Mãos que derramam sangue inocente
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Introdução
Introdução
16 Seis coisas o Senhor Deus odeia,
e uma sétima a sua alma detesta:
17 olhos cheios de orgulho,
língua mentirosa,
mãos que derramam sangue inocente,
18 coração que faz planos perversos,
pés que se apressam a fazer o mal,
19 testemunha falsa que profere mentiras
e o que semeia discórdia entre irmãos.
Lembro de alguns anos atrás a notíca de uma tentativa de assalto por três indivíduos armados a um motorista de aplicativo que era policial, e são mortos pelo motorista. O debate em torno do caso foi a defesa do motorista e pasmem, muitos argumentaram como um desastre por que se o motorista não tivesse reagido seria apenas uma vida ao invés de três. As redes sociais explodem em debates. Alguns o chamam de herói, outros o condenam, alegando que ele poderia ter agido de outra maneira. As discussões são intensas, polarizadas. De um lado, as pessoas clamam por justiça e, do outro, se questionam sobre o limite entre a defesa legítima e o homicídio.
Agora imagine uma outra situação muito comum: um tribunal onde a sociedade julga uma mãe que abortou seu bebê. Muitos a defendem com argumentos de direitos individuais, autonomia do corpo e liberdade de escolha. No entanto, outros, levantam-se para defender a vida da criança, que nunca teve a chance de sair da vida intrauterina.
Por outro lado, uma notícia que infelizmente é comum em nossa cidade, uma criança em sua casa é atingida por um tiro de bala perdida após uma operação policial em uma comunidade. Após essa tragédia qual é discussão? De quem foi o tiro, da polícia ou dos bandidos? A impressão que dá é que a maior preocupação no debate polarizado de pessoas que nunca se importam com a realidade daquela criança e querem usar a morte dela para defender suas idéias, usam a criança e a tragédia apenas como argumento para “ganhar um debate”. E isso ocorre em qualquer um dos lados do debate polarizado.
Perguntamos: por que tantas pessoas veem com naturalidade a mortes, sobretudo o assassinato de inocentes indefesos?
Vivemos tempos contraditórios. Enquanto algumas formas de morte são aceitas e até defendidas, outras são condenadas, muitas vezes sem a devida reflexão. Nossa sociedade está cada vez mais confusa sobre o que é verdadeiramente "justo" e "injusto" quando falamos de vida e morte.
O terceiro pecado desta lista de Provérbios 6, de 16 a 19 nos leva a refletir sobre o sexto mandamento dado por Deus lá no livro do Êxodo quando o Senhor diz a Moisés: "-Não Matarás". E certamente toda nossa constrovérsia sobre esse tema está exatamente porque não entendemos Êxodo 20.13 à luz de Prvérbios 6.17.
Por isso eu gosto da definição do sexto mandamento como “não assassinarás”. O texto de Provérbios endossa esse conceito, e para entendermos melhor isso, eu gostaria de meditar com vocês sobre esse tema tão importante à luz do primeiro homicídio da história.
1 Adão teve relações com Eva, a sua mulher. Ela ficou grávida e deu à luz Caim. Então ela disse:
— Adquiri um varão com o auxílio do Senhor.
2 Depois, deu à luz Abel, irmão de Caim. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi agricultor. 3 Aconteceu que, ao fim de um certo tempo, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. 4 Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. O Senhor se agradou de Abel e de sua oferta, 5 mas de Caim e de sua oferta não se agradou. Caim ficou muito irritado e fechou a cara. 6 Então o Senhor lhe disse:
— Por que você anda irritado? E por que essa cara fechada? 7 Se fizer o que é certo, não é verdade que você será aceito? Mas, se não fizer o que é certo, eis que o pecado está à porta, à sua espera. O desejo dele será contra você, mas é necessário que você o domine.
8 Caim disse a Abel, seu irmão:
— Vamos ao campo.
Estando eles no campo, Caim se levantou contra Abel, o seu irmão, e o matou.
