O Poder do Evangelho
Uma Santa Igreja • Sermon • Submitted • Presented
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1 Tessalonicenses 1.1-10
Hoje iniciaremos uma série de sermões sob o tema: “Uma Santa Igreja”. O objetivo desta série é tratarmos de aspectos da vida de santidade da igreja. Sei que quando pensamos em santidade, e dentro de um tema como este “Uma Santa Igreja”, é possível que imediatamente afastemos de nós essa responsabilidade. E começamos a imaginar algo que está longe de nós, ou mesmo, fora da nossa responsabilidade. Acredito que esse modo de pensar será superado no decorrer dos sermões apresentados aqui.
Começo fazendo uma dupla pergunta, que estou certo, que você sabe a reposta para ela: O que é igreja, quem é a igreja?
A igreja é um ajuntamento de pessoas salvas pela graça de Deus por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. A igreja, é a reunião daqueles que foram chamados para fora, reunião dos eleitos de Deus, que cultuam e servem a Deus propagando a poderosa mensagem do Evangelho. Alguns seriam mais suscintos e diriam: O corpo de Cristo ou a noiva de Cristo.
Todas essas respostas estão corretas. Mas, quando eu restrinjo mais o alcance da resposta perguntando: que é a igreja? O que você responde? Respondemos que a Igreja somos nós, e que ser igreja é uma responsabilidade individual e ao mesmo tempo coletiva, coletiva e ao mesmo tempo individual.
- Eu quero, especialmente tomar esse conceito final, tomar essa definição ao tratar e falar sobre tudo o que envolve o processo de santidade da Igreja. Ou seja, conduzir você a uma compreensão que no processo de santidade, há uma responsabilidade não apenas coletiva, mas especialmente individual sobre essa vida de santidade. Na verdade, não existirá responsabilidade coletiva, por exemplo de sermos santos, se individualmente não é isso que buscamos.
Não desfrutaremos de uma Santa Igreja se nós, que somos membros deste corpo, não fomos santos em tudo o que vivemos e enfrentamos.
O texto usado como ponta pé desta série, o texto à Igreja de Tessalônica.
A igreja de Tessalônica é uma igreja muito especial. Foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária. Aquela registrada por Lucas em Atos 17. A igreja de Tessalônica era composta por novos convertidos entre os judeus, gregos devotos e mulheres nobres. Muitos vindo do paganismo entre os gentios se uniram a Igreja.
Atos 17 descreve essa chega de Paulo na igreja, Lucas diz:
“Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. 2 Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, 3 expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio. 4 Alguns deles foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres. 5 Os judeus, porém, movidos de inveja, trazendo consigo alguns homens maus dentre a malandragem, ajuntando a turba, alvoroçaram a cidade e, assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para o meio do povo. 6 Porém, não os encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, 7 os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei. 8 Tanto a multidão como as autoridades ficaram agitadas ao ouvirem estas palavras; 9 contudo, soltaram Jasom e os mais, após terem recebido deles a fiança estipulada. 10 E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. (Atos dos Apóstolos 17.1-10)
Esse texto de Atos demonstra muito bem o poder do Evangelho e em que contexto a Igreja foi fundada em Tessalônica. Paulo e Silas, precisaram deixar a cidade as pressas, e se dirigirem para Beréia. Paulo envia Timóteo para que pudesse dar continuidade àquele trabalho iniciado. Mais tarde, Timóteo que constitui líderes na igreja, a deixa firmada e estabelecida, leva um relatório para Paulo que nesta ocasião está em Corinto. É exatamente deste relatório que nasce esta carta, Paulo escreve de Corinto, e como perceberemos, o objetivo da carta não é repreensivo, embora contenha exortações morais, acerca do amor e diligência diária no trabalho. Parte desta carta, tem o objetivo de louvar aos crentes pela sua fé.
Diante de tudo isso, desejo tirar deste primeiro capítulo algumas lições para nossa mútua edificação.
v.1 – “Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós outros.”
- Inicialmente o que temos é uma identificação dos autores da carta. Paulo, Silvano (Silas) e Timóteo, estão reunidos em comum acordo quanto ao que escrevem sobre a igreja e para a igreja.
- Uma identificação importante sobre a Igreja, ela está “em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo”. Isso não é natural das instituições terrenas. As instituições terrenas tem suas raízes na terra, seus patronos, fundadores, são homens da terra.
