Série de Mensagens - Jesus sim, Igreja não!

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- O Culto é para edificação, não para exibição -

Texto base: 1Coríntios 14.1-25
INTRODUÇÃO:
Boa noite,
Graça e paz!
Em uma escala de 1 a 10, até que ponto você ama a igreja? Quando olha ao seu redor, vê os seus irmãos e irmãs. o que você pensa? Talvez você pense: “Eu amo demais essas pessoas e oro para que Deus me capacite, de alguma forma, a incentivá-las a se aprofundar na sua caminhada com Deus”. O Espírito Santo nos concede a capacidade de servir pessoas. E acredite! Isso é sobrenatural! Se Deus se importa tanto com a sua igreja a ponto de dar a ela capacidade espiritual, não seria o caso de nós, também, nos improtamos com ela usar os nossos dons para esse propósito?
Paulo queria muito ir para o céu. Mas essa ideia causava angústia em seu coração a pensar que ao ir para o céu, deixaria de servir a igreja de Cristo Jesus aqui na terra. Seu amor pela igreja era a única coisa que o mantinha vinculado à vida na terra. Ele escreveu:
Filipenses 1.23–25 NVI
23 Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; 24 contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo. 25 Convencido disso, sei que vou permanecer e continuar com todos vocês, para o seu progresso e alegria na fé,
Você consegue se identificar com o propósito de vida de Paulo e o amor que ele sentia pela igreja? Há muita gente buscando mais do Espírito Santo por motivos errados!
O Espírito Santo trabalha para glorificar Cristo, é o que encontramos em João 16.14 “14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.” - A igreja em Corinto era conhecida por isso. Era um completo caos, pois as pessoas não estavam preocupadas com o aprimoramento comunitário. Eles estavam tentando usar as manifestações do Espírito para glória pessoal. Não havia interesse no que Deus estava fazendo na vida delas.
Um sinal claro da operação do Espírito Santo é o engrandecimento de Cristo, e não das pessoas. A autoglorificação é algo que muitos de nós lutamos contra. Eu preciso todos os dias lutar contra o meu orgulho!
Quando o Espirito Santo opera verdadeiramente, Deus é o único que recebe louvor. Jesus é o único exaltado. Quando o Espírito operou no dia de Pentecostes, as pessoas sabiam que havia um poder presente que era procedente de Deus. É por isso que as pessoas não saíram daquele lugar dizendo o quão impressionante eram os apóstolos por terem aprendido uma nova língua em questão de segundos. Eles sabiam que aquilo só poderia ser obra de Deus. Oremos para que nosso Deus nos capacite de maneira tão radical que não queiramos a glória. Que as pessoas vejam nossas obras e glorifiquem a Deus.
É importante lembrar que essas intensões carnais dos crentes em Corinto se manifestavam no ambiente de culto. O culto pode ser entendido em três aspectos: Deus é adorado; a igrerja é edificada e os incrédulos são convencidos de seus pecados. Se a nossa intensão em ir à igreja é mostrar o quão espirituais nós somos, a nossa intenção está errada. O culto é para edificação e não para exibição! Corinto era um palco de exibições.
Paulo conclui aqui nessa capítulo o seu tratado sobre os dons espirituais. Há alguns sermões passados, mencionei a existência de alguns posicionamentos em relação aos dons espirituias: Os cessacionistas, os ignorantes, os medrosos e os contemporâneos. Eu também mencionei que eu tenho um posicionamento em relação a esses dons espirituais. Eu creio na contemporaneidade dos dons, no entanto, é importante mencionar que existe uma diferença da administração desses em relação ao ministério apostólico.
É importante esclarecer que nos dias de hoje, não temos mais apóstolos ou profetas como no Antigo Testamento. Aqueles eram instrumentos da revelação divina. Atualmente, não existem revelações novas dadas por Deus à sua igreja. A Bíblia tem uma capa definitiva; ulterior.
Com respeito aos dons, precisamos ser cautelosos quanto à sua polarização. Aqueles irmãos tinham carisma, mas não tinham caráter. Ou como mencionamos outras vezes, a igreja em Corinto tinha dons do Espírito, mas não tinham o Fruto do Espírito. É necessário discernimento, existem igrejas que atribuem toda e qualquer obra ao Espírito Santo, qualquer fenômeno dentro da igreja é visto como ação sobrenatural do Espírito. Mas também, existem aqueles que entram em uma redoma de racionalismo cético, incredulidade e cometem o erro de apagar o Espírito Santo.