A luz desse texto eu gostaria de meditar com vocês sobre o Deus que odeia o derramamento de sangue inocente. Pensando no mandamento “não matarás', precisamos pontuar algumas coisas. O mesmo Deus que fala em Êxodo, “não matarás”, ainda em Êxodo diz que aquele que por legítima defesa atentar contra um invasor da sua residência não será culpado do sangue do criminoso. O mesmo Deus também fala pela Sua Palavra que o Estado tem autoridade em alguns casos, respeitando o devido processo legal tem autoridade até ao ponto de executar a pena capital em casos de homicídio. Não quero entrar no debate sobre ser a favor ou contra a pena capital, mas gostaria de dizer o que é transgredir o sexto mandamento e o que não é:
1. Um policial no exercício da sua função, durante um conflito com criminosos, defendendo a sua própria vida ou a vida de um cidadão, onde a única alternativa era a execução do criminoso, isso não é assassinato, ele é autorizado pelo Estado e por Deus para exercício da sua função.
2. Por outro lado, um policial que ao render um criminoso, onde o mesmo não tem chance de reação e ainda assim com criminoso rendido o mesmo é executado, isso não é aplicação da lei e sim assassinato, mesmo se naquele contexto se tratar de um país onde a pena de morte seja permitida.
3. Uma pessoa que em legítima defesa ou defendendo alguém indefeso executa uma outra pessoa, embora essa pessoa seja civil, isso não é assassinato (policial motorista do Uber).
4. Mas se alguém que eu amo for assassinada e perseguir o assassino afim de executá-lo, eu não estou fazendo justiça, mas sim vingança. Vingança é diferente de justiça, quem pensa fazer justiça através da vingança, se torna escravo do pecado da vingança.
Partindo desses quatro pontos, gostaria de meditar com vocês à luz da história de Caim e Abel sobre o Deus que odeia o derramamento de sangue inocente.
O Primeiro homicídio
O Primeiro homicídio
O relato de Gênesis 4 é familiar a muitos de nós, mas sua profundidade muitas vezes passa despercebida. Caim e Abel, dois irmãos, nascidos logo após a queda do homem no Éden, são apresentados trazendo ofertas a Deus. Abel, um pastor de ovelhas, oferece o melhor de seu rebanho, enquanto Caim, agricultor, traz uma oferta dos frutos da terra. Deus se agrada de Abel e sua oferta, mas rejeita a de Caim.
A rejeição da oferta de Caim não é apenas uma questão de qualidade, como alguns podem pensar. Este texto nos mostra que o verdadeiro problema está na atitude de Caim, e não na natureza de sua oferta em si. Caim ofereceu algo a Deus, mas sem sinceridade, sem devoção genuína (ele ofertou da sua maneira, embora fosse o que tinha de melhor, não era exatamente da forma como Deus queria). Sua adoração era de fachada. Deus não estava apenas olhando para o que ele trouxe, mas para como ele trouxe.
Primeiro, a motivação de Caim;
em segundo lugar, o tipo da oferta de Caim.
O ato de Caim reflete uma religiosidade vazia, em que o sacrifício não vem de um coração comprometido, mas de um desejo de cumprir uma obrigação superficial. Isso nos leva a uma reflexão importante: muitas vezes, nós também oferecemos algo a Deus sem realmente nos entregarmos a Ele. Fazemos coisas para Deus, mas com o coração longe, como Caim. E isso, segundo as Escrituras, é algo que Deus rejeita.
Ao ser confrontado com a rejeição de sua oferta, o coração de Caim se encheu de inveja, ressentimento e ódio. Deus, em sua misericórdia, o adverte: "Se procederes bem, não serás aceito? Mas se não procederes bem, o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo" (Gênesis 4:7). Este aviso é crucial para entendermos como o pecado age em nossas vidas. Ele não aparece de forma súbita, mas se instala aos poucos, como uma serpente que se esconde e aguarda o momento certo para atacar. Quando o pecado age, como a própria Palavra diz, ele nos domina, controla pensamentos e atitudes, dirige a nossa vida.
Caim não deu ouvidos à advertência de Deus. Em vez de dominar o pecado, ele permitiu que o pecado o dominasse. Timothy Keller comenta que o assassinato de Abel foi apenas a culminação de um processo que começou muito antes, no coração de Caim. O que vemos neste relato é o retrato do que Jesus nos ensinaria séculos depois: o assassinato não começa com a arma, mas com o ódio cultivado no coração (Mateus 5:21-22).
