O que a Palavra de Deus diz sobre um ministério de mulheres?

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Boa noite, irmãs e irmãos. Que a graça do Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sobre todos nós nessa noite. Quero agradecer o convite da nossa irmã Débora Brum, presidente da Federação de SAFs do Presbitério Reformado de Diadema, em nome da qual agradeço todas as demais irmãs da executiva. Que Deus continue abençoando a vida de cada irmã e de suas famílias. Trago o abraço da Memorial Igreja Presbiteriana, do Presbitério Reformado de Diadema e de nosso IBRAK - Instituto Bíblico Reformado Abraham Kuyper. Ainda, louvo a Deus pelo desenvolvimento dessa Conferência, por Ele ter colocado, por meio do Espírito Santo, no coração e mente das irmãs o desejo e a convicção da necessidade de amarmos e servimos à Sua Igreja por meio da Sua Palavra. Que essa seja apenas a primeira de muitas conferências de mulheres em nosso presbitério e em toda nossa região do ABC e Zona Sul de São Paulo. Convido as irmãs a abrirem a Palavra de Deus no texto de Colossenses 3.12-15. Nosso intuito nessa noite é conhecermos o que a Palavra de Deus diz sobre um ministério de mulheres na igreja e quais as implicações em diversos aspectos de nossa vida. Faremos a leitura de alguns textos, refletiremos sobre 03 aspectos, conheceremos exemplos bíblicos e históricos de mulheres impactadas por essas palavras e concluiremos com as aplicações práticas para a vida das irmãs no século XXI. Mas o que é um Ministério? O dicionário teológico do Novo Testamento nos traz como significado básico de ministério: ‘fazer coisas para o corpo político ou cumprir uma tarefa para a sociedade’. Para nossa aplicação prática, podemos considerar que o ministério é um ‘serviço’. Mas que serviço é esse e como ele deve ser desenvolvido?
O primeiro aspecto que abordaremos é que a Palavra de Deus diz que há um ministério de mulheres santas. “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” Cl 3.12 Nós precisamos buscar intensamente e continuamente a santificação. Não nos cansamos com a busca desenfreada pela santificação para finalmente nos tornar eleitos e santos, mas por já sermos eleitos e santos resulta agora dessa verdade uma nova maneira de viver que é totalmente diferente da dos humanos que “ainda têm sua vida no mundo” (Cl 2:20). A metáfora do “revestir-se” sugere que afirmemos: por serdes filhos do rei, príncipes e princesas, trajai-vos agora também como reis e comportai-vos regiamente! O inverso nunca será possível: ninguém pode imaginar que pelo simples fato de ter o guarda-roupa e o comportamento de um príncipe também possa tornar-se um. Disso nunca resultará outra coisa senão – teatro. Toda santificação legalista sempre leva, como no caso dos fariseus, apenas ao que Jesus chamou de fato de hipocrisia, “encenação”. Tornamo-nos filhos do rei unicamente pelo nascimento. No entanto, uma vez que o somos, toda a conduta realmente é determinada a partir disso: então essa conduta já não será “teatro”. Nós sabemos que momentos difíceis surgem em nossa vida e então caímos. O ser humano no caminho da santificação evangélica, no ponto difícil da vida ele retorna ao ponto de partida, a posse fundamental pela fé, retorna à cruz, ao fato de estar morto e ressuscitado com Cristo. Lá obtem novamente a certeza daquilo que tem e é em Cristo por soberana graça mediante a fé, retornando agora à penosa tarefa, fortalecido e posicionado “em” Cristo e na vitória dele. Eis que agora consegue realizá-la. “Como eleitas de Deus, santas e amadas” – vocês sabem que são santas e amadas, irmãs? Desde já, aqui e agora? Ou seja, que a vida eterna, o “céu”, não começa somente depois da morte, mas já no tempo presente? “Eleitas de Deus, santas e amadas” – esse deve ser o primeiro pensamento de todas as manhãs, sobre o qual meditamos e que assimilamos ao acordar. Que a afirmação “Faço parte disso, sou uma pessoa amada por Deus!” seja o radiante sol da alegria em nosso coração, justamente também em dias sombrios e difíceis. Porque então, abordaremos de forma apropriada a santificação desse dia e compreenderemos o que Lutero afirmou certa feita em sua profunda percepção bíblica: “Não realizamos boas obras para entrar no céu, mas porque pela fé, estamos no céu, e somos verdadeiramente capazes de realizar boas obras.” O que nos leva ao nosso segundo ponto: Nosso segundo aspecto diz que há um ministério de mulheres auxiliadoras. “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós.” Cl 3.13 Suportar” as pessoas exemplifica a “paciência” em ação; a ideia é “aturar” ou “enfrentar” as