O amor é combustível para a Fé
Uma Santa Igreja • Sermon • Submitted • Presented
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1 Tessalonicenses 3
Essa série de sermão tem como tema “Uma Santa Igreja” - a ideia é tratarmos sobre a centralidade e importância dessa santidade para a Igreja. E, repetindo, quando falamos sobre Igreja, estamos nos referindo estritamente aos seus membros, que neste caso, somos nós.
Tenho optado por expor a primeira carta de Paulo escrita aos Tessalonicenses, por ser uma carta especial, onde uma igreja que se tornou exemplo para tantas outras por fervorosamente lutarem por serem modelos, para outras igrejas, vivendo uma vida de santidade.
Na noite de hoje, trataremos o terceiro capítulo desta epístola.
Esse terceiro capítulo é muito especial, como podemos constatar, o apóstolo fala de seu afeto para com a igreja em Tessalônica, como:
- Sua relação de afeto e amor; seu desejo de regressar; sua alegria; a missão que ele deu a Timóteo; a satisfação de Paulo para com a Igreja.
Algo fica nítido, nas palavras do apóstolo Paulo, é que ele amava a Igreja e andava preocupado com ela. Precisamos lembrar que eles foram forçados a abandonar Tessalônica, muito antes do tempo previsto, não puderam ter tempo suficiente para a preparação dos líderes, fortalecimentos dos novos crentes. Como vimos no versículo anterior, o próprio apóstolo tentou regressar algumas vezes, e foi impedido por Satanás. “Por isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho” (1 Ts. 2.18)
v.1 – “Pelo que, não podendo suportar mais o cuidado por vós, pareceu-nos bem ficar sozinhos em Atenas”
- O capítulo 3 inicia com um toque de afeto do apóstolo para com a igreja. Paulo diz: “não podendo suportar mais o cuidado por vós”
- A melhor tradução seria: “Então não pudemos agüentar mais sem ter notícias de vocês. Por isso Silas e eu resolvemos ficar sozinhos em Atenas”.
- Não suportando a preocupação e a saudade que temos de vocês. Preferimos agora ficar sozinhos em Atenas. Claro que isso é uma referência, da qual, ele utilizará para falar de Timóteo.
- Paulo diz que ficará sozinho em Atenas, o que isso significa?
O apóstolo está escolhendo privar-se da valiosa presença de um de nossos membros, embora isso significasse ficar sozinhos na cidade de Atenas, tão mundana e idólatra.
- Há um a discussão sobre esse “pareceu-nos bem ficar sozinhos em Atenas”, se é uma referência a Paulo e Silas, ou Paulo estaria usando essa expressão em cunho retórico.
Baseado no livro de Atos 17, acredita-se que Paulo estivesse mesmo, sozinho em Atenas, e que somente mais tarde, tanto Silas quanto Timóteo, se reuniriam com ele em Corinto.
- Independente de qual seja o cenário, a questão aqui, é que, demonstrando grande afeto pelo igreja, Paulo enfrentou a solidão para que ela mesma, a igreja de Tessalônica desfrutasse de companhia, como veremos no versículo seguinte.
v.2-5 – “e enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé, confirmar-vos e exortar-vos, 3 a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto; 4 pois, quando ainda estávamos convosco, predissemos que íamos ser afligidos, o que, de fato, aconteceu e é do vosso conhecimento. 5 Foi por isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor.”
- Neste segundo versículo, o apóstolo diz que lhes “enviamos nosso irmão Timóteo” com o fim de acompanhar a igreja em suas dificuldades.
- Conforme o texto aponta, Timóteo, que é um ministro do Evangelho de Deus, foi enviado com o fim de “confirmar e exortar” – Cada um dos verbos apresentados neste texto é importante.
- Em primeiro lugar confirmar “στηριζω sterizo” – Que significa deixar estável, por à salvo, deixar firme. Em segundo lugar exortar “παρακαλεω parakaleo” – Que significa encorajar, fortalecer, instruir com zelo.
- Por que esses irmãos precisam ser confirmados e exortados?
- Como o próprio apóstolo nos diz no versículo três, a igreja parece está atravessando um período de inquietação produzido pelas tribulações.
- Quando falamos que a igreja atravessava, estão dizendo que os irmãos atravessavam. As aflições que os irmãos enfrentam, as lutas e tribulações que aflige os irmãos, são lutas e tribulações que atribulam e afligem a Igreja de Deus.
- Paulo mostra, nos versos seguintes, que tais tribulações não são novidade, ao contrário, ele já havia advertido sobre o surgimento dessas.
“Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto; 4 pois, quando ainda estávamos convosco, predissemos que íamos ser afligidos, o que, de fato, aconteceu e é do vosso conhecimento.”
- Paulo faz isso, com o fé de fortalecer a fé dos novos convertidos, perceba que ela usa a expressão ao menos 5 vezes, nos dez primeiros versículos.
- Penso que entre os muitos motivos de que Paulo tivesse para enviar a Timóteo, a causa central era a fé dos novos irmãos. Paulo esperava que Timóteo fosse para a Igreja um instrumento de encorajamento e fortalecimento da fé, com o fim de impedir que alguns pudesse a vir ser enganados em meios as aflições.
