Como lidar com a dor de ser rejeitado?
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Desde que nasce, quando abre os olhos, o ser humano procura um rosto que o olhe de volta, alguém que o encontre e dê a ele uma resposta cognitiva de sua existência. Nós já nascemos com essa necessidade, que é impossível de ser revertida. Desde o nascimento, nossos olhos procuram os olhos de quem possa validar nossa vida e formar conosco nossa identidade. Portanto, o medo da rejeição é desenvolvido em nós tão logo nos envolvemos com os braços maternos.
Nossa personalidade individual, nossos valores e o nosso caráter são inicialmente desenvolvidos com base no desenvolvimento dos nossos relacionamentos afetivos. Contudo, com o tempo, nos afastamos dos olhos dos demais e começamos a procurar olhares mais íntimos, mais voltados para aquilo que se adequa melhor às nossas histórias. Queremos ser vistas e reconhecidas pelos nossos pares.
Muitas mulheres se perdem nesse mar de informações emocionais geradas pelo excesso de dependência dos olhos do outro para afirmarem quem são e isso tem gerado consequências graves aos corações que se afligem com a ausência de reconhecimento social. Passamos a criar expectativas irreais a respeito de pessoas que não foram criadas para atender as nossas necessidades.
Mas ainda precisamos de olhos que nos olhem de volta e nos indiquem a nossa identidade. Como lidar com essa busca incessante que sempre acaba em frustração?
A Palavra de Deus nos afirma que o olhar que verdadeiramente sacia o nosso deleite e que nos dá uma orientação real de quem somos e para onde vamos é aquele postado em nós pelo nosso Redentor. Perceba como Jesus olhou:
"Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível." - Mt 19.26 (ARA)
“E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me." - Mc 10.21 (ARA)
Sempre me pego pensando na cor dos olhos de Jesus, no seu tom de voz, se seus cabelos eram longos ou curtos, se ele tinha o sorriso fácil ou era mais sério. Tento me imaginar sentada a seus pés, fitando seu rosto que não sei se tinha barba ou não, se parecia tranquilo ou inquieto. Imagino Jesus dormindo tranquilo, como seria ouvir Dele as parábolas, se havia ironia em seu tom de voz ou apenas paz. Queria poder ouvir a gargalhada de Cristo com alguma coisa que eu tivesse dito. Como uma mulher apaixonada por seu marido, anseio pelo momento de estar ao lado Dele na eternidade.
Há um relato na Bíblia sobre o momento em que Jesus, sendo questionado pelos fariseus acerca de uma mulher pega em adultério (Jo 8.3-11), se inclina e, com o dedo, começa a desenhar no chão de terra. Penso a respeito dessa cena, pois sou como aquela mulher, que devia estar jogada no chão, desesperada em prantos, implorando por misericórdia, por sua vida, e Jesus ali tranquilo, desenhando.
Imagino mãos firmes de um trabalhador que tinha como insumo a madeira, mãos com cicatrizes e calos. Posso ver Jesus fazendo curvas com o dedo na areia, como aquelas que a gente faz na praia para que a água apague, sabe? Ele está ali, em comunhão plena com o Pai, talvez orando, tranquilo em suas convicções, quando olha para a mulher. Esse olhar é o que sonho ver todos os dias da minha vida!
Então, me lembro de Estevão, que viu o Senhor Jesus em pé de Seu trono de glória, fitando-o nos olhos (At 7.55-60). Jesus olhou para Estêvão enquanto ele era apedrejado pelos do sinédrio.
Imagino a cena de quando Jesus fixa seus olhos em Pedro logo após tê-Lo negado (Lc 22.54-71) e penso que aquele olhar é para mim toda vez que me envergonho ou temo em falar de Jesus para alguém!
Pensar nos olhos de Jesus me deixa repleta de temor e transbordante de amor e compaixão por todos que Cristo olha! Vocês já imaginaram o que é olhar nos olhos de Cristo? Conseguem mensurar o que é ver a glória de Deus em Seus olhos?
Esse é o olhar que atribui a nós valor e justiça. Que fechou-se por nós entregue a uma morte de cruz e ressuscitou ao terceiro dia para que nossos olhos o encontrassem e com ele vivessem para a eternidade.
Então, afinal, como lidamos com a rejeição?
Lembrando-nos de que os olhos que procuramos já estão postos em nós; que a única pessoa capaz de suprir todas as nossas expectativas, já cumpriu tudo por nós; e, principalmente, lembramo-nos de que Jesus era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso (Is 53.3).
A rejeição não precisa ser tratada como um motivo de vergonha, mas sim como algo que nos faz mais semelhantes àquele que nos olha nos olhos e que se humilhou e foi rejeitado por nós: Jesus!
Da mesma forma que Cristo olha e perdoa, devemos também olhar e perdoar aqueles que, por ignorância, não conhecem o Amor como nós conhecemos. A liberdade de um amor livre das dores da rejeição é algo que somente uma mulher verdadeiramente salva pode experimentar, então ame e seja livre por meio de Cristo Jesus (Jo 8.36)!