Existe amor sem compromisso?
Cartas Pastorais de João • Sermon • Submitted • Presented
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· 14 viewso amor ao próximo como evidência da vida cristã
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TEXTO BÍBLICO
TEXTO BÍBLICO
11Porque a mensagem que vocês ouviram desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros. 12Não sejamos como Caim, que era do Maligno e matou o seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão eram justas.
13Irmãos, não se admirem se o mundo odeia vocês. 14Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15Todo aquele que odeia o seu irmão é assassino, e vocês sabem que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. 16Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; portanto, também nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos. 17Ora, se alguém possui recursos deste mundo e vê seu irmão passar necessidade, mas fecha o coração para essa pessoa, como pode permanecer nele o amor de Deus? 18Filhinhos, não amemos de palavra, nem da boca para fora, mas de fato e de verdade.
19E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, diante dele, tranquilizaremos o nosso coração. 20Pois, se o nosso coração nos acusar, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. 21Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; 22e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. 23E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. 24Quem guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus permanece nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.
João Ferreira de Almeida, trans., Nova Almeida Atualizada, Edição Revista e Atualizada®, 3a edição. (Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017), 1Jo 3.11–24.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, o conceito de amor tornou-se confuso e relativizado. O que é chamado de amor pode variar de preferências superficiais a sentimentos temporários, que muitas vezes são condicionados por circunstâncias ou estados emocionais.
O amor filosófico, com suas abstrações idealizadas, se distancia de um verdadeiro compromisso de vida, reduzindo-o a um sentimento instável e passageiro. É por essa fragilidade que tantos relacionamentos fracassam, pois o amor, como é comumente entendido hoje, não sustenta um compromisso de aliança. Quando o amor se torna apenas um sentimento ou uma satisfação egoísta, ele não suporta as pressões da vida e permite a quebra de pactos relacionais.
Muitos acreditam que o amor possui diferentes “linguagens”, sugerindo que só nos sentimos amados quando o outro expressa amor de maneira que corresponda às nossas necessidades emocionais. Esse tipo de pensamento promove uma “relação escravizante”’ que obriga o a satisfazer nossas expectativas.
No entanto, o verdadeiro amor, conforme revelado na Bíblia, não é construído sobre essa base. A cruz de Cristo nos ensina que o amor autêntico é sacrificial e não condicionado às nossas preferências. Jesus morreu por nós em um ato supremo de amor, fruto do seu compromisso com o Pai, mesmo quando éramos incapazes de amar e nos justificar diante de Deus.
João, o discípulo amado, nos coloca diante de uma verdade inegável: o amor que Deus demonstrou na cruz nos torna indesculpáveis. Não podemos mais escolher a quem amar ou condicionar esse amor às nossas próprias conveniências. O escândalo da cruz nos mostra que devemos amar a todos, não de forma abstrata ou superficial, mas com um amor verdadeiro, prático e incondicional. Esse amor não é uma mera emoção passageira, mas uma escolha e um compromisso, um reflexo do amor de Deus por nós.
A cruz redefine o amor como algo que transcende preferências, circunstâncias e sentimentos. Ao seguir o exemplo de Cristo, somos chamados a viver um amor que é constante, comprometido e sacrificial, alcançando todos, mesmo aqueles que não julgamos “dignos de merecer". O verdadeiro amor, conforme Deus nos mostrou, é aquele que se expressa por meio do serviço e cuidado.
DEUS É AMOR
DEUS É AMOR
11Porque a mensagem que vocês ouviram desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros.
A expressão “porque” está sendo usada para conectar esse ensinamento a algo previamente exposto por João, possivelmente sobre a necessidade de se viver uma vida piedosa e autêntica, em contraste com os gnósticos.
Os gnósticos, valorizavam o conhecimento intelectual do Cristo “místico”, separando-o da prática concreta da fé no amor ao próximo. Por isso João afirma que o verdadeiro discipulado e a prova da vida cristã se manifestam através da fé em Cristo e no amor aos irmãos.
A mensagem cristã desde o princípio tem como foco o amor a Deus que se reflete em nossos relacionamentos, e não apenas uma busca por experiências espirituais ou conhecimento racional. Essa vida piedosa, prática e amorosa contrasta com a abordagem puramente intelectual ou esotérica dos gnósticos.
