Mt 26.69-27.10 Arrependimento e remorso
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IGREJA PRESBITERIANA DE APIAÍ
PLANEJAMENTO PASTORAL – SERMÕES EXPOSITIVOS
SETEMBRO/2024
Rev. Mateus Lages
Tema: Como Deus se tornou Rei!
Dia 22/09: Mt 26.69-27.10 Arrependimento e remorso
Deus fala: Saudação - João 3.16-17
Nós falamos: Oração inicial
Nós cantamos: Hino 47 - Louvor e glória
INTERCESSÃO POR MISSIONÁRIOS E SEUS CAMPOS, IGREJA, OFICIAIS, MEMBRESIA E CONGREGAÇÕES
Deus fala: Jó 42.1-6
Nós falamos: Oração de confissão
Nós cantamos: Hino 116 - União com Deus
LOUVOR
Estrela da manhã
Quem sou eu?
Olhos fixos
Tema: Como Deus se tornou Rei
Mt 26.69-27.10 Arrependimento e remorso
INTRODUÇÃO/CONTEXTO
Chegamos ao fim do capítulo 26 e início do 27. 26 teve como tema principal a paixão de Cristo, pelo fato de, desde o princípio, o evangelista Mateus ter registrado cenas das últimas horas da quinta-feira da última semana ante do sacrifício de Jesus. Já o 27 revelará detalhes do profundo sofrimento sacrificial.
Para hoje, depois de tudo o que vimos até aqui, recordamos como Jesus havia previnido que Pedro o negaria 3 vezes. Porém, precisamos perceber o contraste literário feito aqui neste texto, irmãos, pois é necessário contrastar mos o arrependimento de Pedro ao remorso de Judas. Por isso, veremos tanto a negação de Pedro quanto o suicídio de Judas, porém, o ponto principal da primeira parte é o arrependimento de Pedro e o ponto principal da segunda parte o remorso de Judas.
Vamos ao texto: Mt 26.69-27.10 Arrependimento e remorso
1) Arrependimento (69-75)
Percebamos como o evangelista Mateus propositalmente descreve Pedro lentamente como um homem de altos e baixos.
A) o fugitivo (26.56). Enquanto prometeu fidelidade em 26.33, agora abandona Jesus e foge pela noite enquanto prendem Jesus.
B) o que segue de longe (26.58a). Percebamos que o evangelista descreve como a queda de Pedro foi progressiva. Ele desceu o primeiro degrau ao confiar demais em si mesmo. Agora, desce outro degrau quando, depois da fuga, tenta remediar seguindo a Jesus de longe. Sabiamente Rev Hernandes afirma: Seguir a Jesus de longe é preparar-se para negá-lo.
C) o que se assenta na roda dos escarnecedores (26.58b). Pedro desce mais um degrau quando se infiltra no pátio da casa do sumo sacerdote, onde Jesus estava sendo interrogado, e busca o aconchego de uma fogueira na presença dos escarnecedores (Mc 14.54). Enquanto Jesus está sofrendo abuso físico e psicológico, Pedro está acomodado.
D) o covarde (26.69,70). Uma criada identifica Pedro e lhe diz: Também tu estavas com Jesus, o galileu, mas Pedro nega isso declarando: Não sei o que dizes. O Pedro seguro da saída do cenáculo após a Santa Ceia torna-se um homem medroso e covarde no pátio da casa do sumo sacerdote. O autoconfiante, que prometeu ir com Jesus à prisão e sofrer com ele até a morte, agora nega na primeira oportunidade.
E) a negação (26.71,72). Agora, Pedro não apenas nega que é discípulo de Jesus, mas faz isso com juramento. Ele deixa o lugar da primeira negação, saindo do pátio para o alpendre (varanda coberta). Ali, outra criada o reconhece, dizendo aos outros: Este também estava com Jesus, o nazareno. Mas Pedro negou outra vez, com juramento: Não conheço tal homem.
