Gloriando-se na Cruz
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Introdução
Introdução
11 Vejam com que letras grandes escrevi a vocês de próprio punho. 12 Todos os que querem ostentar-se na carne, esses querem obrigar vocês a se deixarem circuncidar, e agem assim somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. 13 Pois nem mesmo os que se deixam circuncidar guardam a lei, mas querem apenas que vocês se submetam à circuncisão para que eles possam se gloriar na carne de vocês. 14 Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu estou crucificado para o mundo. 15 Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. 16 E, a todos os que andarem em conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
17 Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus.
18 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês, irmãos. Amém!
Vivemos em um mundo de pressões constantes. Essas pressões podem se manifestar de diferentes maneiras em diferentes tempos da história. Pressão da sociedade, pressão cultural e até mesmo pressões religiosas. Muitas vezes, elas não são, em si, pecaminosas, mas se tornam pecado quando se transformam em um meio de ostentação, de acomodação cultural ou de ser escondermos a nossa identidade em Cristo. Ao longo da história, muitos têm cedido a essas pressões para evitar perseguições ou simplesmente obter a aceitação de algum grupo, seja ele político, social, cultural ou até mesmo religioso. O apóstolo Paulo, em Gálatas 6, nos chama a rejeitar essas tentações e nos gloriar exclusivamente na cruz de Cristo.
No primeiro século, a cruz era o ápice da humilhação. A crucificação era reservada para os piores criminosos, e ninguém jamais pensaria em se orgulhar de algo tão terrível. No entanto, Paulo, em Gálatas 6:14, nos surpreende ao dizer: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo." Ele nos ensina que, para o cristão, o maior motivo de glória não é a realização pessoal, mas o sacrifício de Cristo. Isso inclui resistir às pressões externas que tentam nos fazer esconder a cruz para evitar a perseguição.
Assim como Paulo escreveu "em letras grandes" para enfatizar a importância dessa mensagem, nós também devemos centrar nossas vidas na cruz, que é o único motivo verdadeiro de glória. Neste sermão, vamos explorar o que significa viver uma vida centrada na cruz, rejeitando o orgulho e exaltando Cristo.
1. Uma Vida Centrada na Cruz é Humilde, Não Orgulhosa (Gálatas 6:12-13)
1. Uma Vida Centrada na Cruz é Humilde, Não Orgulhosa (Gálatas 6:12-13)
No versículo 12, Paulo menciona aqueles que tentavam obrigar os gálatas a se circuncidarem para evitar perseguições. Essa pressão cultural de conformidade com os costumes judaicos é um exemplo clássico de como os seres humanos, ao longo da história, têm cedido às pressões culturais para evitar a perseguição. Embora a circuncisão e a cultura judaica em si não fossem pecaminosas, o problema surge quando essas práticas se tornam objetos de ostentação e aprovação diante dos homens, em vez de serem uma forma de honrar a Deus.
Da mesma forma, em nosso tempo, também enfrentamos pressões culturais. Muitas vezes, as "boas ações" que praticamos podem ser usadas para esconder a Cristo. Como Paulo denunciou aqueles que buscavam a aprovação dos homens e não de Deus, devemos perguntar a nós mesmos: quais pressões culturais estamos cedendo para evitar sermos perseguidos por causa de Cristo? Estamos escondendo a cruz atrás de uma fachada de realizações pessoais ou de boas obras para manter uma imagem respeitável diante dos outros?
Observe, essa pressão de alguma forma pode vir do mundo ou até mesmo dentro de um círculo religioso.
No versículo 13, Paulo vai além e denuncia o orgulho daqueles que usam suas realizações pessoais para se exaltar. Eles queriam parecer mais "espirituais" e construir uma imagem superior. A mesma tentação está presente hoje. Muitas vezes, o conhecimento teológico que acumulamos pode se tornar uma fonte de orgulho, em vez de um caminho para a humildade. Quanto mais estudamos teologia, mais devemos nos tornar humildes, pois entendemos o quanto dependemos da graça de Deus. Como John Piper observa em seu livro "Deus Deseja que Todos Sejam Salvos?": "Conhecimento sem amor é ostentação."
