SOLOS, SOBRE OS TIPOS DE CORAÇÃO.
Evangelho de Lucas • Sermon • Submitted • Presented
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· 3 viewsExplicação da parábola do semeador.
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Lucas 8.11-15
A parábola do semeador é uma parábola de aplicação universal. O ensino nela contido, estão acontecendo constantemente em toda igreja onde o evangelho é pregado. Os quatro tipos de coração descritos nesta parábola, são encontrados em todas as congregações que ouvem a Palavra de Deus.
Penso que, essas circunstâncias devem sempre nos levar a fazer a leitura dessa parábola dando a ela a devida importância. Devemos carregar um senso de responsabilidade e dizer a nós mesmos, enquanto lemos ou ouvimos a exposição do texto: “Tudo isso é sobre mim, posso ver meu coração nesta parábola”.
Qual é o ensino central desta parábola? Está parábola é uma clara e urgente advertência, é um aviso importante sobre – a maneira de ouvir a Palavra de Deus.
- R.C Ryle diz que essa parábola: “Foi proferida com o propósito de advertir os apóstolos a não esperarem demais de seus ouvintes. Tinha o objetivo de avisar todos os ministros do evangelho a não aguardarem grandes resultados de seus sermões. Também foi proferida para advertir os ouvintes a estarem sempre atentos às coisas que lhes seriam proclamadas”.[1]
Como tratamos no domingo anterior, os discípulos de Jesus, mais tarde, estão interessados no significado da parábola, e Jesus não os nega, ao contrário, mostra para eles qual é o verdadeiro significado daquilo que ele ensinou.
No versículo 9 temos a pergunta, por parte dos discípulos, e no versículo 10 o início da explicação de Jesus.
v.9 – “E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta?”
- Acredito que inicialmente eles tenham se perguntado: “Isso é sobre nós?” ou “ele está falando do nosso coração?” ou “que tipo de solo nós somos?”
– É possível, como vemos em muitas outras ocasiões, que tivesse surgido burburinhos, sejam entre eles, ou dentro deles, quanto ao que Jesus queria dizer.
- O interesse, e, talvez, preocupação dos discípulos, acredito ser salutar, nós deveríamos apresentar os mesmos interesses e preocupações sobre o que ouvimos da parte de nosso Senhor.
- Um exemplo: Há momento que você vem ao culto, e escuta um ensino, uma exposição, e aquilo no primeiro momento não soa tão compreensivo, a vontade de Deus não fica tão clara, o ensino não está tão explicito. Isso pode acontecer? Sim, claro que pode, e acontece muitas vezes!
- Como você deveria reagir quando isso ocorre? Na maior parte do tempo as pessoas ignoram o que ouviram, apontam negativamente para o ensino, reclamando de sua complexidade ou falta de clareza. Mas, o que deveriam fazer? Perguntar o que o Senhor está ensinando, o que ele quer dizer com aquilo. O que significa aquelas palavras, a que se refere o ensino, ou como ele deve ser aplicado a minha vida.
- A ideia do sapateiro e Lutero, que ao final de um culto, ele intrigado com o que havia ouvido, sem medo, e não querendo voltar para a sua casa com dúvida, vai ao reformado e pergunta “como aquele ensino se aplicaria na sua vida, se ele não passava de um sapateiro?”
- A dúvida não pode existir no coração daqueles que amam a Deus, seja quanto ao que fazer ou entender como e quando devemos fazer. Precisamos, neste caso perguntar ao Senhor o que ele está falando comigo? Quando o ouço falar, então, entendendo sua vontade, perguntar: “o que devemos fazer a respeito disso?”
- Os discípulos estão interessados em saber o significado da parábola e o próprio Jesus está interessado em revelar para eles o que significa. Sim, o ensino é para ser compreendido pelos filhos, Cristo não trata conosco nos fazendo surpresa ou ocultando o ensino por meio de mistérios.
v.10 – “Respondeu-lhes Jesus: A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam.”
- O interesse do Salvador é que seus discípulos compreendam claramente o significado da salvação. Portanto, como ele mesmo diz: “a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus”.
