O que foram procurar no deserto?
Evangelho de Lucas • Sermon • Submitted • Presented
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Lucas 7.24-35
Lucas 7.24-35
No último sermão, exposto pelo pb. Felipe, estivemos detidos na parte anterior deste texto, quando João Batista, encarcerado, enviar mensageiros a Jesus, o fim dessa visita era saber de Jesus quem ele era: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?”.
Pode até não parecer, mas estamos diante de uma inconstância emocional, que afeta a fé e a razão de Joao Batista. Todos nós, sem exceção, podemos ser vítimas de uma inconstância emocional como está.
Jesus não foi arrogante ou intolerante com João, não teve menosprezo por sua dúvida, seu momento de fraqueza ou inconstância. Como resposta de sua pergunta, ele apresenta sinais perante os mensageiros de João.
É verdade que as últimas palavras de Jesus aos discípulos de João (v.23) podem gerar alguma preocupação, pois o mestre diz: “E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço”
A expressão “motivo de tropeço”, ou σκανδαλιζω skandalizo (“escandalizar”) – É uma expressão muito comum na Escritura, seja no Antigo ou no Novo Testamento.
- Jesus está dizendo aos mensageiros de João que: “Felizes os que não encontram nele obstáculo para a sua fé”. Com a expressão “σκανδαλιζω” (skandalon) Jesus também quer ensinar que a fé nele, não é uma armadilha ou cilada.
- Considere que a pessoa e ministério de Jesus foi tão contrário às expectativas dos judeus, contrariando todo o ideal que pudesse carregar sobre o Messias. O próprio João, quando envia seus mensageiros dá demonstração disso. Os discípulos, após a ressurreição, ainda estão confusos quanto ao ministério de Jesus, e perguntam sobre a restauração do reino terreno de Israel (Atos 1.6-8).,
- De certo modo, acredito que, as palavras do versículo 23 parecem ter sido muito mais direcionadas aos ouvintes concentrados ao redor de Jesus e aos mensageiros de João do que ao próprio João Batista.
Os versículos lidos nesta noite, estão contextualizados após a partida dos discípulos de João Batista, que partem para levar a mensagem até o profeta. O texto desta noite tem algumas poderosas lições para nos ensinar, e desejo compartilhar com você nesta noite.
Umas das mais belas lições, diz respeito ao cuidado que o nosso Senhor manifesta no que se refere ao caráter de seus servos fiéis.
As palavras de Jesus devem ser compreendidas como uma defesa da reputação de João Batista após a partida de seus mensageiros. O mestre sabia que seus ouvintes estavam prontos a pensar levianamente a respeito do caráter e do ministério de João. Primeiro, pelo fato de estar preso, e depois por ter enviado seus discípulos com tal questionamento.
O texto nos ensina que Jesus pleiteou a causa de seu amigo ausente, se utilizou de uma linguagem forte e ardente. Ordenou seus ouvintes a tirarem de sua mente as dúvidas e suspeitas indignas a respeito desse homem piedoso.
Com suas palavras, Ele está dizendo aos seus ouvintes que João Batista não era um homem de caráter inseguro e instável, uma simples cana agitada pelo vento. [1]
Vamos ao texto!
v.24 – “Tendo-se retirado os mensageiros, passou Jesus a dizer ao povo a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?”
- “O que saístes a ver no deserto?” – O que vocês foram procurar?
- O que podemos perceber incialmente com as palavras de Jesus? Jesus protege João das suspeitas de que ele seja inconstante em seu apoio.
- A duas perguntas iniciais são confrontadoras, questionando a intensão das pessoas quando procuravam João.
- Se vocês suspeitam que João, minha testemunha, tem os sentimentos inconstantes, porque vocês correram, deixando para trás suas casas, suas cidades e se dirigiram rumo aos lugares desertos, onde ele se encontra? O que buscavam neste homem?
- Observação: É um fato evidente, de que muitos chegaram a considerar João Batista o messias. Em Lucas 3.15, o autor registra: “Estando o povo na expectativa, e discorrendo todos o seu íntimo a respeito de João, se não seria ele, porventura, o próprio Cristo”.
