Perguntas sobre Maria

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A Mulher de Apocalipse 12: Israel, Igreja ou Maria?
"Em Apocalipse 12, a mulher é a Virgem Maria. Por que os protestantes falam que é Israel? Outros dizem que significa outra coisa. Então, como provar que é a Virgem Maria?"
Apocalipse 12:1-6
"Viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Ela, que estava grávida, gritava com dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Apareceu também outro sinal no céu: um grande dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e sobre as cabeças sete diademas. Sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra. O dragão parou diante da mulher que estava para dar à luz, a fim de devorar o seu filho quando nascesse. E ela deu à luz um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar para que fosse sustentada por mil duzentos e sessenta dias."
Aqui temos um cenário simbólico, comum no livro de Apocalipse. Há três personagens principais: a mulher, o dragão e o filho varão. Vamos entender quem são eles.
O Filho Varão
O filho varão, como mencionado no versículo 5, é o que "há de reger todas as nações com cetro de ferro". Se abrirmos o Salmo 2, veremos que ele fala do Messias como aquele que regerá as nações com cetro de ferro:
"Eu proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: ‘Tu és o meu Filho; hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações como herança, e as extremidades da terra como possessão. Tu as quebrarás com vara de ferro; tu as despedaçarás como um vaso de oleiro’" (Salmo 2:7-9).
Portanto, não há dúvida de que o filho varão é uma referência ao Messias, Jesus. Católicos e protestantes concordam que esse filho é Jesus.
Mas, atenção: o filho varão também pode representar uma coletividade. Apocalipse 2:26-27 diz:
"Ao vencedor, aquele que guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e ele as regerá com cetro de ferro, como são despedaçados os vasos de oleiro."
E Apocalipse 3:21 afirma:
"Ao vencedor, concederei sentar-se comigo no meu trono."
Portanto, o filho varão representa tanto o indivíduo, que é Jesus, quanto uma coletividade, que é a Igreja fiel, os vencedores.
O Dragão
O dragãoé claramente identificado como Satanás em Apocalipse 12:9:
"Foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, chamado Diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo."
Portanto, o dragão é o próprio diabo, o inimigo de Deus e da humanidade.
A Mulher: Israel, Igreja ou Maria?
Agora chegamos à grande questão: quem é a mulher de Apocalipse 12? Existem duas principais interpretações:
A mulher é Israel/Igreja (o povo de Deus):
Evidências textuais: A mulher está "vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas". Em Gênesis 37:9, José teve um sonho em que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam diante dele, referindo-se a sua família, ou seja, o povo de Israel. A coroa de doze estrelas pode representar as doze tribos de Israel ou os doze apóstolos. Isso sugere que a mulher é o povo de Deus, seja Israel ou a Igreja. A mulher é Maria:
Evidências textuais: A mulher deu à luz o Messias, o filho varão que regerá as nações com cetro de ferro. Isso é uma referência clara a Jesus, o que aponta para Maria, a mãe de Jesus. Além disso, na literatura joanina (como em João 2:4 e João 19:26), Maria é chamada de "mulher". Outro ponto importante é que Apocalipse 12:17 menciona que a mulher tem outros descendentes: "os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus". Em João 19:26-27, Jesus entrega Maria como mãe da Igreja, simbolizando que seus descendentes são os cristãos.
A Tradição Patrística
A tradição patrística também apoia essas interpretações. Irineu de Lyon, no século II, já falava de Maria como a "nova Eva". Ele diz:
"A desobediência de uma virgem foi dissolvida pela obediência de outra virgem."
Outros escritores patrísticos, como Santo Hipólito de Roma e Ecomênio, oferecem visões complementares. Santo Hipólito vê a mulher como a Igreja, enquanto Ecomênio, no século VI, interpreta a mulher como Maria.
Conclusão
evidências textuais e patrísticas que apontam tanto para a mulher ser Israel/Igrejaquanto Maria. Na teologia católica, essas duas interpretações não se contradizem, mas se complementam. Maria é tanto a Mãe do Messias quanto a Mãe da Igreja, que é o novo Israel.
Por isso, a mulher de Apocalipse 12 pode ser vista como um símbolo de Maria e do povo de Deus, abrangendo Israel e a Igreja.
Explicação da Assunção de Maria ao Céu e a Base Bíblica para o Dogma
Esse tema já é um spoiler, um gostinho do que você encontrará no curso. É interessante perceber como o inimigo age, pois ele sabe da importância de Nossa Senhora em nos conduzir a Jesus. No casamento de Caná, quando faltou vinho, ela não disse: "deixa que eu resolvo." Ao contrário, ela falou: "Fazei tudo o que ele vos disser." (João 2:5)
Nossa Senhora teve a missão de trazer Cristo ao mundo, e agora, tem a missão de trazer o mundo a Cristo. Ela se alegra quando o mundo se rende a Ele. Ela foi a primeira discípula, aquela que ouviu as palavras do anjo, acalentou e amamentou Jesus, e viu seus primeiros passos. Você acha que Jesus já nasceu andando sobre as águas? Não! Ela deu papinha para Ele, trocou suas fraldas. Assim, Nossa Senhora deseja nos trazer para mais perto de Jesus.
Muitas pessoas dizem: "Eu estou disposto a aceitar Jesus, mas não quero aceitar Nossa Senhora." Porém, se não fosse por Nossa Senhora, Jesus não teria se encarnado. Se você tirar Maria da equação, simplesmente não há Jesus para aceitar. Você pode pensar: "Eu quero Jesus, mas não Maria." Porém, se não houver Maria, também não há Jesus para você aceitar.
Não tenha medo de honrar Nossa Senhora. Saiba que você nunca conseguirá honrá-la mais do que Jesus a honrou. Eu digo isso porque, depois que descobri o poder de uma Ave Maria e a literatura patrística, especialmente o que Santo Irineu de Lyon, um doutor da Igreja recentemente proclamado pelo Papa Francisco, escreveu sobre Nossa Senhora, percebi quão maravilhosa é a obra que essa mulher realizou para a salvação da humanidade.
