Vida cristã em amor

Vida (in)conformada  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 4 views
Notes
Transcript
Romans 12:9–21 ARA
9 O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. 11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; 12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; 13 compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; 14 abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. 15 Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. 16 Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; 18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; 19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. 20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Intro: Irmãos, às vezes precisamos de explicações bem detalhadas. Talvez você, pai de adolescente, já tenha pedido simplesmente a seu filho que "limpe a casa". E ele limpou... do jeito dele. Ele fez o que ele achou que era limpar. Mas quando você olhou, não era nada daquilo que você esperava.
Às vezes precisamos de ordens detalhadas. Você precisa dizer a seu filho exatamente: "lave a louça, seque a louça, varra o chão, não deixe a sujeira debaixo do tapete". Por vezes, eu e você também somos assim. Sabemos que a vida cristã deve ser caracterizada pelo amor. Aprendemos que, à luz do evangelho, do amor sacrificial de Jesus por nós, devemos entregar as nossas vidas em sacrifício. E que isso implica numa vida de unidade e serviço comunitário.
Ok, mas como é isso? Com o que isso se parece? Agora Paulo traz uma série de exortações, uma após a outra. Cada exortação é um soco. E ele não nos dá descanso, é um após o outro. Em todas elas ele descreverá o amor.
Pois o amor é o resumo da lei (v. Jo 13.34; Lv 19.18). Jesus resumiu os Dez Mandamentos em amar a Deus e amar o próximo. E se Deus mostrou seu amor por nós ao entregar o seu bem mais precioso, seu Filho, para nos salvar, a evidência de que tal obra salvífica agiu em nós é o amor cristão. Agora, Paulo nos mostra com o que esse amor se parece.
Nós precisamos disso. Às vezes, dizer apenas "ame o próximo" não basta. Precisamos entender o que isso implica. Então o que temos aqui é isto: como o amor cristão deve se manifestar na igreja e para com os de fora da igreja?

O amor cristão na igreja

Em primeiro lugar, como deve ser o amor cristão na igreja? Como ele se manifesta entre irmãos? Paulo nos traz aqui uma série de exortações a respeito (v. 9-13).
Paulo começa nos dando o tema da seção, ao falar do amor, que deve ser sincero, sem fingimento. Ele insere aqui o tópico, de certa maneira, o título de toda essa seção: o amor. O que veremos a seguir são descrições de com o que esse amor se parece.
E aqui já vemos que amor é mais que um sentimento. Ele envolve um compromisso, ele envolve decisões, ele envolve ações, ele envolve uma aproximação, uma afeição que ao mesmo tempo é intencional. Diferente do conceito mundano de amor, amar aqui se manifesta em atitudes. E aqui, nos versículos 9 a 13, ele descreve manifestações do amor que se encaixam no contexto da igreja, da comunidade cristã.
E ele diz sobre o amor entre irmãos deve ser sincero. Sem hipocrisia. Hipócrita era o ator que participava de um drama. Os romanos herdaram da cultura grega o teatro, o drama, e os atores usavam uma máscara, o seu eu era coberto pelo personagem.
O amor não deve ser uma atuação, mas real. Não devemos simular, não devemos viver apenas aparências, cumprimentar uns aos outros apenas socialmente. Devemos amar-nos de fato. O amor cristão é mais que apenas cumprimentar-nos no início e no final do culto enquanto fingimos que está tudo bem, mas assim que o domingo acaba cada um cuida de sua vida. A igreja deve vivenciar um amor real, pois isto é o cumprimento da lei.
O amor entre irmãos também deve ter discernimento. Devemos detestar o mal e amar o bem. O amor detesta praticar ou presenciar o mal.
Um amor que machuca ou que usa o outro para satisfação de seus prazeres não é verdadeiro amor.
Um amor que permite que o outro se destrua num caminho sem volta não é amor.
Quem ama busca o bem, tanto praticá-lo quanto buscar o que é melhor pra ele. O critério do amor verdadeiro não é o que aprendemos na mídia, mas no padrão da lei de Deus.
O amor entre irmãos deve ser devoto. Devemos nos esforçar para ter com nossos irmãos um amor de irmão.
O tipo de amor que Paulo descreve aqui é este, o amor entre irmãos, o amor familiar, não um amor erótico (eros) nem um amor altruísta para com um desconhecido (ágape), mas um amor familiar, entre irmãos (philostorgos, philadfelphia).
