DO SINAI AO CALVÁRIO

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DO SINAI AO CALVÁRIO
Pr. Alejandro Bullón
INTRODUÇÃO
O texto para a mensagem de hoje está no livro de HEBREUS, CAPÍTULO 12:18-24 VAMOS LER.
O texto que acabo de ler fala do monte Sinai e do monte Sião. Ele menciona Jerusalém, onde está localizado o monte do Calvário, lugar onde Jesus morreu. O autor da epístola aos Hebreus diz que nós não chegamos ao monte Sinai, mas a Jesus, o Mediador da nova aliança.
Quero falar desses dois montes: o Sinai e o Calvário. Eles, aparentemente, são dois montes contraditórios. No Sinai, Deus mata; no Calvário, Deus morre na pessoa de Seu Filho. No Sinai, Deus grita; no Calvário, Deus suplica. No Sinai, Deus ameaça; no Calvário, Deus espera.
Conheço muitas pessoas que vivem aflitas por algumas coisas que não compreendem na Palavra de Deus.
Certa ocasião, um universitário ateu, me mostrou as aparentes incoerências que achou na Bíblia: um Deus cruel no Velho Testamento e outro Deus bondoso no Novo Testamento. Então me perguntou: "Como você pode acreditar num Deus tão incoerente"?
Aquele rapaz tinha sérios conflitos para entender a Bíblia, mas tenho impressão de que muitos dos chamados cristãos também têm sérios questionamentos quando leem a Bíblia.
Há muitos cristãos que não gostam do Velho Testamento, e não o leem porque está cheio de relatos sangrentos. Sabem que é parte da Palavra de Deus, mas não se deleitam em lê-lo. Existem outros que vão mais além: anulam o Velho Testamento. Aceitam esses livros como históricos, mas acham que não tem nada a ver com as verdades espirituais.
Para eles, o cristianismo está resumido no Novo Testamento. Se isso fosse verdade, o jovem ateu teria razão. Deus seria incoerente.
O Deus do Velho Testamento, porém, não é diferente, é o mesmo do Novo Testamento. Ele não é mau e radical no Velho, e bom, amoroso, misericordioso no Novo, não!
A Bíblia diz que Deus É eterno, Nele não existe mudança nem sombra de variação. Deus não é homem para mudar. Ele sempre foi amor; Ele não foi intolerante e agora é amor. Ele sempre foi amor e sempre foi justiça.
Por que, então, dois montes? Por que no Sinai Deus grita, fala em meio do fogo, do trovão, da fumaça? Se até um animal se aproximasse do monte, seria apedrejado.
E por que no Calvário Jesus suplica, chora, morre? Esbofetearam Seu rosto e Ele não disse nada, apenas clamou: "...Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem..." (Lucas 23:34)
Pergunto, O que aconteceu a Deus? Aonde foi o Deus do Sinai? É outro Deus o do Calvário? Precisamos entender isto porque por trás desta aparente incoerência, existe uma das mensagens mais lindas que podemos conhecer.
I – LINGUAGEM DO CHICOTE
Em primeiro lugar, precisamos saber para quem Deus falou no Sinai. Aquele povo do Sinai era um povo que vinha de quatro séculos de escravidão.
Durante quatro gerações esse povo só tinha entendido a linguagem do chicote, do grito e da ameaça. Nunca ninguém falou com amor àquele povo. Os patrões egípcios gritavam, xingavam, castigavam e surravam. Eles tinham aprendido a entender a única linguagem que lhes falavam: o grito, a ameaça, o medo, o pânico, o castigo.
Quando Deus tirou aquele povo da escravidão e quis levá-lo à terra da liberdade, viu com tristeza que durante os anos de escravidão no Egito, aquele povo havia se esquecido dos princípios que preservam a vida.
Meu amigo, as leis não foram estabelecidas para atormentar ninguém. Elas foram estabelecidas para preservar a vida.
(Em 2014 um garoto de 11 anos teve o braço dilacerado por um tigre na cidade de Cascavel, no Paraná. Ele ultrapassou a grade de proteção que o mantinha em segurança e seu pai foi omisso ao permitir que seu filho brincasse em um local onde havia várias sinalizações de PERIGO! Não ultrapasse).
Quando você vai ao zoológico e passa perto da jaula dos leões, encontra uma placa que diz: "Não se aproxime." Essa lei não é para perturbar ninguém.
As leis têm como propósito preservar a vida. Se você quiser, pode fingir que não viu a placa. Mas quando o leão devorar a sua mão, não jogue a culpa no administrador do zoológico.
