Eleição

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Nós escolhemos a Deus ou Deus nos escolhe?

John 15:16 NAA
Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e os designei para que vão e deem fruto, e o fruto de vocês permaneça, a fim de que tudo o que pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes conceda.
SOTERIOLOGIA. Do grego sotería, salvação, e logos, tratado, razão. Portanto, a soteriologia é o estudo da doutrina da salvação. No Antigo Testamento, as ações de Deus ao livrar o povo da fome, da escravidão e de outras dificuldades, com frequência são chamadas de ações de salvação, e Yahweh, repetidamente, é louvado como o Salvador de Israel. No Novo Testamento, “salvação” pode referir-se tanto à cura de uma enfermidade como ser liberto do pecado — e, às vezes, ambos. Portanto, a salvação não se relaciona somente com o destino eterno dos propósitos de Deus para a criação — e especificamente para o ser humano. Por isso a salvação inclui tanto a justificação* como a santificação*.
Romans 5:12–21 NAA
Portanto, assim como por um só ser homano entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram. Porque antes de a lei ser dada havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir. Mas o dom gratuito não é como a ofensa. Porque, se muitos morreram pela ofensa de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos! O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou. Porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça deriva de muitas ofensas, para a justificação. Se a morte reinou pela ofensa de um e por meio de um só, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os seres humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. A lei veio para que aumentasse a ofensa. Mas onde aumentou o pecado, aumentou muito mais ainda a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reinasse pela justiça que conduz à vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.
Versículos sobre Eleição para introduzirmos a reflexão;
Deuteronômio 7.6–9 (NAA)
— Porque vocês são povo santo para o Senhor, seu Deus. O Senhor, seu Deus, os escolheu, para que, de todos os povos que há sobre a terra, vocês fossem o seu povo próprio. O Senhor os amou e os escolheu, não porque vocês eram mais numerosos do que outros povos, pois vocês eram o menor de todos os povos. Mas porque o Senhor os amava e, para cumprir o juramento que tinha feito aos pais de vocês, o Senhor os tirou com mão poderosa e os resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito. Portanto, saibam que o Senhor, seu Deus, é Deus; ele é o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos.
Acts 13:48 NAA
Os gentios, ouvindo isto, se alegravam e glorificavam a palavra do Senhor. E creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.
Romans 8:28–30 NAA
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
1 Peter 2:9 NAA
Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
O que é Eleição?
eleição — substantivo. o ato de selecionar deliberadamente alguém ou alguma coisa.
Eleição é a escolha de Deus daqueles a quem ele salvaria.
As Escrituras dão múltiplas razões pelas quais a eleição era necessariamente uma determinação divina, e não humana. Primeiro, Deus opera “todas as coisas” de acordo com o seu próprio propósito, e a salvação humana não é exceção (Efé 1:11) . Deus não é contingente e, em sua atividade salvadora, ele sempre toma a iniciativa. Em segundo lugar, sua iniciativa de eleição era necessária, dadas as consequências escravizantes e cegantes da depravação humana (1 Cor 2:14; 2 Cor 4:3–4; cf. João 6:44; 8:43, 45; Rom 8:7–8) e a rejeição humana do mundo de outra maneira unânime (Sal 14:1-3; Isa 53:6; Mat 23:37; João 5:40; Rom 3:12).
Fred G. Zaspel, “Eleição”, in Sumário de Teologia Lexham, ed. Brannon Ellis, Mark Ward, e Jessica Parks (Bellingham, WA: Lexham Press, 2018).
A eleição é uma verdade revelada e não uma especulação teológica (2.13). A doutrina da eleição não é uma especulação humana, mas uma revelação divina (Mc 13.20, 22, 27; Lc 18.7; Jo 15.16; 17.8; At 13.48; Rm 8.29, 30; 9.11, 12; 11.7; Cl 3.12; Tt 1.1; 1Pe 1.2). Podemos rejeitá-la, mas não a tirar da Bíblia. É perigoso envolver-se em especulações inúteis acerca da soberania de Deus e da responsabilidade humana, uma vez que ambas são ensinadas nas Escrituras. Elas são como duas linhas que caminham paralelas até a eternidade. A verdade incontestável das Escrituras é que Deus nos escolheu a nós e não nós a Ele (Jo 15.16). Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou primeiro (1Jo 4.10). Tudo provém de Deus (2Co 5.18). A salvação pertence a Deus (Jn 2.9). A doutrina da eleição está presente nos pais da Igreja, na doutrina dos reformadores, nos credos e confissões reformadas. Ela foi crida, pregada e defendida pelos pais da Igreja, pelos mártires, pelos missionários e avivalistas.
