Mateus 5.29-30
Exposição em Mateus 5 • Sermon • Submitted • Presented
0 ratings
· 2 viewsNotes
Transcript
Estas palavras não devem ser entendidas no sentido literal, mas devem ser entendidas em sentido figurado.
O que elas querem ensinar é a radicalidade de renunciar inteiramente a tudo o que, de uma maneira ou outra, pode afastar da fé e levar ao pecado.
Alguns cristãos ao longo dos séculos levaram à risca as palavras de Jesus e se mutilaram para impedir que seus olhos tivessem desejos pecaminosos. Mas Jesus não estava defendendo a automutilação física literal, mas sim uma autonegação implacável.
Seguir Jesus significa tomar a própria cruz e morrer para si mesmo. Também significa rejeitar práticas pecaminosas, matando-as.
O rigor da formulação: Arranca o olho, corta a mão comprova como Jesus leva extremamente a sério a luta pela pureza, e que influência enorme ele atribui aos membros de nosso corpo no esforço em seguir a Jesus.
É interessante notar que a escolha das partes do corpo não são aleatórias: olhos e mãos.
São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!
Há tantas coisas que o olho lê e vê em figuras que podem tornar-se uma tentação, a começar pelo jardim.
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.
Eva viu que era bom, agradável aos olhos e tentadora para o entendimento.
Na sequência de ver, ela estende a mão e a mão sempre quer agarrar essas coisas.
Na Escritura, as mãos são sinônimo de ação. Os olhos refletem o desejo e as mãos o que se faz com os desejos.
não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.
Portanto, estenderei a mão e ferirei o Egito com todos os meus prodígios que farei no meio dele; depois, vos deixará ir.
Salmo 31.15 (ARA)
Nas tuas mãos, estão os meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores.
A maior parte dos pecado começa nos sentidos alocados na cabeça - olhos, ouvidos e boca - e desce para o coração, se tornando, assim, ação.
Neste momento só existe uma palavra: “Não olhe! Tire isso daqui!”
Provérbios 1.10 (ARA)
Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas.
Nesse contexto citemos uma palavra séria de Karl Heim: “O flerte e a brincadeira superficial entre jovens, o assim chamado ‘ficar’ apenas para divertimento, é condenável tanto do ponto de vista biológico quanto do bíblico. O relacionamento frívolo que um rapaz inicia com uma moça, querendo depois tratar outras do mesmo modo, é um grave ataque ao fundamento do matrimônio, muito mais do que um noivado desfeito, cujas intenções eram sérias. Não existe somente o adultério dentro do matrimônio, causado por infidelidade, mas também existe o adultério antes do casamento e fora dele, no qual acontece algo que dissolve toda a ordem do matrimônio como tal!”
Se relacionar com alguém com quem você não pretende se casar nos tempos próximos, é flertar com o pecado de um jeito a desrespeitar toda a ordenação de Deus para a vida relacional humana.
É importante entender a ligação que Jesus faz entre os olhos e o coração e como isso nos leva a pecar, não só em pensamentos, mas em ações.
A obediência a este mandamento de Jesus implicará certo “corte” para muitos de nós. Teremos de eliminar de nossa vida certas coisas que são ou podem se tornar fontes de tentação.
Se seu olho o faz pecar, não olhe; se seu pé o faz pecar, não vá, e se sua mão o faz pecar, não faça. É melhor inutilizar uma parte do corpo e entrar mutilado na vida, disse Jesus, do que preservar todo o corpo e ir para o inferno. Ou o que vejo neste versículo: é melhor renunciar a algumas experiências que esta vida oferece para entrar na vida que é vida de fato.
É claro que este ensino vai de encontro às nossas ideias modernas sobre permissividade. Ele está baseado nos princípios de que a eternidade é mais importante do que o tempo e de que qualquer sacrifício para seguir a Jesus é válido.
Passamos pelo que Jeremias disse ao povo de Israel: “Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se” (Jr 6.15; 8.12).
Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o Senhor.
Temos de decidir se queremos viver para este mundo ou para o mundo que há de vir, se queremos seguir a multidão ou seguir a Jesus.
Lutero, um homem como todos os outros, admitiu que lutava contra a luxúria, mas afirmou que lidava com isso da seguinte maneira: “Não posso evitar que pássaros sobrevoem minha cabeça, mas posso impedi-los de fazer ninho em meu cabelo.”
Um dos maiores atrativos ao pecado sexual é o argumento de que todo mundo faz. Outra tentação é a aceitação cultural. É preciso coragem moral para remar contra a maré, mas Jesus é quem nos chama a isso, e ele nunca revogou esse chamado.