Deus estabeleceu leis neste mundo para preservar a vida.
Durante os anos de escravidão no Egito, o povo de Israel se esqueceu completamente dessas leis. Os israelitas se afundando, se arruinando, estavam caminhando rumo à morte e à autodestruição. Mas agora, livres, Deus tinha o trabalho de reeducar esse povo.
Mas pergunto, como ensinar princípios de vida a um povo que tinha aprendido a entender somente a linguagem do grito, do castigo, da ameaça e do medo? Como falar com amor a um povo que não entendia a linguagem do amor? Como apelar com misericórdia a um povo que durante quatro séculos só tinha entendido a linguagem da ameaça?
Num momento da história, como medida de emergência, Deus teve que falar na única linguagem que aquele povo entendia: a linguagem do grito, do fogo e da fumaça. Era a única maneira de comunicar-se com eles.
Deus tinha a delicada responsabilidade de reensinar aquele povo os princípios preservadores da vida e em Seu infinito amor, teve que deixar de lado Sua linguagem de amor e usar a única linguagem que eles entendiam.
Mas por trás desse grito, desse chicote, dessa ameaça, estava o maravilhoso amor de Deus tentando reeducar um povo escravo.
Acontece que o plano de Deus não era falar para sempre por meio dos gritos, do chicote, do medo, não! Essa era uma linguagem de emergência.
Deus queria arrancar o povo da experiência traumática do Sinai e levá-lo lentamente à experiência do Calvário, onde o povo não tivesse que obedecer por dever, mas por amor; onde o povo não tivesse que obedecer por medo, mas por convicção interior; onde as leis não precisassem ser escritas em tábuas de pedra em meio ao fogo, mas no coração.
II – OS LEGALISTAS
Agora veja, diante dos princípios preservadores da vida que estão sintetizados nos dez mandamentos de Êxodo 20, o mundo cristão se divide em três grandes grupos.
O primeiro é formado por aqueles que se agarram com unhas e dentes ao Sinai, a Lei. Para eles, vida cristã é norma, lei, ponto, vírgula.
Para eles, a experiência cristã se resume em andar sempre rastejando diante de Deus. Eles são indignos de olhar para Deus. Para eles, Deus não é um Pai, é um destruidor vingativo. Deus não lhes inspira amor. Eles sentem que seu dever é amá-Lo, mas o que domina sua experiência é o temor e o medo. Vivem apavorados, só pensando em lei, mandamentos e normas. Não têm outra coisa diante dos olhos.
A vida cristã destas pessoas é como a experiência de um homem que tem que caminhar 100 metros pisando em ovos com a responsabilidade de não quebrar nenhum deles.
Ah, querido! Como andar pisando em ovos sem quebrá-los? Muitos cristãos vivem seu cristianismo assim. Tudo o que eles pensam é lei e pecado: Posso fazer? Não posso fazer? É lícito? Não é lícito?
A vida deles é uma coleção de proibições, de normas, de regulamentes. Vivem a experiência traumática do Sinai.
III – OBRAS DA SALVAÇÃO
O outro grupo de cristãos é formado por aqueles que, com a graça de Deus, saem da experiência do Sinai e chegam ao Calvário, onde se apaixonam por Jesus e dizem:
"Senhor Jesus, eu Te amo com todo o meu ser, eu quero viver para Ti. Tu morreste na cruz por mim. Andarei em Teus caminhos não porque tenha medo da morte, mas porque quero ver-Te feliz. Guardarei Teus princípios, não porque tenho medo de me queimar no inferno, mas porque Tu és a coisa mais linda na minha vida e eu sei que Tu estabelecestes esses princípios para preserva-me".
Esse grupo de cristãos finalmente chegou ao Calvário. O centro da experiência deles não é a lei; é Cristo. O Calvário não acaba com a responsabilidade que eles têm diante da lei de Deus, não. Pelo contrário, aumenta a sua responsabilidade diante dos princípios preservadores da vida.
A única diferença é que no Sinai se obedece por medo e no Calvário se obedece por amor. Mas o Calvário não libera ninguém da obediência.
Muito cuidado com isso. A diferença é que no Sinai só se está preocupado com tábuas de pedra escritas, mas no Calvário os princípios preservadores da vida já não estão apenas escritos em tábuas de pedra, estão escritos no coração.
É a essa experiência que Deus quer levar você: a obediência por amor. Se você meditar um pouco, chegará à conclusão que no Calvário a sua responsabilidade aumenta. Quer entender melhor este assunto?
