SOLO ESPINHOSO - CORAÇÕES OCUPADOS
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O coração lotado também pode ser descrito como o coração dividido ou o coração distraído. No primeiro solo, a semente da Palavra não conseguiu entrar. No segundo solo, a semente da Palavra não conseguiu descer. Agora chegamos ao terceiro solo, não um coração duro, não um coração raso, mas um coração dividido, onde espinhos estavam à espreita e prontos para atacar! Então, neste solo, a semente da Palavra entra e desce, mas não há recepção, nem raiz, nem espaço. Há uma "colheita rival".
Lembrando das sementes que são plantadas em terrenos que foram preparados, uma dessas sementes poderia cair em uma parte onde naquela terra havia raízes de ervas daninhas.
Ninguém iria querer um jardim de espinhos, de ervas daninhas. Você tenta se livrar deles, porque eles são difíceis, fortes e eles, literalmente, sufocam a frágil, boa semente que é plantada nesse tipo de solo. O agricultor pensa que o solo está limpo, porém existem estas graves e mortais impurezas abaixo, no coração.
E, assim, nos versículos 18 e 19, “Jesus disse: Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera.”
Este é o coração mundano e preocupado. A recepção à palavra parece ser boa, inicialmente. Na superfície, o solo parece ser bom, não é duro. Ele não tem rocha por baixo. Ele parece ser bom na superfície. Mas, a verdade é mantida fora desse coração pela presença do pecado. Há apenas impurezas neste coração.
Como Adrian Rogers diz "isso retrata o homem que está tentando segurar Deus com uma mão e o mundo com a outra. Esta é a pessoa que está tentando cultivar a colheita entre as ervas daninhas. E há o engano das riquezas e todas essas coisas. Agora, não há nada de errado em ter riquezas. Não há nada de errado em se preocupar com as coisas deste mundo — de uma maneira correta. Mas qualquer coisa que você ame mais, tema mais e sirva mais do que Deus é um ídolo em sua vida. Já falamos sobre isso. E você não pode segurar Deus com uma mão e este mundo com a outra. Você simplesmente não pode fazer isso. Você não pode fazer isso. (ED: LEIA Mt 6:24 + ) Você tem que se arrepender. E se você tentar cultivar essa colheita entre as ervas daninhas, então as ervas daninhas vencerão.
Jesus disse no relato de Mateus 13:22: “E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.” Este não é um tolo estúpido, de coração duro. Esta não é uma pessoa rasa, superficial, emocional, o solo rochoso. Este solo parece bom. Mas, há todos os tipos de impurezas nele. Há outra vida lá que é muito mais avançada, muito mais forte e natural para aquele solo, enquanto a semente, que é a Palavra de Deus, é antinatural.
A Palavra é estranha para as já estabelecidas ervas daninhas e espinhos. A boa semente não pode sobreviver neste homem de mente dupla. Jesus disse assim: ‘Você não pode servir a Deus e às riquezas’. São as preocupações, as riquezas e os prazeres desta vida. Esta pessoa é consumida com o temporal, consumida com o mundo, prazeres pecaminosos, anseios pecaminosos, desejos, ambições, carreira, dinheiro, casa, carro, prestígio, tudo o que afasta a verdadeira semente.
Este é o coração preocupado, mundano, varrido no engano das riquezas. No final de sua carta a Timóteo, sua primeira carta, 1 Timóteo 6: 9-10, Paulo disse:
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
Amor ao mundo, riquezas, tudo o que o mundo tem para oferecer, sufocará a verdade, o evangelho. De fato, abra a sua Bíblia, por um momento, em 1 João, capítulo 2. Esta é uma interpretação bastante clara do que Jesus quis dizer. Já aprendemos que João tem uma linguagem clara, muito simples, muito preto no branco, muito absoluto, e aqui está uma ilustração perfeita disso.
Versículo 15: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” Isso é bem claro, não é? Se você ama o mundo, o amor do Pai não está em você. O que você quer dizer com o mundo? Você se refere a amar as montanhas, flores, boa comida e conforto? Não. Essas são algumas das coisas que Deus nos deu ricamente para desfrutarmos e nós gostamos delas, embora não sejam a prioridade de nossas vidas.
O próprio texto define o que quer dizer ‘amar o mundo’, no versículo 16: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.“ Muito claramente, amar o mundo significa ter como anseio primário, seu anseio principal, seu desejo primário, sua concupiscência primordial, aquelas coisas que satisfazem sua carne.