Essencialmente, na perspectiva bíblica, amor nunca é “criado”, produzido a partir de seu objeto, mas “que jorra de fonte própria daquele que é a essência do Amor."
NÃO EXISTE AMOR SEM COMPROMISSO
NÃO EXISTE AMOR SEM COMPROMISSO
12Não sejamos como Caim, que era do Maligno e matou o seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão eram justas. 13Irmãos, não se admirem se o mundo odeia vocês.
João diz que não devemos amar segundo Caim. O amor de Caim era dissimulado e falso. Ele estava presente nos lábios, mas não no coração. Ele amava de palavras, mas não de fato e de verdade. Por isso, ele assassinou ao seu irmão e isso, pelos motivos mais torpes.
O contraste entre Caim e Abel destaca a diferença entre a verdadeira fé e a mera formalidade religiosa. Abel, com suas obras justas e sinceridade, agradava a Deus, enquanto Caim, movido pela inveja e ira, mascarava seu ódio com palavras doces e gestos de amizade. Ele disfarçou seu rancor com uma falsa proximidade, mas sua maldade se manifestou de forma fatal quando tirou a vida do irmão.
Quantas vezes você pode ter abraçado um irmão na igreja no domingo de manhã, e o apunhalado pelas costas na mesa dos “escarnecedores” no horário do almoço, ou no tribunal da inquisição religiosa durante a semana?
O comentário de Fritz Rienecker revela essa dualidade interior de Caim: um vulcão de ódio por dentro, mas calmo por fora, um coração amargo escondido atrás de palavras suaves. João, em seu ensino, amplia essa narrativa ao compará-la com a relação entre o cristão e o mundo. Assim como Caim perseguiu Abel por sua retidão, o mundo mau persegue os cristãos piedosos, cujas vidas justas expõem a maldade que o mundo tenta esconder.
Dessa forma, a perseguição àqueles que seguem a Deus é inevitável, pois suas vidas denunciam as injustiças e corrupções do sistema do mundo. O que está em jogo, como no caso de Caim e Abel, é mais do que uma rivalidade humana, mas uma questão espiritual entre justiça e pecado.
O AMOR É VIDA
O AMOR É VIDA
14Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15Todo aquele que odeia o seu irmão é assassino, e vocês sabem que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si.
O amor aos irmãos é uma marca distintiva daqueles que pertencem a Deus e vivem de acordo com sua justiça. As Escrituras ensinam que antes de aceitar a oferta Deus precisa aceitar o ofertante. Por isso, caso seja necessário, antes de nos aproximarmos de Deus com nossas ofertas, precisamos buscar a reconciliação dos vínculos rompidos.
Essa reconciliação envolve não apenas ações externas, mas também atitudes internas. Precisamos abandonar a maledicência e todo tipo de ressentimento ou desejo de mal contra nossos irmãos. João Calvino ressaltou que desejar o mal de outro, mesmo que por meio de outra pessoa, nos torna culpados de assassinato. Isso mostra a gravidade do ódio no coração.
Mesmo dentro da igreja de Cristo, o ódio pode surgir quando a vida e o serviço de um irmão se tornam uma censura para nós. Quando a dedicação ou pureza de outro expõe nossa própria falta de compromisso, podemos sentir inveja ou ressentimento. Tentamos afastar aquele que nos incomoda, e, ainda que não usemos a violência física, o coração já cometeu o assassinato. Assim, o ódio no íntimo, muitas vezes, nasce da comparação, da censura que a vida fiel de outro representa para nosso egoísmo. O verdadeiro amor aos irmãos, por outro lado, nos leva a buscar a paz, a reconciliação e a unidade que refletem a presença de Deus entre nós.
Essa reflexão revela uma dura verdade espiritual: Deus conhece profundamente as intenções do nosso coração. Podemos não ter levantado a mão contra nossos irmãos fisicamente, mas isso não significa que estamos isentos de culpa.
Quantas vezes já abrigamos ressentimento, ódio ou inveja em nossos corações? Quantas vezes já murmuramos contra aqueles ao nosso redor, criticando-os em segredo ou os acusando injustamente, simplesmente porque carregamos uma ofensa não resolvida dentro de nós?
