Quem é este?
Evangelho de Lucas • Sermon • Submitted • Presented
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Lucas 8.16-25
O que é a fé?
O cristianismo é amplamente conhecimento por sua ênfase na fé. Nós somos comumente chamados de “crentes”, ou seja, “aqueles que creem”. Sabemos que um compromisso com o cristianismo envolve, por exemplo, uma confissão de fé, ou declaração daquilo que cremos.
Esta primeira pergunta é crucial para aquilo que está contido no texto desta noite.
- Os escolásticos falavam da fé, fides, em dois sentidos. O primeiro é a fé como ação de crer: fides qua creditur. O segundo, o que se crê, fidea quae creditur.
- No primeiro desses sentidos, o que é importante é a confiança, o entregar-se àquele em quem alguém crê (Fidúcia*).
- No segundo sentido, a fé envolve a aceitação do que se crê. Certamente, esses dois sentidos andam juntos, visto que a confiança requer um objeto, e o que se crê determina o caráter da confiança que se tem. Mas em diversos lugares e momentos a ênfase tem recaído sobre uma ou outra das duas dimensões da fé.[1]
- Podemos recorrer a Bíblia, e nos fiar em Hebreus 11.1 para definir a fé, o texto diz: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”
- Sim, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem”, ou seja, a fé é certeza perante as incertezas, uma segurança em meio ao desespero, um fundamento sob os pés que não encontram apoio.
- A Fé é tudo isso, e ao mesmo tempo, não é só isso!
- Há um elemento que muitas vezes negligenciamos sobre a fé, é que ela, a fé, nos foi dada como iluminação para nossa consciência, essa luz, que tirou nossa consciência das trevas, é fundamental para o modo como vivemos e enfrentamos o mundo.
- Deixe-me explicar isso de maneira mais prática! O que é o homem? O homem é mais do que corpo, sensações e vibrações. O homem é sua alma, a alma do homem é o próprio homem, o “Eu consciente”, o homem que tem consciência de si.
- A Escritura afirma claramente: “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1 Timóteo 4.1-2)
- O homem natural, vive afastado de sua própria consciência, a escravidão do pecado cauteriza a consciência, não permitindo que esse homem veja a glória de Deus e a deseje.
- A Fé, não é apenas um passaporte que utilizamos desta vida para a próxima, mas, um elemento fundamente da nova vida que recebemos, ou seja, esta nova vida, implica uma vida de fé, uma vida de consciência redimida, iluminada por meio desta mesma fé.
- Neste caso, no que consiste esta iluminação da consciência?
- A iluminação consiste em vida ...
Vamos ao texto!
V.16-18 “16 Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram vejam a luz. 17 Nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado. 18 Vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, se lhe dará; e ao que não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado.[2]
- A primeira perícope desta noite, nos apresenta a Parábola da Candeia. Embora alguns acreditem não existir ligação entre a parábola do Semeador e a está, muitos comentadores, e eu também, reconhecem distintos significados que conectam as duas parábolas.
- A conclusão da Parábola anterior é: Jesus é a semente, e o coração do homem precisa estar pronto para recebê-lo.
- Nesta segunda parábola, Jesus é luz que ilumina a escuridão, e não pode ficar oculta ou escondida. Assim como a semente tem que germinar e produzir frutos, a luz existe necessariamente para iluminar, não deve ficar escondida.
- Ela não pode ser colocada no alqueire, dentro de um vaso, ou debaixo de uma cama, ela precisa estar em local de destaque, onde toda escuridão possa ser tocada por ela.
Há três entendimentos possíveis dessa ilustração: ela poderia se referir ao discipulado e ao evangelismo, à fecundidade da palavra proclamada, ou ao ensinamento de Jesus que ilumina o caminho para Deus.
Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 234–235.
Há três entendimentos possíveis dessa ilustração: ela poderia se referir ao discipulado e ao evangelismo, à fecundidade da palavra proclamada, ou ao ensinamento de Jesus que ilumina o caminho para Deus.
Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 234–235.
Podemos tirar algumas aplicações práticas desta parábola. Em primeiro lugar, a fé gerada em nosso coração deve tomar toda proeminência de nossa vida, ou seja, lugar destaque, controlando tudo o que possa ser ou tornar-se escuridão, sentimentos, emoções, sansões, desejos.
- (2) Em segundo lugar, a verdade precisa iluminar você interiormente e o que você faz exteriormente, te movendo a propagação do Evangelho.
- (3) Em terceiro lugar, o texto diz: “Nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado.” – A verdade tudo revela, a luz que penetra a sua consciência tende a trazer a luz tudo o que está oculto e escondido, isso, não é para que tenhamos consciência (conhecimento) apenas, mas para que, conscientes do mal, possamos abandoná-lo.
v.19-21 “19 Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos e não podiam aproximar-se por causa da concorrência de povo. 20 E lhe comunicaram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. 21 Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam”. [3]
- Veja a conexão entre estes textos, na Parábola do Semeador, aprendemos que a boa terra é aqueles que “tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra”[4], na Parábola da Candeia aprendemos sobre o poder a iluminação da palavra. Agora, Jesus enfatiza mais uma vez a suprema importância de praticar a Palavra.
