TODOS DEBAIXO DO PECADO

Introdução: Havia um rei justo chamado Aelios, que governava um reino com justiça. Ele criou leis baseadas na equidade e na verdade, assegurando que cada súdito, independentemente de seu status, seria tratado com justiça. Havia ali um grupo de nobres, conhecidos como "Os Privilegiados", que começaram a abusar de sua posição. Recebendo favores especiais do rei, acreditavam que estavam acima da lei. Eles cumpriam apenas as normas com um olhar superficial, confiando na impunidade que achavam ter conquistado. Os Privilegiados não percebiam, porém, que sua transgressão era a mais grave, pois desrespeitavam a essência das leis que o rei havia estabelecido.

Enquanto isso, os camponeses e artesãos, ignorantes das normas ou completamente alheios ao seu próprio comportamento, desviavam-se do caminho da justiça sem saber. Além disso, havia aqueles que, conscientes de suas transgressões, desafiavam abertamente o sistema, acreditando que as regras eram feitas para serem quebradas. Assim, em um reino que era para ser fundamentado na justiça, a verdadeira equidade sumia nas nuances da hipocrisia e da ignorância.

Certa manhã, cansado da crescente injustiça em seu reino, o rei convocou toda a corte e a população do reino para um grandioso julgamento. Com um olhar firme, ele examinou cada um dos súditos, buscando algum justo entre eles. Contudo, ao fim do dia, ele não encontrou um justo sequer: todos, sem exceção, foram considerados transgressores, todos foram declarados culpados. Semelhante a essa estória, é a situação da humanidade diante de Deus. Ao olhos de Deus, o mundo inteiro é transgressor. O mundo inteiro é culpado. O mundo inteiro merece a condenação. E a razão é simples: O mundo inteiro está debaixo do pecado.

Lição: O Mundo Inteiro Está Debaixo Do Pecado.

Texto: Romanos 3.9-20.

Paulo está encerrando sua longa introdução sobre a condenação da humanidade. Ele já mostrou que todos os gentios estão sob o domínio do pecado (Rm 1.18-32) e comprovou que todos os judeus estão, também, sob o domínio do pecado (Rm 2.1-3.8). Agora, o apóstolo dá a cartada final, ao afirma a pecaminosidade de todos, comprovada pela lei (AT), e a impossibilidade de qualquer um, seja judeu ou gentil, de ser justificado, ou melhor, absolvido, pelo cumprimento da lei.

O que estava longe da compreensão gentia e mal interpretada pelo judeu é muito bem trazida a luz por Paulo, todos são culpados diante de Deus e todos serão condenados no dia do juízo, e a razão disso, é porque o mundo inteiro está debaixo do pecado. Paulo quer mostrar que cada um deve reconhecer a sua depravação espiritual e a sua responsabilidade diante de Deus.

Nesses versículos, podemos observar três verdades sobre a pecaminosidade de toda humanidade.

Não há ninguém que tenha vantagem na salvação (9).

Para concluir o seu raciocínio sobre a pecaminosidade tanto do judeu como do gentil, Paulo, então, mais uma vez, faz a pergunta sobre a vantagem do judeu e tendo como resposta um não enfático.

A realidade é que todos estão na mesma posição.

Para Paulo, não faz diferença nenhuma a nacionalidade, a etnia, a posição social, o status, a situação financeira, a cor da pele, etc. pois todos estão na mesma condição espiritual - debaixo do pecado.

A realidade é que todos são culpados, porque estão sujeitos ao pecado.

Se tem uma coisa que identifica a todos nós é o pecado; se tem uma coisa que iguala a todos nós é a culpa; se tem um destino comum a todos nós é a condenação.

Ninguém tem vantagem ou é melhor do que outros na salvação, ao contrário, todos estão em pé de igualdade na condenação.

Não há ninguém que receba aprovação das Escrituras (10-18).

Depois de afirmar a pecaminosidade de todos (Rm 1.18-3.9), Paulo comprova isso com o AT, ficando evidente que Ele não aprova ninguém, ao contrário, condena todos. O que Paulo quer deixar claro é que o seu ensino tem o apoio do AT. Este testemunha contra judeu e gentil, mostrando a natureza depravada de toda humanidade. Assim, Paulo passa a mostrar a condição da humanidade segundo as Escrituras. Mas, antes, vejamos as passagens que Paulo cita do AT: Sl 5.9; 10.7; 14.1-3; 36.1; 53.1-3; 140.3; Pv 1.16; Is 59.7-8. Há outras passagens, que não foi incluída por Paulo, mas, que mostram muito bem a depravação da humanidade: Jó 14.4; 15.14-16; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 64.6; Jr 17.9.