O amor entre irmãos da fé deve ser com afeição, cordial, fraternal, como o de uma família. Devemos ter uma afeição calorosa uns para com os outros. Novamente, igreja não é restaurante fast-food, onde você pega a sua comida e vai embora.]
Isso certamente requer algum esforço intencional, mas que se desenvolve. Quer amar alguém? Aja como quem ame, e o sentimento cedo ou tarde virá.
O amor entre irmãos também deve ser caracterizado pela honra mútua.
A expressão "preferindo-vos em honra" traz a ideia não apenas que devemos honrar uns aos outros (isto é, dar o devido reconhecimento e valorizar o próximo por ser quem é e pelo que faz), mas que devemos, de certa maneira, competir uns com os outros em hora mútua. Isto é, devemos nos adiantar e devemos superar o nosso irmão na prática de honrar uns aos outros.
Em muitos lugares, há competitividade por espaços e cargos. Pessoas disputam visibilidade e reconhecimento. Mas na igreja,deveríamos competir na prática de honrar o outro, de reconhecer, elogiar, elevar o outrro a uma alta posição. Devemos todos buscar sermos os primeiros a elogiar, e não a receber elogios. Os primeiros a ceder espaço. Os primeiros a reconhecer dons e talentos do irmão. "Devemos ser conhecidos pelo pedestal sobre o qual erguemos os nossos santos irmãos".
A mesma ideia é expressada em Fp 2.3-4. Vivemos numa época de realizações pessoais e de busca por valorização. Onde é propagada aquela ideia de "ande com quem te valoriza". Mas o amor cristão é o oposto. Nós apontamos o holofote para o outro, "considerando-o superior a si mesmo".
Nosso amor também deve ser com entusiasmo. O nosso envolvimento com a comunidade, com a igreja, deve ser caracterizado pelo zelo, sem preguiça, com entusiasmo, fervor e disposição ao serviço.
Os cristãos não devem faltar em zelo para com o irmão. Isto significa que deve trabalhar duro para a manutenção dos relacionamentos. É muito comum termos um entusiasmo maior no começo de um empreendimento, mas devemos lutar para mantê-lo. Haverá vezes em que manter a comunhão se tornará algo desafiador. Quando o nosso irmão se fecha ou rejeita nossos esforços, ou quando me deparo com um problema que torna a comunhão difícil de manter, não devo diminuir meus esforços, mas aumentar, me tornar ainda mais diligente.
Para que tal zelo seja mantido, é necessário "fervor espiritual". A falta de fervor é resultado da preguiça espiritual. O nosso entusiasmo e disposição para amar o irmão e pagar o preço para manter a comunhão é resultado de nossa vida espiritual. É o Espírito Santo que pode manter a nossa disposição, mesmo quando a convivênvia com o irmão se torna um desafio. Sem tal fervor, seremos indolentes e preguiçosos como os hebreus (Hb 5.11; 6.12), ou tomados pela timidez e covardia, como Timóteo (2Tm 1.6-7). O resultado do fervor espiritual é saber que estamos servindo, em última instância, ao Senhor. Por que lutar pela comunhão e para amar aquele irmão, mesmo quando parece haver pouco benefício? Porque é o meu dever e o meu serviço ao Senhor, a quem tenho devoção.
O nosso amor deve também ser perseverante. Como manter o entusiasmo diante do sofrimento? Como manter a alegria quando a vida vai mal?
A nossa alegria deve estar na esperança. Vivemos com os olhos na gloriosa volta de Cristo. Olhamos com fé para o que Deus fez no passado, confiamos em seu cuidado no presente e temos esperança que ele cumprirá as suas promessas futuras. Por isso, nas tribulações, somos pacientes.
A provável tribulação a qual Paulo se refere aqui é a perseguição. Os cristãos de origem judaica já provaram um pouco do gostinho da perseguição ao serem expulsos de Roma. Mas o clima que levou a morte de muitos cristãos em 64 d.C. já era presente. Já havia uma antipatia cultural contra os cristãos e muitos sofriam por isso. Os crentes deveriam enfrentar tais tribulações com paciência, orando em todo o tempo, alegres e esperançosos quanto ao futuro. A comunhão e a prática do amor não deveriam ser diminuídas pelo sofrimento, porque estão baseadas nas promessas de Deus.