- Ele não é o Cristo, Jesus não concedeu o título de Messias, contudo, deixou muito claro quem era João, e diferente daquilo que cogitavam no seu coração, ele não um simples “caniço agitado pelo vento”.
- “Um caniço agitado pelo vento?”: Sabe o que isso significa?
- Esta figura mostra a grama de cana nas margens do Jordão balançando suavemente na brisa e poderia referir-se a uma pessoa irrelevante ou trivial facilmente influenciada por outros.
- De modo literal, Jesus está dizendo que as pessoas não viajaram para o Jordão apenas para ver a vegetação, mas para ver uma pessoa de conteúdo.
- João era conhecido como uma pessoa forte com convicções poderosas, então Cristo está dizendo que um grande profeta atraía claramente seu interesse, e eles sabem disso.[2]
- Gosto de ter em mente que João Batista foi “um homem que não se dobrou diante das circunstâncias adversas (7.24). João Batista não era um caniço agitado pelo vento, que se curva diante das adversidades.
- Estamos diante do testemunho de um homem incomum e inabalável. Ele preferiu ir para a prisão com a consciência livre a ficar livre com a consciência prisioneira. Ele preferiu a morte à conivência com o pecado do rei Herodes. O martírio é preferível à apostasia![3]
- Com isso, Jesus afirma que essas pessoas não estavam atrás de uma pessoa inconstante ou fraca, não foram ao deserto para ver o mato balançando.
v.25 – “Que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Os que se vestem bem e vivem no luxo assistem nos palácios dos reis.”
- Respondam, o que foram ver?
- Um homem vestido de roupas finas?
- Vocês foram ao deserto para ver um desses engomadinhos que poderiam facilmente ser corrompido por qualquer tentação ou ambição?
- Mas essa suspeita não pode recair sobre um homem que se vestia de pelos de camelo, usava um cinto de couro de animal em volta da cintura e vivia de gafanhotos e água. E ainda que essa dieta o sustentasse, ele jejuava bastante.
- Aquele que gosta de roupas luxuosas e se agrada de alimentos finos deseja profundamente estar na corte do rei. É normal suspeitarmos que pessoas que se satisfazem com esse tipo de coisa tenham intenções corruptas, sejam instáveis ou até bajuladoras.
- Porém, João preferiu os desertos às cortes de príncipes. Preferiu o couro de camelo aos tecidos caros ou roupas cobertas de ouro e joias. Preferiu o mel silvestre e os gafanhotos às tortas e doces de um rei e a água pura ao vinho doce de um homem rico.
- Sua prisão deixa muito claro que João era incapaz de bajular. Desse modo, não há motivo para que alguém suspeite que ele me tenha dado um testemunho tão maravilhoso por causa de qualquer influência ou benefício que eu lhe tenha concedido e que agora ele tenha mudado de opinião[4].
João é um homem que não se dobra às seduções do poder (7.25). um homem insubornável. Ele não viveu bajulando os poderosos, tecendo-lhes elogios a despeito de seus pecados. Ao contrário, confrontou-os com firmeza granítica e robustez hercúlea. Ele não vendeu sua consciência para alcançar o favor do rei. Não buscou as glórias deste mundo para angariar favores efêmeros, mas cumpriu cabal e fielmente o seu ministério.[5]
- Este versículo contrasta João com Herodes e sua corte. A questão é que roupas luxuosas e caras são encontradas em palácios. A resposta é um evidente “claro que não”, pois João era um profeta do deserto, vestido de acordo com isso (Mc 1.6).
- A ironia é que ele acabou de ser aprisionado em uma fortaleza palaciana construída por Herodes, o Grande. Assim, nestas duas metáforas, Cristo está dizendo que João Batista é uma figura importante e não sem sentido, de forma alguma como os bajuladores irrelevantes da corte de Herodes.[6]
v.26-27 – “Sim, que saístes a ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que profeta. 27 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti”
- Jesus responde com força (7.26, 27). João é um profeta e muito mais (veja Lc 3.15; Jo 1.20; At 13.25).