O teólogo Scott Hahn afirma que Nossa Senhora é a criatura mais bela e perfeita de Deus. E por que digo que é o inimigo que tenta afastar as pessoas de Maria? Porque Nossa Senhora esfrega na cara do diabo que ele perdeu. A Virgem Eva sucumbiu ao diabo, mas a Virgem Maria o venceu. Eva caiu sob a árvore do fruto proibido, enquanto Maria triunfou sob a árvore da cruz. Ela é o modelo da humanidade restaurada.
A Virgem Maria, desde sua concepção, é o que eu e você seremos se alcançarmos o céu. Quando olhamos para Apocalipse 12, vemos que o diabo sai para guerrear contra Nossa Senhora, mas ele perde. Qual é a estratégia dele agora? Fazer com que digam: "Vocês falam demais de Maria." Mas quem falava muito de Maria? Jesus! Ele chamava-a de "Mãe" repetidamente. Mães que me assistem, vocês sabem do que estou falando.
Eu entendo quem hesita em aceitar os dogmas marianos. Eu mesmo já disse: "Se não fosse pelos dogmas marianos, eu me tornaria católico." Quando eu era protestante e estava na jornada de conversão, cheguei a esse ponto, e compreendo quem também sente isso. Mas, sabe o que eu precisei fazer? Reconhecer que não sou a medida de todas as coisas. Não sou mais inteligente do que Irineu de Lyon, Santo Agostinho, ou Santo Tomás de Aquino. Minha espiritualidade não é maior que a de Santa Teresinha do Menino Jesus ou de São João da Cruz. Eu precisei me recolher na minha insignificância e entender que não preciso compreender tudo para crer; preciso crer para entender. Quando dei esse passo de obediência à Santa Igreja, as coisas começaram a tomar seu lugar.
Pense bem: quando foi a última vez que você se sentiu desconfortável com uma crença sua? Hoje mesmo, vi alguém dizer que queria sair da Igreja Católica porque não concordava com algumas doutrinas. Ora, você é o padrão da doutrina correta? Que interessante! Chamem o Papa e o New York Times, pois encontramos a medida da doutrina certa: você! Não são Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho ou São Paulo, mas você.
Está na hora de reconhecer que você não sabe tudo e que a Santa Madre Igreja, que não errou ao definir o mistério da Santíssima Trindade ou a união hipostática de Cristo, também não erra nos dogmas marianos. Esses dogmas são profundamente milenares. Você acha que ela erra ao falar da Assunção de Maria?
O Dogma da Assunção de Nossa Senhora
Agora, vamos pincelar o dogma da Assunção. São quatro os dogmas marianos: maternidade divina, virgindade perpétua, Imaculada Conceição e Assunção. Os dois primeiros estão claros nas Escrituras. Já a Imaculada Conceição e a Assunção estão implícitos, enraizados nas Escrituras e sempre fizeram parte da tradição oral da Igreja e do senso de fé dos fiéis.
Todos os dogmas marianos são cristocêntricos, ou seja, são declarações cristológicas em formato mariológico. Mexer em um dogma mariano afeta a cristologia. Por isso, a cristologia protestante é frágil: eles removem os dogmas marianos, que apontam diretamente para Cristo.
O Papa Pio XII, ao definir o dogma da Assunção, declarou que "a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial."
A Assunção é simplesmente o fato de que Nossa Senhora, ao fim de sua vida terrena, foi levada ao céu em corpo e alma. Santos como Santa Teresinha, São João Paulo II e São João da Cruz estão no céu em alma, aguardando a ressurreição. Nossa Senhora, porém, está lá em corpo e alma.
Conclusão
Você pode se perguntar: qual o problema de afirmar que Nossa Senhora está no céu em corpo e alma? Assim como Jesus ascendeu ao céu, Maria foi assunta. E, se alguém questiona qual a base bíblica disso, devolvo a pergunta: onde está na Bíblia que tudo precisa estar explicitamente na Bíblia? São João, em sua segunda epístola, disse que tinha muitas coisas a dizer, mas preferia falar pessoalmente. Se tudo tivesse que estar na Bíblia, ele teria escrito tudo lá. No Concílio de Jerusalém, em Atos 15, a questão da circuncisão foi resolvida pelo magistério da Igreja, sem necessidade de "base bíblica" explícita.
Portanto, a Assunção de Nossa Senhora é parte da tradição viva e infalível da Igreja, que se fundamenta tanto nas Escrituras quanto na Tradição e no Magistério.
Diferença entre Adoração e Louvor
Queridos, qual a diferença entre adoração e louvor? Esta é uma pergunta urgente, para que possamos desfazer uma confusão muito grande que existe dentro do cristianismo, além de uma acusação recorrente que nossos irmãos separados fazem contra nós: que adoramos imagens, santos e Maria.
Confesso que, no passado, eu ficava bastante irritado quando alguém dizia: "Você adora estátuas, Maria e os santos". No entanto, parei de me aborrecer quando compreendi o motivo dessas acusações. Por que, na mente de um protestante, eles acreditam que os católicos adoram imagens? Na cabeça de um protestante, parece fazer todo sentido essa ideia de que adoramos santos e Maria.
Confusão entre Adoração e Louvor
Aqui, quero deixar claro que não estou assumindo uma postura de briga religiosa, mas uma posição de catequese, de ensino fraterno, onde também é preciso falar a verdade. A questão é que muitos protestantes confundem adoração com louvor. Vou fazer um teste aqui: se alguém que está nos assistindo for protestante ou já foi protestante, ao ouvir sobre um "Congresso de Louvor e Adoração", qual seria a principal expressão artística nesses encontros? Em geral, é a música.
Isso acontece porque, via de regra, confunde-se louvor com adoração. E, biblicamente falando, nas igrejas protestantes não existe adoração no sentido técnico da palavra. Sei que essa afirmação pode causar desconforto, mas não estou aqui para brigar ou ofender, e sim para catequizar.
O que é Louvor?
Biblicamente falando, louvor é elogiar alguém ou a obra de alguém. Vemos nas Escrituras frases como: "Louvemos as obras de suas mãos" (Salmos). Se louvar fosse adorar, louvar as obras de Deus seria idolatria. Mas não é o caso. Louvor significa elogiar, reconhecer, prestar honra a alguém. Portanto, podemos louvar a obra de Deus, podemos louvar a criação. Há até um capítulo no livro de Provérbios que se intitula "Louvor à mulher virtuosa" (Provérbios 31).