- O que é o “mistério”? De forma simples, o mistério é aquilo que está oculto, fechado, escondido. Dentro da perspectiva cristã, o “mistério” é aquilo que só pode ser conhecido por meio da relevação divina.
- O Messias, por exemplo é um mistério! As expectativas sobre a vinda do Messias eram imensas, o povo Hebreu aguardava ansiosamente a vinda do “Cristo”. Ainda hoje, há expectativas entre os judeus do aparecimento do Messias.
- O mistério do reino de Deus revelado é Jesus, o filho de Deus encarnado, que conforme a Escritura diz: “loucura para os que estão sendo destruídos, porém para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus”.
- O interesse de Deus foi revelar sua vontade aos seus, é isso o que Jesus está dizendo neste versículo, contudo a outros, muitos outros, a parábolas permaneceram enigmáticas “para que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam”.
- Portanto, ter hoje a compreensão de compreender a vontade Deus, ouvir seus ensinos e vê-los sendo aplicados a nossa própria vida. Torná-los realidade na vida de nossos filhos, vivenciá-los em ambientes externos, como trabalho, escola, faculdade ou nas relações cotidianas, é um privilégio da Graça de Deus.
- A parábola do Semeador, perceba você mesmo, revela por que Jesus não se impressionava com as grandes multidões que lhe cercava. A verdade, é que a maioria daquelas pessoas, não se arrependeriam, o coração delas não era bom, e isso está ilustrado na descrição dos solos.
v.11 – “Este é o sentido da parábola: a semente é a palavra de Deus.”
- Jesus não dá uma resposta complexa ou mais específica aos discípulos, ele é direto na explicação da parábola, a centralidade é a mensagem, ou neste caso, a Semente.
- Um aspecto interessante desta parábola, é que a semente e o semeador são os mesmos.
Acredito que neste momento cabe uma observação sobre o que veremos nestes próximos versículos:
- “Considere que está parábola foi contada a uma imensa multidão, que veio dos lugares mais diversos com o desejo de aprender.
- Por meio dessa história, Cristo declarou a essas pessoas que não basta simplesmente ouvir a Palavra e que nem todos que a ouvem são edificados, a não ser que produzam seus frutos.
- Essa comparação é muito adequada e conveniente, pois nascemos de novo pelo ensinamento do Evangelho, que é a semente que jamais se corrompe. Assim como a semente é frutífera por natureza, o Evangelho também é.
- Se não frutificar quem o ouve, não podemos afirmar que seja estéril, não é culpa da semente, pois ele sempre tem o poder de dar frutos, mas não necessariamente o faz na prática. Onde falta a terra, a semente não produz frutos por si só.
- Portanto, Cristo se declarou um fazendeiro que saiu para lançar sua semente, mas sugeriu que muitos de seus ouvintes são como o solo improdutivo ou estéril ou talvez como o chão cheio de espinhos e arbustos, em que o trabalho e a semente são desperdiçados. (…)
- Neste caso, devemos ter em mente que se essas pessoas, que vieram de tão longe como se estivessem famintas para ouvir Cristo, forem comparadas às terras estéreis e infrutíferas, não é surpreendente que o Evangelho não produza frutos em muitos desses indivíduos hoje em dia, já que alguns são preguiçosos, outros, lentos, outros, negligentes e outros são como os ociosos que mal podem ser arrastados para ouvirem a Palavra de Deus.[2]
Figuras do texto:
- A semente é o Evangelho;
- O Semeador é Cristo;
- O solo é o coração dos homens.
v.12 – “A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos.”
- Conforme a parábola, a semente neste terreno é pisada pelos homens, e não brota, antes é levada pelas aves do céu.
- O que isso nos ensina?
- O solo por onde muitas pessoas passa, tende a se tornar duro. Já viu aqueles caminhos no meio do mato, onde aparentemente alguém o desenhou, na verdade, ele é esculpido e socado pelos pés que por ele passam.
- Mas, o que isso nos ensina?
- Aqueles que abrem o coração para todo tipo de pessoa e influência estão em perigo de desenvolver um coração insensível. Um coração por onde muitos “pés” pisa.
- Ou seja, onde as influências pisoteiam e não aram o coração, tende a se tornar infrutífero para a Palavra.