- “Satanás não se importa muito com o fato de aprendermos verdades bíblicas, desde que não vivamos de acordo com elas. A verdade que permanece na mente é apenas acadêmica e não chegará ao coração se não for praticada pela vontade”[5]
- É preciso destacar que este evento ocorre antes das parábolas e não depois em Mateus 12.46–50 e Marcos 3.31–33. Lucas o coloca aqui para retratar os resultados de ouvir e de se atentar à Palavra de Deus em Jesus como formando a verdadeira família de Jesus. Ela proporciona uma conclusão perfeita para 8.4–18. Aqueles que ouvem e colocam em prática o que Jesus diz (8.8, 15, 18) se tornam sua família.[6]
- Talvez, seja necessário ressaltar que Jesus não esteve, com estas palavras, desmerecendo a sua família, ao contrário, Jesus está usando a oportunidade para desafiar aqueles que se reúnem ao seu redor, especialmente seus discípulos.
- Se aqueles que trazem a notícia de que seus familiares estão tentando acessá-lo, o fazem por considerar que seus familiares são pessoas importantes, e que merecem sua atenção, ou que o acesso a ele seja priorizado. Com suas palavras, Jesus está dizendo que todo os que ouvem a palavra e praticam, são seus familiares no Reino de Deus.
Agora passamos à terceira parte do sermão, que é Jesus e a tempestade.
Esta é uma nova seção que apresenta Cristo como Senhor de todos, mostrando sua autoridade sobre a criação, os poderes cósmicos, a enfermidade e a própria morte.
v.22 – “Aconteceu que, num daqueles dias, entrou ele num barco em companhia dos seus discípulos e disse-lhes: Passemos para a outra margem do lago; e partiram.”[7]
- Lucas até agora tem registrado a intensidade do ministério de Jesus, como vimos nos versículos anteriores, nem mesmo seus familiares conseguem se aproximar dele.
- Neste versículo, temos que ele entrou num barco na companhia de seus discípulos e ordenou “passemos para a outra margem do lago” e assim partiram.
- Para onde se dirigiam? A partir do registro de Marcos, sabemos que Jesus estava se dirigindo à região de Decápolis, a terra das dez cidades. Jesus estava saindo da Galileia, e sendo conduzido por seus discípulos para outra margem. Alguns estudiosos, entendem que outras mais embarcações seguiam Jesus acompanhando a travessia.
v.23 – “Enquanto navegavam, ele adormeceu. E sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar”[8]
- O mestre adormeceu enquanto navegavam, esse trecho do Evangelho foi muito importante para um período da igreja onde se discutia a humanidade de Jesus.
- Discutia-se o fato de Jesus ser realmente humano, ou apenas divino. E neste trecho, temos que ele dormiu, com isso se constata a sua humanidade, que se cansa e necessita de repouso. Nem Deus, nem os anjos precisam de descanso, pois não se cansam ou se fadigam.
- Bem, enquanto descansava, diz o texto: “sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar”
- O que podemos aprender?
(1) As tempestades que enfrentamos na vida, são inesperadas. Embora as tempestades no mar da Galileia fossem conhecidas, até mesmo pelos pescadores mais experientes, como Pedro, ela nem sempre poderia ser prevista.
- Há naquela região, um fenômeno de mudança repentina de temperatura causa, especialmente, pelo monte Hermom (2.790m) que fazia descer uma onde de ventos gelados que movimentavam o mar criando redemoinhos de vento forte.
- O que isso nos ensina? O conhecimento que possuímos nem sempre será suficiente para nos livrar das tempestades.
- Uma outra lição, é que a tempestade pode ser violenta e perigosa. Lucas, neste caso, se limita a detalhar aspectos desta tempestade. Mateus e Marcos dizem que o vento e as ondas se arremessavam contra o barco, fazendo a embarcação encher-se de água.
- Todos nós enfrentamos, talvez estejamos enfrentando, ou enfrentaremos tempestades em nossa vida.
- As tempestades da vida são ameaçadoras e perigosas, abalam, sacodem nossa estrutura física e mental.
- As tempestades, como esta registrada no texto, chegam de forma intensa, abalam relacionamentos, famílias, transformam sonhos em pesadelos.
- A maior tempestade registrada na história foi o Tufão Haiyan, também conhecido como “supertufão Yolanda” que devastou o Sudeste Asiático, e particularmente as Filipinas em 2013. Esse tufão matou cerca de 6.300 pessoas. Alguns registram, estimam que os ventos chegaram a 345 km/h. – Mesmo com toda a tecnologia, que conseguiu acompanhar a formação desta terrível tempestade, e todas as medidas de segurança, ela devastou as Filipinas (Tacloban e as ilhas Samar e Leyte).