Elogiar, honrar e respeitar alguém, até mesmo se prostrar diante de uma pessoa em sinal de respeito, não é adoração. Por exemplo, Moisés se prostrou diante de Jetro, seu sogro. Jacó se prostrou diante de Esaú, seu irmão, e nem por isso cometeram pecado.
Louvor e Maria
Da mesma forma, podemos louvar Maria, nos prostrar diante dela em sinal de honra e respeito. Isso é louvor, não adoração. Posso elogiar Maria, honrá-la e até mesmo me ajoelhar diante dela. É importante destacar que louvar significa honrar, respeitar e até mesmo se prostrar, sem que isso se configure em adoração.
Lembro-me de uma pessoa que estava se tornando católica e, no dia de Nossa Senhora Aparecida, ela me disse que era muito difícil, como protestante, ver as pessoas se ajoelhando diante de uma imagem de Maria ou colocando flores diante dela. Eu expliquei que, assim como podemos fazer isso para nossa esposa, isso não é idolatria. Podemos elogiar, presentear e até nos ajoelhar diante de quem amamos, e o mesmo vale para Maria.
O que é Adoração?
Adoração, por outro lado, é algo totalmente diferente. Adoração está intimamente ligada ao sacrifício. Adoração é reconhecer que Deus é o Todo-Poderoso, o Senhor do Universo, e que Ele é digno de receber tudo de nós. É quando nos sacrificamos plenamente a Ele, reconhecendo que nossa vida só faz sentido em Deus e que Ele é a nossa alegria e confiança última.
Nas Escrituras, vemos isso claramente na história de Abraão, quando Deus exige o sacrifício de seu filho Isaac (Gênesis 22). Abraão, em adoração a Deus, estava disposto a sacrificar seu filho, mas Deus providenciou um cordeiro em lugar de Isaac. Esse cordeiro era um tipo, um símbolo do sacrifício perfeito de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
O Sacrifício Eucarístico
No Antigo Testamento, todos os atos de adoração envolviam sacrifícios de animais, como bois e cordeiros. Esses sacrifícios tinham que ser perfeitos, sem defeitos, porque Deus não aceita sacrifícios imperfeitos. Jesus, no entanto, é o sacrifício perfeito, que se entrega a Deus em adoração plena.
Na Última Ceia, Jesus instituiu a Missa, onde o sacerdote, em cada celebração, renova esse sacrifício. Não é um novo sacrifício, mas o mesmo sacrifício de Cristo, oferecido de uma vez por todas na cruz. Por isso, dizemos que a Missa é um sacrifício incruento, ou seja, sem derramamento de sangue, mas o mesmo sacrifício da cruz.
Conclusão: Adoração e Sacrifício
Adoração, queridos, é sacrifício. Devemos oferecer nosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Contudo, só podemos fazer isso se estivermos em Cristo, o sacrifício perfeito. Adoração não é apenas louvor, mas um reconhecimento profundo de que nossa vida só tem sentido em Deus, e isso se manifesta de forma plena no sacrifício que oferecemos a Ele.
Por isso, a adoração verdadeira envolve o sacrifício eucarístico, e é por meio de Cristo que podemos participar dessa adoração perfeita.
Como interpretar Mateus 6,7 e justificar a oração do terço diante de críticas protestantes sobre repetições?
A pergunta veio de uma pessoa que não quis se identificar. Vamos lá!
Jesus, em Mateus 6,7, diz: "Quando orardes, não useis de vãs repetições". Muitos protestantes afirmam que, com isso, a oração do terço seria uma prática errada, considerando-a uma repetição vã. Então, como explicar isso?
Analisando Mateus 6,7
Para explicar a você, protestante, que o terço não são vãs repetições, e também para você, católico, que às vezes se sente confuso e acaba abalado por críticas protestantes, vamos entender melhor o que Jesus quis dizer.
Qual é a palavra que Jesus usou para "vãs repetições"? A palavra no grego é "battalogeo". Esse termo é um hapax legomenon. Sabe o que isso significa? Não se preocupe, eu vou explicar!
O que é um hapax legomenon?
Essa expressão significa que é uma palavra que aparece apenas uma única vez em toda uma obra literária. No caso, "battalogeo" aparece somente uma vez em todo o Novo Testamento. Isso é raro e torna difícil precisar o significado exato da palavra, já que ela não aparece em outros contextos para comparação.
Como não temos outros exemplos no Novo Testamento para definir seu sentido com clareza, precisamos buscar em outras fontes literárias para compreender melhor o que ela significa.
Agora, antes de explicar o que battalogeo significa, vou dizer o que não significa.
O que battalogeonão significa?
Não significa que não podemos fazer orações repetidas.
Como sabemos disso? Veja o próprio Evangelho de Mateus 26,44: "Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras". O próprio Jesus repetiu as mesmas palavras em sua oração. Portanto, battalogeonão significa que não podemos repetir orações.
Não significa que não podemos fazer orações longas.
Veja Lucas 6,12: "Naqueles dias, Jesus retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite toda orando a Deus". Jesus orou por muitas horas, demonstrando que orações longas não são condenadas.
Portanto, já vimos que battalogeo não se refere a orações repetidas nem longas.
O que battalogeorealmente significa?
Agora, vamos ao que essa palavra realmente quer dizer. Consultando um dicionário teológico publicado por uma editora protestante (Editora Cultura Cristã), vemos que battalogeo significa "tagarelar", no sentido de tentar alcançar sucesso ou atenção por meio de repetições mecânicas. É algo como "balbuciar" ou "multiplicar palavras de maneira mecânica".
Portanto, Jesus, em Mateus 6,7, está nos alertando para não orarmos de maneira mecânica, sem o coração, como faziam os pagãos. A preocupação de Jesus é com orações que são simplesmente uma "tagarelice" sem verdadeiro relacionamento com Deus.
E o terço?
A oração do terço, então, não é uma repetição mecânica. Quem é capaz de julgar se a oração de alguém é mecânica ou não? Um católico pode, sim, rezar de maneira mecânica, mas isso não significa que todos o façam. Da mesma forma, um evangélico também pode cair na repetição mecânica em suas orações.
O terço é, na verdade, uma arma espiritual poderosa. As orações prontas e repetitivas são bíblicas. O próprio Jesus orava repetindo as mesmas palavras e orava por horas.