Que exemplo para nós são aqueles que, apesar do sofrimento e das doenças, não deixam a comunhão e continuam manifestando as virtudes cristãs. Outros, entretanto, usam as doenças como justificativa para deixar a comunhão e ostentar um espírito carrancudo. Certamente, tais pessoas não aprenderam a lição de Paulo.
Devemos ser perseverantes na orações. Nelas é que devemos persistir, frente às tribulações e preocupações da vida. A igreja recebe de Jesus o nome de "Casa de Oração". Em momentos de tribulação, no lugar de nos afastar dos deveres, devemos lançar nossas ansiedades sobre Deus, esperando dele a consolação.
O amor cristão deve também ser caracterizado pela compaixão, pela misericórdia e acolhimento.
Devemos partilhar as necessidades uns dos outros. Isto significa participar da necessidade. Quando um irmão estiver em situação de miséria, compartilhar os nossos recursos. Quando alguém precisar de algum auxílio, dispor-nos a a judar.
Tal ajuda será muitas vezes de ordem financeira. Quando um irmão fica sem emprego e precisa pagar contas, temos de nos dispor a ajudar. Paulo instrui em outra carta a priorizar a nossa ajuda àqueles que são da família da fé (Gl 6.10). Mas também pode ser com o nosso tempo (cuidar e ajudar nas tarefas de casa um irmão que está doente). Ou com o nosso trabalho (quantas vezes irmãos já me ajudaram a montar coisas em minha casa, já perdi as contas!).
Tal ajuda muitas vezes será por meio da hospitalidade. Nos tempos da igreja primitiva, os missionários eram itinerantes e necessitavam do acolhimento dos santos para poderem exercer seu ministério. Além disso, havia a prática de cristãos receberem os viajantes em sua casa. Um crente, em qualquer cidade que fosse onde havia uma igreja, teria um lugar para dormir. Isso é bem necessário em nossa geração individualista e narcisista, onde cada um cuida do que é seu e evita a todo o custo ajudar ou depender de outros. A igreja deve ser conhecida pela sua generosidade e acolhimento.
Ou seja, a igreja, em seus relacionamentos internos, deve ser caracterizada por um amor sincero, com discernimento, devoção, honra, entusiasmo, perseverança e compaixão. Parece algo impossível. Mas é possível por causa do que Cristo fez. A sinceridade do amor de Cristo é demonstrada no fato de ele ter morrido por nós, estando disposto a fazer o que era necessário para o nosso bem, em humildade, com zelo e obediência, indo até o fim para nos salvar de nossa miséria. Cristo mostrou como esse amor se parece. Quando você tiver dúvidas, olhe para ele. E não apenas isso, como ele nos livrou do cativeiro do pecado, de modo que agora somos livres para amar como ele amou. Não temos a desculpa da impossibilidade para dizermos que é impossível. Em Cristo, podemos amar.
Mas isso requer de nós intencionalidade. Não espere que tais coisas venham de um modo automático. Porque ainda precisamos aprender como o amor opera. Somos como aquela criança que o pai precisa dizer: "forre a cama, dobre as roupas". Precisamos nos esforçar para viver em amor, por vezes fazendo coisas que são desconfortáveis para nós. Não se apoie na timidez. Não se apoie na falta de afinidade. Tudo isso pode ser vencido, em nome de Jesus. Tome uma atitude. Fique após o culto, após a EBD, converse com o irmão, converse com o visitante, marque uma visita, marque um churrasco (convide o pastor que o pastor gosta de churrasco). Estreite os laços. E isso se tornará visível ao mundo, como vemos no próximo ponto.

O amor cristão no mundo

Nos versículos 14 a 21 temos uma outra série de exortações, sobre como o amor cristão deve se manifestar no mundo, na sociedade. Quando a igreja é caracterizada pelo amor, isso extravasa os limites da igreja e alcança até mesmo os ímpios. E isso se torna um poderoso testemunho do evangelho.
E a primeira coisa que vemos aqui é que a igreja deve abençoar, e não amaldiçoar, os seus perseguidores (v. 14).
Naquele tempo, como já vimos, havia perseguição contra os cristãos. Tal perseguição ainda não era generalizada e sistêmica, como haverá de ser durante o reinado de Diocleciano. Contudo, os cristãos poderiam sofrer consequências sociais e econômicas por se manterem em sua fé. Pois no Império Romano o culto ao imperador era o elemento unificador. Mas a fidelidade dos cristãos era ao Cristo, o Senhor.