- Seu pai Zacarias profetizou que João seria “o profeta do Altíssimo” (1.76). Ele, como Elias, era uma voz profética chamando a nação ao arrependimento. Todo Israel o conhecia com esse traje.
- Mas ele também era muito mais; ele era o precursor do Messias, aquele que cumpriu Malaquias 3.1 (e Is 40.3). A citação do versículo 27 é extraída da passagem de Malaquias junto com Êxodo 23.20, dizendo literalmente: “Estou enviando meu mensageiro à tua frente”. Em Êxodo é o anjo que vai diante de Israel no deserto, mas em um nível secundário se refere a um precursor sagrado da salvação de Deus através do Messias. Os dois juntos profetizam João como o arauto divino comissionado por Deus para preparar o “caminho” para o Messias Jesus.[7]
- Existe um debate sobre se o caminho está sendo preparado para Jesus como Messias ou para que Israel o aceite como o Messias que virá.
- Entendo que em certo sentido são ambos, mas o que está sendo profetizado é o “novo êxodo” que Jesus está trazendo para a nação (e para os gentios). João é o profeta escatológico que vai à frente do Messias Jesus para trazer o êxodo/salvação final e inaugurar a era messiânica[8]
- João Batista é um homem preparado por Deus para uma grande obra (7.26,27). João Batista era um grande profeta. Veio ao mundo em cumprimento à profecia. Seu nascimento foi um milagre, sua vida foi um exemplo, seu ministério foi uma obra de preparação para a chegada do Messias, e sua morte foi uma demonstração de indobrável coragem.[9]
v.28 – “E eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele”
- Jesus conclui sua apresentação fazendo uma afirmação que é chocante em sua profundidade de significado (7.28).
- Ele começa com o maior elogio possível: “entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João”. Assim, ele é o maior homem vivo.
- Nenhuma pessoa teve um privilégio maior do que abrir o caminho para que o Messias de Deus possa trazer a era da salvação. Nenhum sumo sacerdote, nenhum imperador romano, pode igualar sua importância a este mundo.
- Entretanto, João está meramente “preparando o caminho”, enquanto que o “menos importante” (em termos deste mundo) convertido é maior porque eles podem experimentar diretamente a realidade do reino.
- É melhor viver na era da realização do que ser aquele que inaugura (mas não experimenta) o próprio reino de Deus.
- Pedro em 1Pedro 1.10, 11 contou como os profetas “procuraram com a maior diligência e cuidado”,desejando experimentar a vinda do Messias. João preparou-a, mas todo santo conseguiu vivê-la. Portanto, nenhum no período da antiga aliança era tão grande quanto João, mas todos que fazem parte da nova era da aliança são maiores do que João.[10]
Depois de toda essa explanação o que esperar?
Os versículos seguintes falam da rejeição de João e de Jesus. Nesses versículos, Jesus compara essa geração a meninos imaturos, que jamais se contentam com coisa alguma.
v.29-30 – “Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; 30 mas os fariseus e os intérpretes da Lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele.”
- Nos versículos 29 e 30, somos informados sobre o imenso abismo entre o povo judeu e os fariseus em relação a João.
- Isto é muito enfático – “todas as pessoas, até mesmo os cobradores de impostos”. Os cobradores de impostos, começando por Levi e abrangendo os do banquete em 5.27–32, estavam bastante encantados com Jesus, em parte porque ele os aceitou e os acolheu. Aparentemente, alguns haviam sido batizados por João (3.12). Lucas os específica aqui para mostrar como Jesus ministra aos marginalizados e desprezados. A comunidade messiânica envolve a todos.[11]
- Mais uma vez, a ênfase está mais nas palavras de Jesus do que em seus atos. As obras poderosas destacam o poder das verdades do reino, porém suas palavras dizem como entrar no reino.