Aqueles que impunham a Lei aos gálatas sequer a cumpriam completamente. O evangelho nos ensina que nossa obediência não é o meio para a nossa salvação, mas nossa confiança naquele que obedeceu por nós. Isso não significa uma vida licenciosa, mas uma obediência humilde em resposta à graça, sem jamais usá-la como objeto de ostentação.
No coração do legalismo está o orgulho, que se desdobra na ostentação das realizações pessoais, que podem até ser boas, mas que de alguma forma essa obediência é um instrumento de contraste com aqueles que falham exatamente nessas mesmas áreas onde o legalista se orgulha (as vezes nem mesmo falha, mas simplesmente não obedece a um princípio da mesma forma que ela obedece). Por outro lado, esse mesmo orgulho disfarça os pecados do orgulhoso, como disse Burk Parsons, “Eu quero odiar mais os meus pecados do que os pecados dos outros que pecam diferente de mim.”
Aplicação: Como cristãos, somos tentados a ceder a pressões que nos fazem esconder nossa verdadeira fé. Temos "boas ações" que servem mais para ostentar e nos acomodar à cultura do que para glorificar a Deus? Em que áreas estamos tentando evitar a cruz para não sermos perseguidos?
Ilustração: Um exemplo atual pode ser a forma como buscamos aprovação em nossa vida acadêmica, no trabalho, ou até em nossos círculos religiosos. Em vez de honrarmos a Deus com nossas ações, queremos parecer mais "espirituais", mais "inteligentes" ou mais "relevantes" para aqueles ao nosso redor. Porém, isso apenas alimenta o orgulho e nos distancia da verdadeira humildade que a cruz ensina. Como John Piper diz, "conhecimento sem amor é ostentação".
2. Uma Vida Centrada na Cruz Se Gloria na Cruz, Não em Si Mesma (Gálatas 6:14a)
2. Uma Vida Centrada na Cruz Se Gloria na Cruz, Não em Si Mesma (Gálatas 6:14a)
Paulo faz uma declaração radical em Gálatas 6:14: “Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” Ele usa a expressão mais forte possível para enfatizar que jamais se gloriaria em nada além da cruz. Isso nos leva a refletir sobre como, em nossa vida, tentamos nos gloriar em outras coisas — sejam realizações pessoais, status social ou até mesmo em uma prática religiosa.
Nosso mundo valoriza o sucesso, a realização e o reconhecimento, mas a cruz de Cristo nos ensina uma lição oposta. Jesus não foi exaltado aos olhos do mundo; Ele foi rejeitado, crucificado, e humilhado. Contudo, essa foi a maior vitória de todas. Quais são as coisas que usamos hoje como fonte de vanglória em nossa vida? O que significa, na prática, se gloriar somente na cruz de Cristo?
Paulo enfatiza que devemos rejeitar qualquer tentativa de construir uma imagem espiritual superior ou uma identidade baseada em realizações externas. A cruz é o lugar onde nossa verdadeira identidade é formada, e ela nos liberta da busca por aprovação dos homens. Em Mateus 23:4-5, Jesus critica os fariseus por amarrarem fardos pesados sobre os outros e fazerem suas boas obras para serem vistos pelos homens. Esse é o mesmo espírito que Paulo denuncia em Gálatas.
Legalismo e licenciosidade, embora pareçam opostos, são dois lados de uma mesma moeda: ambos buscam agradar a alguém, seja a si mesmo, aos outros ou a uma ideia de moralidade exterior. No entanto, a cruz nos liberta dessa busca por aprovação, chamando-nos a uma vida de humilde obediência a Deus.
Aplicação: Gloriar-se na cruz e não em si mesmo é um chamado a renunciar qualquer forma de autossuficiência e autoexaltação. Em um mundo que valoriza a imagem, o desempenho e as realizações, somos tentados a medir nosso valor pela nossa aparência, conquistas, sucesso profissional ou até mesmo nossa prática religiosa. Mas Paulo nos lembra que tudo isso é vazio se comparado à obra de Cristo na cruz.