Além disso, as Escrituras estão cheias de exemplos de orações repetitivas. Um bom exemplo é o Salmo 135 (136 na Bíblia protestante), onde repetimos inúmeras vezes a frase "porque sua misericórdia dura para sempre". Então, se as orações repetitivas estão na Bíblia, como alguém pode condená-las?
Conclusão
Se alguém utilizar Mateus 6,7 para dizer que a oração do terço é uma "vã repetição", essa pessoa está sendo desonesta. Jesus condena a tagarelice mecânica, sem coração, e isso pode acontecer com qualquer oração, seja de católicos ou protestantes.
Por fim, lembre-se: o terço, quando rezado com fé e meditação, não é uma repetição vã. Cada mistério nos faz refletir sobre a história da salvação. Mesmo que haja repetição, o verdadeiro valor da oração está no coração de quem a faz, e não apenas nas palavras.
Qual é a base bíblica para a intercessão de Maria e dos Santos. Não consigo ver isso ainda na caminhada de Jesus e em seus ensinamentos sobre isso.
A primeira coisa que eu quero dizer sobre esse assunto é que eu, sinceramente, entendo a crise. Eu entendo a crise; sei que não é fácil para um protestante que começa a investigar a fé católica e começa a perceber que a fé católica é bela, coesa, que ela tem uma cosmovisão muito bem estruturada e um histórico de bondade ao longo de dois milênios. Eu sei que é difícil para um protestante dizer e elevar uma oração à Nossa Senhora ou a algum Santo.
Então, assim, eu começo dizendo, Davi, que eu me compadeço da sua crise, porque eu passei por ela. Na real, eu passei por ela de maneira muito real. Eu diria que, quando estava na jornada rumo à Santa Igreja, houve momentos em que eu disse assim: "Infelizmente, eu não poderei me tornar católico por causa dos dogmas marianos." Eu não conseguia aceitá-los. Então, assim, eu entendo a crise.
A segunda coisa que eu quero pontuar é que a pergunta do Davi é a seguinte: qual é a base bíblica? E eu já adianto: tem base bíblica, tem bastante base bíblica. Mas essa questão de base bíblica é subjetiva. É sutil. Por quê? Porque eu posso te mostrar a base bíblica e, no fim das contas, a gente precisa se fazer a seguinte pergunta: quem tem autoridade para interpretar a Bíblia? Ora, um livro inspirado precisa de um intérprete inspirado. Se o livro é inspirado e o intérprete não é inspirado, será que não podem acontecer erros de interpretação? A gente tem dificuldade até de interpretar a notícia do jornal de hoje; você não vai interpretar um livro espírita de dois mil anos.
Então, essa questão da base bíblica não é simples. Por exemplo, certa vez uma pessoa falou: "Onde está a base bíblica para o fato de que o batismo regenera e o batismo salva?" Eu mostrei para ele 1 Pedro, que diz que "o batismo que agora vos salva." Ele respondeu: "Ah, não, mas isso não vale." Tá bom, o que você quer? Eu estou dizendo isso não é para fugir da raia, não. Eu vou mostrar mais e mais base bíblica. Eu só estou dizendo que, se você não se submeter a uma autoridade interpretativa, aqui, na minha opinião, é muito mais inteligente do que eu e tem muito mais sabedoria do que eu. Ela tem muito mais sabedoria e inteligência do que você. Eu posso te dar quantas bases bíblicas forem necessárias, mas isso não vai bastar.
Eu passo também a questão de que algumas seitas vão pegar a base bíblica para ensinar o que eles quiserem. Então, essa questão da base bíblica é uma necessidade. A Santa Igreja nos ensina no "Dei Verbum", que é uma constituição dogmática do Vaticano II, que a Bíblia é a alma da teologia. Portanto, é impossível elaborar teologia que não seja profundamente enraizada na Bíblia. Mas eu convido você a não confiar plenamente na sua capacidade interpretativa.
Vamos lá! Eu vou elaborar algumas questões lógicas aqui e, no final, vou contar como solucionei esta crise. Primeira coisa: eu não vou falar do que eu acho do teu ponto de vista, mas vou trazer para vocês aquilo que sempre foi a interpretação da Santa Igreja desde os primórdios. Por exemplo, você deve estar familiarizado com a Arca da Aliança.
O que era a Arca da Aliança no Antigo Testamento? Era um baú, né? Uma arca, um baú. Esse baú era sacratíssimo. Era tão sagrado que, quando alguém o tocava com irreverência, caía morto. Esse baú trazia dentro de si três coisas: as tábuas da Lei, o maná (o pão que caiu do céu no deserto) e o cajado de Arão que floresceu. A Lei, o Pão e o Cajado do Pastor: a Palavra, o Pão e o Cajado do Pastor. E a Arca da Aliança levava consigo a presença de Deus, ao ponto de que quem a tinha em sua casa era abençoado. Então, é um objeto sacratíssimo. Quem o tratasse com irreverência morria e carregava consigo a presença de Deus.
Como os Padres do período da Patrística interpretaram a Arca da Aliança no Novo Testamento? A Arca da Aliança é Nossa Senhora. Nossa Senhora é a Arca da Aliança. Maria é a Arca da Aliança. E Maria, sacratíssima, trouxe dentro de si a Lei (a Palavra de Deus, que é Jesus, o Verbo de Deus), trouxe dentro de si o Pão Vivo que desceu do céu (o Maná) e trouxe dentro de si o Pastor que pastoreia Israel, simbolizando o Cajado do Pastor.
É muito interessante percebermos alguns paralelos inequívocos entre a Arca da Aliança e Nossa Senhora. Por exemplo:
2 Samuel 6:9: "Então Davi disse: 'E quem sou eu para que a Arca do Senhor venha até mim?'" Lucas 1:43: "Isabel disse: 'Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha até mim?'" 2 Samuel 6:15: "Então Davi e toda a casa de Israel trouxeram a Arca do Senhor com gritos e sons de trombetas." Lucas 1:42: "Então Isabel exclamou, cheia do Espírito Santo, com alto grito: 'Bendita sois vós entre as mulheres!'" 2 Samuel 6:16: "Então Davi dançava com toda a sua força e saltava diante da Arca do Senhor." Lucas 1:44: "Eis que quando ouvimos a voz da sua saudação, o bebê no meu ventre saltou de alegria." 2 Samuel 6:10-11: "E a Arca da Aliança permaneceu na casa de Obede por três meses." Lucas 1:39 e 1:56: "E Maria permaneceu com Isabel durante três meses."
