Pai, entrego em suas mãos

Sete palavras da Cruz  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Objetivo Geral: Anunciar as riquezas da obra de Cristo na cruz. Objetivo específico: Incentivar a oração e o descanso em Deus. Proposição: Ele nos mostrou que quem cultiva a relação com o Pai, nada tem a temer.

Notes
Transcript
Lc 23.46 46E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.

Introdução

Chegamos à última pregação de nossa série “Sete Palavras da Cruz”, cujo intuito é anunciar as riquezas da obra de Cristo na cruz.
No texto de hoje, que também é o cumprimento de um salmo, o Salmo 31.5, vemos Jesus finalmente descansando de seus sofrimentos, o que muito pode nos ensinar a descansar das nossas aflições também, mas antes de falar sobre isso, vamos para a:

Análise dos versículos

46aE, clamando Jesus com grande voz, disse:
Aqui o texto grego faz um jogo de palavras para reforçar a ideia de que Jesus bradou para que todos ouvissem. Não é um grito de desespero ou de dor, mas uma declaração bem audível.
Jesus ainda tinha força em seus pulmões, mas não a desperdiça. Usa essa força para declarações importantes como “está consumado” (Jo 19.30) que vimos na semana passada e para a frase de hoje.
46bPai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.
Já vimos que o Pai havia desamparado Jesus (Mt 27.46)por algum tempo na Cruz em função da culpa de nossos pecados que Ele carregava. Este brado de Jesus ocorre já com o relacionamento de Jesus com o Pai restaurado. Jesus entrega o espírito nas mãos do Pai.
A palavra traduzida como entrego (ou confio) é de difícil tradução, pois não tem equivalente pleno em português. Ela diz que Jesus está entregue e se entrega ao mesmo tempo.
Jesus sempre fez a vontade do Pai (Jo 4.34; 5.30; 6.38; 8.29; 12.49), estava entregue. Mas fazia isso voluntariamente (Mt 26.53; Jo 10.17-18; 14.31), ou seja, se entregou. A humanidade de Cristo não quebrou a profunda harmonia entre o Pai e o Filho. Jesus buscou a presença do Pai em todo tempo durante sua vida, porque não se alegraria na presença de seu pai no momento de sua morte?
E por falar na humanidade de Cristo, ao entregar seu espírito, Jesus está cumprindo o Salmo 31.5, mas também, como qualquer ser humano, Jesus possui espírito e este tem que voltar para o Pai, como sabemos em Ec 12.7.
46cE, havendo dito isto, expirou.
Para os evangelistas, Jesus não simplesmente morre: ele expira. A palavra para expira aqui significa exatamente este ato de exalar ar. Jesus morre voluntariamente. Havia força nele. Não seria natural o corpo morrer agora, mas o que precisava ocorrer antes de sua morte, já havia ocorrido.
Jesus expira seu espírito. Jesus morre voluntariamente.
Toda essa força de Jesus nos inspira em nossa caminhada aqui na Terra. Mas se observarmos com atenção, o Senhor demonstrou para nós que o relacionamento dele com o Pai era o grande motivo, tanto de sua fidelidade em meio aos desafios, como de sua perseverança diante da afronta.
Ele nos mostrou que quem cultiva a relação com o Pai, nada tem a temer. Então separei alguns:
Conselhos para nos ajudar a cultivar a relação com o Pai.

1º Conselho: Conservar a disposição para orar

Jesus, em seu último momento, soltou um brado que era uma oração ao Pai. Ele esteve forte para orar no dia de sua morte porque oração fez parte de toda sua vida. Os Evangelhos registram várias ocasiões em que Jesus orou.
Ele orou antes de grandes decisões (Lc 6.12); orou depois de falar às multidões (Mt 14.23); orou para ensinar (Jo 11.42); orava para estar a sós com o Pai (Lc 5.15-16); orava em momento de alegria (Mt 11.25) e também em momento de sofrimento (Mt 26.39); orava simplesmente porque ama o Pai e gosta de estar com Ele.
Assim também nós devemos orar. Orar é um ato de fé e de religião, que é obrigatório ao cristão, mas também um ato de amor a Deus. É mandamento, mas também relacionamento.
E como anda seu relacionamento com o Pai? Você:
· Tem conversado com Ele ou apenas se achega quando precisa de algo?
· Tem guardado forças para orar ou está sempre cansado e não ora?
· Está sempre ocupado demais para parar e conversar com o Pai?
Uma coisa é certa, meus irmãos, apesar de nem sempre haver vontade, sempre há força para orar.
Nosso relacionamento com o Pai é a coisa mais importante de nossa agenda diária. É esse relacionamento que nos garante força para enfrentar a vida do jeito que glorifica a Deus.
E por falar em glorificar a Deus, vamos para o segundo conselho para cultivar o relacionamento com o Pai.