Gloriar-se na cruz significa que nossa maior fonte de identidade e valor não está nas nossas realizações, mas na obra de Jesus. Nossa tentação é fazer de nossos talentos e esforços uma plataforma para buscar reconhecimento e aprovação dos outros. Muitas vezes, nossas boas obras, nosso conhecimento e até nosso envolvimento em ministérios podem se tornar maneiras de construir uma imagem de nós mesmos.
Perguntas para Reflexão e Ação Prática:
Em que áreas da sua vida você tem buscado glória pessoal? Isso pode incluir desde o sucesso no trabalho, até o desejo de ser visto como "espiritual" ou "admirável" pelos outros.Como seria viver uma vida em que Cristo, e não suas realizações, seja sua maior fonte de glória? Quais mudanças práticas você precisa fazer para que a cruz de Cristo seja o centro da sua vida?Examine suas motivações: Quando você age com bondade, quando se envolve na igreja ou quando compartilha suas conquistas, você está fazendo isso para glorificar a Deus ou para atrair a atenção para si mesmo?
Ação Prática:Escolha uma área específica da sua vida onde você tem buscado reconhecimento e aprovação humana, seja no trabalho, nos relacionamentos, ou até no serviço ministerial. Peça a Deus para te ajudar a transferir a glória que você busca para a cruz de Cristo. Pode ser uma meta pessoal de sucesso, seu papel em um ministério, ou sua busca por validação em redes sociais.
Uma forma prática de começar a mudar sua perspectiva é fazer um "desafio de gratidão" durante a semana. Todos os dias, reflita sobre o que Cristo fez por você na cruz e agradeça a Ele por isso, ao invés de focar no que você tem ou quer conquistar. Ao fazer isso, você se lembrará de que a cruz é o verdadeiro centro da sua vida e a única fonte legítima de glória.
Ao nos gloriarmos em nossa sabedoria, nossas habilidades, ou nossa religiosidade, nos afastamos do verdadeiro evangelho, que nos chama a sermos humildes. Que possamos, portanto, viver vidas que refletem o sacrifício de Cristo, onde nossa confiança não está em nós mesmos, mas na graça que recebemos através da cruz.
3. Uma Vida Centrada na Cruz Valoriza Cristo, Não o Mundo (Gálatas 6:14b-18)
3. Uma Vida Centrada na Cruz Valoriza Cristo, Não o Mundo (Gálatas 6:14b-18)
Paulo continua em Gálatas 6:14 dizendo que, por meio da cruz, ele está “crucificado para o mundo, e o mundo está crucificado para mim.” A cruz não apenas nos salva, mas transforma completamente nossa relação com o mundo. O “mundo” aqui representa o sistema corrompido de valores e prioridades que são contrários a Deus. Para Paulo, a cruz matou sua antiga relação com o mundo; ele já não era atraído por suas ofertas e ilusões. Ao invés disso, ele agora valoriza Cristo acima de todas as coisas.
Como cristãos, também somos chamados a valorizar Cristo acima do mundo. Isso significa resistir à tentação de encontrar nosso valor nas coisas que o mundo oferece — riquezas, status, poder, ou prazer. Essas coisas perdem seu fascínio quando olhamos para a cruz e entendemos o sacrifício de Jesus. A cruz nos chama a uma nova forma de viver, onde Cristo é o tesouro supremo e o mundo perde seu domínio sobre nós.
Aplicação: A aplicação desse princípio em nossas vidas exige uma autoanálise sincera de como estamos priorizando as coisas do mundo em detrimento de nossa devoção a Cristo. A realidade é que, em nosso cotidiano, somos constantemente seduzidos pelo que o mundo oferece: conforto, sucesso, aceitação social, riquezas, e até mesmo distrações aparentemente inofensivas.
O que Gálatas 6:14 nos chama a fazer é inverter essas prioridades. Paulo nos desafia a crucificar o mundo para nós, ou seja, olhar para as tentações, promessas vazias e valores deste mundo como coisas sem vida e sem valor. Isso não significa que rejeitamos por completo o que há de bom na criação de Deus, mas que não permitimos que as coisas temporais se tornem ídolos em nosso coração, rivalizando com a centralidade de Cristo.