É porque eu estudo que eles são até coincidências, mas não é coincidência. São Lucas conhecia muito bem o Antigo Testamento e ele sabia muito bem o que estava fazendo na narrativa e o que estava ensinando na catequese que ele estava escrevendo. Nossa Senhora é a Arca da Aliança, a sacratíssima Arca da Aliança, que traz consigo a presença manifesta de Deus. Assim como a glória Shekinah de Deus estava sobre a Arca, nós vemos o Anjo dizendo para Nossa Senhora: "Descerá sobre ti o Espírito Santo."
Uma segunda coisa que a gente não pode deixar de perceber é que os Padres da Patrística enxergavam em Maria a nova Eva. Jesus é o novo Adão, o novo homem, a nova humanidade. Quem ama vai à Eva, ama a nova humanidade, que é Nossa Senhora.
Eu quero ler para vocês dois textos, e esse texto aqui está no meu caderninho porque eu ia anotando esses textos na época em que estava em rumo à Igreja Católica. Eu ia lendo e anotando. Eu tenho esse caderninho até hoje porque, quando eu estava lendo os textos da Patrística e me deparava com algum texto que explodia minha cabeça, eu anotava aqui. Então, eu vou ler dois textos, ambos de Irineu de Lyon. Só para os irmãos saberem, Irineu de Lyon foi discípulo de Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de São João. Olha só: Irineu de Lyon nasceu no ano 130 e morreu no ano 200, mais ou menos. Ele viveu no século II. E olha o que Irineu de Lyon falou sobre Nossa Senhora:
"Adão foi recapturado por Cristo a fim de que o que é mortal fosse submerso na imortalidade e Eva foi recaptulada por Maria a fim de que uma virgem tornasse advogada de outra virgem e destruísse, com a sua obediência de virgem, a desobediência de uma virgem." (Irineu de Lyon, Demonstração da Pregação Apostólica, Capítulo 33).
Agora olha o próximo texto de Irineu de Lyon:
"Assim como Eva foi seduzida pela fala do anjo e se afastou de Deus transgredindo a sua palavra, Maria recebeu a boa-nova pela boca de um anjo e trouxe Deus em seu seio, obedecendo a sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra deixou-se persuadir de modo a obedecer a Deus. Para que, da virgem Eva, a Virgem Maria se tornasse a advogada do gênero humano que fora submetido à morte por uma virgem, foi libertado da morte por uma virgem. A desobediência de uma virgem foi contrabalançada pela obediência de uma virgem." (Irineu de Lyon, Contra as Heresias, Livro 5, Capítulo 19, parágrafo 1-a).
Eu gosto de dar aqui é o número da rua, o nome da rua e o CEP do que eu estou citando. E os pais da Igreja, nesse momento, são importantíssimos. Por quê? Porque, se nós olharmos a história da Igreja, a Igreja não começou a partir da Reforma Protestante, mas a Igreja começou a partir da Ressurreição de Jesus Cristo e dos apóstolos, então eles têm que ser a nossa referência. O que as pessoas ensinaram durante esse período de tempo é muito importante para a nossa reflexão sobre as verdades da fé.
A tradição sempre foi a fonte que nos deu a verdade da Igreja. O magistério sempre foi a expressão do ensino da Igreja. E, por último, a Sagrada Escritura é uma reflexão que nos faz perceber como viver a tradição e o magistério da Igreja. E os pais da Igreja, na linha do tempo, sempre vão nos ajudar a perceber o que eles viviam e ensinavam. Por isso, é importante ressaltar que a questão de Maria é uma verdade que já estava no coração da Igreja, bem antes do Concílio de Éfeso, que reconheceu o título de Mãe de Deus para Maria.
Uma coisa também que é muito importante observar é a comunhão dos Santos. Porque se nós temos a união da Igreja triunfante (os que já estão no céu) e a Igreja militante (os que estão aqui na Terra), se existe comunhão entre os santos e os que estão aqui, então nós temos uma intercessão mútua, um poder da intercessão de Maria.
Por exemplo, se eu estou no céu e você está na Terra, e eu rezo por você, a minha oração, diante de Deus, tem peso. A gente vê na Palavra de Deus que, ao longo da história da Salvação, muitos homens e mulheres foram usados como instrumentos de Deus para ajudar seus irmãos. Portanto, as pessoas que estão no céu, ao invés de estarem totalmente desconectadas de nós, estão conectadas a nós.
Um exemplo bíblico disso é a própria cena da transfiguração, onde os apóstolos estavam lá com Moisés e Elias. Eles estavam conversando, e conversavam com Jesus. Mas se o céu e a Terra se conectam, e as pessoas que estão no céu têm amor por nós, então elas podem rezar por nós. Maria é a que mais ama e pode interceder.
Um versículo interessante é Apocalipse 5:8, que diz que "os anciãos têm copos de ouro cheios de incenso que são as orações dos santos." Então, assim, a oração é uma ação espiritual. A intercessão é uma ação espiritual. Nós podemos interceder uns pelos outros e, ainda mais, as pessoas que estão em Deus estão mais conectadas a Ele e, portanto, mais prontas para interceder.
Outra passagem que você pode encontrar é Mateus 18:10, que diz que "os anjos dos pequeninos estão sempre na presença do meu Pai." Se os anjos dos pequeninos estão na presença do Pai, por que não podemos crer que as almas que estão no céu também estão em comunhão com Deus?
Finalmente, eu gostaria de falar sobre a consagração a Maria. É uma coisa linda, porque, se você se consagra a Maria, se você entrega a sua vida a Ela, o que acontece? Maria vai nos conduzir ao coração de seu Filho. Não que ela seja o Salvador, não que ela faça alguma coisa, mas, como mãe, ela nos educa e nos orienta.
Maria é mãe da Igreja e, como mãe da Igreja, Ela tem o poder de interceder por nós. E a intercessão de Maria é poderosa. O próprio Jesus, nas Bodas de Caná, Ele diz: "Mulher, que tenho eu contigo? Não é chegada a minha hora." E ela, com um olhar cheio de amor, volta-se para os serventes e diz: "Fazei tudo o que Ele vos disser."
