Efésios 2.1-10

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Série: Quem é o Senhor?
Tema: Uma nova história de vida
Divisa: Efésios 2.1-10
1. Introdução
A igreja: Ficamos sabendo, à luz de Atos 19, que, durante sua 3ª viagem missionária (52d.C), o apóstolo Paulo planta uma igreja na cidade de Éfeso (uma cidade mística, idolatra, cultura pornográfica) e a partir dessa igreja-mãe outras igrejas são plantadas (por meio de um discípulo chamado Epafras): Colossos, Hierápolis e Laodicéia.
Data e local da escrita: Agora Paulo está numa espécie de prisão domiciliarna cidade de Roma, por volta de 60/62d.C. (3.1; 4.1; 6.20), quando recebe a visita de Epafras, o qual relata a situação das igrejas da Ásia, é quando Paulo resolve escrever, o que chamamos de Cartas da Prisão: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.
E Epafras havia informado como os irmãos em Éfeso ficaram ficaram desanimados e abatidos por causa da prisão de Paulo, por essa razão, este decide escrever esta carta com o propósito de encorajá-los lembrando-os sua posição privilegiada como noiva de Cristo e as implicações dessa nova realidade para o viver no presente.
Na primeira mensagem dessa série, à luz de Efésios 1.15-16 (palavras de ação de graça), vimos como o fato daqueles irmãos terem ouvido e crido no Evangelho os levou a terem um novo Senhor em suas vidas, significando que a fé e a confiança daqueles irmãos estava depositada somente em Cristoe revelavam essa fé em demonstração de amor aos santos.
Na segunda mensagem dessa séria, à luz de Efésios 1.17-23 (oração de Paulo), vimos que o apóstolo Paulo rompe em oração pela vida daqueles irmãos pedindo a Deus os levassem a crescerem no conhecimento pessoal de Deus, crescerem no conhecimento dos planos de Deus e crescerem no conhecimento do poder de Deus.
Agora, em Efésios 2.1-10, o apóstolo os convida seus leitores a olharem pelo “retrovisor” de suas vidas, a fim de que lembrassem de suas condições espirituais antes de Cristo, ao tempo que olhassem para o presente e percebessem o mover gracioso de Deus aos lhes conceder uma nova história em Cristo Jesus.
Em resumo nesta noite falaremos que:
Grande ideia: O mover gracioso de Deus em romper com nosso passado espiritual sombrio, nos concedendo uma nova história de vida em Cristo.
2. um passado espiritual sombrio: a tragédia de uma vida desconectada do senhorio de Cristo
Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.” (1.1-3)
Até esse ponto da epístola o apóstolo nada fez menção da realidade espiritual em que aqueles irmãos em Éfeso haviam vivido. A primeira parte do capítulo 1 (1.3-14) havia apenas retratado as bênçãos espirituais concedidas por Deus Pai, por Deus Filho e por Deus Espírito Santo. A segunda parte do capítulo 1 (1.15-23), como vimos nas primeiras mensagens, o apóstolo rompe em ação de graças pela vida daqueles irmãos pelo fato de que, ao ouvirem e crerem no Evangelho, uma grande mudança/transformação ocorrera na vida daqueles irmãos: uma mudança de comando de vida. Aqueles irmãos deixaram de ser comandados por ídolos do coração e ídolos da cultura e passaram a confiar no Senhor Jesus e essa fé era demonstrada pelo amor para com todos os santos (1.15-16). E esse fato faz com que o apóstolo ore a Deus pedindo para que aqueles irmãos fossem cheios do conhecimento da pessoa de Deus, dos planos de Deus e do poder de Deus.
Contudo, agora, no capítulo 2, Paulo descreve, com vívidas cores, a situação espiritual em que aqueles irmãos efésios encontravam-se antes de ouvirem e crerem no Evangelho. O tempo verbal passado, usados nessa primeira parte, indica que Paulo está se referindo a condição de vida daqueles irmãos antes de serem dominados e guiados por Cristo.