A condição judicial (v. 10).

Não há nem “um” sequer que seja inocente diante de Deus, que possa ser declaro justo, que possa ser absolvido.

A condição mental (v. 11a).

Não há, em ninguém, entendimento de nada com respeito a Deus, ao contrário, Paulo diz: “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1.21-23).

A condição interna (v. 11b-12a).

Ninguém está disposto a buscar Deus, ou melhor dizendo, ninguém quer saber de Deus.

Ao invés de buscar Deus, todos se desviaram (apartar-se; evitar) de Deus. A palavra desviar aparece mais de duas vezes no NT, na exortação de Paulo para que nos afastemos daqueles que provocam divisões e escândalos (Rm 16.17) e na exortação de Pedro para que nos apartemos do mal (1Pe 3.11).

A Bíblia orienta a se desviar do pecado e do mal, mas, ao contrário disso, a humanidade se desvia da orientação divina e se agarra ao pecado e ao mal.

Com isso, todos foram inúteis.

A condição social (v. 12b).

Ninguém está agindo com bondade, ou ninguém está fazendo o que é bem, e a razão é simples, porque ninguém é bom por natureza. A bondade do homem é motivada por algum interesse. Ninguém é bom senão um, que é Deus (Mt 19.17; Mc 10.18; Lc 18.19).

A condição verbal (vv. 13-14).

Tudo aqui está ligado a fala. O que sai da boca do homem é podre e destruidor. Jesus disse: “Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15.18-19). E também disse: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34). Ver também Tg 3.6-12.

A condição maléfica (vv. 15-17).

O homem é rápido para fazer o que é mal. Por onde ele anda causa destruição e leva à miséria. Ou seja, não conheceram o caminho da paz, que é o caminho de Deus.

A condição espiritual (v. 18).

Esta é a principal condição, que levou homem a todas as outras condições. Como diz Provérbios 1.7 “O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.” E ainda: “Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR; não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão.” (Pv 1.29-30). O homem não quer saber nada de Deus, e não teme o que pode sofrer por isso.

A Bíblia não aprova ninguém, pelo contrário, ela expõe a podridão de todos mostrando que nenhum sequer é justo, bom, integro, santo, reto.

Não há ninguém que seja absolvido pela lei (19-20).

Em Ezequiel 18.4 é dito: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.” Paulo diz em Rm 6.23: “porque o salário do pecado é a morte […]”. E todos os seres humanos são pecadores. Assim pois, todos os seres humanos estão condenados pelos seus pecados. E o que Paulo apresenta aqui (vv. 19-20) é que eles não têm nenhuma chance de serem absolvidos por si mesmos. Os fatos são claros, as provas estão totalmente contra e a justiça é perfeita, nada passará aos olhos dAquele que é justo para julgar.

O judeu, mesmo com a lei, não tem saída, pois não cumpre a lei. E se o judeu que era o povo de Deus, tinha a aliança, era descendente de Abraão, era circuncidado, tinha a lei, não tinha condições de ser salvo, imagine o gentil. A questão é que ninguém, com ou sem lei, pode se auto justificar, pode fazer qualquer coisa para sua absolvição. Ou seja, ninguém pode ser absolvido da condenação eterna pelo cumprimento da lei ou de qualquer obra. A lei não pode salvar ninguém, pois ela está enfraquecida pela carne (pela natureza pecaminosa do homem) (Rm 8.3). O que ela pode fazer é abrir os olhos do homem para que enxerque o seu pecado e veja quem não teve pecado, ou seja, veja quem foi realmente perfeito, Jesus Cristo.

Todos estão debaixo da lei de Deus (v. 19).

A lei é para que todos fiquem calados diante de Deus.

Ninguém será absolvido pelo cumprimento da lei no dia do juízo, nada disso, naquele dia, todos ficarão calados diante do Justo juiz.

A lei é para que todos sejam culpados diante de Deus.

Ninguém será absolvido pelo cumprimento da lei no dia do juízo, nada disso, naquele dia, todos serão responsáveis por todos os seus atos pecaminosos diante do Justo juiz.

Ninguém escapará da condenação pelo cumprimento da lei, porque, por obras da lei, ninguém será absolvido (justificado) diante de Deus (v. 20a).

Paulo diz em Gálatas 2.16 “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei […]”, e também, em Gálatas 3.11 “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus […]”

Ninguém escapará da condenação pelo cumprimento da lei, porque, por meio da lei, vem o pleno conhecimento do pecado (v. 20b).