2º Conselho: Manter a consciência da missão

Paulo, alertando o jovem pastor Timóteo, diz:
2Tm 2.4 4Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.
É muito fácil esquecer que estamos aqui para satisfazer a vontade do Pai. Várias tarefas, coisas urgentes e desejos ocupam nossa mente e nossas mãos. Como já vimos acima, Jesus afirmou diversas vezes que ele se ocupava de fazer a vontade do Pai.
Nós podemos ter a ilusão de que podemos ser felizes fazendo algo para nós mesmos, mas a verdade é que isso sempre gera insatisfação e frustração. Como imagem de Deus, o homem e a mulher não encontram satisfação em nada menor que o Pai e sua perfeita vontade.
Como imitadores de Cristo, devemos lembrar que devemos fazer a vontade do Pai tanto nos momentos fáceis como nos difíceis. Jesus esteve voluntariamente nas mãos dos homens (Mt 17.22-23; 26.45; Jo 10.18); mas chegou o momento de se entregar nas mãos do Pai, que fez cessar a dor.
Que interessante contraste: Ele esteve em nossas mãos, e lhe fizemos mal. Agora estamos em suas mãos, e nele nos faz bem.
O Pai nos chamou para fazer a vontade dele. Essa é a nossa missão.
Qual é a vontade do Pai em seu trabalho? Na sua casa? No relacionamento difícil com alguma pessoa? Nas suas finanças? Na sua personalidade?
Você tem procurado saber a vontade do Pai para cada detalhe da sua vida, ou você acha que indo à igreja, dando o dízimo e não cometendo nenhum pecado escandaloso tudo bem?
É mais fácil confiar em Deus e entender a vida quando se sabe pra que veio.
Por fim, para cultivar o relacionamento com o Pai é necessário:

3º Conselho: Nutrir o olhar espiritual

Olhando para tudo o que aconteceu com Jesus, poderíamos dizer que Ele tinha todos os motivos do mundo para desenvolver uma depressão, síndrome do pânico, burnout ou outra dificuldade psicológica famosa de nossos tempos.
Contudo, vemos na cruz não uma pessoa prostrada por causa de seus inúmeros problemas, mas alguém dando um brado vitorioso de quem sabe que descansará junto a seu Pai.
Onde alguns viam ofensas, Ele via cumprimento de profecia. Onde alguns viam condenação de um homem, Ele via salvação de muitos. Onde alguns viam a morte do corpo, Ele via a derrota da morte. Onde viam um maldito de Deus, Ele via seu retorno para o Pai.
Isso só é possível se treinamos nossos olhos espirituais. Quando entendemos a vontade de Deus, nossa vida deixa de ser um borrão no acaso, para se tornar num pedacinho bem pintado de um grande e belo quadro.
O relacionamento com o Pai afasta o medo e o caos.
· O futuro está sob controle (Jó 42.2 – planos de Deus não se frustram).
· A dor ganha significado (Fp 3.8-11).
· A morte não assusta mais (1Co 15.53-55; Fp 1.21).
x.

Conclusão

Durante esta série, ocupei-me de, além de traduzir cada texto por conta própria, ler comentários e pregações acerca destes textos, o que tem sido muito edificante para mim. Um dos autores que me auxiliaram é Arthur Walkington Pink, pregador e erudito bíblico que faleceu em 1952.
Esse autor, que escreveu um livreto com o título Sete Palavras da Cruz, diz sobre este texto bíblico:
"Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". Foi a última coisa que o Salvador disse antes de expirar. Enquanto pendurado na cruz, por sete vezes seus lábios moveram-se para falar. Sete é o número da inteireza ou perfeição. No Calvário, então, como em todo lugar, as perfeições do Bem-Aventurado foram mostradas, Sete é também o número de descanso em uma obra encerrada: em seis dias Deus fez céu e terra e, no sétimo, descansou, contemplando com satisfação aquilo sobre o que pronunciara ser "muito bom". Assim também aqui com Cristo: uma obra fora-lhe dada para fazer, e tal obra estava agora feita. Exatamente como o sexto dia levou à conclusão a obra de criação e reconstrução, assim a sexta declaração do Salvador foi "Está consumado". E, exatamente como o sétimo dia foi o dia de repouso e satisfação, assim a sétima elocução do Salvador trá-lo ao lugar de descanso — as mãos do Pai.[1]
[1]PINK, pág.78.
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