O coração pode ser palco de verdadeiros “assassinatos”, onde julgamos e condenamos outros por suas falhas ou até por suas virtudes que nos expõem. As palavras de Jesus no Sermão do Monte lembram que não é apenas o ato de violência que nos torna culpados, mas também o ódio nutrido no coração. Quando guardamos rancor, estamos distantes do amor que Deus requer de nós.
Portanto, ao examinarmos nossa própria atitude e coração, somos desafiados a buscar perdão e reconciliação, não apenas nas ações externas, mas no íntimo, onde Deus sonda cada intenção. O verdadeiro amor pelos irmãos exige que abandonemos o ressentimento, a murmuração e qualquer desejo de vingança.
AMOR É COMPROMISSO, COMPROMISSO É ATITUDE
AMOR É COMPROMISSO, COMPROMISSO É ATITUDE
16Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; portanto, também nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos. 17Ora, se alguém possui recursos deste mundo e vê seu irmão passar necessidade, mas fecha o coração para essa pessoa, como pode permanecer nele o amor de Deus? 18Filhinhos, não amemos de palavra, nem da boca para fora, mas de fato e de verdade
O verdadeiro amor se revela no ato de dar, não no que se pode obter. Cristo deu a sua vida de forma vicária por nós, um sacrifício incomparável que não podemos imitar em sua totalidade, mas podemos aprender a viver esse amor por meio do serviço e cuidado aos nossos irmãos. Jesus nos chama a demonstrar esse amor sacrificial não apenas em grandes gestos, mas também em nossa vida diária, nas pequenas ações de serviço e compaixão.
Os encontros da Mesa na MOB oferecem uma oportunidade prática para cultivar essa cultura de serviço e cuidado. Se vamos a esses encontros apenas com a expectativa de receber, perdemos a chance de participar da obra transformadora de Deus, que nos ensina a ser despenseiros das suas dádivas para outros.
Da mesma forma, o café devocional não é apenas uma ocasião para matar a fome física, mas uma oportunidade de compartilhar amor e vida em comunhão com os irmãos. Ao trazer algo para a mesa, o foco deve estar em servir aos outros, não em satisfazer a si mesmo.
Essas escolhas cotidianas — seja ao partilhar um café ou contribuir para a Cesta Solidária — refletem nosso coração. Quando você vai ao mercado e escolhe um item, está pensando em oferecer o que há de melhor, como faria para sua própria casa, ou está apenas buscando cumprir uma obrigação com o menor esforço? Não é sobre o preço, mas sobre o valor que atribuímos ao ato de dar.
Da mesma forma que Judas foi tentando em sua cobiça, e assim trocou sua relação com Cristo por 30 moedas de prata, também podemos nos ver tentados a tratar nossos relacionamentos de maneira superficial ou interesseira.
Nossa vida de fé deve ser marcada por autenticidade, onde palavras e ações caminham juntas. John Stott observa que o amor “geral” pode se tornar uma desculpa para não amar ninguém de maneira específica. Amar de verdade significa abrir o coração ao necessitado, não apenas oferecer palavras vazias de compaixão, mas demonstrar ação concreta.
Como Simon Kistemaker bem coloca, amor e fé exigem obras para atestar sua autenticidade. Palavras sem ações não têm valor. O amor verdadeiro se manifesta quando damos não apenas nossas posses ou talentos, mas também a nós mesmos. Não há espaço para seletividade no amor cristão. Assim como Cristo deu sua vida por todos, mesmo pelos indignos e imerecedores, também somos chamados a amar nossos irmãos sem distinção. O amor que recebemos nos torna devedores de amor, sem limites ou barreiras.
NOSSA CONSCIÊNCIA É IMPLACÁVEL, MAS DEUS É MAIOR DO QUE ELA
NOSSA CONSCIÊNCIA É IMPLACÁVEL, MAS DEUS É MAIOR DO QUE ELA
19E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, diante dele, tranquilizaremos o nosso coração. 20Pois, se o nosso coração nos acusar, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. 21Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; 22e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. 23E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. 24Quem guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus permanece nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.