- O povo comum “reconheceu que o caminho de Deus estava certo”, ou seja, eles ouviram e obedeceram (6.46, 47; 7.1).
- A maioria das pessoas desse grupo “havia sido batizada por João”, e agora estão atendendo ao apelo de João de 3.16–18 e voltando-se para Jesus, percebendo que ele é o Messias e que, tanto à maneira de João como à de Jesus, Deus tinha de fato provado que estava certo. “Reconhecer que o caminho de Deus estava certo” no grego é edikaiōsan ton theon, “Deus justificado”, significando que eles reconheceram a natureza justa de Deus e decidiram arrepender-se e obedecer às verdades divinas que Jesus ensinou.
- Em completo contraste com o povo comum, os fariseus e os juristas (os escribas) “rejeitaram o propósito de Deus para si mesmos”, ou seja, que se arrependessem e se voltassem para Cristo (7.30). Estes chamados líderes de Israel passam todo seu tempo na autojustificação e ignoram o verdadeiro propósito ou plano de Deus (boulē).
- A ênfase no batismo de João é bastante interessante. Seu ministério de imersão era “um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados” (3.3) e assim traduzido para Jesus e a linguagem de justificação muito bem. Aqueles que se submeteram ao batismo de João se tornaram crentes e seguidores de Cristo, e aqueles que o rejeitaram se tornaram inimigos de Cristo e de sua igreja.
- Isso não significa que os seguidores de João eram automaticamente seguidores de Cristo, mas a conversão a Cristo foi um passo natural para eles. Vemos em Atos 19.1–7 como um grupo de discípulos de João teve de se voltar para Cristo.[12]
v.31-35 – “31 A que, pois, compararei os homens da presente geração, e a que são eles semelhantes? 32 São semelhantes a meninos que, sentados na praça, gritam uns para os outros: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não chorastes. 33 Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! 34 Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! 35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.”
- As “pessoas desta geração” no versículo 31 não são as do versículo 29, mas os líderes do versículo 30, aqueles que “rejeitaram o propósito de Deus”.
- Eles são paralelos à geração do deserto que foi castigada por Deus no êxodo (Dt 1.35; 32.5). Duas perguntas surgem das palavras de Jesus aqui:
(1) como era aquela geração do deserto, (2) e como esta geração de líderes judeus se compara a eles?
- O argumento de Jesus é que os paralelos são extremamente próximos, e o julgamento de Deus está prestes a descer sobre a nação por causa disso.
- Então Jesus conta uma parábola para descrever o problema (7.32).
- O sarcasmo é evidente, pois ele compara os líderes a crianças brincando e brigando no mercado. O mercado é a praça central em qualquer cidade onde haja comércio e liderança cívica. Com as mães fazendo compras, as crianças ficam brincando de algum um jogo, convidando outro grupo de crianças para se juntarem a elas.
- Elas tocam música e dizem ao outro grupo que brinquem com essa música. No início eles criam música alegre e tentam fingir que estão em um casamento (flautas eram frequentemente apresentadas em casamentos), mas o outro grupo não se juntará a eles.
- Portanto, eles mudam a brincadeira e criam uma música triste, um lamento, e tentam fingir que eles estão em um funeral. Mas o outro grupo ainda assim não vai se juntar a eles e brincar com eles.
- A parábola é fácil de entender, mas a mensagem de Jesus nela não é.
(1) O primeiro grupo poderia ser dos mensageiros de Deus tentando fazer os judeus seguirem João Batista com sua ascética mensagem de julgamento, e depois seguir Jesus com sua alegre mensagem de salvação (ele usa a metáfora do noivo para si mesmo em 5.34, 35).
- Os líderes judeus são pirralhos mimados que se recusam a jogar o jogo que Deus enviou com João e Jesus.
- Outros ainda viram o primeiro grupo como os judeus tentando forçar João e Jesus a jogar seus jogos, recusando-se a aceitar o chamado de João para o julgamento ou o chamado de Jesus para a salvação. Ambas as opções são viáveis, mas para mim a primeira opção faz mais sentido. Os fariseus e escribas não aceitarão nem a mensagem de julgamento (João) nem a de salvação (Jesus).