- As tempestades têm o poder de fazer tudo parar, os compromissos serão adiados, as festividades remarcadas, tudo o que importa, durante aquele período, pode perder o sentido.
v.24 – “Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança”.[9]
- Este versículo nos traz outras mais lições, a primeira delas, é que as tempestades são surpreendentes. Elas podem transformar ambientes conhecidos em lugares ameaçadores.
- A travessia tinha a distância de cerca de 11Km, os homens do barco conheciam o mar, mesmo assim, eles se veem como em um local desconhecido, afinal, eles estão no meio de uma tempestade.
- Mesmo o pescador mais experiente se vê apavorado com a força dos ventos e das ondas.
- A partir dos outros textos, sabemos que os discípulos tentaram tomar medidas contra a tempestade, e neste momento, quando já sem força, acordam o mestre, parecem estar incomodados com tranquilidade e o sono do Senhor, em meio aquela tempestade.
- A descrição, ainda que detalhada, de uma tempestade, não é capaz de descrever o que ela mesma é. É possível que os discípulos já tivessem ouvido sobre grandes tempestades no mar da Galileia, mas talvez não tivessem enfrentado uma tão grande.
- Um fato importante dentro deste texto, é que enquanto os homens se desesperam com as tempestades, a força das ondas e do vento. O nosso Salvador descansa e em nada se atormenta ou apavora com os poderes externos que se dão contra o barco.
- Eles despertam Jesus dizendo: “Mestre, Mestre, estamos perecendo!”[10]
- A minha pergunta é: Estão? Realmente estes homens estão perecendo?
- Essa é a impressão que carregam, seus sentimentos, medos, dúvidas, os fazem pensar que estão sozinhos, que a tempestade não poderá ser vencida, suas técnicas mais aprimoradas não tem o poder de fazê-los vencer aquela circunstância.
- Eles estão perecendo? E você, está?
- “Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança”.[11] – Jesus desperta do sono, e repreende o vento e a fúria da água.
- “repreendeu o vento e a fúria da água” – Repreender, é o mesmo que ordenar cessar. O texto diz que tudo se rende ao poder de sua palavra e que: “Tudo cessou, e veio a bonança”.
- Voltamos a questão: Eles realmente iam perecer?
- A resposta é não, absolutamente não! Não importa o tamanho das tormentas que os filhos de Deus tenham que atravessar, e este é um fato, nós atravessaremos, precisamos ter a certeza, e isso vem por meio da Fé, de que não vamos perecer!
- Não importa o quão poderoso são os ventos ou quão furiosa sejam as ondas. O Salvador tem poder tanto sobre um, quanto o outro.
v.25 – “Então, lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?” [12]
- Deixe-me te falar uma coisa sobre as tempestades, elas são pedagógicas. “Elas são a escola de Deus para nos ensinar as maiores lições da vida. Aprendemos mais na tempestade do que nos tempos de bonança. Foi através do livramento da tempestade que os discípulos tiveram uma visão mais clara da grandeza singular de Jesus. Eles, que estavam com medo da tempestade, estão agora cheios de temor diante da majestade de Jesus. Eles passaram a ter uma fé real e experimental e não uma fé de segunda-mão.”[13]
- Jesus não deixa que a falta de Fé passe sem ser percebida, e depois de acalmar o vento e o mar, olha para os seus discípulos e os repreende pela postura desesperada que tomaram.
- Há mais uma lição para ser aprendida aqui: A intervenção soberana de Jesus, às vezes, acontece quando todos os recursos humanos acabam. O extremo é a oportunidade de Deus. As tempestades fazem parte do currículo de Jesus para nos fortalecer na fé. As provas não vêm para nos destruir, mas para tonificar as musculaturas da nossa alma.[14]
- Por fim, o pavor, o desespero é substituído pela admiração e maravilhamento, ele diz: “Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?”
- Quem é este?
Conclusão
1 - Este, é aquele em quem você precisa depositar toda a sua fé.
2 - Este, é aquele de quem você deve depender totalmente e esperar pacientemente.
3 - Este, é aquele que governa e controla toda a criação, que tem todos os seus dias escritos em seu livro e que diz que: “nenhum cabelo de sua cabeça se perderá”.
SDG.
[1] Justo González, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Silvana Perrella Brito, Breve Dicionário de Teologia (São Paulo, SP: Hagnos, 2009), 135.
[2] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.16–18.
[3] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.19–21.
[4] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.15.
[5] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 242.
[6] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 236.
[7] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.22.
[8] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.23.
[9] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.24.
[10] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.24.
[11] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.24.
[12] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 8.25.
[13] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 252.
[14]Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 252–253.