Hernandes Dias Lopes, Bíblia Pregação Expositiva: Sermões, Estudos e Reflexões, trans. João Ferreira de Almeida, 2aedição Revista e Atualizada. (São Paulo: Hagnos, 2020), 2Ts 2.6.
A eleição é uma decisão eterna de Deus e não uma escolha temporal do homem (2.13). Foi Deus quem nos escolheu para a salvação e isso desde toda a eternidade. Ele nos amou com amor eterno e nos atraiu para Si com cordas de amor (Jr 31.3). A Bíblia diz que Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação (2.13). Charles Spurgeon, o maior pregador do século XIX, afirma que enquanto não recuarmos até o tempo em que o universo inteiro dormia na mente de Deus, como algo que ainda não havia nascido, enquanto não penetrarmos na eternidade, onde Deus, o Criador, vivia solitário, quando tudo ainda dormia dentro dEle, quando a criação inteira repousava em Seu pensamento todo abrangente e gigantesco; não teremos nem começado a sondar o princípio. Deus nos escolheu antes dos tempos eternos (2Tm 1.9). Ele nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Howard Marshall diz que a expressão “desde o princípio” tem o efeito de colocar o ato da eleição em associação com o propósito de Deus para o mundo antes da criação (Ef 1.4). E se Deus fez Seu plano há tanto tempo, é impossível que esse plano seja alterado. Isso dava aos crentes uma base sólida para a segurança deles. William Barclay está correto quando declara que ninguém pode jamais eleger-se a si mesmo. Nem sequer podemos jamais começar a buscar a Deus sem que Deus nos haja encontrado. Toda a iniciativa está em Deus; o fundamento e a causa motora de tudo é o amor de Deus que busca.
Hernandes Dias Lopes, Bíblia Pregação Expositiva: Sermões, Estudos e Reflexões, trans. João Ferreira de Almeida, 2aedição Revista e Atualizada. (São Paulo: Hagnos, 2020), 2Ts 2.6.
A eleição é um decreto incondicional de Deus e não um merecimento humano (2.13). Deus não nos escolheu porque merecíamos ser salvos, mas apesar de sermos pecadores. Não fomos salvos por causa da nossa justiça, mas por causa da Sua misericórdia. Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Deus não nos escolheu porque previu que iríamos crer em Cristo. A fé não é a causa da nossa eleição, mas o seu resultado. Não fomos eleitos porque cremos; cremos porque fomos eleitos. A fé não é a mãe da eleição, mas sua filha. A Bíblia diz: “[…] e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48). Não diz o texto que os que creram foram eleitos, mas, sim, que os eleitos creram. Deus não nos escolheu por causa das nossas boas obras, mas para as boas obras. Nós fomos criados em Cristo para as boas obras e não por causa delas (Ef 2.10). As boas obras não são a causa da eleição, mas sua consequência. Deus não nos escolheu por causa da nossa santidade, mas para sermos santos (Ef 1.4).
Hernandes Dias Lopes, Bíblia Pregação Expositiva: Sermões, Estudos e Reflexões, trans. João Ferreira de Almeida, 2aedição Revista e Atualizada. (São Paulo: Hagnos, 2020), 2Ts 2.6.
A eleição, então, é, para o crente, a base da mais profunda alegria: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1 João 3:1). Por razões conhecidas apenas a ele, e apesar de nossa rejeição a ele, Deus decidiu nos salvar e agora nos favoreceu de maneira única na graça. Não há louvor a ser dado, mas a ele. “A salvação pertence ao Senhor” (Sal 3:8; Jon 2:9) é o testemunho de todo crente e será o feliz canto no céu para sempre (Apoc 7:10).
Fred G. Zaspel, “Eleição”, in Sumário de Teologia Lexham, ed. Brannon Ellis, Mark Ward, e Jessica Parks (Bellingham, WA: Lexham Press, 2018).