- Irmãos, a arma que o inimigo da fé utiliza, não é sempre a espada. Há diversas ocasiões que ele surge com “chifres de cordeiro” (Ap.3.11), com palavras bonitas, como um cão abana sua cauda. Paulo entende que, aqueles que estavam sendo atribulados e oprimidos, poderiam ser seduzidos a acreditarem em elementos contrários a fé.
- Veja como o versículo 5 confirma isso, o apóstolo diz: “Foi por isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor”.
- Paulo envia Timóteo para que pudesse constatar o estado da fé dos irmãos. Paulo não aposta de forma idealista no heroísmo humano, que “resistiria naturalmente”.
- Ao contrário, ele encara o ser humano com sobriedade, eu diria com um sincero realismo, e sabe que o fracasso está muito próximo de cada um. Tampouco se consolou simplesmente com a asserção do Senhor: “Ninguém os arrancará da minha mão” (Jo 10:28).
- O apóstolo faz questão de considerar seriamente a assustadora possibilidade de que “nosso labor seja em vão”. Somente quando recordarmos tudo o que a carta enalteceu com tanta gratidão como milagre da palavra atuante em Tessalônica, avaliaremos bem o que está contido nessa breve formulação: “nosso labor em vão.”Afinal, isso significaria: a eleição de Deus e de toda a gloriosa atuação divina - em vão! Isso será de fato possível?! É concebível? Independentemente de como opinemos a esse respeito, certo é que diante de nós está o fato de que alguém como Paulo se consumia em ardente preocupação de que isso pudesse ocorrer.
- Acredito, que é necessário considerarmos que, seja digno de nota, o que está em jogo é a fé dos tessalonicenses e nada mais.
- A fé é a totalidade da existência cristã! Aqui se descortina para nós a convicção do NT, contra toda “objetividade” e contra todos os movimentos de santificação equivocada: fé, simplesmente a fé dos cristãos, é de fato tudo que importa.
- Timóteo é enviado: “confirmar-vos em benefício de vossa fé” (v. 2). Paulo deseja “conhecer vossa fé” (v. 5). Diante das boas notícias de Tessalônica os três estão “consolados … pela vossa fé” (v. 7). E também aquilo que ainda falta à igreja são simplesmente “deficiências de vossa fé” (v. 10). Por isso a verdadeira e perigosa tentação do Tentador também não está na sedução para um ou outro pecado, mas em que ele nos “engane e seduza em descrença, desespero e outros vícios e vergonhas” (Catecismo Menor), como disse Lutero com sua perspicácia bíblica.
- Essa fé é dádiva e efeito de Deus em nós. Contudo isso não significa que ela entra do céu em nosso coração como um milagre desconexo.
- Ela forma-se com a palavra dos mensageiros e é preservada e fortalecida na tentação por meio do consolo fraterno. Por isso Timóteo não era apenas um enviado que deveria buscar informações sobre as circunstâncias em Tessalônica, mas tinha ao mesmo tempo a tarefa de levar à igreja o “fortalecimento” interior “de sua fé”, do qual necessitava na “tribulação”.
- Também nós não devemos ter na aflição o falso orgulho que deseja dar conta de tudo sozinho. É nosso privilégio saber que sob a pressão e aflição carecemos do irmão, cuja palavra de apoio nos ajuda a perseverar.
v.6 – “Agora, porém, com o regresso de Timóteo, vindo do vosso meio, trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor, e, ainda, de que sempre guardais grata lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como, aliás, também nós a vós outros,”
- Paulo diz que o regresso de Timóteo, trazendo notícias sobre a fé, tem fortalecido o coração e acelerado o desejo de ir ter com os irmãos.
- Paulo menciona dois aspectos dessas notícias. Os dois primeiros termos, fé e amor, se referem as suas condições espirituais.
- Ambos são termos importantes nessa carta; “fé” nos capítulos 1 (v. 3, 8), 3 (v. 1–10 [cinco vezes]) e 5 (v. 8), e “amor” nos capítulos 1 (v. 3); 3 (v. 12); 4 (v. 9) e 5 (v. 8, 13).
- Assim, os tessalonicenses continuavam fiéis e crescendo em sua vida cristã. Em vez de focarem na perseguição, estavam prosperando espiritualmente.
- O segundo aspecto, a atitude deles em relação a Paulo e sua equipe, também é brilhante; “vocês sempre guardam boas recordações de nós, desejando ver-nos.” Não havia mau sentimento em relação à equipe por sua partida forçada. Eles, sem dúvida, compreenderam que isso fugira do controle de Paulo e se recusavam a culpá-lo. No fundo, eles não tinham nada a não ser “boas recordações” dos missionários no curto período em que estiveram juntos.
- E, mais ainda, eles não conseguiam esperar para vê-los novamente. O próprio verbo (epipotheō) em si expressa um desejo intenso de uma reunião. Paulo geralmente o utiliza quando está separado de alguém que gosta e quer estar com ele novamente (Rm 1.11; Fp 2.26).
v.7-8 - 7 sim, irmãos, por isso, fomos consolados acerca de vós, pela vossa fé, apesar de todas as nossas privações e tribulação, 8 porque, agora, vivemos, se é que estais firmados no Senhor.