- Concorda que há pessoas que chegam na nossa vida e aram o nosso coração? Que o tratam, que nos ajudam a amar, a perdoar, a sermos mansos, generosos, humildes, a ouvirmos Deus e obedecê-lo.
- Mas, há pessoas que olham para a má terra do nosso coração e dizem: Não é fértil, nunca será! Eles não aram, ao contrário, pisoteiam de coisas ruins.
- Não perdoe, não ame, seja você mesmo, cuide de si, não olhe para os outros, não seja generoso, retenha tudo para você, afinal um dia pode faltar, a humildade é fraqueza e ouvir a Deus é religiosidade.
- É exatamente neste tipo de coração, duro e insensível, que a semente é roubada pelo diabo, para que você não creia e seja salvo!
- Um coração duro, que virou caminho, passagem de muitos “homens”, torna-se insensível para a verdade, em muitos casos já não há esperança de que ele mude, afinal, ele parece ser mais útil como caminho do que como uma grande e frutífera plantação.
- Que tipo de coração é o seu?
- Será que você tem permitido que seu coração seja pisoteado? O que pode pisotear o seu coração e torna-lo caminho, ao invés de boa terra.
- Pessoas, falso ensino, más amizades, relacionamentos não santificados, a tecnologia que você tem acesso. As possibilidades são inúmeras, o que quero dizer é que: existe um imensidão de coisas que podem se tornar pés pesados, a tornarem a terra do seu coração caminho, ao invés de lugar fértil.
- Em 2Co. 4.1-4 Paulo diz: “ Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; 2 pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, 4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”[3]
v.13 – “A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, creem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam”.
- Este é o solo rochoso. Nele a semente cresce, mas, por falta de umidade, seca.
- Eu acredito que podemos aprender, ao menos, três lições deste versículo:
1. Um coração superficial tem uma resposta imediata, mas irrefletida, à palavra de Deus.
2. Um coração superficial não tem profundidade nem perseverança
3. Um coração superficial não avalia os custos do discipulado
- (1)Um coração superficial tem uma resposta imediata, mas irrefletida, à palavra de Deus. Tanto Marcos como Mateus usam, por duas vezes, a palavra “logo” com o sentido de “imediatamente”. Essas pessoas agem “no calor do momento”.
- Elas imediatamente aceitam a Palavra, e o fazem até mesmo com alegria. Então, imediatamente se escandalizam. Sua decisão é baseada na emoção, e não na reflexão.
- São os ouvintes emotivos, entusiastas “fogos de palha”; sentem alegria, mas esta é passageira.
- Eu penso neste tipo de terreno como aquelas pessoas que começam e nunca terminam. No primeiro momento estão entusiasmadas para fazer, para receber, se envolver. Contudo, rapidamente esfriará, tudo aquilo foi uma reação irrefletida e impensada, baseada no calor do momento.
- Nós cristão reformados não somos contra as emoções, ao contrário, reconhecemos que a emoção é um elemento importantíssimo na vida cristã, mas só ela não basta. Ela precisa proceder de um profundo entendimento da verdade e de uma sólida experiência cristã.
- Um coração superficial não tem profundidade nem perseverança. Esse ouvinte não tem raiz em si mesmo.
- Sua fé é temporária. Na verdade, sua resposta ao evangelho foi apenas externa. Não houve novo nascimento nem transformação de vida. Houve adesão, mas não conversão; entusiasmo, mas não convicção.
Esse ouvinte parece estar em vantagem em relação às demais pessoas. Sua resposta é imediata, e seu crescimento inicial é algo espantoso. Mas ele não tem profundidade, nem umidade, nem resistência ao calor do sol. A vida que o sol traz gera nele morte.
Esse ouvinte construiu sua vida cristã numa base falsa. Ele não construiu sua fé em Cristo, mas nas vantagens imediatas que lhe foram oferecidas. Não havia umidade, raiz ou suporte para crescimento e frutificação.