Perguntas para Reflexão e Ação Prática:
Perguntas para Reflexão e Ação Prática:
Onde o mundo ainda exerce fascínio em sua vida? Talvez seja a busca incessante por segurança financeira, a ânsia por aprovação nas redes sociais, ou a pressão por conquistar posições e status que o afastam de depender completamente de Cristo. Identifique essas áreas.De que maneira você pode, de forma prática, valorizar Cristo acima dessas coisas? Isso pode significar reavaliar seu tempo e como você o utiliza. Por exemplo, o tempo que você dedica a seu relacionamento com Deus, à meditação nas Escrituras e à oração pode revelar onde estão suas prioridades.Avalie suas atitudes em relação ao consumo: seja de conteúdo digital, seja de posses materiais. Pergunte a si mesmo: "Estou usando isso para a glória de Deus ou isso tem me distraído do meu verdadeiro tesouro em Cristo?"
Ação Prática:Escolha uma área específica da sua vida onde o mundo ainda exerce muita influência e coloque isso diante de Deus em oração. Pode ser um hábito, um apego material, uma meta pessoal ou até mesmo um relacionamento. Peça a Deus que o ajude a crucificar essa área, a valorizar a Cristo acima disso e a moldar seus desejos de acordo com os valores do evangelho.
Lembre-se de que viver uma vida centrada na cruz não é um chamado para o isolamento do mundo, mas para viver nele com uma nova perspectiva. Como disse o pastor John Piper, "Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nEle." Que possamos, portanto, encontrar nossa maior alegria e realização em Cristo, e que o mundo perca seu apelo diante da beleza do evangelho.
Conclusão:
Paulo encerra sua carta com a palavra "graça" (Gálatas 6:18), uma palavra que resume toda a mensagem de Gálatas. Ele começou falando da graça de Deus e agora, no final, reafirma que nossa caminhada com Cristo depende totalmente dessa graça, e não das nossas obras. A cruz é o lugar onde o amor de Deus se manifestou plenamente, e é por meio dela que recebemos perdão, vida nova e uma nova identidade.
Essa verdade não deve apenas nos impactar no momento em que cremos, mas precisa moldar toda a nossa vida. A cruz não é apenas o ponto de partida da fé, mas o poder que nos sustenta em cada passo da jornada cristã. Ela nos lembra, dia após dia, que nossa aceitação diante de Deus não se baseia no que fazemos ou deixamos de fazer, mas naquilo que Cristo fez por nós.
Portanto, viver uma vida centrada na cruz significa que todas as áreas da nossa vida devem ser transformadas por essa realidade. Quando somos tentados a nos gloriar em nossas realizações, somos lembrados que nossa maior glória é Cristo. Quando enfrentamos pressões culturais para nos conformar ou esconder nossa fé, a cruz nos lembra que fomos chamados a seguir a Cristo com coragem, sabendo que nossa segurança e identidade estão firmemente estabelecidas Nele. E quando fracassamos ou tropeçamos, a cruz nos lembra que há perdão e renovação disponíveis, não por causa do que fizemos, mas por causa do que Cristo já fez.
Essa verdade deve permear cada parte da nossa vida. Em nossos relacionamentos, em nossos trabalhos, em nossas lutas diárias, e até em nossos momentos de fraqueza, a cruz deve ser a lente pela qual enxergamos o mundo e a nós mesmos. Não precisamos mais nos esforçar para ganhar a aprovação dos outros ou a aprovação de Deus — porque já fomos aceitos. E isso nos dá liberdade. Liberdade para servir a Deus e aos outros, não em busca de reconhecimento, mas em resposta ao grande amor que já recebemos.
Assim, à medida que vivemos nossas vidas, que possamos gloriar-nos na cruz e lembrar diariamente que somos amados, aceitos e transformados pela obra completa de Cristo. Que essa verdade, tão poderosa e tão prática, nos molde e nos capacite a viver para a glória de Deus, proclamando essa mensagem com nossas palavras e nossas ações.