- Paulo lembra – um cuidado pastoral totalmente espontâneo! – aos tessalonicenses que ele e seus colaboradores na realidade não sofrem menos que eles!
- “Não suportei mais esperar” (v. 5) Ele mesmo encontra-se nesse exato momento em Corinto sofrendo “toda privação e tormento”. Não apenas os tessalonicenses precisam de consolo, mas ele também. Contudo ele obteve o alívio necessário: “Então fomos consolados através disso, irmãos, através de vós em toda a nossa privação e tormento por meio da vossa fé.”
- Que bela ajuda espiritual para os sofredores em Saloniki: podem ter certeza de que sua perseverança na fé já serviu ao mesmo tempo também de “consolo” ao amado Paulo!
- Na sequência é trazida a maravilhosa frase que resume tudo, permitindo mais uma vez olhar para o âmago do amor: “Porque agora vivemos, se vós estais no Senhor.”
- É desta forma tão real que o amor une. Mais ainda: de forma tão factual ele transforma a vida do outro em parte da própria vida, de modo que uma apostasia dos tessalonicenses também teria sido uma morte para Paulo, assim como sua constância no Senhor o faz viver de maneira completamente nova.
- Será que nós vivemos no mistério desse amor? Será o viver ou morrer dos outros nosso próprio viver ou morrer? Se não – como então pretendemos ser bons conselheiros espirituais, evangelistas e dirigentes da igreja?
- Ora, não se trata do meu “esforço” de me posicionar assim em relação ao outro! Isso não passaria de hipocrisia. Justamente o amor genuíno não precisa se “esforçar” para sentir a vida do outro como parte de sua própria. Realiza-o de forma tão involuntária e direta como vemos aqui nos três mensageiros. Age assim simplesmente porque é – amor.
v. 9 “Pois que ações de graças podemos tributar a Deus no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa causa, diante do nosso Deus”.
- Esse amor logo produz outra forma de expressão, quase comovente. “Pois que ações de graças podemos restituir a Deus por vós em vista de toda a alegria, com que nos alegramos por vossa causa.”
- Porventura isso significa deixar as coisas de pernas para o ar? Labuta, aflição e fadigas, foi o que os tessalonicenses causaram a Paulo, custaram-lhe muitas preocupações e dores.
- Deveriam não ter espaço para a gratidão por tudo o que lhes foi propiciado! E se o trabalho neles não foi “em vão”, se foram salvos e perseveram na fé, isso não significa nada mais que sua própria felicidade?
- Que vantagem os três mensageiros têm nisso? Porém precisamente isso é “amor”, essa inexplicável e profunda alegria pelo outro, que não tem limites para a gratidão ao ser informado, depois de semanas de preocupação, que – o outro está bem! O pensamento natural, o habitual egoísmo evidentemente foi “deixado de pernas para o ar”.
- Foi por isso que os três entoaram aqui o “cântico dos cânticos do amor”, não com palavras descritivas como tenta fazer 1 Co 13, mas por meio dos sons espontâneos e irrefletidos do próprio amor.
v.10 – “orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé?”
- Mais uma vez fica evidente que esse amor se importa com a presença física. Também as boas e tranquilizadoras notícias de Tessalônica não bastam. Não, os três “suplicam noite e dia, com máximo empenho, para ver vosso semblante e reparar as deficiências da vossa fé”.
- Igualmente se explicita que a “fé”, que está em jogo durante toda a vida cristã, não é uma fé pronta. Embora surgisse em Tessalônica por meio da atuação do próprio Deus e agora tivesse sido aprovada em duras tribulações, ela não obstante apresenta “deficiências”.
- Como é bom que isso pode ser dito tranquilamente aos tessalonicenses, sem “magoá-los”! No entanto é igualmente digno de nota que, antes de todas as questões específicas da vida eclesial, que posteriormente serão discutidas em 1 Ts 4s, as pessoas responsáveis dirigiram o olhar para a fé da igreja, desejando antes de tudo “reparar as deficiências”.
- Talvez consideremos ambos os aspectos de forma insuficiente: a centralidade e necessidade decisiva da fé em toda a vida cristã, e o fato de que até mesmo uma fé consciente da salvação e aprovada ainda pode apresentar sérias deficiências. Talvez seja por isso que no aconselhamento pastoral e na liderança da igreja partamos de pontos muito equivocados, enquanto na verdade também em nosso caso importa consertar sobretudo as deficiências da fé.
Conclusão
Concluímos este sermão, aprendendo com Paulo, Silas e Timóteo, como o amor é um potente combustível para Fé.
Muitas vezes oramos para que as pessoas melhorem nisso ou naquilo, o texto desta noite, nos ensina a orar e trabalhar para que as pessoas cresçam em fé, mais do que em qualquer outra coisa para sua vida.
Oremos pela fé uns dos outros!
SDG