Paulo inicia o capítulo 14 dizendo: “Sigam o caminho do amor...” - Paulo encerra o capítulo 12 aconselhando os irmãos a buscarem com dedicação os melhores dons. Não é uma contradição do apóstolo, mas sim, uma espécie de prumo. O amor delimita não apenas a liberdade cristã, como também nos molda a uma vida de serviço autruísta.
Nos primeiros versículos, vemos Paulo mais uma vez realocando os dons em uma escala de importância ou relevância para o ambiente de culto. Paulo apresenta o dom de profecia como sendo um dom superior ao dom de línguas. Havendo colocado a discussão dentro da estrutura apropriada do amor, Paulo agora encoraja os irmãos em Corinto a reconhecerem o valor dos dons espirituais.
BUSQUEM COM DEDICAÇÃO OS DONS ESPIRITUAIS:
Aqui, escrevendo aos Coríntios, Paulo apresenta alguns dons espirituais. Mas veremos, outras listas de dons em outras cartas paulinas. No capítulo 12, Paulo menciona os dons de Palavra de Sabedoria, Palavra de Conhecimento, a Fé, os Dons de Cura, Poderes Miraculosos, Profecia, Discernimento de Espíritos, Variedade de Línguas e Interpretação de Línguas.
Fica evidente, que a Igreja em Corinto, colocava o dom de línguas acima de outros dons, inclusive, acima do amor. O capítulo em apreciação, nos permite enxergar Paulo aconselhando aqueles irmãos a buscarem os dons que promoviam o crescimento e edificação da igreja. O termo “edificação”, está relacionado a “construir”. Sendo assim, o que poderia promover o crescimento e amadurecimento da congregação?
Em relação ao dom de línguas, é importante uma abordagem bíblica e clara. A primeira evidência do dom de línguas é apresentada em Atos 2. Texto que narra o dia de Pentecostes.
Atos dos Apóstolos 2.1–4 NVI
1 Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. 2 De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. 3 E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.
O termo encontrado aqui para referir-se ao dom de línguas é a palavra grega dialektos - refere-se a um modo particular de falar. No contexto do Pentecostes, isso indica que as pessoas não apenas ouviam as mensagens em diferentes idiomas, mas também em suas variantes locais, o que tornava a comunicação ainda mais acessível e impactante. Também encontramos a palavra grega glossais - que faz referencia a idioma, ou língua, podendo ser o órgão.
Na carta de Paulo aos Coríntios, veremos Paulo tratando do dom de línguas (na verdade, o seu mal uso), e o termo encontrado aqui é glossa. Paulo discute esse dom como uma manifestação do Espírito Santo, enfatizando sua importância e o uso adequado nas reuniões da igreja. O uso de "glōssa" aqui é significativo, pois destaca tanto a capacidade de falar em línguas desconhecidas quanto a necessidade de interpretação para a edificação da comunidade.
Infelizmente, o mal uso do dom de línguas não era apenas uma realidade naquele tempo e naquela comunidade. Ainda hoje, muitos fazem mal uso desse dom ou até mesmo, abrem brechas para questionarmos a sua veracidade. A Igreja em Corinto era igreja dada aos excessos, escâncalos, carnalidade e misticismos.
a) - A primeira coisa que Paulo destaca acerca do dom de línguas é a sua pessoalidade (v2a) - Não é um dom público, mas íntimo, particular, e pessoal. O dom de variedade de línguas é um dom para sua intimidade com Deus. Se assemelha muito mais à oração e adoração, do que a profecia. A superioridade da profecia em relação às línguas está em seu poder de comunicação com os ouvintes. É importante lembrar que o dom de línguas não é uma espécie de selo do Espírito que comprova ou evidencia o batismo no Espírito Santo. Apenas por meio do Espírito é que podemos declarar que “Jesus é Senhor” (1Coríntios 12.3) -
Juan Carlos Ortiz, vai dizer que o dom de línguas é o dom de pijama. Está associado à intimidade! A algo que não se escancara, mas é de cunho íntimo. Paulo menciona que quem fala em outras línguas, fala a Deus e não aos homens.