Soberania Divina
A doutrina da soberania divina afirma que Deus é quem “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Afirma que Deus não é somente o criador, como também é o sustentador e o ordenador de todas as coisas. A Bíblia ensina que a soberania de Deus se estende às mínimas particularidades da vida. Até mesmo uma andorinha não cai ao chão sem que a vontade do pai esteja envolvida (Mt 10.29). Se Deus é não somente o criador, mas, também, o ordenador de todas as coisas, surge a pergunta: “Qual o lugar do exercício da liberdade humana?” A resposta é que a Bíblia afirma, ao mesmo tempo, a verdade da soberania divina e a da responsabilidade humana (q.v.). Os eventos da crucificação demonstram esse fato: “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado” (Lc 22.22; cf. At 2.23; 4.27). Através das Escrituras, a conexão entre a doutrina da soberania divina e o fato da responsabilidade humana são mantidas inseparáveis. Na parábola dos talentos, os servos bons e fiéis foram aqueles que empreenderam o uso, com maior proveito, dos bens e recursos que lhes foram dados (Mt 25.14–30). A doutrina da soberania divina não é um convite à indolência, mas um convite para o serviço. J. I. Packer escreveu: “A doutrina da soberania divina seria grosseiramente mal aplicada, se nós apelássemos a ela para diminuir a urgência imediata, a prioridade e a restrição do imperativo evangelístico. Não se pode invocar nenhuma verdade revelada a fim de atenuar o pecado. Deus não ensinou a realidade de sua soberania a fim de nos oferecer desculpa para negligenciar suas ordens” (Evangelism and the Sovereignty of God, Londres: InterVarsity Fellowship, 1961, 341).
Stuart B. Babbage, “Soberania Divina”, trans. Elizabeth Gomes, Dicionário de Ética Cristã (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007), 555.
Proverbs 19:21 NAA
Há muitos planos no coração do ser humano, mas o propósito do Senhor permanecerá.
A palavra soberania significa “governo”; portanto, a soberania de Deus significa que Deus governa. A soberania de Deus implica em sua supremacia, realeza e divindade. A soberania dele o declara como Deus, a Trindade incompreensível que, no entanto, é conhecida na medida em que ele escolhe se revelar. A soberania de Deus é exercida em todos os seus atributos, e o declara perfeito em todos os aspectos e possuidor de toda a justiça e santidade. Ele é o gracioso e onipotente Yahwéh, o Altíssimo que segundo a sua vontade opera com o exército do céu e os moradores da terra (Daniel 4:35). Deus não pode ser reduzido a categorias especiais ou temporais para a compreensão e análise humanas. Calvino acreditava que Deus é o Senhor da vida e o soberano do universo, cuja vontade é a chave da história. Calvino ensinou que Deus é livre para realizar os seus propósitos e independente de qualquer força exterior a ele próprio; ele conhece o fim desde o princípio; ele cria, sustenta, governa e dirige todas as coisas; e o seu desígnio maravilhoso será plena e perfeitamente manifesto no fim dos tempos. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Romanos 11:36). Para Calvino, a soberania de Deus é o coração da doutrina bíblica, desde que compreendamos que essa soberania não é arbitrária e caprichosa. Ela é a soberania do Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Calvino teria concordado plenamente com o que o teólogo escocês John Duncan escreveu: “Ela é uma vontade santa que governa o universo — uma vontade que envolve bondade amorosa a ser revelada no devido tempo. É algo muito solene o fato de que nós e todas as criaturas estamos à disposição da pura vontade; mas ela não consiste meramente em uma vontade livre, mas na vontade livre do soberano Senhor Yahwéh, e é nisso que ela se distingue da abstração e da aparente arbitrariedade da mera vontade”. De acordo com Calvino, a soberania de Deus é pessoal, afetuosa e paternal. Como diz Isaías 9:6, o governo, ou a soberania, desse mundo e de nossas vidas está sobre os ombros daquele cujos nomes são: “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”
Joel Beeke, Calvino sobre Soberania, Providência & Predestinação, ed. William Teixeira, trans. William Teixeira, 1aEdição. (Francisco Morato, SP: O Estandarte de Cristo, 2021), 15–17.
Uma vez que a providência pressupõe que Deus preordena eternamente tudo o que acontece, a ordenação das pessoas para os seus destinos eternos — o que é chamado predestinação — desempenha um papel significativo, diz Calvino. Ele define a predestinação como o “decreto eterno de Deus pelo qual determinou o que quer fazer de cada um dos homens. Porque ele não os cria com a mesma condição, mas antes ordena uns para a vida eterna, e a outros para a condenação perpétua”. O resumo de Calvino sobre a doutrina da predestinação inclui os dois ramos: da eleição e da reprovação. De acordo com o conselho eterno e imutável de Deus, Calvino diz: Dizemos, pois, como a Escritura o demonstra com toda evidência, que Deus designou de uma vez por todas, em seu eterno e imutável conselho aqueles que deseja que se salvem, e também aqueles que deseja que se condenem… E o Senhor assim como assinala aqueles que elegeu, chamando-os e justificando-os, da mesma forma, ao contrário, ao excluir os réprobos do conhecimento do seu nome ou da santificação do seu Espírito, mostra com esses sinais qual será seu fim e que julgamento lhes está preparado. A predestinação desde a eternidade tem duas partes: primeiro, a eleição, pela qual Deus escolhe quem ele irá salvar. A eleição é sempre soberana e sempre graciosa. Ninguém que chega ao céu jamais poderá dizer: “Eu mereço estar aqui”. Repito: a eleição, então, é sempre soberana e graciosa. Segundo, a reprovação é sempre soberana e sempre justa. Ninguém que entra no inferno jamais poderá dizer: “Eu não mereço estar aqui”. Repito: A reprovação, então, é sempre soberana e justa. Uma vez que você compreenda esse ensinamento básico e bíblico de Calvino, deixará de ser presunçoso quando à eleição e de murmurar contra a reprovação.