João apresenta um tripé sobre os resultados da prática do amor, que traz implicações profundas para a vida cristã:
1. Consciência tranquila (1 João 3.19–21)
O primeiro benefício da prática do amor é uma consciência tranquila, fundamentada no perdão que recebemos pelo precioso sangue de Jesus. João nos lembra que, embora nossa consciência possa nos acusar, ela não tem a palavra final. John Stott, citando Law, descreve a consciência como parte de um julgamento interior, onde há três atores: o coração, que nos acusa; nós mesmos, como advogados de defesa; e Deus, como Juiz. Ainda que nossa consciência seja implacável, Deus é maior e seu julgamento pleno de misericórdia.
Se dependermos de nossa própria consciência, corremos o risco de sermos esmagados pela culpa e autocondenação. Porém, quando confiamos no julgamento misericordioso de Deus, compreendemos a graça e encontramos alívio. A verdadeira liberdade e alegria vêm ao entendermos que Deus é maior que nossos sentimentos de culpa, nos absolvendo pelo sacrifício de Cristo.
2. Orações respondidas (1 João 3.22,23)
O segundo resultado da prática do amor é a garantia de orações respondidas. A base disso é a mediação de Cristo, onde nossa relação com Deus se alinha através da fé em Jesus e do amor aos irmãos. Quando nossa vida está em sintonia com a vontade de Deus, nossas orações se tornam eficazes.
João nos ensina que a obediência aos mandamentos e a prática do amor são essenciais para uma vida de oração frutífera. Nossas orações devem ser feitas em nome de Cristo, para a glória de Deus, e no poder do Espírito Santo. Quando mantemos um coração puro, livre de mágoa e cheio de obediência, podemos orar com confiança, sabendo que Deus nos ouve.
3. Permanência garantida (1 João 3.24)
O terceiro ponto destacado por João é a garantia da permanência em Deus, cujo fundamento é a presença do Espírito Santo em nós. Augustus Nicodemus afirma que essa permanência não é uma experiência mística, mas está enraizada no ensinamento apostólico sobre Jesus. Permanecer em Deus significa viver de acordo com os ensinamentos de Cristo e permitir que o Espírito Santo nos governe.
A prova da permanência de Deus em nós é a obediência aos seus mandamentos, sustentada pela habitação do Espírito Santo. O Espírito é nosso selo e penhor, como mencionado em Efésios 1.13,14, uma garantia de que pertencemos a Deus. O Espírito Santo é quem nos guia, capacita e assegura nossa comunhão com Deus.
Esses três aspectos – consciência tranquila, orações respondidas e permanência garantida – são os frutos da prática do amor. Eles revelam a profundidade da vida cristã, que vai além de meras emoções ou rituais, mas é vivida em obediência, fé e comunhão com o Espírito de Deus. Ao entendermos e praticarmos o verdadeiro amor, experimentamos uma paz interior, uma comunhão eficaz com Deus e a certeza de sua presença constante em nossas vidas.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
O amor recebido nos torna devedores de amor aos irmãos. Agora não há mais como selecionar os irmãos, procurando somente os “dignos” de amor. Reconhecemos o amor no fato de que “aquele” empenhou a alma em prol dos que são como nós, pessoas totalmente indignas. Como ainda poderia haver agora um limite para nosso amar, mesmo quando João novamente menciona aqui apenas os “irmãos”?
Diante da pergunta “Existe amor sem compromisso?”, a resposta bíblica é clara: não. O verdadeiro amor, conforme ensinado por João, é incondicional, comprometido e sacrificial. Não se trata de palavras vazias ou emoções passageiras, mas de ações concretas que refletem o amor de Cristo por nós. Assim como Ele entregou Sua vida, somos chamados a amar os outros de fato e em verdade, sem restrições, selecionando a quem amar ou condicionando esse amor às nossas conveniências.
Este amor nos leva a viver uma fé prática, marcada pela obediência aos mandamentos de Deus e pela disposição de servir aos nossos irmãos. Ele nos proporciona uma consciência tranquila, a certeza de que nossas orações são ouvidas e a segurança da presença de Deus em nossas vidas.
Que este amor seja nossa marca distintiva como cristãos. Que não amemos apenas de palavra, mas com atitudes que demonstrem o compromisso que temos com o próximo e com Deus. Assim, como Cristo nos amou sem limites, sejamos também canais desse amor. O desafio para nós, portanto, é viver um amor que transforma, acolhe e edifica, manifestando o poder de Deus em nossas ações diárias.