Então, essa é a intercessão de Maria. É o poder que ela tem como Mãe. Portanto, a base bíblica está aqui, e o entendimento de quem é Maria está aqui. O entendimento de que ela é a Mãe de todos os que seguem Jesus, e é a Mãe que nos ensina a vivermos na alegria de sermos filhos de Deus.
Concluindo, eu vou mostrar o que é a intercessão. Intercessão é pedir a Deus em favor de outra pessoa. Nós podemos fazer isso uns pelos outros, mas a intercessão de Maria é especial. Assim como Maria pediu a Jesus em Caná, Ela também pede a nós, e Maria nos leva ao Seu Filho.
E, por fim, quando falamos da intercessão de Maria, não estamos afastando a Glória de Deus, mas, sim, reconhecendo que Deus quis usar Maria, assim como Ele quer usar a nós.
A intercessão de Maria não diminui a importância de Jesus, mas a exalta, porque ela é a Mãe do Salvador e a Mãe da Igreja.

Como Compreender a Finalidade da Virgindade Perpétua de Maria Santíssima

A pessoa que mandou essa pergunta não quis se identificar, e eu amei essa pergunta. Eu amei: Qual a finalidade da virgindade perpétua de Nossa Senhora? Por que essa pergunta? Porque eu já vi muita gente falando, e até mesmo alguns teólogos católicos, infelizmente, nos jogos neoliberais, dizendo que a virgindade de Nossa Senhora é um dos propósitos. Não tem problema nenhum se Maria não fosse virgem, e que se Maria, inclusive, Jesus fosse filho biológico de José, não mudaria nada. E eu pensei: "Ah, onde esse cara tá lendo? Qual Bíblia ele tá estudando? Qual fé?"
Então, assim, é uma pergunta urgente, uma pergunta necessária: Qual a finalidade do dogma da virgindade perpétua de Nossa Senhora?
Vamos lá! A primeira coisa que eu tenho que dizer é que o dogma da virgindade perpétua de Nossa Senhora foi definido no Concílio de Latrão no século VII, em 649. Por que isso é importante? Isso foi definido como dogma no primeiro milênio, século VII. A definição dogmática diz o seguinte, citando o número 503:
"Aquele que não confessa, de acordo com os Santos Padres, no sentido genuíno e verdadeiro, a santa e perpétua virgem Imaculada Maria como Mãe de Deus, visto que concebeu e deu à luz de modo ímpar e nos últimos tempos, pelo Espírito Santo, ao próprio Deus, a Palavra nascida antes de todos os tempos do Pai, sendo que sua virgindade também permaneceu intacta depois do seu nascimento, seja anátema."
Ou seja, quem não confessa isso, é anátema. Esse dogma é aceito pelos católicos, naturalmente, por ortodoxos — ou seja, aquele ramo da cristandade que cismou, que rompeu com a Santa Igreja no século XI — e é aceito, inclusive, por alguns poucos segmentos do protestantismo.
Uma outra coisa que eu quero pontuar é que todos os dogmas marianos são cristocêntricos. Já esbarrei nisso na primeira resposta, mas quero reforçar: todos os dogmas marianos são cristológicos, ou seja, apontam para Cristo e encontram o seu significado último em Cristo e na sua missão. Além disso, é importante dizer que todos os dogmas marianos têm profundas implicações eclesiológicas. O que é isso?
Implicações eclesiológicas aqui: Maria é uma tipologia da Igreja pelo dom e missão da Maternidade Divina, que une seu Filho Redentor. E, pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada à Igreja. A Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo. Isso nós aprendemos na Lumen Gentium, no parágrafo 63.
Então, assim, eu já li a definição dogmática, já falei que todo dogma mariano tem uma função cristológica e uma eclesiológica. Agora, quero mostrar para vocês qual é a função cristológica. Essa é a pergunta do nosso irmão que não quis se identificar: Qual a finalidade da virgindade perpétua de Maria Santíssima?
Vamos lá! Na sua função cristológica, qual é a finalidade?
Isaías 7:14: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: A virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel.”
Então, o primeiro propósito cristológico da virgindade de Nossa Senhora é que a profecia acerca da vinda do Messias, que viria de uma virgem, se cumpra. Se Ele não viesse de uma virgem, não seria o Messias. Simples assim.
A segunda coisa que já pontuei é que Maria é a realização de um tipo. Qual era o tipo? A Arca da Aliança. Maria é a verdadeira e definitiva Arca da Aliança que traz dentro de si a lei, o cajado de Arão e o pão do céu. Mas a Arca da Aliança era inviolável. Maria também precisa ser inviolável.
Então, perceba aqui a necessidade cristológica de Cristo ter vindo de uma virgem. E qual é o aspecto eclesiológico da relação da virgindade de Nossa Senhora com a Igreja? A Igreja deve ser toda do seu Esposo. A Igreja é a Virgem pura e santa. A Bíblia nos diz em Efésios 5 que Jesus apresentará a sua noiva sem mácula, sem ruga, sem mancha. Mas a Igreja também é geradora da nova humanidade. A Igreja é a nova humanidade, e assim como Nossa Senhora é a nova Eva e a Mãe da nova humanidade, a Igreja também gera essa nova humanidade.
Então, a função eclesiológica da virgindade perpétua de Nossa Senhora é o fato de que a Igreja deve ser toda do seu Esposo, intacta, sem se prostituir, sem se envolver com nenhum outro tipo de divindade ou qualquer coisa que o valha.
Agora, é só isso? Não! Está na pergunta, mas eu quero responder assim mesmo: A virgindade perpétua de Nossa Senhora está na Bíblia? Ah, sim, está na Bíblia. Primeiro, a Bíblia nunca disse que Maria teve outros filhos. A Bíblia diz que Jesus teve irmãos. Calma, a gente vai chegar lá. A Bíblia nunca disse que Maria deu à luz ao Zezinho, ao Bituca, ou ao Carlinho. Não existe isso na Bíblia. A Bíblia diz que Maria deu à luz a Jesus.
Então, a Bíblia não diz que Maria teve outros filhos. É importante deixar isso claro. Mas vamos lá! Vou mostrar pelo menos três versículos que nos mostram que Maria não teve outros filhos e que Maria permaneceu sempre virgem.