Joel Beeke, Calvino sobre Soberania, Providência & Predestinação, ed. William Teixeira, trans. William Teixeira, 1aEdição. (Francisco Morato, SP: O Estandarte de Cristo, 2021), 47–49.
Conclusão
A eleição, portanto, não é uma inimiga, mas uma amiga dos pecadores. Sem eleição, ninguém seria salvo. Por eleição, todos os que são eleitos serão salvos. Paulo diz em Efésios 1:4–7 que Deus “nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”. Que gloriosa afirmação é essa! Por que razão um pecador argumentaria contra a eleição? Você deveria perguntar: Como uma eleição tão bela é possível? O fundamento da eleição de Deus é o amor de Deus, diz Paulo. Se, então, deveríamos perguntar: “Porque Deus nos amou?” a resposta é simplesmente: “Porque ele nos amou”. Não há nada além do amor de Deus. O seu amor, exercido para a sua própria glória, é a fonte da eleição. O seu amor é a realidade suprema. Em Cristo, o amor senta-se no trono de Deus e é o centro controlador do céu e da terra, de onde Deus opera todas as coisas segundo o conselho da sua própria vontade. O amor, o próprio amor de Deus em Cristo, é o coração da onipotência divina. Não há nada mais poderoso do que o soberano, providencial, gracioso, unilateral, sempre fluente e transbordante amor de Deus. Todos os rios da vida correm a partir do trono de Deus e do Cordeiro. Todos eles se derivam do amor soberano que reflete o coração do próprio Deus na sua relação interpessoal consigo mesmo como Três Pessoas e na sua relação interpessoal com cada um dos milhões da sua família eleita e adotada — uma multidão que nenhum homem pode contar.
Joel Beeke, Calvino sobre Soberania, Providência & Predestinação, ed. William Teixeira, trans. William Teixeira, 1aEdição. (Francisco Morato, SP: O Estandarte de Cristo, 2021), 66–68.
Ordo Salutis
ORDO SALUTIS. Frase latina que significa “a ordem de salvação”. É empregada tradicionalmente para se referir a vários elementos no processo mediante o qual o pecador é salvo e chega a sua redenção final. Mesmo que em desuso geral, muitas controvérsias, nos séculos passados, giraram em torno da ordo salutis. Como a controvérsia entre Agostinho (354–430) e o pelagianismo* e semipelagianismo*, na qual se debatia a primazia da graça na salvação, e se o initium* fidei se encontra na graça ou na liberdade humana. A teologia medieval desenvolveu um sistema estruturado da ordo salutis, no qual incluía não só o arrependimento*, a regeneração*, a penitência*, a santificação* e a visão* beatífica, mas também o purgatório* e o limbo*. As lutas internas de Lutero, durante seus anos de monge, podem ser vistas como uma busca de uma ordo salutis que respondesse a seu sentido de pecado e de falta. Os debates entre os luteranos e os calvinistas e, depois entre os calvinistas e Wesley, em torno da santificação, também se referem à ordo salutis. Ainda que esses debates sejam importantes, é preciso assinalar que a grande variedade de experiências cristãs parecia indicar que qualquer descrição ou definição da ordo salutis deve ser flexível e provisional. Além disso, deve se notar que os antigos debates sobre essa ordo tendem a considerar a salvação* como uma questão privada e individual e a se desentender das dimensões cósmicas do plano divino de redenção*.
Justo González, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Silvana Perrella Brito, Breve Dicionário de Teologia (São Paulo, SP: Hagnos, 2009), 235.