O propósito da lei não é a salvação, mas nos conscientizar do pecado e mostrar o Salvador (Rm 3.21).

Quem pensa que será absolvido por obras da lei, ou por qualquer outro tipo de obra, está se iludindo, “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Ver também Tito 3.4-7.

Contextualização:

Tudo isso que Paulo mostrou é a realidade do mundo. O homem não quer saber de Deus, procura seu próprio caminho, busca fazer a sua própria salvação, não pensa no outro, não tem piedade de ninguém, não tem medo do juízo vindouro, não entende as coisas espirituais, não conhece o caminho da paz, ele destrói a si mesmo. Ou seja, irmãos, a humanidade precisa ouvir o Evangelho.

Lições:

Não devemos fazer acepções de pessoas. Todos precisam de Cristo.

Precisamos mostrar para as pessoas, conforme a Bíblia, a pecaminosidade delas e a necessidade que elas têm do Salvador, Jesus Cristo.

Precisamos levar as pessoas a entender que a salvação não é por obras, mas, somente, pela fé em Jesus Cristo.

Conclusão: Vernon McGee: “Alguém, acho que foi Mel Trotter, disse: ‘Se pudéssemos nos ver como Deus nos vê, não conseguiríamos nem nos suportar!’” Tom Hale: “Aprendamos a olhar para nós mesmos como Deus nos olha. Caso contrário, seremos enganados, pensando que somos bons, quando não o somos. Uma formiga pode imaginar que é um elefante, mas continuará sendo uma formiga! O mesmo acontece com o homem; estamos sempre imaginando que somos melhores do que somos.” A realidade é uma só, não somos bons. A verdade é que ninguém tem vantagem na salvação, todos estão em igual situação; ninguém é aprovado pela lei, todos são declarados pecadores; e ninguém é absolvido por obras da lei, todos são culpados.

Encerro com as palavras de Paulo, nos versículos 21-23 do capítulo 3 de Romanos, “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,” Reconheça seus pecados, arrependa-se deles e creia em Jesus Cristo, pois só assim escapará do justo juízo de Deus.

O Mundo Inteiro É Culpado Diante De Deus.

Tradução literal: 9 Portanto, que temos nós vantagem? Certamente, não, porque acusamos de antemão tanto judeus como gentios, todos estão sob o pecado, 10 como está ecscrito: Não há nenhum justo, 11 não há o entendimento, não há a busca por Deus. 12 Todos se apartaram juntos, foram tornados inúteis, não há a realização de bondade, não há até um. 13 A garganta deles é túmulo que está sendo aberto, as línguas deles enganam, veneno de áspide está sob os lábios deles. 14 A boca desses está cheia de maldição e ressentimento, 15 os pés deles são rápidos para derramar sangue, 16 destruição e miséria estão nos seus caminhos, 17 e não conheceram o caminho da paz. 18 Não há medo de Deus diante dos seus olhos. 19 E estamos sabendo que tudo quanto a lei diz aos na lei diz, para que toda boca fique calada e todo o mundo se torne culpável a Deus, 20 porque, por obras da lei, nenhuma carne será absorvida diante dEle, porque por meio da lei vem o conhecimento do pecado.

Minha tradução interpretativa: 9 Portanto, [será] que temos nós [algum tipo de] vantagem [sobre os gentios]? Com toda certeza, não! Pois, temos demonstrado previamente a culpabilidade tanto dos judeus como dos gentios, ou seja, todos [eles] estão debaixo do pecado, 10 como está escrito: Não há nenhum justo, 11 ninguém está entendendo, ninguém está buscando a Deus. 12 Todos se desviaram e juntos (ao mesmo tempo) foram corrompidos, ninguém está fazendo bondade. 13 A garganta deles é um túmulo que está sendo aberto, as suas falas enganam, veneno de víbora está sob seus lábios. 14 A boca desses é cheia de maldição e ressentimento, 15 os seus pés são rápidos para derramar sangue, 16 destruição e miséria estão nos seus caminhos, 17 ou seja, não conheceram o caminho da paz. 18 Não há temor de Deus diante dos seus olhos. 19 E nós sabemos que tudo quanto a lei diz, diz aos que estão debaixo da lei, para que toda boca fique calada e todo o mundo se torne culpável diante de Deus, 20 porque, por obras da lei, nenhuma pessoa será absorvida (justificada) diante dEle, porque por meio da lei vem o pleno conhecimento do pecado.