Timóteo? - O apóstolo utiliza essa expressão por usa identificação e compromisso com a mensagem.
É interessante destarcarmos como esse Evangelho chegou entre a Igreja de Tessalônica.
(1) - Em palavras. O apóstolo usou métodos inteligentes de abordagens para apresentar Jesus por meio das Escrituras. Ele arrazoou, expôs, demonstrou e anunciou (At 17.2,3). Todos esses métodos foram endereçados ao entendimento dos tessalonicenses. Porém, Paulo não dependeu de sua própria habilidade, eloqüência e sabedoria. A pregação dele não foi meramente uma declamação, uma retórica vazia e sem coração. A pregação de Paulo não era um simples discurso.
(2) Em poder, no Espírito Santo. A palavra utilizada por Paulo para “poder”, dynamis, é usada geralmente para denotar a energia divina. Pregar em poder, portanto, significa pregar na força e energia do próprio Deus. O evangelho não consiste de meras palavras. Palavras humanas seriam inúteis se a mensagem não fosse dada em poder. O evangelho é o poder de Deus que trabalha no coração do homem. Havia dinamite (dynamis) espiritual na mensagem, explosivo suficiente para demolir os ídolos (1.9). William Hendriksen diz que a dinamite do Espírito é diferente da dinamite física, pois onde esta se limita a operações destrutivas, naquela é também construtiva. Paulo estava convencido de que nenhum método era por si suficiente para alcançar os corações. Ele dependia totalmente do poder do Espírito Santo em sua pregação. Paulo não colocava o uso da razão como algo contrário à ação do Espírito. Ele usava os melhores métodos e se esmerava na preparação da mensagem, mas confiava totalmente no poder do Espírito para aplicar a mensagem. Martyn Lloyd-Jones chega a dizer que se não houver poder, também não haverá pregação. A verdadeira pregação, afinal de contas, consiste na atuação de Deus. A pregação é lógica pegando fogo. É teologia em chamas. Pregação é teologia que extravasa de um homem que está em chamas.
Paulo pregava aos ouvidos e aos olhos. Ele falava e demonstrava. Ele tinha palavra e poder. Por essa razão I. Howard Marshall chega a pensar que o poder que Paulo tem em mente seja o acompanhamento da mensagem falada por ações milagrosas que eram vistas com a confirmação divina da palavra (Gl 3.5; 1Co 1.6,7; 2Co 12.12; Rm 15.18,19; Hb 2.3,4).}
(3) Em plena convicção. Paulo tinha plena convicção do poder da mensagem que anunciava. William Hendriksen diz que a convicção é um efeito imediato da presença e do poder do Espírito nos corações dos embaixadores. A referência aqui é à plena convicção dos missionários à medida que pregavam a Palavra. Martyn Lloyd-Jones corrobora que Paulo sabia que algo estava acontecendo, e tinha consciência disso. Ninguém pode ser cheio do Espírito Santo, sem saber o que está acontecendo. Esse príncipe do púlpito evangélico ainda escreve: Esse enchimento do Espírito Santo propicia clareza de pensamento, clareza e facilidade de expressão, um profundo senso de autoridade e confiança na pregação, além da certeza de um poder vindo do exterior, que se manifesta ardentemente por todo o nosso ser, com um senso indescritível de alegria. Tornamo-nos homens “possessos”, dominados, controlados […] Nada provém de nosso próprio esforço; somos um mero instrumento, um canal, um veículo; o Espírito nos usa e contemplamos tudo com grande júbilo e admiração. Nada existe que ao menos possa começar a comparar-se a isso.
Olhando mais de perto, podemos entender que o sentido de toda a passagem (vv.5-10), poderia ser, facilmente resumida assim: “Não se deixem enganar pelos inimigos da fé que tentam minar sua fé e sua certeza de salvação por meio de um ataque à nossa integridade. Nosso comportamento”
O apóstolo, na companhia de seus amigos de ministério, deseja reativar a memória dos irmãos - vocês foram provaram dessa integridade e da confiabilidade de nossa mensagem. A maneira como vocês aceitaram alegremente o evangelho que pregamos, passando então a difundir em toda parte a notícia, e abandonando aqueles ídolos que vocês tinham, para servirem ao Deus vivo e aguardarem dos céus a seu Filho, evidencia, sem dúvida, que aquilo que aconteceu (e está acontecendo) em Tessalônica foi (está sendo) operado pelo Espírito Santo, e foi (continua sendo) o fruto da eleição. Qualquer dúvida quanto à sinceridade da fé que vocês professam já foi dissipada por Timóteo (veja sobre 3.5).
Portanto continuem firmes A fim de confirmar a fé dos tessalonicenses, Paulo, então, faz duas coisas. Ele mostra:
a. que foram confiáveis tanto a mensagem que essas pessoas receberam quanto os mensageiros que a levaram até elas. Veja versículo 5.
b. Que a maneira pela qual a haviam recebido deu provas da operação do Espírito Santo. Veja versículos 6–10.
Assim como em Corinto (1Co 2.4), onde Paulo desempenhava sua atividade missionária enquanto escrevia esta carta, também em Tessalônica, ele não tinha estado interessado em meras palavras (1Co 2.4), mas numa demonstração genuína do Espírito. As pessoas a quem ele escreve darão prova disso. O original tem o singular – “em palavra, em mero discurso”. Havia dinamite (δύναμις) espiritual na mensagem, explosivo suficiente para demolir os ídolos (v.9).