Mas como os cristãos devem lidar com aquela cultura que os perseguia? Eles deveriam ser bênção. Eles deveriam abençoar, e não amaldiçoar. Eles deveriam almejar o bem daquele povo e ser canal de bênção para a sociedade. Eles poderiam reagir com desprezo, amargura ou maldição. Eles poderiam se isolar e viver em comunidades distantes. Mas em lugar disso eles buscariam o bem daquela sociedade. De fato, tal coisa ocorreu no Império Romano. Os cristãos criaram hospitais, orfanatos, libertaram escravos, protegeram mulheres. Eles oravam pelas autoridades. Isto é ser bênção.
A igreja também deve ser caracterizada pela simpatia: alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram (v. 15).
Simpatia significa "sentir junto". Nós devemos ser caracterizados como aqueles que participam das tristezas e alegrias dos outros.
O famoso pregador da antiguidade João Crisóstomo certa vez disse que é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com os que se alegram. É mais fácil sentirmos a dor do outro do que nos alegrarmos com a conquista de outra pessoa. Mas chorar com os que choram também não é tão fácil, ainda mais no mundo de hoje.
Significa lamentar junto, chorar junto, muitas vezes se abstendo de dizer qualquer coisa. Lembre-se dos amigos de Jó. Enquanto ficaram calados, foram uma bênção. Quando desataram a falar, só serviram para aumentar a dor de Jó.
Muitas vezes quando alguém passa por dor, por luto, tudo o que ela precisa é que você esteja lá. Às vezes você não saberá o que dizer. Tudo bem. Porque em meio ao sofrimento, a pessoa nem vai se lembrar do que você disse. Mas ela se lembrará que você estava lá.
Muitas vezes esses momentos de sofrimento serão ocasião em que barreiras serão quebradas e em que podemos nos aproximar das pessoas. Que testemunho poderoso poderemos dar a respeito do Cristo, que desceu e se identificou conosco, quando fazemos mesmo e nos identificamos com a dor do outro!
Também a alegria, devemos ser conhecidos por celebrar, comemorar as conquistas de outros. Há momentos para celebração e festa. Cristãos não precisam ser vistos pela sociedade como sisudos que não sabem se divertir. Devemos partilhar das alegrias. Um pregador certa vez disse que quando partilhamos da dor, a tristeza é reduzima à metade, e quando participamos da alegria, o gozo é dobrado.
A igreja também deve ser conhecida no mundo por sua unidade, sua harmonia entre si (v. 16a).
É lamentável quando, no mundo, os ímpios veem os cristãos divididos por assuntos secundários, brigando por coisas que nada tem a ver com o evangelho. É lamentável que cristãos falem mal de outros cristãos ou levem nossas divisões aos de fora.
Paulo exorta a termos o memso sentimento uns para com os outros. Isto é, harmonia, unidade de pensamento. Embora haja diferentes denominações cristãs, somos unidos num só evangelho. Temos nossas diferenças aqui entre nós, mas o mundo deve ver em nós unidade. Assim também entre nós não deve haver divisão e a nossa unidade servirá como testemunho ao mundo.
Também devemos ser caracterizados pela humildade (v. 16b)
Nós, cristãos, não deveríamos ser conhecidos como esnobes, com ar de superioridade. Pelo contrário, ao olhar para o pecador ou para o humilde, o miserável, devemos tomar conta de nossa própria miséria espiritual, da qual Jesus veio nos salvar. E então, nos identificar com os mais miseráveis.
É por isso que a igreja primitiva desenvolveu tantas obras sociais. Ela se identificava com os doentes, e então construiu hospitais. Se identificou com os órfãos, e por isso criou os primeiros orfanatos e adotavam o tanto quanto podiam. Se identificou com os escravos, e por isso os libertou. E se identificou com os pobres, e por isso os alimentou. Nenhuma dessas obras foi feita com ar de superioridade, mas com a caridade que resulta da humildade.
A igreja deve buscar harmonia não apenas entre si, mas também com a sociedade (v. 17-18).
A igreja também deve, na sociedade, buscar harmonia. Isto é um desafio, principalmente quando sofremos perseguição ou o desprezo de muitos setores da sociedade. Como é possível termos harmonia com os descrentes?