- A igreja de Deus está em Deus, porque é Dele.
- A seguir, temos a saudação: “Graça e paz e vós outros”.
- Hoje muitos irmãos usam diversas formas diferentes para saudarem uns aos outros. Dos tipos mais variados: “Paz”; “Paz e Bem”; “Paz amém”. “Paz e Graça”.
- Não quero criar nenhuma polêmica quanto a isso, mas se nosso fundamento vem da Escritura. Os autores Bíblicos, comumente, ao saudarem as igreja se utilizam a forma “Graça e Paz” com a junção de “Da parte de Deus Pai, e de nosso Senhor Jesus Cristo”.
- Howard Marshall diz que para o judeu a paz era o bem- estar espiritual que provinha de um relacionamento certo com Deus. Para o cristão, expressava abrangentemente a reconciliação com Deus e as bênçãos consequentes dadas ao Seu povo por intermédio da Sua ação grandiosa em Cristo.
- Apesar dos nossos pecados, por intermédio de Jesus Cristo (graça oferecida) temos Paz com Deus. Apesar de mim!
- Fica a dica!
v.2 – “Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar,”
- Nos dois versículos aqui, temos o apóstolo manifestando sua afeição e sentimento pela igreja. Isso vem acompanhado da declaração pública, do tipo: “Que fique registrado” ou “que seja do vosso conhecimento”.
- Este é um modo muito comum de chegar. O apóstolo se aproxima da igreja, estabelecendo a confiança, declarando sua afetividade.
- Vamos por parte!
(1) “Damos, sempre, graças a Deus por Todos vós” – É mesmo que dizer que louvamos a Deus por vossa lida, sabemos o que significa esta expressão. Utilizamos quando ouvimos uma boa notícia de alguém, quando nos é compartilhado uma benesse de Deus.
- Deus seja louvado, não por alguns, não pelos que entenderam o evangelho prontamente, os que melhor se entregarem a vida piedosa. O apóstolo aqui, não delimita seu louvor a Deus aos que melhor ouvem e obedecem.
(2) Em segundo lugar, Paulo declara que estes irmãos são alvos de suas constantes orações. “mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar,”.
v.3 – “recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo,”
Existem algumas questões que podemos destacar do Texto.
Em primeiro lugar, o excelente testemunho adquirido pela igreja.(1.3).
É necessário considerarmos que a igreja de Tessalônica, embora nova na fé, tinha as marcas da maturidade cristã.
Observe, pois ela possuía as três virtudes cardeais da vida cristã: fé, amor e esperança (ICo 13.13).
Quanto ao passado estava firmada na verdade, pois tinha colocado sua fé em Deus e agora estava trabalhando para Ele. Quanto ao presente estava envolvida no amor a Deus e ao próximo. Quanto ao futuro estava sendo alimentada pela expectativa da segunda vinda de Cristo.
O que é a Fé? Baseado naquilo que temos no texto de Paulo aos Tessalonicenses, a fé é a aceitação da mensagem do evangelho, a confiança em Deus e Jesus, e a dedicação obediente (1.8; 3.2,5-7,10; 5.8). O amor é a afeição que é expressa no cuidado altruísta de alguém, o tipo de amor que o próprio Deus demonstrou ao enviar Jesus para morrer por nós (Rm 5.8); os cristãos devem demonstrá-lo uns aos outros e para todos os homens (3.12), e sua atitude diante de Deus deve ser da mesma qualidade, expressando-se em completa devoção a Ele (3.6,12; 5.8,13). A esperança é a expectativa confiante de que Deus continuará a cuidar do Seu povo e que o fará vencer as provações e os sofrimentos até chegar à bem-aventurança futura na Sua presença (2.19; 4.13; 5.8)
Dito isso, vamos compreender essas virtudes, eu preferiria chamar dons, tratados aqui por Paulo.