Qual função dos juramentos? Contrapor a realidade de que todo homem é mentiroso (Sl 116.11). Por isso, fazemos juramentos em nome de Deus para enfatizar que estamos falando a verdade. Então, quando Pedro negou a Jesus com um juramento, foi como se ele estivesse dizendo: “Deus é testemunha de que eu não conheço esse homem”.
F) o praguejador (26.73,74). Além de negar a Jesus com juramento, Pedro desce o último degrau da sua queda quando começa a praguejar e a jurar na tentativa de esquivar-se de Jesus. Este é o ápice do desespero, irmãos. Eu creio que isso é movido pelo medo da prisão e julgsmento semelhante ao que ele está presenciando. Mas o que Pedro faz é injustificável. Digo isso porque o verbo “praguejar” tem relação com a palavra grega anathema, que significa “maldição”. Ou seja, Pedro estava proferindo uma maldição sobre aqueles que o associavam a Jesus, dizendo que aqueles acusadores mereciam ser amaldiçoados. Ele dispara uma série de insultos diante da afirmação de que era seguidor de Jesus, insistindo que não o conhecia.
Mas quanto mais Pedro negava, mais ele se denunciava, pois logo depois da segunda negação de Pedro, ainda outros se aproximaram dele e disseram-lhe: Verdadeiramente, és também um deles, porque o teu modo de falar o denuncia (26.73). Os galileus falavam aramaico com um sotaque perceptível aos moradores de Jerusalém. Mas ao que parece, Pedro simplesmente segue de saída praguejando e jurando dizendo: Não conheço esse homem!
G) o arrependido (26.74b,75). Mesmo não tendo falado contra Jesus, Pedro o nega de três modos: fingindo não conhecê-lo, negando fazer parte dos discípulos e negando qualquer relação com Jesus.
Rev Hernandes nos ajuda na aplicação deste texto, dizendo que há três coisas sobre a negação de Pedro que servem de alerta para nós. A primeira é quão profunda e vergonhosamente um cristão pode cair. Pedro era um apóstolo, um homem que conhecia o Senhor e tinha intimidade com ele, mas negou o seu Senhor. A segunda coisa é como uma pequena tentação pode provocar uma grande queda. Pedro nega o Senhor diante de uma servente, e não diante de um rígido tribunal. A terceira lição é que a queda traz aos salvos grande sofrimento. Pedro chorou, e chorou amargamente.
Mas como saberemos que seu choro foi de arrependimento e não, como dizemos, lágrimas de crocodilo?
Os demais evangelistas registram outros detalhes, mas Mateus deixa evidente que o choro nasceu da lembrança das palavras de Jesus que o advertiu anteriormente sobre o cantar do galo (26.74b). Jesus havia alertado a Pedro naquela noite que, antes de o galo cantar, ele o negaria (26.34). Isso de fato aconteceu. Robert Mounce diz que a mudança da guarda romana na fortaleza Antônia, às três horas da madrugada, era marcada por um toque de trombeta conhecido como gallicinium, em latim “canto do galo”. A referência de Mateus pode ter sido a esse toque instrumental, ou ao canto de um galo mesmo. Mas o ponto principal é que Pedro caiu em si e chorou amargamente (26.75).
Leio muitos comentários, mas as frases do Rev Hernandes são interessantes: em vez de engolir o veneno como Judas, Pedro o vomitou. Esse foi o choro do arrependimento, da vergonha pelo pecado, da tristeza segundo Deus. E isso o fez ser restabelecido à comunhão e ao ministério posteriormente (Mc 16.7; Jo 21.15–17).
2) Remorso (3-10)
Sobre Judas, não há muito o que dizer, mas serve de alerta para cada um de nós o fato de que a fé genuína produz frutos de arrependimento, enquanto a falsa fé ou ausência de fé produz remorso, que sempre levará ao distancimento de Deus e tudo o que envolve Deus: Palavra, Igreja, membresia, oração, etc.