A luxúria ou concupiscência da carne simplesmente é alimentar seus apetites físicos, carnais, as coisas que você sente. A concupiscência dos olhos: satisfazer o desejo quanto ao que você vê. E a soberba da vida reforça todo o resto. A soberba da vida faz com que a auto-realização seja tudo para a pessoa. Se você vive desse modo, se o que o impulsiona é o que sua carne quer, o que seus olhos vêem e o que seu orgulho anseia, então você não conhece a Deus, independentemente do que você diga.
Você se lembra quando o jovem rico chegou a Jesus. Está registrado no capítulo 19 de Mateus, e ele disse: “O que faço para receber a vida eterna?” E, Jesus, conhecendo-o, sabia que ele amava o dinheiro e o que o dinheiro poderia comprar. Ninguém ama o dinheiro pelo dinheiro. Ama-se o dinheiro pelo que ele compra. Jesus sabia que ele era um materialista.
Aquele jovem estava apaixonado por sua própria capacidade de satisfazer todos os desejos carnais, todos os desejos visuais e pessoais de auto-realização e satisfação. Ele sabia que era um amante do mundo. Então, Jesus lhe disse: “Se queres ter a vida eterna, vende tudo o que tens, toma o dinheiro e dá-o aos pobres“. Agora, entenda, não é dando dinheiro aos pobres que você será salvo. Porém, esse foi um grande teste para ver até que ponto aquele jovem estava disposto a se submeter ao senhorio de Jesus Cristo e mudar seu foco de amar o mundo para amar ao Senhor.
A Bíblia diz que ele partiu triste, porque era muito rico. Ele decidiu que não trocaria seu amor pelo mundo pelo amor de Deus. E esse é o problema. Quando você testemunha a alguém, quando você apresenta o evangelho a alguém, é esse o ponto crucial. Estamos falando com as pessoas não sobre simplesmente que devem acreditar em uma pequena fórmula. Estamos dizendo a elas se estariam dispostas a desistirem de tudo, como a Parábola do Tesouro Escondido no Campo e a Parábola da Pérola indicam.
Quando o homem encontrou o tesouro escondido no campo, Jesus disse que ele vendeu tudo para comprar esse tesouro (Mateus 13:44). Quando o homem encontrou a pérola de grande preço, ele vendeu tudo para comprar a pérola (Mateus 13:45-46). O que estava basicamente acontecendo lá era que, em cada caso, quando um homem vê o verdadeiro valor do evangelho, deixa tudo para possuí-lo. Esse é o coração da salvação. Esse é o coração pronto para receber a semente.
Mas, o terceiro solo é, no entanto, um coração ainda desordenado com as coisas do mundo. E não é o coração em que a semente pode sobreviver. Nenhum fruto é produzido. Não é por causa do semeador e não é por causa da semente. É por causa do solo cheio de impurezas. Enquanto as ervas daninhas estiverem lá, enquanto os espinhos estiverem lá, eles crescerão mais rápido. Eles já se estabeleceram.
Esses corações são corações que querem um compromisso parcial. que não é compromisso porque eles estão ouvindo muitas vozes e têm seus olhos em muitas coisas. Esta vida é mais importante para eles do que a vida por vir. As coisas são mais importantes para eles do que o Salvador. Não há uma entrega real a Cristo como Senhor.
Eles encontram prazer na riqueza mais do que em Jesus. Eles encontram prazer nos desejos mais do que em Jesus. João 8:31 os julga: “Então Jesus disse aos judeus que creram nele: “Se vocês permanecerem na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos,”
Phillips acrescenta que "Desta vez o solo era profundo o suficiente e fértil o suficiente, mas também estava cheio de espinhos. Os espinhos são os próprios emblemas da maldição ( Gn 3:17-18 ). Eles não precisam de cultivo, gostam do solo, são plantas de crescimento resistente e sufocam a boa semente. A natureza adâmica produz uma colheita abundante e perene de ervas daninhas, coisas que impedem o evangelho de dar frutos, embora germine no coração e mostre uma promessa inicial."
E, enquanto essas ervas daninhas vivem, elas crescem. E à medida que crescem, os espinhos rasgam e laceram a vida frágil da semente e ela não pode sobreviver. Então, se você está preso a algum pecado… As pessoas dizem: “Se uma pessoa vai vir a Cristo, ela realmente tem que estar disposta a abandonar todo o seu pecado?” Sim. É disso que se trata.