- Jesus traz isso à tona claramente em sua explicação em 7.33, 34, mostrando o que suas rejeições implicaram. João em seu ministério ascético “não veio nem comer pão nem beber vinho”. Vários veem nisso uma alusão a Deus que sustenta Israel no deserto em Deuteronômio 29.6.
- João teve seu ministério profundamente eficaz enquanto vivia um estilo de vida ascético, mas foi cuidado por Deus de uma forma semelhante à da geração do deserto. No entanto, como os líderes interpretaram seu poderoso ministério? “Ele tem demônio”, ou seja, não que ele estivesse possuído por demônios, mas que havia perdido a cabeça.
Jesus, por outro lado, tinha o estilo de vida oposto, comendo e bebendo, referindo-se à sua comunhão à mesa com as pessoas (5.29, 30; 7.36–39; 10.38–42; 11.37; 13.26; 14.1; 19.5–7), como uma parte importante de seu ministério.
- A reação deles é igualmente negativa com Jesus, concluindo que ele é “um glutão e um beberrão”, o que poderia ter duas possíveis alusões: Deuteronômio 21.20, onde ele é visto como um filho “teimoso e rebelde” que deveria ser apedrejado até a morte; ou Provérbios 23.20, 21, que retrata um filho insensato no caminho errado da vida. Como “amigo de cobradores de impostos e pecadores”, ele é impuro e não é digno de ser chamado de rabi.
Portanto, os líderes rejeitam tanto João como Jesus por razões opostas, opondo-se ao estilo de vida austero de João e ao estilo de vida exultante de Jesus. Eles se voltaram contra os enviados de Deus e, portanto, não têm lugar no reino de Deus.[13]
No versículo 35, ele diz:
No conclusivo versículo 35, “sabedoria” é a sabedoria de Deus, vista especificamente nas mensagens do reino de João e Jesus. É a sabedoria divina que trouxe a nova era da aliança, a era messiânica, e tornou possível a nova era do Espírito e do plano de salvação de Deus através de Cristo. Os “filhos” da sabedoria são aqueles caracterizados pela sabedoria, especialmente João e Jesus, mas também seus seguidores, que fazem parte do plano de Deus e estão proclamando as novas verdades do reino.
- A vida fiél e o testemunho dos seguidores de Cristo são colocados em contraste com aqueles que aceitaram as mentiras dos fariseus e escribas e se uniram a eles para rejeitar a João e a Jesus. A ironia é que são os próprios discípulos marginalizados de Cristo e os desprezados cobradores de impostos e pecadores que são os sábios, enquanto a elite religiosa, os líderes de Israel, são os tolos.
- Assim, a sabedoria é “justificada por” (edikaiōthē) ou “provada com razão, justificada” (veja 7.29), pois a benção de Deus recai sobre aqueles que seguem João e Jesus. Curiosamente, no paralelo Mateus 11.19, é “por suas obras”, olhando para as obras poderosas que levaram à pergunta de João em primeiro lugar. Lucas está enfatizando que os seguidores de Cristo são também os “trabalhadores/intitulados” de Deus. Eles põem em prática a sabedoria de Cristo e por meio de uma vida fiel provam que isso é certo para o mundo. A mulher pecadora no próximo episódio é uma das “crianças da sabedoria”, mostrando em sua gratidão a Jesus a mudança radical que a sabedoria tem feito em sua vida.[14]
[1] J. C. Ryle, Meditações no Evangelho de Lucas, ed. Tiago J. Santos Filho, 2aEdição. (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2018), 163.
[2] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 212.
[3] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 215.
[4] Beth Kreitzer, Lucas, trans. Paulo José Benício, 1a edição., Comentário Bíblico da Reforma (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017), 197.
[5] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 216.
[6] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 212.
[7] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 213.
[8]Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 213.
[9] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 216.
[10] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 213–214.
[11] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 214.
[12] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 214–215.
[13]Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 215–216.
[14] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 217.