fraquezas. Praticamos a paciência cristã quando sentimos empatia uns com os outros e procuramos entender por que as pessoas agem como agem, em oposição a criticar e menosprezar. Note o uso de “mutuamente” e “uns aos outros”; estes são sinônimos práticos, pois enfatizam a importância para cada um de nós de nos relacionarmos com todos os outros membros da igreja. É preciso de um conflito apenas para minar seriamente a unidade de uma congregação, como demonstra a inimizade entre Evódia e Síntique em Filipos (Fp 4.2–3). Nessa situação, Paulo exorta toda a igreja de Filipos a se envolver, pois a dissensão está dilacerando a congregação. Ao lado das atitudes e ações positivas prescritas por Paulo, há o senso compartilhado de cuidado mútuo, envolvimento e submissão. A compreensão e a tolerância precisam ser fortificadas pelo perdão cristão. A empatia, em e por si só, não é suficiente, pois é fácil guardar rancor de quem divergimos em temperamento e perspectiva. Nós, seres humanos, invariavelmente nos machucaremos e ofenderemos uns aos outros. A implicação é que perdoaremos mesmo quando o indivíduo não merece o perdão. A atenção deve se concentrar não no que o infrator nos fez, mas sim no que que podemos fazer por ele. Muitas vezes teremos uma base legítima para a queixa contra outra pessoa, mas Paulo nos ordena que ignoremos nossos direitos (cf. 1Co 9.3–6,12) e nos preocupemos muito mais com os da outra pessoa. Esta não é uma reação humana normal, pois contraria nossa natureza. Mas nós nos despimos dessa natureza pecaminosa (a carne, 2.11) e optamos por seguir o modelo de Cristo e a nossa experiência de termos sido perdoados por ele. Paulo nos instrui, como povo de Deus, a “perdoar como o Senhor lhe perdoou”; receber o perdão de Deus é o único e absoluto fundamento da nossa vontade própria de perdoar (“como o Senhor […] assim vocês também”). A diretriz de Paulo se baseia conscientemente na oração do Senhor em Mateus 6.12: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”. Jesus levou isto adiante, afirmando em sua expansão do princípio em Mateus 6.15: “Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas”. Deus exige que o povo de seu reino seja perdoador. A reconciliação é um bem essencial na igreja.
A Palavra de Deus nos fala sobre um Ministério de Mulheres Santas e Amadas, e também nos fala sobre um Ministério de Mulheres Auxiliadoras e que exercem o perdão.
E nosso terceiro aspecto nos mostra que a Palavra de Deus nos fala sobre um Ministério de Mulheres da Palavra de Cristo. “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão em vosso coração.” Cl 3.16 Ele quer que a doutrina do evangelho lhes seja familiar. Inquestionavelmente, Paulo aqui fala a homens e mulheres de todas as posições; tampouco quer que simplesmente tenham um leve gosto meramente pela palavra de Cristo, mas os exorta a que ela habite neles; isto é, que ela tenha uma morada fixa, e isso amplamente, para que seu alvo seja seu avanço e aumento mais e mais a cada dia. No entanto, como muitos pervertem a palavra do Senhor para satisfazer suas ambições pessoais, por isso mesmo ele adiciona, em toda sabedoria – que, sendo instruídos por ela, sejamos sábios como devemos ser. Demais, ele dá uma breve definição desta sabedoria – que os colossenses se instruam mutuamente. Ensinar, aqui, é tomado no sentido de instrução proveitosa, a qual tende para a edificação, como em Romanos 12.7: “Aquele que ensina, dedique-se ao ensino.” Também em Timóteo: “Toda Escritura é proveitosa para o ensino” [2Tm 3.16]. A Palavra de Deus nos fala sobre um Ministério de Mulheres Santas e Amadas, nos fala sobre um Ministério de Mulheres Auxiliadoras e que exercem o perdão, e ainda nos fala sobre um Ministério de Mulheres da Palavra de Cristo. ..e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos. Cl 3.10–11. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gl 3.26–28. Não há distinção de pessoas; assim não importa a que nação ou a que classe alguém pertença. Nem a circuncisão é mais importante do que o sexo ou o estado civil. Por quê? Porque Cristo toma a todos e os transforma em um só povo. Quaisquer que sejam as outras diferenças, Cristo sozinho é suficiente para unir todos eles. Todos vós sois um. Agora a distinção é removida. O objetivo de Paulo era mostrar que a graça da adoção e da esperança da salvação não depende da lei, mas estão contidas em Cristo, que, portanto, é tudo. E quais exemplos podemos tomar para compreender o desenvolvimento desses ministérios? A Palavra de Deus nos fala sobre um Ministério de Mulheres Santas e Amadas, Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um. Cl 4.5-6 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; Cl 3.9–10. Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. Tito 2.3-5 Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. 1Tm 3.11 Margarida de Navarra (1492-1549) foi membro da família real francesa. Abrigava dezenas de irmãos e irmãs perseguidos por conta da reforma que chegava à França e em toda Europa. Era muito querida pelos pobres e tbm os recebia em seu palácio. Ficou conhecida como a 1a Ministra dos Pobres e dava grande exemplo de piedade e santidade. Escreveu poemas e livros, inclusive um conto, o Heptamerom, que confrontava o Decameron, obra do italiano Boccaccio, que era muito popular na época. Katharina von Bora (1499-1552) filha de nobres alemães foi levada ao convento ainda aos 16 anos. Insatisfeita com a vida monástica, aproximou-se das ideias da Reforma e enviou carta ao pastor Martinho Lutero, que ajudou ela e outras amigas a fugirem do convento em carroças de mercadores de peixe. Casou-se com Lutero, apesar da diferença de 14 anos entre eles, teve 6 filhos e adotou outros 04. Amava conversar sobre religião com seus convidados na hora do jantar. Ficou conhecida como a ‘Mãe da Reforma’. “Vou me apegar a Cristo como uma linha se apega a um sobretudo”. ..nos fala sobre um Ministério de Mulheres Auxiliadoras e que exercem o perdão, Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia. At 9.36 Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor. Cl 3.18 Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencreia, para que a recebais no Senhor como convém aos santos e a ajudeis em tudo que de vós vier a precisar; porque tem sido protetora de muitos e de mim inclusive. Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. 6 Saudai Maria, que muito trabalhou por vós. 12 Saudai Trifena e Trifosa, as quais trabalhavam no Senhor. Saudai a estimada Pérside, que também muito trabalhou no Senhor. 16 Saudai Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, Olimpas e todos os santos que se reúnem com eles. Rm 16 ...seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra. 1Tm 5.10 Elisabeth Elliot (1926-2015) tinha apenas 12 anos de idade quando orou dizendo, “Senhor, faça o que quiser comigo”. Estudou grego clássico no Wheaton College esperando poder traduzir o Novo Testamento para pessoas de grupos não alcançados. Em 1953, aos 27 anos, mudou-se para o campo missionário no Equador com seu marido Jim Elliot. Ao pregarem o evangelho para tribo violenta Waorani, seu marido e outros 04 homens foram mortos. Elliot permaneceu no campo missionário e 10 anos após, quando retornou aos EUA, a tribo já não era mais violenta. Escreveu diversos livros. Amy Carmichael (1867-1951), missionária na Índia. “Você consegue doar sem amor, mas você não consegue amar sem doar.” ..e ainda nos fala sobre um Ministério de Mulheres da Palavra de Cristo. Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. 1Co 11.5. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. Hb 4.12. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 2Tm 3.16–17. a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. Tito 2.3-5 Nancy Pearcey (1952-presente) cresceu em uma família religiosa, mas em sua adolescência duvidou do cristianismo e rejeitou sua fé. Em sua juventude viajou para a Europa para estudar violino e visistou o Instituto L’Abri na Suíça, estudando com o brilhante teólogo Francis Schaeffer. Essa experiência mudou sua vida e ela começou a estudar profundamente a palavra de Deus, obtendo seu diploma de mestre e doutora. Passou a escrever para a revista americana ‘Cristianismo Hoje’ e foi convidada para palestrar em muitas universidades nos EUA como Princeton e Stanford. Escreveu diversos livros, como ‘Verdade Absoluta’ e ‘A Alma da Ciência’. Hoje, Nancy é professora na Universidade Batista de Houston, ensinando estudantes a amarem o Senhor com todo seu coração, sua alma e sua mente. Pandita Ramabai (1858-1922) foi uma líder indiana que foi convertida ao cristianismo após ler o capitulo 4 do evangelho de João (A mulher samaritana). Cuidava de crianças abandonadas e viúvas. Traduziu a Bíblia para seu dialeto nativo ‘Marathi’. Amadas irmãs, o ministério de cada uma de vocês é servir ao Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, com toda sua força, de toda sua alma e entendimento, porque todos nós somos um em Cristo. Avalie ainda hoje sua vida e busque compreender em quais aspectos você pode servir mais a Cristo, buscar mais santidade, ajudar mais as obras de sua igreja, conhecer mais e compartilhar mais da Palavra com as pessoas ao seu redor. Que o Senhor nos abençoe, amém.