Lucas 1:34: “Então disse Maria ao Anjo: Como será isso, pois não conheço homem algum?”
Nessa passagem, Maria manifesta ao Anjo uma dúvida legítima acerca de como poderia conceber. Ela diz: "Eu não conheço homem." Em outras traduções, dizem "não conheço varão." O Anjo disse que ela vai ter um filho, e ela estava noiva. Ela poderia ter dito: "Faz sentido eu vou casar com meu marido e, depois que eu casar, engravido ele." Mas não é isso que ela responde. Ela fica assim: "Mas como se eu não conheço homem?"
Nessa passagem, Maria manifesta ao Anjo uma dúvida legítima. O verbo "conheço" em grego está no presente ativo do indicativo, o que significa uma ação verbal não terminada. Maria não está dizendo que ela não conhece homem, mas que, daqui a pouco, vai conhecer. Não! Ela está dizendo: "Eu não conheci, não conheço e não conhecerei."
E o que é a mesma coisa que alguém pergunta assim: "Eduarda, eu vou fazer para você uma buchada de bode." E eu falo: "Eu não como buchada de bode." O que eu estou querendo dizer? Que eu vou passar a comer? Não! Estou dizendo que isso é uma ação contínua na minha vida.
Se eu disser: "Eduarda, eu trouxe para você um charuto cubano Romeo e Julieta, maravilhoso." Aí eu digo: "Eu não fumo." O que estou dizendo? Que esse é um hábito constante, uma situação constante da minha vida. Quando Nossa Senhora disse: "Eu não conheço homem," ela está dizendo: "Esse é o meu estado de vida."
A segunda passagem, gente, é quase autoexplicativa. João 19:27: “Então, disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe.”
Se Jesus tivesse irmãos, por que Ele estava dando a missão de cuidar da viúva Maria a São João? Se Jesus tivesse irmãos, por que Ele não disse: "Olha, é obrigação dos filhos cuidarem da mãe viúva"?
Outras pessoas que não os filhos cuidarem da mãe viúva? Naquela época, era obrigação dos filhos cuidarem da mãe viúva. Amanhã era viúva e não tinha INSS, pensão do falecido, nada disso. Então, se Jesus tinha irmãos, por que Ele deixou que São João cuidasse dela?
E aí é uma outra evidência de que Maria não teve outros filhos. E por que sim tem uma passagem que o pessoal confunde muito, que é Mateus 1:25: “E não a conheceu até que deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.”
Quer dizer que depois, a Jesus, José conheceu Maria? É isso que o texto está dizendo? Não! O texto não fala nada sobre o que aconteceu depois. O texto fala o que aconteceu durante a gravidez. De modo que esse texto é uma evidência fortíssima para o fato de que José e Maria não tinham um casamento comum.
O autor sagrado aponta para o fato, gente, de que durante a gestação, ou seja, mesmo depois que eles se casaram, José e Maria não tiveram intercurso conjugal. E perceba: não há nenhuma lei judaica que proíba marido e mulher de terem intercurso conjugal durante a gravidez.
Então, por que Mateus destaca o fato de que José não conheceu Maria durante a gravidez? Para que nós entendêssemos que o propósito da virgindade de Nossa Senhora era que, em seu ventre, habitasse o próprio Deus. E isso não é um detalhe. É essencial para a fé cristã.
Portanto, para encerrar, a virgindade perpétua de Nossa Senhora é importante porque, em Cristo, nós temos a nova humanidade, a nova aliança.
Se Maria não tivesse permanecido virgem, ela não seria a nova Arca da Aliança. Se ela não tivesse permanecido virgem, ela não cumpriria a profecia de Isaías. Se ela não tivesse permanecido virgem, a Igreja não seria, na verdade, a Mãe da nova humanidade. Portanto, a virgindade perpétua de Nossa Senhora é uma verdade que precisamos afirmar e lutar para que a nossa geração não perca a fé.
Pergunta:
E se as imagens são apenas para representar, por que devemos nos ajoelhar diante delas e ter tanto zelo? Se uma imagem quebrar, não podemos simplesmente jogá-la fora?
Resposta:
Ok, Caroline, obrigado pela pergunta. É uma pergunta honesta e sincera, e eu vou procurar responder dentro das nossas possibilidades. Pelo que entendi, você já compreendeu o papel das imagens no culto cristão, mas a sua dúvida é: se as imagens são apenas para representar, por que fazer reverência a elas? Por que se ajoelhar diante delas? Vamos lá, vou explicar isso agora.
Primeiramente, existe uma disciplina que você pode estudar em áreas como a filosofia e o direito, chamada semiótica. A semiótica é a disciplina que estuda os signos. Calma, não estamos falando de signos do zodíaco ou astrologia. Quando falamos de signos aqui, estamos falando de símbolos, aquilo que representa ou significa algo. Segundo a semiótica, um signo é composto por três elementos: significante, significado e intérprete.
Vou dar um exemplo para ilustrar. Pense numa marca de materiais esportivos bem famosa, cujo símbolo é uma "virgulinha". Já sabe de qual marca estou falando? Isso mesmo, da Nike.
Significante: aquela "virgulinha" é o significante. Significado: o que ela representa, ou seja, a marca Nike. Intérprete: sou eu, você, qualquer pessoa que reconhece o símbolo e sabe do que se trata.
Agora, se você mostrar essa "virgulinha" para alguém que nunca ouviu falar da Nike, ela não vai significar nada para essa pessoa, porque ela não é o intérprete adequado.
Mas o que isso tem a ver com as imagens religiosas?
Quando falamos de imagens religiosas, a lógica é a mesma. Elas também possuem esses três elementos. Vamos pensar na imagem de Nossa Senhora, por exemplo, o Sagrado Coração de Maria:
Significante: a imagem de Nossa Senhora em si. Significado: o que ela representa — Nossa Senhora. Intérprete: eu, você, todos nós que entendemos e veneramos aquilo que a imagem simboliza.
Quando olho para uma imagem de Nossa Senhora, meus olhos podem estar fixos na imagem física, mas o meu coração e minha mente estão fixos no significado — Nossa Senhora, a Mãe de Jesus. Assim, quando presto reverência a uma imagem de Nossa Senhora, não estou reverenciando o significante (a imagem em si), mas o significado — Nossa Senhora.