Depois de detalhes sobre o nascer do sol, Mateus novamente cita sacerdotes e anciãos contra Jesus, por causa do desejo por sua morte. Isso é muito cruel, irmãos.
O ponto é que estes líderes estão entregando o futuro de um deles para o seu inimigo e o modo como fazem isso é covarde e desproporcional: amarram para levá-lo.
No meio do relato sobre a entrega de Jesus aos romanos, Mateus interrompe a narrativa para destacar o fim de Judas Iscariotes. O ponto principal é que Mamon, o deus dinheiro, a quem Judas entregou o coração para trair Jesus não satisfez seu coração avarento. O que é muito grave neste caso é que ele não só não aproveitou o dinheiro, como perdeu a própria vida. Vendo que Jesus foi condenado, tomado de remorso, Judas devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e confessou ter traído sangue inocente.
Algo muito curioso é sua admissão, pois ele diz: pequei (4).
O ponto é que essa confissão não foi sincera, mas rebelde. Sproul diz que Judas não apenas devolveu as moedas, mas as atirou ao santuário. Nisso notamos como ele estava com ódio não somente do seu ídolo, as moedas de prata, mas dele próprio. Então, decidiu dar fim não só das moedas, como também a si mesmo.
Como muitos que pecam e não se arrependem, mas preferem abandonar a Deus e tudo que têm relação com ele, A Palavra, a Igreja, a membresia, a oração, etc, Judas reconheceu seu erro e penitenciou-se por isso, mas não chegou ao verdadeiro arrependimento.
Por isso, é importantíssimo que se você conhece alguém que pecou e não foi tratado, nem deseja ser tratado em seu íntimo pelo pecado que praticou, que seja alvo da sua oração fervorosa e, se for possível, de jejum e frequente evangelização amorosa. Porque de nada adianta se auto afastar da comunhão. Isso não é arrependimento, mas um meio de tranquilizar a consciência diante de si mesmo apenas. Evitar frequentar um ambiente não é arrependimento, mas somente remete ao entendimento de que frequentar aquele ambiente me faz ser exposto e conduzido à confissão pública. Ora, isso é bíblico: Tiago 5.16 “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.”
Portanto, o contrário disso é muito perigoso. Não basta estar convencido do erro e sentir tristeza por ele. É preciso retornar para o Senhor. E judas, em vez de correr para Jesus, correu para a morte. Em vez de buscar a vida, mergulhou no suicídio.
O trágico curso descendente de Judas que começou como um apóstolo: 1) avareza; 2) furto; 3) traição; 4) remorso; 5) suicídio; 6) seu próprio lugar (At 1.25). Nas palavras de John Charles Ryle, “Judas, um apóstolo de Cristo, um ex-pregador do evangelho, um companheiro de Pedro e João, comete suicídio, e assim se precipita à presença de Deus, sem preparo e sem perdão”.
Rev HErnandes afirma algo muito precioso: “O suicídio é uma grande tragédia. É a eliminação do ser na tentativa equivocada de reparar um erro ou mesmo por causa de total desilusão da vida, nenhuma saída da condição em que se está. O suicídio é uma usurpação de uma prerrogativa divina, porque só Deus dá a vida e só ele tem autoridade para tirá-la.
CONCLUSÃO/APLICAÇÃO
Concluindo, aprendemos hoje sobre o arrependimento e o remorso, de modo que reconheçamos o arrependimento como fruto de fé genuína, que move o pecador para Deus por lembrar-se das suas palavras enquanto o remorso conduz a pecador a voltar-se para si mesmo e para longe de Deus, de modo que não receba misericórdia.
Somente Deus pode nos ajudar em nossa salvação. Que ele conceda a cada um de nós a fé para alcançarmos misericórdia.
Em resposta, cantemos o hino 201 - Manso e suave
ORAÇÃO FINAL E BÊNÇÃO