Em primeiro a Fé - A fé produz obras. Quando uma pessoa crê verdadeiramente em Jesus, ela se torna operosa no Reino de Deus. Matthew Henry diz que onde quer que exista uma fé verdadeira, encontraremos obra, pois a fé sem obras é morta (Tg 2.14).41Salvação conduz ao serviço. Quanto mais robusta é a fé que um povo tem em Cristo, tanto mais dedicado é o seu trabalho para Ele. A palavra traduzida por “operosidade” é ergon, trabalho ativo ou todo o trabalho cristão governado e energizado pela fé. Hendriksen diz que cuidar dos doentes, consolar os que estão à morte, instruir os incultos, tudo isso e muito mais ocorre à lembrança da fé. Contudo, considerando os versículos 6-10 deste capítulo, parece que o apóstolo se refere, sobretudo, à obra de propagar o evangelho, e de fazer isso até mesmo em meio a terrível perseguição. Isso, sim, foi uma obra resultante da fé. Manter-se fiel a Cristo, independente da situação.
Em segundo lugar o Amor - O amor produz serviço intenso. A palavra usada por Paulo para “abnegação” é kópos, trabalho exaustivo, labor. A palavra denota o trabalho árduo e cansativo, que envolve suor e fadiga. Enfatiza o cansaço que decorre da utilização de todas as energias da pessoa.44 Nós evidenciamos o nosso amor por Cristo por aquilo que fazemos para Ele. Nós demonstramos amor ao próximo não apenas com palavras, mas com atitudes concretas de serviço.
Em terceiro lugar a paciência triunfadora (esperança) - A igreja de Tessalônica estava com os pés na terra, mas com os olhos no céu. Ela servia no mundo, mas aguardava a glória do céu. Sua esperança não era vaga, mas firme. A palavra que Paulo usou para “firmeza” é uma das mais ricas da língua grega. E hupomone, que significa paciência triunfadora. Fritz Rienecker diz que hupomone é o espírito que suporta as coisas, não com mera resignação, mas com uma viva esperança. E o espírito que suporta as coisas porque sabe que elas estão a caminho de um alvo de glória.
v.4 – “Reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição”.
- Penso que o versículo quatro, deve ser entendido, por aquilo que Hernandes chamou de “Uma prova irrefutável”.
A igreja de Tessalônica era a amada e a eleita por Deus. Pelo seu testemunho ela dava provas da sua eleição. A eleição precisa ser confirmada. Por conseguinte, é possível saber se estamos incluídos nesse propósito e decreto eterno da eleição de Deus. Nenhum crente deveria ter garantia da sua eleição sem evidenciar uma nova vida em Cristo.
A eleição não é um estímulo ao comodismo, mas uma razão imperativa para a santidade.
Somos eleitos para a santidade (Ef 1.4).
Somos eleitos para a obediência (lPe 1.2).
Somos eleitos para a fé (At 13.48).
Somos eleitos pela fé na verdade e santificação do Espírito (2Ts 2.13).
A eleição é uma verdade revelada nas Escrituras. Sete vezes em João 17, Jesus refere-se aos cristãos como aqueles que o Pai lhe deu (17.2,6,9,11,12,24). Paulo declara sua certeza de que os tessalonicenses haviam sido escolhidos por Deus.
Aqui, gosto de ressaltar não é apenas um jogo de palavras afetivas, não é uma massagem no ego, esta, nunca foi uma posição utilizada por Paulo.
A eleição é um ato da livre escolha divina, por meio da qual Deus, de forma livre, eterna e soberana nos escolheu em Cristo para a salvação. A eleição desemboca numa vida santa. Ela não é uma desculpa para o pecado, mas um estímulo à obediência. A eleição deve ser evidenciada com humildade e não manifestada com arrogância. Apelo novamente a William Hendriksen que sintetiza essa gloriosa verdade em nove pontos fundamentados na Escritura.:
· A eleição é desde a eternidade (Ef 1.4,3).
· A eleição se torna evidente na vida (1.4).
· A eleição é soberana e incondicional (2Tm 1.9).
· A eleição é em Cristo (Ef 1.4).
· A eleição é para a salvação (Cl 3.12-17).
· A eleição é para uma vida santa e irrepreensível (Ef 1.4).
· A eleição é mediante a fé na verdade e santificação do Espírito (2Ts 2.13).
· A eleição é imutável e eficaz .(Rm 8.30).
· A eleição tem como fim principal a glória de Deus (Ef 1.4-6).
Conclusão
Aprendemos incialmente, que a vida da igreja deve refletir santidade, e isso, baseado no texto, se fundamenta na fé, amor e esperança que essa mesma igreja manifesta no mundo.
SDG.