Caim convida Abel ao campo, e lá, em um ato de premeditação, o mata. O primeiro assassinato da história da humanidade foi motivado não por uma necessidade de sobrevivência, mas por inveja e orgulho ferido. O que aprendemos aqui é que o assassinato é, em última análise, uma declaração de que a minha vontade é mais importante do que a vida do outro. E quando colocamos nossa vontade acima da vida do próximo, estamos desprezando a imagem de Deus em cada ser humano (aborto).
Observe uma coisa, o primeiro homicídio ocorre antes de Deus dar os 10 mandamentos para a humanidade, que é a sua Lei moral. Nem por isso Caim foi absolvido, nem por isso ele não tinha conciência que estava transgredindo a Lei de Deus e estava pecando. Isso traz para nós algumas lições:
Ninguém pode ser considerado inocente sob o argumento de não saber que o pecado é pecado;
O homicídio é uma afronta direta a verdadeira dignidade humana, todos carregamos a imagem de Deus em nós e crentes e descrentes de todos os tempos, credos e culturas sabem que o homicídio é algo abominável. A morte é chocante para qualquer indivíduo, independente da idade ou cultura, não é necessária uma reflexão filosófica para se chocar com a morte de alguém.
Por isso que o genocído começa em desumanizar o povo que se quer exterminar, afim de aliviar a prórpia conciência em relação a barbárie. Quando se quer legitimar o assassinato de alguém, primeiro o desumanize, chame de monstro, diga que não é um ser humano.
O pecado de Caim é particularmente grave porque ele sabia, mesmo sem a Lei escrita, que o assassinato era um ato abominável. O fato de que Deus conversa com Caim antes e depois do assassinato demonstra que, mesmo antes do mandamento explícito "não matarás", havia uma consciência dada por Deus sobre o valor da vida humana.
E é esse ponto que nos leva à reflexão central deste sermão: "Não matarás" vai além de tirar fisicamente a vida de alguém. Ele envolve o respeito à dignidade e à imagem de Deus em cada ser humano. Como Jesus ensinou, o ódio, a ira e o desprezo são formas de assassinato que começam no coração.
O homicida que habita em nós
O homicida que habita em nós
Quando pensamos no mandamento "Não matarás", a maioria de nós imediatamente associa esse princípio à ação física de tirar a vida de alguém. E de fato, o assassinato físico é uma das violações mais flagrantes desse mandamento. No entanto, Jesus, em Seu Sermão do Monte, nos mostra que o "assassinato" vai muito além de um ato violento. Ele nos desafia a olhar mais profundamente para as motivações do nosso coração.
Jesus diz em Mateus 5:21-22
21 — Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: “Não mate.” E ainda: “Quem matar estará sujeito a julgamento.” 22 Eu, porém, lhes digo que todo aquele que se irar contra o seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem insultar o seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem o chamar de tolo estará sujeito ao inferno de fogo.
Nesta passagem, Jesus não apenas reafirma a proibição de matar, mas vai além, expondo o pecado do coração. Ele nos mostra que o assassinato começa muito antes da ação física – ele tem suas raízes na ira, no desprezo e nas palavras venenosas que proferimos contra os outros.
O termo "Racá" (uma expressão aramaica de desprezo, algo como "idiota" ou "vazio") mostra como as palavras podem ser usadas como armas. Jesus está revelando a gravidade do pecado que reside nas atitudes internas. As palavras não são neutras; elas são uma extensão do nosso coração. Se a ira e o ódio estiverem presentes, mesmo que jamais cheguem ao ato de homicídio físico, mesmo que por parte de uma paciffista, desarmamentista, já terão violado o sexto mandamento aos olhos de Deus.
O Assassinato Começa no Coração
O Assassinato Começa no Coração
Assim como Caim foi consumido pelo ressentimento e inveja, muitos de nós permitimos que emoções tóxicas se aninhem em nosso coração. Talvez nunca chegássemos a matar fisicamente alguém, mas quantas vezes, em momentos de raiva, dissemos: "Eu nunca mais quero ver essa pessoa!" ou "Ele merece sofrer!"?