Jonas Madureira, menciona que em suas reflexões ele compreende a importância da experiência pessoal com o Espírito Santo, e como isso pode se manifestar através do dom de línguas, mas ressalta que a experiência deve ser acompanhada de compreensão e amor.
b) - Em segundo lugar, Paulo menciona quanto à compreensão (v2b) - As línguas acontecem no âmbito espiritual e não racional. Em alguns versículos mais à frente (v13), Paulo vai recomendar a igeja que aquele que fala em línguas, ore para que possa interpretar. A própria pessoa que fala em outra língua não entende o que está falando. A mente dela não é edificada, pois não sabe o significado de suas palavras. Se essa pessoa não entende o que fala, muito menos, as outras pessoas entenderão. Ela está falando em mistério.
Paulo vai dizer no versículo 14 que, aquele que ora em línguas o faz por meio do espírito, de modo que a mente fica infrutífera.
c) - Em terceiro lugar, quero destacar quanto à edificação (v3-4) - É um dom para edificação própria. Como mencionei anteriormente, esse é um dom pessoal. Sendo assim, os resultados que este dom podem promover no meio da igreja são muito limitados. Ele não visa à edificação da igreja, mas a sua intimidade com Deus. É por essa razão que este dom é inferior aos demais. O dom é para edificação mútua. Todos os outros dons alistados na Bíblia são dons para a edificação da igreja; esse é o único dado para auto-edificação.
Nos versículos sequentes (v5-11), veremos Paulo lançando mão de algumas ilustrações para esclarecer o que está dizendo:
Instrumentos musicais (v7) - No capítulo 13 Paulo também menciona alguns instrumentos que mais faziam barulho do que emitiam sons melódicos e harmônicos. Para que haja melodia é necessário conhecimento musical e sensibilidade. Caso contrário, os sons emitidos não passarão de barulho;
Trombeta (v8) - A trombeta era o instrumento tocado para convocar os soldados à batalha. Imagine uma trombeta tocada no momento errado. Ela pode gerar alvoroço, desconforto, medo, insegurança. Não se toca uma trombeta a qualquer momento sem que haja um propósito;
Conversa interpessoal - Imagine um brasileiro e um japonês tentando se comunicar, sem que um conheça a língua um do outro.
Assim, Paulo diz que se você falar em outra língua, não poderá edificar a igreja, pois sua fala será incompreensível para as outras pessoas. A edificação passa pelo entendimento. Mais à frente, Paulo vai dizer que aquele que ora em línguas se estiver dando graças a Deus não poderá nem ter a confirmação da congregação com o “amém” por conseguir se fazer entendido. É necessário orar em Espírito, mas também orar com o entendimento.
d) - O dom de línguas não é para pregação (v18-19) - Aqui, Paulo deixa claro possuir o dom de línguas, mas mesmo possuindo, preferia falar cinco palavras que pudessem levar a igreja à compreensão do que discursar em outras línguas. quem fala em outra língua fala a Deus e não aos homens. Mesmo que haja interpretação, a natureza do dom não é al terada. Ou seja, quando há interpretação, interpreta-se a ora ção e não a pregação. Portanto, quando uma pessoa começa a falar em outra língua, e o intérprete começa a trazer uma mensagem de Deus para os ouvintes está laborando em erro.
A interpretação não muda a essência do dom. Mesmo com a interpretação, variedade de língua é palavra do homem para Deus e não palavra de Deus para o homem. Tornou-se comum vermos em alguns segmentos evangélicos, a prática desse suposto dom, como segue: “Meu servo [...]” e começa a falar a mensagem de Deus. Onde está o erro nessa prá tica? Temos dois erros graves aqui. Primeiro: transformou línguas em profecia. Variedade de línguas é sempre palavra do homem para Deus e nunca palavra de Deus para o ho mem. Segundo: não há na Bíblia nenhuma profecia dada na primeira pessoa, como “meu servo”. Toda profecia bíbli ca é dada na terceira pessoa: “Assim diz o Senhor”.
