A recompensa da Justiça
1 - Deus é um Deus de Justiça, e espera que nós também o façamos
Segundo o ensinamento dos rabinos, o judeu demonstra seu amor a Deus através de três desempenhos: beneficência, oração e jejum.
Quando exercerem a misericórdia, quando orarem, quando jejuarem, não procedam como os fariseus costumam proceder. Pois o modo como eles o fazem é condenável!
De que modo, afinal, agiam os fariseus? Eles queriam ser admirados pelas pessoas.
2 - Como fazer as vezes é mais importante do que o ato em si
A beneficência judaica costumava dar muitas esmolas. O doador era forçado a essa generosidade ao ter de fazer doações em público. Através desse aspecto de publicidade, cada um se sentia observado. Pelas “ofertas” media-se o grau de religiosidade, ou melhor, o grau de justiça.
Após o culto na sinagoga cada um levantava e dizia qual era a quantia que queria ofertar. Quando havia uma doação muito vultosa, o doador era chamado até o bemá (tribuna) e recebia a honra de poder sentar ao lado do rabino.
O servidor da comunidade tocava, então, uma trombeta, a fim de chamar a atenção dos seres celestiais, porque ali se havia realizado um beneficência especial.
Quanto mais, pois, o fariseu praticava a beneficência, i. é, dava esmolas, tanto maior era o espetáculo, primeiro na sinagoga e depois também na rua.
A palavra grega para “esmola” é eleémosýne (da qual surgiu o termo alemão Almosen). Não a reproduzimos como diversas traduções tradicionais com “dar esmolas”, mas com praticar “beneficência”
Entretanto, seu sentido é ainda mais amplo. Significa: misericórdia, compaixão, sofrer junto. Com essa palavra é expressado tudo em que o discípulo de Jesus é devedor do seu próximo
A palavra original grega entende o “dar esmolas”, “praticar beneficência” como “tentar ajudar a alma e o corpo do próximo através do sacrifício voluntário de si próprio”.
Todo o serviço de amor dos seguidores de Jesus deve ser tão oculto que, quando o Senhor os chamar a si no dia do juízo final (por terem servido aos famintos e miseráveis), eles perguntem surpresos: “Quando foi que vimos o Senhor sofrendo e o servimos?” Nem mais estão conscientes de seus atos de amor, de seus serviços de misericórdia.