Não devemos tornar a ninguém mal por mal. Não devemos buscar vingança. Ainda que outros nos façam o mal, não devemos revidar, não devemos responder com o mal. Olhe para Cristo que, diante da injustiça que sofreu, não revidou com ultraje e confiou na justiça de Deus (1Pe 2.23).
Devemos nos esforçar para fazer o bem a todos. Isto é, sem acepção de pessoas, buscar o que é certo, o que é justo, o bem comum. Devemos fazer boas ações até para com os nossos opressores. Um bom exemplo temos em Daniel que, ainda que fosse um judeu cativo, foi submisso a Nabucodonosor e seus sucessores, exercendo bem o seu trabalho.
Devemos, quanto depender de nós, ter paz com todos. Nem sempre será possível ter paz com todos. Mas devemos fazer tudo o quanto pudermos para, de nossa parte, não sermos os causadores de problemas. Não podemos obrigar outros a ficarem em paz conosco. Não podemos impor a paz. Mas podemos não alimentar o conflito. Podemos não dar razões. Eles podem decidir nos odiar, mas nós nos certificaremos de que nenhuma culpa caia sobre nós.
Não devemos nos vingar, mas dar espaço lugar à ira (v. 19).
O cristão, assim como Cristo, não deve revidar o ultraje, a ofensa. Mas em lugar disso, "dar lugar à ira". À ira de quem? De Deus. O Senhor é quem fará justiça, como ma citação de Dt 32.35 que Paulo faz aqui.
Diante das injustiças que podemos sofrer por sermos cristãos, pode ser difícil essa ideia de não buscar vingança. E muitas vezes nos vingamos de modo sutil. Nem sempre violentamente, mas por meio do nosso ressentimento, desprezo ou silêncio.
Mas em lugar disso, devemos esperar a justiça de Deus. Não devemos fazer justiça por nós mesmos, pois nossa justiça é por vezes parcial e desproporcional. Mas devemos aguardar pela justiça que é perfeita e muito mais rigorosa que a nossa, bem como misericordiosa para com aqueles que estiverem em Cristo.
Devemos, na verdade, vencer o mal com o bem (v. 20-21)
Paulo cita Pv 25.21-22, trazendo essa ideia de que quando fazemos o bem ao inimigo, amontoamos brasas vivas sobre a sua cabeça.
Alguns estudiosos falam que havia um ritual egípcio de arrependimento, no qual pessoas carregavam um recipiente com brasas vivas sobre a cabeça. Se Paulo tiver isto em mente, a metáfora que ele usou significa que seu ato de bondade levará seu inimigo a se arrepender.
Mas é mais provável que aqui Paulo se refira ao julgamento final. A ideia é que quanto mais bondade você fizer a seus inimigos, menos razões você dará para a sua hostilidade e maior será a sua punição no juízo.
Essa é a sua maneira de vencer o mal com o bem, como diz Paulo no v. 21. Essa é a maneira que vencemos a guerra: praticando o bem a todos enquanto esperamos a justiça divina.
Aplicação: Como o amor cristão deve se manifestar em sociedade? Com bênção, simpatia, unidade, humildade, harmonia e sendo pacificadores. E, novamente, temos a nossa referência em Jesus Cristo. Ele deu a vida a nós, que éramos seus inimigos. E não revidou com ultraje, como nos diz Pedro em sua carta. E fez a paz entre nós e Deus, e uniu judeus e gentios num só povo. E ele o fez para que agora, libertos do pecado, possamos também fazer tais coisas.
E ao agir assim, daremos um poderoso testemunho do evangelho. Nada afasta mais pessoas da mensagem cristã que a incoerência dos cristãos. Nada afasta mais pessoas da igreja que a fofoca, a divisão, o ressentimento para com os de fora. Nós podemos discordar da visão de mundo das demais pessoas. Queremos convertê-las. Mas nunca devemos tratá-las com desprezo ou nos sentir superiores. Nem mesmo em época de eleição, de discussões políticas, devemos humilhar os nossos adversários.
Em lugar disso, devemos buscar o bem de nossa sociedade. Amando, se importando, participando de suas dores e sofrimentos, sendo canal de bênção. E certamente, Deus usará isso para a sua glória. Que Deus nos abençoe!
Related Media
See more
Related Sermons
See more