Por que é errado dizer “meu servo”? Porque isso implica em dizer que a pessoa que está entregando a mensagem é uma incorporação do próprio Deus. A pessoa que está ouvindo é serva de quem? De Deus ou do profeta que está falando? O profeta está falando em nome de Deus ou o profeta é Deus? O profeta nao pode assumir o lugar de Deus, antes deve dizer: “Assim diz o Senhor”.
e) - O uso errado desse dom tem muito mais afastado pessoas do que aproximado (v24) - Paulo deixa claro os parâmetros para o uso do dom de línguas. Nos dias de hoje, temos visto igrejas dadas aos excessos assim como em Corinto. Cultos cheios de desordem, sincretismos, misticismos, manifestações que mais parecem rituais de pocessões. Tudo isso tem afugentado pessoas de Cristo, pois não são produzidos pelo Espírito Santo.
O primeiro parâmetro que Paulo diz é que os crentes não podem falar em outras línguas ao mesmo tempo. Essa prá tica pode levar o indouto que entra no templo a pensar que os crentes estão loucos. Essa prática não contribuiria para o entendimento dos incrédulos nem para a edificação dos crentes.
Paulo vai dizer que se houver intérprete pode falar, mas, no máximo três pessoas, e uma pessoa depois da outra. E preciso existir ordem no culto público. O culto aceitável a Deus é um culto racional e lógico, em que é preciso unir os três elementos básicos da nossa vida: razão, emoção e vontade. O culto não pode ser uma babel de confusão. Se as pessoas falam ao mesmo tempo, o entendimento é prejudicado e a edificação se torna impossível.
f) - Em sexto lugar, o dom de línguas não devce ser proibido (v39) - Hernandes Dias Lopes vai dizer que existem pessoas que jogam a criança fora com a água na bacia. Por causa dos excessos cometidos no uso desse dom, muitos negam a sua importância e o rejeitam. A Bíblia vai dizer que quem dá os dons é o Espírito Santo de Deus. Ele dá o dom a quem quer! A forma como o Espírito Santo atua na vida de cada pessoa é particular. A Bíblia vai dizer que a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum.
Portanto, não temos o direito de falar mal ou escarnecer daquilo que é dádiva do Espírito Santo, mas precisamos pedir ao Senhor que nos ajude a discernir. O fato de uma pessoa usar o dom de forma errada nao deve nos levar para o outro extremo, o de proibi-lo.
A igreja de Corinto usou de forma errada a Santa Ceia; contudo, Paulo não proibiu a igreja de celebrar a Santa Ceia. O importante é corrigir a prática e não proibi-la. Paulo diz que falar em línguas em particular tem o seu valor de auto-edificação. Se Deus lhe deu esse dom, usufrua- o para a sua edificação. Se Deus não lhe deu, nao tenha complexo de inferioridade.
CONCLUSÃO:
Os dons espirituais são habilidades concedidas pelo próprio Espirito Santo para benefício da igerja ou auto-edificação. A diversidade de dons é importante para a Igreja de Cristo Jesus. Isso não significa que toda igreja terá todos os dons espirituias. Corinto era agraciada com todos os dons, mas faltava caráter.
Quanto ao dom de línguas, precisamos de uma abordagem equilirada, teológica e bíblica. Não é o que eu sinto! A Igreja em Corinto trouxe dos cultos de mistérios essa cosmivisão sensitiva, mística, misteriosa.
O dom de línguas ainda divide opiniões entre grandes teólogos. Jonas Madureira, por exemplo discute o dom de línguas considerando ambas as possibilidades: ele vê o dom como podendo se manifestar tanto em idiomas humanos desconhecidos pelo falante quanto como uma linguagem espiritual ou "língua misteriosa”.
Idiomas Humanos - Em Atos 2 vemos que o Espírito Santo capacitou os Apóstolos a falarem em várias línguas conhecidas permitindo que diferentes nacionalidades entendessem a mensagem do Evangelho;
Língua Espiritual - Em 1 Coríntios vemos Paulo abordando o uso do dom como tendo uma função de comunicação direta com Deus, e não aos homens. Podendo assumir também uma carcterística de língua espiritual.
Independentemente da forma que o dom assume, o foco deve estar na edificação da igreja e na glorificação de Deus. É necessário interpretação para que o dom seja usado em benefício da Igreja.
Deus ama a Igreja, e por isso, o Espírito Santo continua sendo esse agente capacitador da igreja para a proclamação do Evangelho e edificação e aperfeiçoamento dos santos.
SOLI DEO GLORIA.
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