Observação: Hoje vemos muitas pessoas pregando saúde, prosperidade e sucesso. As pessoas abraçam imediatamente esse evangelho do lucro, das vantagens imediatas, mas elas não perseverarão, porque não têm raiz, não têm umidade, não suportam o sol, não permanecerão na congregação dos justos. Elas se escandalizarão e se desviarão. Muitas das pessoas que gritaram Hosanas quando Jesus entrou em Jerusalém gritaram crucifica-o na mesma semana. O apóstolo João diz que esses que se desviam não são dos nossos (1Jo 2.19); os salvos, porém, perseverarão (Jo 10.27,28).
- (2) Um coração superficial não avalia os custos do discipulado. Esse ouvinte abraça não o evangelho, mas outro evangelho, o evangelho da conveniência. Ele crê não em Cristo, mas num outro Cristo. Quando, porém, chegam as lutas e as provas, ele se desvia escandalizado porque não havia calculado o custo de seguir a Cristo.
Esses ouvintes se desviaram porque não entenderam que o verdadeiro discipulado implica autonegação, sacrifício, serviço e sofrimento. Eles ignoraram o fato de que o caminho da cruz é o que nos leva para “casa”.
Esse ouvinte tem prazer em ouvir sermões nos quais a verdade é exposta. Ele fala com alegria e entusiasmo acerca da doçura do evangelho e da felicidade de ouvi-lo.
- Ele pode chorar em resposta ao apelo da pregação e falar com intensidade acerca de seus sentimentos. Mas infelizmente não há estabilidade em sua religião. Não há uma obra real do Espírito Santo em seu coração. Seu amor por Deus é como a névoa que cedo passa (Os 6.4). Na verdade, esse ouvinte ainda está totalmente enganado. Não há real obra de conversão. Mesmo com todos seus sentimentos, alegrias, esperanças e desejos, ele está realmente no caminho da destruição.
v.14 – “A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer.”
- Um coração ocupado é sufocado pelos deleites da vida
- Marcos diz que a semente caiu entre os espinhos (Mc 4.7), e Lucas diz que os espinhos cresceram com a semente (8.7). Esses espinhos representam ervas daninhas espinhosas.
- Em primeiro lugar, podemos entender que este é um terreno não tratado, onde não houve preocupação para que ele estivesse limpo e pronto para receber o Evangelho. Os espinhos já estavam lá quando a semente caiu na terra.
- Este é um coração sufocados pelos cuidados do mundo, há mundanismo estabelecido nele, neste tipo de terreno a semente não germina.
- Essa semente, neste caso, está disputando espaço com outras plantas. Ela não recebeu primazia; ao contrário, os espinhos concorreram com ela e a sufocaram (8.7,14).
- Do ponto de vista de Lucas isso é bem interessante. Queremos que o Evangelho frutifique em nossas vidas, não queremos?
- Queremos a presença de Cristo, queremos dele suas misericórdias e amor. Claro que queremos!
- Contudo, se pudermos queremos permitir que coexista com Cristo, nossos prazeres, desejos e vontades.
- Nós abandonamos o pecado, na maior parte do tempo, não é porque queremos, mas porque ele não pode coexistir com as bênçãos de Deus.
- Ou seja, se fosse possível viver com Deus e manter nossa vida de pecado, é possível que ainda estivéssemos como os que não tem Jesus estão. A Fé exige de nós um completo abandono do Pecado, o Espírito que em nós passa a habitar nos constrange com o seu amor a abandonarmos os antigos amores.
- Os espinhos cresceram, mas a Palavra foi sufocada. Esse coração é um campo de batalha disputado. O espírito do mundo o inunda como uma enxurrada e sufoca a semente da Palavra.
- Há uma multiplicidade de interesses à tomar o lugar de Deus. Essa é a típica pessoa que não tem tempo para Deus.
- Há outras coisas mais urgentes que fascinam sua alma. Esse ouvinte não tem uma ordem de prioridade correta, pois são muitas as coisas que tratam de tirar Cristo do lugar principal.
Um coração ocupado é sufocado pela concorrência dos cuidados do mundo (8.14). Esse ouvinte chegou a ouvir a Palavra, mas os cuidados do mundo prevaleceram. O mundo falou mais alto que o evangelho.