Você não pode amar o mundo e amar o Pai. Se você ama o mundo, o amor do Pai não está em você. E, você sabe, nós dizemos isso o tempo todo: quando apresentamos o evangelho às pessoas, é crítico que expliquemos a questão do pecado, antes de começarmos a explicar a oferta de perdão. Caso contrário, você poderá fazer com que as pessoas deem respostas superficiais ao evangelho, com base na premissa de que isso vai cuidar de sua eternidade e elas nunca mais terão que se preocupar com o inferno e não terão que mudar nada em suas vidas.
E, você sabe, há aqueles que pregam isso. Faz parte da questão da ‘salvação sem senhorio.
Mas, a verdade que Jesus nos está dando aqui é que a semente não sobrevive, a menos que o coração tenha sido purificado. O que deveria estar acontecendo, então, nesse tipo de pessoa para que a semente sobreviva? Deve haver uma fome e uma sede de justiça, e não uma fome por uma vida de pecados e prazeres terrenos.
Os espinhos cresceram, mas a palavra foi sufocada. Marcos retrata esse coração como um campo de batalha disputado. O espírito do mundo o inunda como uma enxurrada e sufoca a semente da Palavra. Uma multiplicidade de interesses toma o lugar de Deus. É a pessoa que não tem tempo para Deus. Há outras coisas mais urgentes que fascinam sua alma. Diz William Barclay que esse ouvinte não tem uma ordem de prioridade correta, pois são muitas as coisas que tratam de tirar a Cristo do lugar principal.
Esse ouvinte chegou a ouvir a Palavra, mas os cuidados do mundo prevaleceram. O mundo falou mais alto que o evangelho. As glórias do mundo tornaram-se mais fascinantes que as promessas da graça. A concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida tomaram o lugar de Deus na vida desse ouvinte. Ele pode ser chamado de um crente mundano. Ele quer servir a dois senhores. Ele quer agradar a Deus e ser amigo do mundo. Ele quer atravessar o oceano da vida com um pé na canoa do mundo e outro dentro da igreja.
O feito final daquilo que está sufocando a Palavra é deixá-la infrutífera.
A semente fica mirrada. Ela nasce, mas não encontra espaço para crescer. Ela chega até a crescer mais não produz fruto. Adolf Pohl diz que esse ouvinte desvirtua-se numa coisa aparente, numa casca vazia. É como a igreja de Sardes, tem nome de que vive, mas está morto (Ap 3.1).
João 15:4-6 resume esse solo focando no fruto ou na falta dele....
Conclusão:
Fomos aqui instruídos de que existem alguns ouvintes do evangelho cujos corações se assemelham a um campo coberto de espinhos. São aqueles que dão atenção à pregação da verdade de Cristo e que, até certo ponto, obedecem a essa verdade. Em seu entendimento, concordam com ela. Em sua capacidade de julgar, aprovam-na. A consciência deles é afetada pela verdade. Seus afetos voltam-se favoravelmente para a verdade de Cristo. Eles a reconhecem como boa e digna de ser recebida por eles. Chegam até mesmo a se abster de muitas coisas que o evangelho condena e adotam muitos hábitos exigidos pelo evangelho. Todavia, eles vão somente até esse ponto. Parece que existe uma espécie de barreira que os impede e, assim, nunca vão além de determinado ponto em sua atitude religiosa. Ora, o grande segredo da condição deles é o mundanismo. “Mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, tornando-a infrutífera.” Isso impede que a Palavra exerça efeito pleno sobre suas almas. Em relação a tudo que é, aparentemente, favorável e promissor em seu estado espiritual, eles param e não avançam. Jamais chegam ao completo padrão do cristianismo neotestamentário. Não chegam a produzir fruto.
Poucos são os ministros fiéis de Cristo que não podem citar casos similares. Dentre todos, esses são os mais melancólicos. Ir tão longe, mas não avançar; perceber tanto, mas não ver tudo; reconhecer tanta coisa, mas não entregar o coração a Cristo — de fato, isso é extremamente deplorável. Há apenas um veredicto que pode ser dado a essas pessoas. Sem uma mudança de alma definitiva, essas pessoas jamais entrarão no reino dos céus. Cristo quer ter a totalidade de nossos corações. “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).
Essas pessoas também começam de modo promissor. Externamente parecem ser cristãos verdadeiros. Mas depois se ocupam com negócios, com preocupações mundanas, com a ambição de enriquecerem. Perdem o interesse pelas coisas espirituais, até que, por fim, abandonam de todo jeito qualquer afirmação de serem cristãos.