Jesus, Oração e Jejum

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1 - O Deus que te vê em secreto

Evangelho de Mateus (10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18)
Também a oração deve estar na esfera secreta. Entre os judeus era usual que se realizasse publicamente a oração, assim como a beneficência. Como os horários de oração estavam determinados para de manhã, ao meio-dia e à noite, muitas vezes se via uma pessoa parada na rua orando.
Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Jesus repele o caráter público da oração. Ele afirma no v. 6: Quando orares, entra no teu quarto, teu tameion, e, fechada a porta, orarás a teu pai que está em secreto (crypta).

O que é um tameion?

O tameion (= câmara) é o quarto dos suprimentos, é o recinto escondido, secreto, a peça mais íntima da casa, porque os suprimentos precisam estar seguros de ladrões e animais selvagens

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

A pequena câmara de oração, da qual Jesus fala, também pode estar localizada no meio da alvoroço do mundo e no meio das pessoas.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

É também excelente a maneira como a palavra do quartinho indica a posição de Deus diante de uma oração em segredo. Deus a recompensará, diz o texto bíblico. No grego o verbo “recompensar” significa “devolver o que se recebeu”, “saldar uma dívida”. Portanto, Deus considera a oração como nosso presente a ele, o qual ele nos devolve, como dívida que ele tem conosco e que ele salda a nós à maneira divina.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Com “tagarelar” ou orar de modo “irrefletido” ou “irreverente”, Jesus também se refere à idéia de que, com as muitas palavras, Deus seria constrangido a ceder aos desejos dos que oravam. A oração abundante em palavras seria, de certo modo, o método mágico para merecer o céu. É uma idéia pagã, diz o Senhor.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

O Senhor condena plena e cabalmente a oração vazia, irrefletida, verborrágica, supersticiosa. Por outro lado, não pensa de modo algum em interditar uma oração longa, fervorosa e confiante, a luta de oração que, em certas circunstâncias, pode durar até uma noite toda (cf. a oração de Jacó até o nascer do sol).

O apóstolo Paulo diz: “Orai cem cessar”

2 - Orar é relacionar-se com o Pai

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

No AT Deus é chamado de Pai somente 11 vezes, no NT 155 vezes!

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

No AT Deus era o Pai do povo! Israel era seu filho! Jesus vê Deus como Pai do indivíduo. Pela oração, cada um está pessoalmente em contato com Deus, o Pai. Isso é algo grandioso e completamente novo.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

As primeiras três petições do Pai Nosso tratam daquilo que Deus quer. Todas as intenções pessoais dos discípulos são inicialmente deixadas de lado. Não se fala da vontade deles nem da bem-aventurança deles, mas da vontade de Deus unicamente!

Evangelho de Mateus (10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18)
Através do termo “nosso”, “nosso Pai”, dilata-se a visão para além do silencioso quartinho de oração do próprio coração, em direção à comunidade de Cristo, que se estende por todo o globo terrestre. Com ela fica banido o perigo de qualquer egoísmo piedoso.
Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Pai, santifica teu nome, i. é, faz valer o teu nome entre nós e também em mim, completamente, diariamente, a cada hora.

Pai, traz até nós o teu reinado, i. é, ajuda-me para que governes entre nós e também em mim continuamente como rei e Senhor!

Pai, faz acontecer a tua vontade, do mesmo modo como no céu também na terra, i. é, a vontade do Pai precisa acontecer no meu cotidiano incessantemente, não a minha própria vontade. “Não como eu quero, mas como tu queres”, essa é a petição diária do filho ao Pai celeste.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Colocados à frente os interesses de Deus, seguem-se agora as questões dos próprios discípulos, que se referem à preservação de sua vida na terra!

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Ainda mais: A singela palavra “pão” previne de todo luxo, toda ânsia de consumo, e exorta para a simplicidade e o controle dos desejos

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

O texto original está a na voz perfeita: temos perdoado. Quem ainda não perdoou ao outro, não pode proferir o Pai Nosso.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

A 6ª prece: Não nos deixes cair em tentação tem em mente todos os sofrimentos e tentações, que para o cristão se resumem na constatação sempre de novo verdadeira de que “o desejo da carne é contra o Espírito

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

A 7ª petição: Livra-nos do mal significa: “Salva-nos para que nós e o mal fiquemos longe um do outro”. O mal é um poder atrás do qual está o maligno, Satanás. Por isso, estar e permanecer separado dele é algo que se torna viável cada dia somente pela mão salvadora e protetora de Deus. “Pai, segura-nos firmes na tua mão”.

3 - O jejum
Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

No tempo de Jesus os judeus observavam dois dias de jejum para todo o povo: o dia da expiação (Lv 16) e o 9º dia do mês abib. Esse último era promovido como recordação das duas destruições do templo

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Mais severo era o jejum no dia da expiação: “Quem, no dia da expiação, comer a quantia de uma tâmara, ou beber tanto quanto cabe no seu gole, esse é culpado”. Nesse dia sequer era permitido lavar-se. Também se devia deixar de ungir o corpo. Pelo contrário, as pessoas se aspergiam com cinzas, andavam descalças e adotavam uma expressão facial triste.

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Alguns devotos espontaneamente se encarregavam de outros jejuns particulares. Esse jejum espontâneo era tido em altíssima consideração. Acreditava-se que, com o jejum se conquistaria, junto de Deus um mérito especial

Evangelho de Mateus 10. A tríade harmoniosa da nova vida, 6:1–18

Muitas vezes essa atividade do jejum era feita para chamar a atenção, para concentrar sobre si os olhares das pessoas. Jesus afirma: Um jejum desses é hipocrisia, e por isso condenável!

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