- As glórias do mundo tornaram-se mais fascinantes que as promessas da graça. A concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida tomaram o lugar de Deus na vida desse ouvinte. Ele pode ser chamado de um crente mundano. Ele quer servir a dois senhores. Ele quer agradar a Deus e ser amigo do mundo. Ele quer atravessar o oceano da vida com um pé na canoa do mundo e outro dentro da igreja.
Um coração ocupado é sufocado pela concorrência da fascinação da riqueza (8.14). Esse ouvinte dá mais valor à terra que ao céu, mais importância aos bens materiais do que à graça de Deus. O dinheiro é o seu deus. A fascinação da riqueza fala mais alto que a voz de Deus. O esforço para conseguir uma posição social, por meio de posses e segurança material traz ansiedade tal que sufoca as aspirações por Deus.
Um coração ocupado não produz frutos maduros (8.14). Nesse coração, a semente nasce, mas não encontra espaço para crescer. Ela chega até a crescer, mas não produz frutos que chegam à maturidade. Esse coração assemelha-se à igreja de Sardes. Tem nome de que vive, mas está morto!
v.15 – “A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança”.
- Um coração frutífero ouve e retém a Palavra
- Esta é a semente que caiu na boa terra e produziu a cento por um. Retrata aquele que, de bom e reto coração, retém a palavra e frutifica com perseverança. Há dois fatos importantes que destacamos a seguir.
- Um coração frutífero ouve e retém a Palavra (8.15). Lucas diz que essas pessoas ouvem com bom e reto coração e retêm a Palavra. Elas não apenas ouvem, mas ouvem com o coração aberto, disposto, com o firme propósito de obedecer. Colocam em prática a mensagem e por isso frutificam. Não diz que acolhem com alegria, mas acolhem e frutificam.
Essa parábola nos ensina a fazer três coisas: ouvir, receber e praticar. Nesses dias tão agitados, poucos são os que param a fim de ouvir a Palavra. Mais escasso são aqueles que meditam no que ouvem. Só os que ouvem e meditam podem colocar em prática a Palavra e dar frutos.
Essas pessoas são aquelas que verdadeiramente se arrependem do pecado, depositam sua confiança em Cristo, nascem de novo e vivem em santificação e honra. Elas aborrecem e renunciam o pecado. Amam a Cristo e servem-no com fidelidade.
Warren Wiersbe diz que cada um dos três corações infrutíferos é influenciado por um diferente inimigo: no coração endurecido, Satanás mesmo rouba a semente; no coração superficial, os enganos da carne através do falso sentimento religioso impedem a semente de crescer; no coração ocupado, as coisas do mundo impedem a semente de frutificar. Esses são os três grandes inimigos do cristão: o diabo, a carne e o mundo (Ef 2.1–3).
Um coração frutífero produz fruto com perseverança (8.15). O que distingue esse campo dos demais é que nele a semente não apenas nasce e cresce, mas o fruto vinga e cresce. Lucas diz que ele frutifica com perseverança. Jesus está descrevendo aqui o verdadeiro crente, porque fruto, ou seja, uma vida transformada, é a evidência da salvação (2Co 5.17; Gl 5.19–23). A marca do verdadeiro crente é que ele produz fruto. A árvore é conhecida pelo seu fruto. Uma árvore boa produz fruto bom. Estar sem fruto é estar no caminho que leva ao inferno.
A marca dessa pessoa não é apenas fruto por algum tempo, mas perseverança na frutificação. Há uma constância na sua vida cristã. Ela não se desvia por causa das perseguições do mundo nem fica fascinada pelos prazeres do mundo e deleites da vida. Sua riqueza está no céu, e não na terra; seu prazer está em Deus, e não nos deleites da vida.
Conclusão
Que tipo de coração é seu?
- Cristo te chama a reconhecer a sua palavra e a se voltar plenamente a ela.
SDG.
[1] J. C. Ryle, Meditações no Evangelho de Lucas, ed. Tiago J. Santos Filho, 2aEdição. (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2018), 179.
[2] Beth Kreitzer, Lucas, trans. Paulo José Benício, 1a edição., Comentário Bíblico da Reforma (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017), 208.
[3] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), 2Co 4.1–4.