De fato, a dinamite do Espírito era de um tipo diferente da dinamite física, pois onde esta se limita a operações destrutivas, aquela é também construtiva (“para servirem o Deus vivo e verdadeiro”). Observe como os conceitos Espírito e poder acompanham um ao outro aqui, como em tantas passagens (veja Rm 1.4; 15.13,19; 1Co 2.4; Gl 3.5; e cf. Rm 1.4; 2Tm 1.7,8). Isso está de acordo com a promessa de Cristo (At 1.8. cf. também Lc 1.17,35; 4.14; At 10.38).
O motivo de haver tanto poder na mensagem estava em que, quando Paulo (e os seus colegas com ele) falava, Deus estava falando. Isso também explica como os missionários falaram com plena convicção (uma só palavra – usada também em Cl 2.2; Hb 6.11; 10.22; cf. o verbo em Lc 1.1; Rm 4.21; 14.5; Cl 4.12; 2Tm 4.5,17 – que, sem ao menos o acréscimo de um artigo, imediatamente faz lembrar o Espírito Santo, porque a convicção é um efeito imediato da presença e do poder do Espírito no coração dos embaixadores).
Por causa dos contextos que vêm imediatamente antes e após, parece que estão errados os comentaristas que limitam essa convicção aos tessalonicenses. A referência aqui (pelo menos a primordial) é a plena convicção dos missionários à medida que pregavam a palavra.
v.6-7 - “Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, 7 de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia”
(1) - Em primeiro lugar, a igreja imitou o modelo certo (1.6). A igreja de Tessalônica imitou os missionários e o Senhor Jesus (1Co 11.1). A palavra “imitadores”, mimetai, (de onde vem a nossa palavra mímica) descreve alguém que imita outra pessoa, particularmente para seguir seu exemplo ou ensino. A igreja de Tessalônica recebeu não apenas as boas-novas do evangelho, mas também, uma nova vida em Cristo. Ela abraçou não apenas informação, mas também, transformação. Ela possuía não apenas uma boa teologia, mas também, uma nova ética.
(2) Em segundo lugar, a igreja recebeu a mensagem certa (1.6b). A igreja de Tessalônica recebeu “a Palavra” mesmo sob um forte clima de hostilidade e perseguição. A igreja nasceu saudável porque sua fé foi estribada numa base certa, a semente cresceu e frutificou porque nasceu de um solo fértil. Hoje, muitas igrejas nascem doentes porque recebem palavras de homens, e não a Palavra de Deus. São alimentadas com o farelo das doutrinas humanas e não com o trigo da verdade divina. Os púlpitos estão pobres e almas estão famintas. Existe pouco de Deus nos púlpitos e muito do homem. O evangelho da graça, como pão nutritivo de Deus, está sendo negado ao povo e, em lugar dele, os pregadores estão dando uma sopa rala à igreja. Muitos púlpitos já abandonaram a pregação fiel e os pregadores já se renderam ao pragmatismo, buscando mais os aplausos dos homens que a glória de Deus; mais o lucro que a salvação; mais a prosperidade que a piedade.
(3) Em terceiro lugar, a igreja teve a reação certa (1.6c). A igreja de Tessalônica recebeu a Palavra, em meio a muita tribulação, mas com alegria do Espírito Santo. A igreja de Tessalônica não ficou escandalizada nem decepcionada com Deus por causa das tribulações. Ela não perdeu a alegria devido às perseguições. Atualmente, há muitos obreiros fraudulentos que pregam um falso evangelho, prometendo às pessoas um evangelho sem cruz, sem dor, sem renúncia, sem sofrimento. O poder do evangelho está não apenas em nos livrar das tribulações, mas nos dar poder para enfrentálas vitoriosamente.
(4) Em quarto lugar, a igreja tornou-se um modelo certo (1.7). Os imitadores tornam-se exemplos. William Hendriksen assegura que quem não é imitador não pode se tornar exemplo. A igreja não apenas seguiu o exemplo de Cristo e dos missionários, mas também, tornou-se exemplo para os demais crentes. A palavra utilizada por Paulo para “modelo”, typos, significa marca visível, cópia, imagem, padrão, arquétipo, e, por conseguinte, exemplo. Originalmente a palavra denotava a marca deixada por um golpe. Depois foi usada num sentido ético de um padrão de conduta, mas, mais comumente, como aqui, de um exemplo a ser seguido. Trata-se daquilo que deixa uma impressão desejável. Os crentes tessalonicenses eram a “impressão” de Cristo.57 I. Howard Marshall por sua vez diz que a palavra “modelo” também significa um molde, ou a impressão feita por um carimbo. No sentido de “exemplo” pode significar não apenas um exemplo que outros devem seguir como também um padrão que os influencia
A igreja de Tessalônica aprendeu e depois passou a ensinar. Ela se tornou fonte de inspiração para os crentes da sua província, a Macedônia, no norte da Grécia, e também para os crentes da província da Acaia, no sul da Grécia. A igreja de Tessalônica inspirou pessoas da sua região e de lugares mais distantes. Tornou-se um luzeiro perto e também uma luz para os povos mais distantes.