E como é que Paulo descreve essa condição de vida desconectada do senhorio de Cristo?
· um diagnóstico: morte espiritual
Vocês estavam mortos... (2.1)
Imagine você chegando ao médico, depois de uma bateria de exames, e o Doutor lhe dissesse: “Você está com câncer. E esse câncer já avançou para o quadro clínico de metástase, ou seja, as células cancerígenas do seu tumor principal já se espalhou para outras partes do seu corpo e formou diversos outros tumores. Não há mais nada a fazer.” Como você reagiria a essa notícia?
Ou imagine que você sofreu um acidente gravíssimo e depois de todos os exames possíveis o médico chegasse para você e dissesse: “Lamento muito, mas o acidente causou lesões na medula da coluna cervical e você ficará tetraplégico, não conseguirá nunca mais mover os braços, as pernas e o tronco”. Como você reagiria a essa notícia?
Mas, o diagnóstico que Paulo faz de homens e mulheres daquela igreja, quando viviam sem Cristo (e o mesmo diagnóstico pode ser aplicado a nós) é que aqueles irmãos, antes de ouvirem e crerem no Evangelho, não estavam com câncer, nem muito menos tetraplégicos: eles estavam mortos!!!!
O termos que Paulo usa é νεκρος (nekros) do qual vem a nossa palavra necrotério (um ambiente permeado de cadáveres).
A pessoa sem Cristo não está doente (a ponto de precisar de um psicólogo ou de alguma medicação ou de um tratamento de autoajuda), pelo contrário, ela está morta; e ainda que, biologicamente, continue respirando, espiritualmente não passa de um cadáver ambulante.’
A grande pergunta é: o que levou essas pessoas à morte espiritual?
O apóstolo então oferece três respostas:
· vidas centradas em si mesmas
Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver... (2.1-2a)
Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos... (2.3)
A expressão “costumavam viver” é tradução da palavra grega περιπατεω (peripateo): viver ou se comportar de uma forma específica ou estilo de vida. O Dicionário do Novo Testamento Grego traz o significado de περιπατεω (peripateo) como sendo a decisão de uma pessoa de dirigir a sua própria vida. Esse termo aparece cerca de 8 vezes (2.2, 2.10, 4.1, 4.17 (2x), 5.2, 5.8 e 5.15), pois ao longo da carta Paulo faz um grande contraste entre estilos de vida: o estilo de vida antes e depois de Cristo.
E esse estilo de vida é descrito como sendo em transgressões e pecados (2.1), satisfazendo as vontades da carne, seguindo os seus desejos e pensamentos (2.3).
Pessoas que possuem como estilo de vida o centrar-se em si mesmo: “o que importa é o que penso, minha vontade e ninguém tem o direito de mandar na minha vida e dizer como deveria pensar ou que deveria fazer”ou “sou quem estou construindo minha própria vida e ninguém tem o direito de interferir em minha decisão”. Quantos filhos já não disseram isso aos seus pais? Quantos cônjuges já tomaram decisões equivocadas, incluindo o divórcio, em nome do: “direito de ser feliz”? Quantas vezes já ouvi essas afirmações dos lábios de pessoas que se afirmam discípulas de Cristo?
E Paulo está afirmando que o destino desse estilo de vida centrado em si mesmo é a morte.
Mas, como ninguém vive sem ser influenciado por algo ou alguém, o texto afirma que dois fatores são determinantes para o estilo de vida centrado em si mesmo:
· vidas influenciadas pela cultura
... quando seguiam a presente ordem deste mundo...(2.2)
A expressão “presente ordem deste mundo” significa nas palavras do comentarista Hernandes Dias Lopes, “sistema mundano que pressiona cada pessoa para se conformar aos seus valores”, ou seja, é o que nós conhecemos, comumente, como secularização.