No Sinai Deus dizia: "Não adulterarás". (Êxodo 20:14) No Calvário Deus diz: "Ouviste o que foi dito: não adulterarás. Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela". (Mateus 5:27 e 28)
Você vê? A lei do Calvário é maior que a do Sinai. No Sinai Deus diz: "Não matarás". (Êxodo 20:13) E no Calvário Deus diz: "Ouviste o que foi dito aos antigos: Não matarás... Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento..." (Mateus 5:21 e 22)
Há muita gente sincera, que ama a Jesus com todo o seu coração e pensa que a Lei de Deus não tem mais valor hoje. Muito cuidado.
O Calvário não o liberta da lei, liberta-o do pecado. Por que haveria de libertá-lo da Lei se ela protege a sua vida? O Calvário aumenta minha responsabilidade diante da Lei, só que já não há a experiência traumática do medo, do chicote e do grito; é a experiência do amor.
No Sinai, as pessoas querem obedecer para salvar-se. Mas no Calvário as pessoas salvam-se em Cristo, e obedecem porque estão salvos.
IV – LIBERAIS
O terceiro grupo de cristãos é formado por gente sincera que, querendo sair do Sinai e chegar ao Calvário, se perde no caminho, se perde no deserto.
Eles pensam mais ou menos assim: Jesus me perdoa, me aceita e não preciso mais da Lei.
Querido, a Lei de Deus é Seu caráter. E Seu caráter é tão eterno quanto Ele.
Ele não estabeleceu leis para atormentar ninguém. Mas também não estabeleceu Sua Lei para que alguém pense que pode se salvar por cumpri-la.
Se você acredita que pode se salvar guardando mandamentos, está completamente enganado. Esta é uma das maiores heresias bíblicas.
Ninguém pode salvar-se guardando mandamentos. A Bíblia nunca ensinou isso. Mas se você pensa que quem é salvo em Cristo pode deixar de lado os mandamentos de Deus dado no Sinai, precisa também revisar à sua maneira de pensar.
O problema não está com a Lei, está com a experiência do ser humano.
Deixe a Lei onde sempre esteve. Ela contém os princípios preservadores da vida. Não há nada de errado nos Dez Mandamentos de Deus. O erro está com a nossa experiência. Uns os guardam querendo salvar-se; isso está errado, outros, querendo salvar-se em Cristo, tomam os Mandamentos e os jogam fora. Pergunto: - “Como Jogar foram algo que é Santo, justo e bom? Rm 7:12. É um imenso erro querer jogar a Lei fora. O erro está com os seres humanos. Por favor, deixe a Lei de Deus em seu lugar.
CONCLUSÃO
Um dia, todos teremos que tomar a grande decisão:
Viveremos a experiência traumática do Sinai, ou nos apaixonaremos por Cristo e aprenderemos a viver os princípios de vida por amor a Ele. Aí, obedecer não será uma obrigação porque você O ama. A vida cristã não é mais uma obrigação e você se deleitará em fazer a vontade de seu Pai.
Ao longo de minha vida tenho encontrado pessoas sinceras, que pensam que guardando os mandamentos podem salvar-se. Outras, também sinceras, pensando que, se foram salvas em Cristo, não precisam mais guardar mandamentos.
Ah, meu amigo, como gostaria que neste momento que Deus entrasse em seu coração, que abrisse seus olhos, que lhe mostrasse que não é guardando os mandamentos que vai se salvar, mas que também lhe mostrasse que, se você foi salvo em Cristo, não pode deixar de lado os mandamentos de Deus.
Você não guarda mandamentos para salvar-se, é Cristo que o salva. Mas se você foi salvo, se deleitará em fazer a vontade de Deus.
APELO
Você sente um vazio estranho no coração? Há noites em que você se deita e tem a sensação de que tudo na sua vida está errado? Você precisa descobrir a Jesus como seu grande Salvador e Amigo. Aceite-O agora. Ele te diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” Mt 11:28, Venha e Ele o receberá. Jesus continua apelando a você; “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos” Pv 23:26, Ele está com os braços abertos, lhe esperando. Ele curará suas feridas e tirará seus temores. Ao lado de Jesus, você nunca estará só.
Ore comigo. Pai querido, ajuda-nos a entender a Tua lei, pois ela foi feita com tanto amor para facilitar a nossa vida nesta Terra. Ajuda-nos a entender que o Teu sangue foi derramado no Calvário para nos salvar e que só esse sangue pode nos libertar do pecado e nos dar a vida eterna. Em nome de Jesus, amém.
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