Como, então, conseguiremos viver nas esferas de nossa vida permanecendo fiéis à Palavra do Senhor? Jesus diz que devemos guardar nosso coração, se desejamos manter-nos firmes nele.
Obviamente, apreciar um homem ou uma mulher — estimar aparência, dons e talentos, favores e qualidades — não é, em si mesmo, um sentimento errado. Jesus não nos proíbe de olhar, mas de cobiçar.
Jesus quer dizer que, quando reconhecemos em nós tendência ao pecado, devemos nos comprometer a manter-nos dentro dos limites que Deus estabeleceu para nós. Devemos guardar nosso coração e nossas atitudes — gestos e aparência — dentro desses limites.
Jó 31.1 (ARA)
Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?
Não brincaremos com nossas emoções, e seremos escrupulosos em não fazer o mesmo com os sentimentos dos outros.
Prometeremos tratar os demais cristãos como irmãos e irmãs em completa pureza.
às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.
Deus nos conduz a relacionamentos no contexto de comprometimento com o próximo, e é só a partir daí que estaremos preparados para viver o que é apropriado somente no âmbito matrimonial.
Tenha cuidado com o engano causado pela satisfação momentânea; este engodo pode conduzi-lo a uma vida inteira de remorso.
Como, então, podemos manter nossos caminhos puros?
Como, então, podemos manter nossos caminhos puros?
1. Compreenda para onde as concupiscências do pecado o conduzirão, caso você ceda. Jesus declara que o inferno é para onde todo pecado nos direciona (Mt 5.29–30). Tenha essa verdade sempre em mente.
2. Lide com a verdadeira causa de seu pecado. Se é o olho direito que o faz pecar, Jesus diz, arranque-o. Podemos, em vez disso, substituir por alguma outra medida? Não, Jesus diz.
A maioria de nós compreende o que Ele quer dizer. Não obstante, oferecemos substitutos a Deus. Mas deixar de arrancá-lo não pode remediar nada, nem com ofertas substitutas de obediência e sacrifício.
3. Aja decididamente, imediatamente, mesmo que seja doloroso. Jesus descreve de forma terrível aquilo que outros autores do Novo Testamento chamam de “mortificação”. É como arrancar seu próprio olho ou cortar fora um membro do seu corpo. Causará dor, lágrimas e sangue. Haverá sintomas de abstinência depois da amputação. As consequências parecerão praticamente insuportáveis. Mas a natureza drástica da solução é simplesmente o que indica o perigo radical e absoluto do pecado. Não é um caso de negociação. A obediência não pode ser negociada, assim como céu e inferno também não podem.
4. Sobretudo, esteja consciente de que a concupiscência que habita em você não é tudo na vida, e pese na balança tudo o que será seu, se você abandonar suas influências. É melhor perder seu próprio olho e conservar seu corpo do que perder tudo perecendo no inferno, Jesus assevera.
Arranque o olho que faz com que você peque, mas salve a sua vida. Sim, talvez você tenha cometido um pecado que jamais será capaz de apagar da memória, mesmo que lhe seja perdoado. Mas, ainda assim, você terá dado passos rumo ao caminho da vida e se afastado das veredas que conduzem à morte. Não se deixe enganar ou ser enganado entregando-se ao desespero do pecado.
No 2º século, o apologista Justino Mártir defendeu o cristianismo diante do imperador Antonino Pio, dizendo: “Se o senhor quiser uma prova visível da verdade do cristianismo, basta observar nossa castidade.”
Ele apontou para a ética cristã da castidade como prova do poder do evangelho.
Nenhum apologista hoje em dia poderia pedir aos críticos do cristianismo que observem nosso comportamento sexual como prova do evangelho.
Se a Palavra de Deus revela que você pecou, busque a purificação. Moças, se vocês não são casadas e perderam a virgindade, podem voltar a ser virgens aos olhos de Deus, pois quando ele perdoa os nossos pecados, ele nos torna puros.
Fontes:
John Stott e Douglas Connelly, Lendo o Sermão do Monte com John Stott, trans. Valéria Lamim Delgado Fernandes, Primeira edição., Lendo a Bíblia com John Stott (Viçosa, MG: Ultimato, 2018), 43–44.
Sinclair Ferguson, O Sermão do Monte, trans. Elmer Pires, 1a edição. (São Paulo: Editora Trinitas, 2019), 131–135.
R. C. Sproul, Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus, trans. Giuliana Niedhardt Santos, 1a edição. (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017), 96-97.