Pessoas que possuem um estilo de vida centradas em si mesmas na verdade estão apenas seguindo o pensamento e o modo de vida do mundo, de uma cultura que não está debaixo do domínio de Cristo.
Por essa razão, noutra epístola, o apóstolo afirma à igreja em Roma: “Não se amoldem ao padrão deste mundo...” (Romanos 12.2)
Pois, o mundo, a cultura secular, tem uma forma de pensar e de agir e essa forma faz forte oposição aos valores e princípios do Reino de Deus.
E essa cultura tem um grande mentor:
· vidas guiadas pelo Diabo
... quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.” (2.2)
O grande mentor dessa cultura antagônica ao Reino de Deus é ninguém menos do que Lúcifer. Paulo está afirmando que por traz de uma cultura em rebelião, por traz de pensamentos e ações contrários aos valores e princípios do Reino de Deus, por traz do estilo de vida centrado em si mesmo, egocentradoestá o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.
A expressão atuando traduz o termo ενεργεω (energeo): produzir ou mostrar poder; ou seja, sobre aqueles que vivem na desobediência, na contramão da vontade de Deus, centrados em si mesmos está atuando, fortemente e poderosamente, o próprio Satanás: aprisionando, escravizando e oprimindo.
Esse é o retrato de uma vida desconectada do senhorio de Cristo. E essa realidade é um grande alerta para as pessoas que, sabidamente, estão desconectadas do senhorio de Cristo, mas também é um grande alerta para pessoas que, mesmo frequentando a igreja, não vivem submissos ao senhorio de Jesus em suas vidas.
É surpreendente, e ao mesmo tempo, muito chocante o que Jesus diz à igreja de Sardes (cidade da Ásia Menor, provavelmente, iniciada como resultado do trabalho missionário de Paulo em Éfeso): “Ao anjo da igreja em Sardes escreva: “... Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto.” (Apocalipse 3.1)
O resultado desse estilo de vida?
... Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. (2.3)
A pergunta que temos que fazer é: Se Jesus fosse fazer um diagnótico das nossas vidas, diria que o nosso estilo de vida, nossas decisões, nossa agenda revelam uma vida centrada em si mesma, em nossas conveniências, nossas preferências, nossa vontade, nossos gostos, nossas prioridades, nas vozes do nosso coração?
3. uma nova história de vida: a graça de uma vida alinhada com o senhorio de Cristo
Contudo, apesar do nosso passado sombrio, de morte, opressão, escravidão e condenação, o apóstolo Paulo afirma que Deus Pai decidiu se mover em nossas direções para reescrever nossas histórias de vida.
· O mover gracioso de Deus em nossas vidas
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (2.4–9)
A passagem começa com a expressão “Todavia” tradução de δε (de): conjunção adversativa (essa conjunção é usada 10x na epístola aos Efésios, 7x usada no sentido de contraste – 2.4, 13; 4.15, 20; 5.8, 13, 32)
Assim, apesar da nossa condição de mortos espiritualmente, influenciados pela cultura, subjugados pelo Diabo e merecedores do juízo divino, o Senhor decidiu se mover, graciosamente, em nossa direção.
Interessante como Paulo procura destacar que fora a graça e o amor a razão de Deus se mover em nossas vidas:
... Deus, que é rico em misericórdia (ελεος eleos: bondade e boa vontade ao miserável e ao aflito), pelo grande amor (αγαπη ágape: cf. Ef. 1.4: em amornos predestinou; 3.19: conhecer o amor de Cristo; 5.2: vivam em amor, como também Cristo nos amou) com que nos amou (αγαπαω agapao: verbo no tempo aoristo)... (2.4)
... deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. (2.5)
Deus nos ressuscitou (συζωοποιεω suzoopoieo: verbo no tempo aoristo) com Cristo... (2.6a). O apóstolo havia escrito: Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, (1.20), ou seja, a vida que recebemos da parte de Deus é a vida da ressurreição, é a vida da nova criação de Deus, em Cristo Jesus.