John Stott, em seu clássico comentário sobre o Sermão do Monte, afirma que o ensino de Jesus é uma "expansão radical" da Lei. O coração humano, contaminado pela ira e pelo ódio, está sempre em perigo de transgredir o sexto mandamento, mesmo que nunca levante uma mão para ferir alguém. Quando guardamos rancor, quando desejamos mal a alguém, estamos cometendo o que Timothy Keller chama de "assassinato em miniatura" em nossos corações.
Esse tipo de "assassinato do coração" é particularmente relevante na cultura moderna. Na era das redes sociais, onde somos rápidos em julgar e cancelar aqueles que nós discordamos, o assassinato emocional e social tornou-se uma prática cotidiana. A chamada "cultura do cancelamento" é um exemplo claro de como podemos destruir pessoas sem jamais derramar sangue. Através de palavras e ações, arruinamos a reputação de alguém, isolamos essa pessoa e destruímos sua vida social e profissional. Isso é um reflexo direto do pecado que Jesus condena.
A Cultura do Cancelamento como Assassinato Moderno
A Cultura do Cancelamento como Assassinato Moderno
A cultura do cancelamento é um fenômeno em que indivíduos, muitas vezes desconhecidos do público em geral, são submetidos a uma espécie de linchamento digital, com acusações públicas, ofensas e ataques. Mesmo quando o erro cometido é pequeno ou questionável, o objetivo do cancelamento é um só: silenciar, humilhar e arruinar a vida daquela pessoa. Ou mesmo um erro grave, vamos por em paralelo o exemplo que citei de vingança, quando algúem que eu amo é assassintar e eu vou atrás do assassino para também matá-lo e eu não estou fazendo justiça, mas vingança. Quantas vezes fazemos a mesma coisa com aqueles que de alguma forma me opomos mas nutrindo ódio, raiva e proferindo palavras contra aquela pessoa, seja verbalmente ou digitalmente de forma perpétua.
Essa prática moderna é, de muitas maneiras, um exemplo claro do que Jesus advertiu. Palavras são usadas como armas, muitas vezes com a intenção de destruir. No fundo, o cancelamento não é apenas uma forma de julgamento social – ele é, em essência, uma forma de "assassinato do coração". As redes sociais amplificam essa tendência de julgamento e condenação, criando uma atmosfera de ódio e desprezo que alimenta ainda mais o orgulho e a superioridade moral.
Neste ponto, precisamos nos perguntar: Quantas vezes nós participamos ou nos calamos diante de um cancelamento? Quantas vezes nutrimos rancor e desprezo, sentindo uma satisfação maliciosa ao ver a ruína de alguém?
É claro que Jesus não estava minimizando o assassinato físico, mas Ele estava expondo a profundidade do pecado humano. O desejo de destruir alguém – seja física, emocional ou socialmente – é um pecado mortal aos olhos de Deus.
A solução
A solução
Se o assassinato começa no coração, então a cura também deve começar no coração. Jesus nos ensina que o remédio contra a ira, o ódio e o desejo de mal é o perdão. No entanto, o perdão não é simplesmente um gesto ou uma palavra fácil; ele envolve uma profunda reconciliação com Deus e com o próximo. Para isso, devemos entender que o perdão é a essência do evangelho e o antídoto contra o veneno do assassinato do coração.
Jesus nos dá um ensino prático e radical sobre a importância da reconciliação em Mateus 5:23-24
23 Portanto, se você estiver trazendo a sua oferta ao altar e lá se lembrar que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe diante do altar a sua oferta e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão; e então volte e faça a sua oferta.
Neste texto, Jesus nos mostra que a verdadeira adoração a Deus não pode acontecer sem uma reconciliação genuína com o próximo. Isso é surpreendente porque, culturalmente, os judeus da época valorizavam enormemente os sacrifícios e ofertas no templo como formas de se aproximar de Deus. No entanto, Jesus subverte essa ordem, colocando a reconciliação entre irmãos acima até mesmo das práticas religiosas.