Vamos agora a um outro ponto importante: o respeito pelas imagens. Já usei este exemplo anteriormente, mas ele ajuda muito a entender a questão. Imagine que você pegue a bandeira do Brasil e a queime em praça pública. Isso é crime, pois a bandeira é um símbolo pátrio, e desrespeitá-la ofende o significadoque ela carrega, não o pano em si.
Da mesma forma, quando um militar presta reverência à bandeira, ele não está honrando o pedaço de pano, mas aquilo que a bandeira representa.
Outro exemplo: imagine que você dê uma entrevista para uma emissora de TV. Ao final, o repórter pode perguntar: "Posso usar a sua imagem?" Isso acontece porque a sua imagem representa você, e o uso dela sem sua autorização pode ser considerado uma violação do seu direito de imagem, protegido por lei.
Concílio de Trento e o Concílio de Nicéia
Agora, vamos à parte teológica da questão. O Concílio de Trento (século 16) e o Concílio de Nicéia II (século 8) afirmam que "a honra que se tributa às imagens se refere aos protótipos por elas representados". Ou seja, quando veneramos uma imagem, estamos venerando a pessoa que ela representa— seja Jesus, Maria ou os santos.
Por isso, podemos sim nos ajoelhar diante de uma imagem ou curvar-nos diante dela, porque a reverência não é para o significante (a imagem), mas para o significado— aquilo ou quem ela representa.
E se a imagem quebrar?
Respondendo à última parte da sua pergunta, quando uma imagem se quebra, não devemos simplesmente jogá-la no lixo. Muitas vezes, essas imagens são abençoadas por um sacerdote, e por isso simbolizam algo sagrado. A prática piedosa recomendada é enterrar a imagem, demonstrando o respeito pelo que ela simboliza, mesmo que fisicamente ela esteja danificada.
Entendendo a questão das imagens e procissões na Igreja
Suponhamos que os protestantes tenham entendido a questão das imagens na Bíblia, assim como foi explicado anteriormente. Já respondemos sobre esse tema em outras ocasiões, com vídeos curtos e mais aprofundados. No entanto, ainda podem argumentar que ver uma procissão com imagens sendo carregadas é idolatria.
Procissões não são dogmas da Igreja
A primeira coisa que precisamos esclarecer é que fazer procissão não é um dogma da Igreja. A Igreja não exige que você participe de procissões. Se você não quiser participar, não há problema. Ao consultar os Dez Mandamentos, você verá que isso não está lá, nem nos Cinco Mandamentos da Igreja. Os Cinco Mandamentos da Igreja tratam de questões como sustentar a Igreja, confessar-se ao menos uma vez por ano e comungar pelo menos uma vez ao ano, entre outros. Fazer procissões não é uma exigência.
Dito isso, é importante ressaltar que, mesmo não sendo um dogma, procissões são uma devoção popular, e essa prática não está errada. Carregar imagens em procissões também não está errado, e vou explicar o porquê.
O significado da procissão
Procissão vem da palavra latina procedere, que significa "marchar", "caminhar" ou "ir adiante". Portanto, é quando um grupo caminha junto. Agora, é fundamental entender que idolatria é colocar algo ou alguém no lugar de Deus. Qualquer coisa pode ser um ídolo se ela tomar o lugar de Deus na sua vida.
Por exemplo, se você ama seu filho mais do que a Deus, ele se torna um ídolo. Se você ama seu cônjuge ou bens materiais mais do que a Deus, esses se tornam ídolos. Todo pecado nasce da idolatria, porque o pecado é a crença de que seremos mais felizes desobedecendo a Deus do que amando e servindo a Ele. Portanto, todos somos idólatras em algum nível e precisamos nos arrepender disso diariamente.
Exemplo de idolatria
Se, por exemplo, seu patrão pede que você faça algo errado e você obedece por medo de perder o emprego, você confia mais no seu patrão do que em Deus. Isso é idolatria. Colocar qualquer coisa ou pessoa no lugar de Deus é idolatria.
Procissões e idolatria
Nas procissões, as pessoas não estão colocando a imagem no lugar de Deus. Não podemos julgar o coração das pessoas, mas, na maioria dos casos, elas não estão cometendo idolatria.
Para entender melhor, vejamos os três componentes de um signo: significante, significado e intérprete. O significante é o objeto que vemos — no caso, a imagem. O significado é o que ela representa — por exemplo, Santa Teresinha, que está no céu. O intérprete somos nós, que ao ver a imagem somos remetidos à Santa Teresinha. A imagem é um ícone, não um ídolo, pois a honra não para na imagem; ela é direcionada a Santa Teresinha. E nós não adoramos Santa Teresinha; nós a honramos e louvamos.
Exemplo secular de procissão
Um exemplo simples para entender isso: sou de Juiz de Fora, Minas Gerais, e temos um famoso jogador de vôlei da cidade, Giovane Gávio. Quando ele voltou das Olimpíadas de 1992, em Barcelona, com uma medalha de ouro, ele desfilou pela cidade em um caminhão de bombeiros, e todos gritavam seu nome. Estávamos adorando Giovane? Não. Estávamos parabenizando e elogiando pela sua conquista. Aquilo era uma procissão esportiva, não religiosa.
Procissões na Bíblia
A Bíblia também menciona procissões. No livro de Josué (3,5), por exemplo, vemos o povo de Israel em procissão, com os sacerdotes carregando a Arca da Aliança à frente, enquanto atravessavam o rio Jordão. O milagre do Mar Vermelho se repetiu no Jordão, quando as águas se abriram para o povo passar.
Outro exemplo está no livro de Neemias (12,31), quando, após a reconstrução dos muros de Jerusalém, Neemias organizou duas procissões ao redor da cidade, dedicando os muros ao Senhor. O povo de Israel, quando subia para Jerusalém celebrar a Páscoa, também caminhava em procissões, cantando Salmos, como vemos nos "Cânticos de Subida" nos Salmos.
Conclusão
Assim, fazer essas caminhadas espirituais, como procissões, é uma prática religiosa antiquíssima. Carregar a imagem de um santo numa procissão é uma forma de honrar o santo, não a imagem em si. A imagem é apenas um significante que nos remete ao santo que está no céu, e a procissão é uma homenagem ao significado, não ao significante.
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