e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus (... e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, (1.20): Cristo fora exaltado e assentou-se à direita do trono de Deus, como filho herdeiro de Deus, por meio da fé em Cristo, nos fez também herdeiros com Cristo de todas as coisas – Deus nos fez Seus próprios filhos e não mais filhos da desobediência e alvos da ira de Deus), (2.6) para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. (2.7)
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (2.8-9)
Diante dessa realidade gloriosa do mover gracioso de Deus, como não nos sentirmos amados por Ele? Talvez você não se sinta amado(a) por seus pais, ou por seu cônjuge ou por seus filhos, mas uma coisa você pode ter certeza: Deus te ama de forma incomparável e deseja que você se satisfaça em seu amor por você. Deus te ama de forma tão completa que Ele decidiu derramar toda a sua ira na pessoa do Seu Filho Jesus Cristo, para que você recebesse a vida de Cristo!
O que mais Deus precisa fazer em sua vida para que você se sinta amado(a) por Ele? Por que, mesmo sabendo do grande amor de Deus por nós, ainda buscamos significado nas coisas desta vida? Nenhuma das realidades dessa vida, por melhores que sejam, nem trabalho, nem sexo, nem dinheiro, nem amigos, nem amantes, nem fama, nem reconhecimento, nada dessas coisas foi capaz de morrer em nosso lugar, pelo contrário, todos esses ídolos da nossa cultura exigem sacrifícios: quantos casamentos não estão sendo sacrificados no altar do trabalho, no altar das aventuras sexuais, no altar do dinheiro, quantos filhos são sacrificados no altar do sucesso profissional?
Só existe uma pessoa que fora capaz de morrer em nosso lugar para nos dar vida de verdade: Jesus Cristo. E Ele nos vida enquanto estávamos mortos, nos deu sentido enquanto estávamos sendo influenciados por esse mundo perverso e nos deu liberdade enquanto estávamos escravos de Satanás.
E com que propósito Deus nos deu vida em Cristo?
· O mover de Deus em resignificar nossas vidas
Porque somos criação (ποιημα poiema: termo que originou nossa palavra “poema”, uma obra de arte) de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. (2.10)
Sabe qual a palavra que Paulo usa para “praticarmos”? É περιπατεω (peripateo): estilo de vida (a mesma usada em 2.2 para descrever o nosso antigo modo de viver antes de Cristo). Deus está fazendo em nós uma nova criação, em Cristo Jesus; seres humanos que possuem como estilo de vida as boas obras, as obras de Cristo e não as más obras de Adão.
O grande reformador João Calvino, comentando essa porção das Escrituras, disse: “... somos obra de Deus em razão de sermos criados, não em Adão, mas em Cristo, e não para qualquer tipo de vida, mas para as boas obras.
Agora eu lhe pergunto: é viável recebermos essa nova vida, participarmos dessa nova criação, sermos poemas de Deus e vivermos como filhos de Adão? (i) tratando com desrespeito, brutalidade e infidelidade o nosso cônjuge, (ii) escravo da pornografia e toda sorte de imoralidade sexual, (iii) desonesto nos negócios, (iv) preso à avareza e à mesquinhez, (v) um coração cheio de mágoa, rancor que não consegue perdoar, (vi) um coração arrogante e insubmisso (Efésios 4 e 5).
Foi pra viver dessa forma que Cristo se entregou por nós na cruz? Essa é a vida que Deus está criando em nós? Foi para isso que Deus se moveu graciosamente em nossas vidas, rompendo com nosso passado espiritual sombrio, nos concedendo uma nova história de vida?
4. Conclusão
· Lembre-se do seu passado sombrio antes de Cristo e seja uma pessoa mais grata, humilde e satisfeita no amor de Deus.
· Lembre-se de que Deus está reescrevendo sua história, um poema, uma nova criação, então viva para a glória do seu Criador.
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