Este ensino mostra a importância que Jesus dá às relações interpessoais. Ele revela que o coração deve estar limpo não apenas diante de Deus, mas também diante dos outros. Não podemos oferecer uma adoração verdadeira enquanto nutrimos amargura ou não buscamos reconciliação com aqueles que ofendemos ou por quem fomos ofendidos. Logo, a ausência de reconciliação entre os homens indica um relacionamento com Deus, no mínimo deficiente. É Deus nos dizendo que contra fatos não há argumentos. Se você não se reconcilia com os seus irmãos, não venha dizer que a sua comunhão com Ele está boa.
Ao olharmos para a cruz, vemos que todo pecado – nosso e dos nossos irmãos – foi pago em Cristo. E por isso, podemos perdoar.
Jesus, em Sua oração modelo, nos ensina: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" (Mateus 6:12). O perdão que recebemos de Deus está intrinsecamente ligado ao perdão que oferecemos aos outros.
Timothy Keller comenta que, quando seguramos rancores e nos recusamos a perdoar, estamos essencialmente agindo como se não precisássemos do perdão de Deus.
Em contraste com a cultura do cancelamento, que promove o ódio e a destruição do próximo, o evangelho nos chama a criar uma cultura do perdão. Onde o cancelamento busca a destruição da reputação, o perdão busca a restauração. Onde o cancelamento é movido pela vingança, o perdão é movido pela graça. A igreja é chamada a ser um lugar onde as pessoas encontram perdão, não condenação.
A cultura do cancelamento nos ensina que o erro de uma pessoa a define para sempre. Entretanto, no evangelho, o perdão é a chave para a restauração, pois ninguém está além da redenção. O assassinato do coração ocorre quando nos recusamos a oferecer a graça que recebemos em Cristo.
O apóstolo Paulo escreve em Efésios 4:31-32
31 Que não haja no meio de vocês qualquer amargura, indignação, ira, gritaria e blasfêmia, bem como qualquer maldade. 32 Pelo contrário, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês.
Conclusão
Conclusão
Chegamos ao final desta reflexão sobre o pecado, “mãos que derramam sangue inocente". Ao longo do sermão, vimos que o assassinato não é apenas uma questão de tirar a vida fisicamente, mas envolve também o estado do nosso coração, as atitudes que cultivamos e as palavras que proferimos. Jesus nos desafia a olhar para dentro e reconhecer que o homicídio começa no nosso interior. O ódio, a ira, o desprezo e a recusa em perdoar são formas de "assassinato do coração", tão graves quanto o ato físico.
Mas há esperança! O evangelho de Cristo nos oferece um caminho de cura e restauração. Temos uma necessidade urgente de transformação do nosso coração pela graça de Deus.
A história do evangelho nos lembra que o assassinato, tanto físico quanto do coração, é resultado da Queda. O pecado que começou no Éden se manifestou no assassinato de Abel, e continuou a crescer em todas as gerações desde então. Mas a boa notícia do evangelho é que Deus não nos deixou à mercê do pecado e da morte.
Jesus, o Filho de Deus, veio para enfrentar o poder do pecado e da morte em nosso lugar. Na cruz, Ele não apenas venceu o assassinato físico, mas também o assassinato do coração. Quando Jesus foi crucificado, Ele orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). Em vez de retribuir ódio com ódio, Jesus respondeu com amor, oferecendo Seu perdão a todos nós – os verdadeiros culpados.
Na cruz, Jesus morreu a morte que merecíamos, assumindo sobre Si a pena do nosso pecado. Mas a história não termina com a morte. Jesus ressuscitou ao terceiro dia, provando que a vida tem a última palavra, não a morte. Sua ressurreição é o convite para uma nova vida – uma vida de perdão, reconciliação e amor.
Assim, o evangelho nos chama a deixar para trás a cultura da morte e a abraçar a cultura da vida. Isso significa rejeitar a ira, o rancor, o desprezo e o desejo de vingança, e escolher viver no caminho do amor e do perdão. O evangelho é uma mensagem de reconciliação – entre nós e Deus, e entre nós e nosso próximo.
Hoje, o convite de Deus para cada um de nós é simples: deixe o assassinato do coração para trás e escolha a vida que está disponível em Cristo. Talvez você esteja lutando com ódio, mágoa ou ressentimento. Talvez você tenha participado de "assassinatos sociais" ou emocionais através de palavras ou atitudes destrutivas. Mas Jesus está pronto para te perdoar e te capacitar a perdoar os outros.