O plano de salvação na teologia calvinista não é muito diferente do que qualquer outro plano de salvação. Acreditamos que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23), e que por isso o homem precisa de salvação. A salvação do homem não parte dele mesmo, mas parte de Deus para o homem, pois acreditamos que uma vez que o homem está dominado pelo pecado e separado de Deus, somente Deus pode nos resgatar. A diferença mais básica da soteriologia calvinista para outras correntes, como arminiana e molinista, é que no sistema calvinista, a salvação é monergística, isso significa que Deus regenera o homem antes do homem aceitar a Cristo, isto é, primeiro Deus o aceita, e para Deus o aceitar, Deus o torna aceitável, e tornando ele aceitável, o homem assim o aceita de volta, ou seja, nós escolhemos a Cristo porque ele nos escolheu primeiro.
Para entender melhor, podemos explorar a ordo salutis calvinista, que é assim:
1 – Eleição: Deus elege o homem antes da fundação do mundo. como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; (Ef 1.4)
Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; (2 Tm 1.9)
Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Tes 2.13-14).
2 – Chamado do Evangelho:É a pregação do evangelho, esse chamado é para todos.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? (Rm 10.14)
3 – Regeneração (Chamado Eficaz): Uma vez que o homem natural não pode sequer entendero evangelho, como diz em 1 Co 2. 14, 15 – Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura;e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido, ele não pode escolher a Deus se Deus não o regenerar antes. Para que o homem entenda o evangelho com os olhos do Espírito, ou seja, além de um entendimento racional, ele precisa ser regenerado antes transformando-seem um homem espiritual, pois somente assim, ele poderá entender o evangelho e se dirigir a Deus, o aceitando como único e suficiente salvador. O homem é pecador e todo o seu caminho é mau, e o mesmo só pode enxergar o mal que está em si, se o próprio Deus abrir-lhe o entendimento, o atrair e o transformar em um homem espiritual, como está escrito: Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras.(Lucas 24:45). Jesus diz:Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas.(Jo 10.26) As pessoas perdidas não são ovelhas porque não creem, pelo contrário, não creem porque não são ovelhas, exatamente por isso que Jesus diz: As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem.Uma pessoa não se torna ovelha porque segue, a pessoasegue porque é ovelha, uma pessoanão é eleitaporque creu, mas elacreuporque eraumaeleita, porque era uma regenerada. As ovelhas representam os homens regenerados, pois são obedientes a voz do pastor.
4 – Conversão (arrependimento e fé): esse ato acontece de forma simultânea, depois do homem entender o evangelho, nele é gerado fé e arrependimento. Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; (Ef 1.17,18). Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé. (Rm 1.17)
5 – Justificação:Deus torna o homem justo, imputando-lhe a justiça de Cristo. O homem pecador é digno de morte, pois o salário do pecado é a morte. Cristo morre na cruz pagando essa dívida do pecado, assim, todo aquele por quem Cristo morreu, é um eleito e se tornará justo quando for imputada a justiça de Cristo sobre ele. O meio pelo qual essa justificação é aplicada é pela fé, Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; (Rm 5.1), Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.(Rm 3.24-26).
6 – Adoção:Ato de se tornar filho de Deus. Jo 1.12, Rm 8. 15-17.
7 – Santificação progressiva:é a consequência necessária da regeneração, uma vez que somo eleitos para santificação como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;(Ef 1.4), isto é, não somos escolhidos por Deus porque somos santos, mas somos santos porque fomos escolhidos por Deus antes da fundação do mundo. Umaárvore ruim, produz frutos ruins (Mateus 7.18) e de uma mesma fonte não pode jorrar água doce e amarga e uma figueira não pode produzir azeitonas (Tiago 3.11,12), as atitudes do homem são determinadas pela sua natureza, pelo seu estado interior, seja natural ou seja regenerado,seja ele nascido de novo ou um homem natural, como é dito: se a raiz é santa, também os ramos o são(Romanos 11:16) e está escrito Nenhuma árvore boa dá frutos ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom (Lucas 6:43).Aqui também explicamos que não é porque somos eleitos que a santidade pode ser deixada de lado, muito pelo contrário, a busca pela santidade é o sinal de que você é um eleito, pois sendo um eleito e regenerado, suas atitudes vão refletir seu novo estado, pois agora és uma nova criatura.
8 – Perseverança dos Santos:o crente verdadeiramente regenerado, não pode cair mais, pois se Deus escolhe desde antes de nós nascermos, então se alguém perder a salvação, Deus seria falível, quer dizer, Deus cometeria um erro, o que é absurdo. As escrituras dizem que Deus mesmo nos guarda de cair, como está escrito em Judas 24: Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, e como está escrito em 1 Jo 2.19Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. Isto é, que saiu de nós, é porque nunca foi de nós.
9– Glorificação:Nosso estado de glória no céu, em que nos livraremos do corpo corrupto e estaremos com um corpo incorrupto, assim como o de Cristo ressuscitado. (1 Co 15)
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