Efésios 5.15-21

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Série: Quem é o Senhor?
Tema: Uma nova sabedoria
Divisa: Efésios 5.15-21
1. Introdução
Recentemente nos cinemas de todo o mundo fora lançado o filme A FORJA: o poder da transformação. O filme conta a história de um jovem chamado Isaiah Wrigth, de 19 anos viciado em basquete e videogame, o qual encontra-se perdido e sem direção na vida. Desafiado por sua mãe, recebe um ultimato: encontrar um rumo ou deixar a casa. Com apoio de orações o jovem recebe a oportunidade de trabalhar na Moore Fitness, onde Isaiah será guiado por um mentor Joshua Moore, o dono da empresa, a entender que Cristo Jesus morrera pelos seus pecados e isso significa que Deus, em Cristo Jesus pode ter um propósito maior para sua vida. E o que mais me chamou a atenção nesse filme é como a fé de Isaiah em Cristo afeta cada área de sua vida: a relação com sua mãe, com seu pai (o perdoando), com seus objetos pessoais, com seu trabalho, com seus estudos, etc.
No início dessa série vimos como o apóstolo Paulo faz uma oração a Deus pela vida da igreja em Éfeso, a fim de que aqueles irmãos compreendessem quem de fato é o Cristo em quem eles creram; o apóstolo afirma que Cristo está assentado muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nessa era, mas também na que há de vir e que Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou cabeça de todas as coisas para a igreja...” (1.22)
A partir do capítulo 4, o apóstolo relaciona algumas implicações para a vida de uma pessoa que de fato crer e confia em Cristo como Senhor de toda a realidade. A primeira implicação, à luz de Efésios 4.7-16, é que o Cristo Senhor nos convocou para uma missão e para o exercício de um ministério que edifique a sua igreja, até que atinjamos à plenitude da estatura de Cristo Jesus.
A segunda implicação, à luz de Efésios 4.17-24, é que o Cristo Senhor está realizando em nós uma nova criação, homens e mulheres transformados em sua forma de pensar, que possuem uma cosmovisão cristocêntrica da vida, despindo do velho homem e revestindo-se do novo homem, criado à imagem de Cristo.
A terceira implicação, à luz de Efésios 4.25-32, é que o Cristo Senhor inicia um processo de remodelagem das nossas condutas e atitudes morais e éticas, libertando-se da falsidade para a verdade, da ira para mansidão, da desonestidade para a generosidade, da maledicência para palavras de graça e da amargura para o perdão.
A quarta implicação, à luz de Efésios 5.1-14, é que o Cristo Senhor nos desafia a vivermos conforme a nossa identidade de filhos amados e filhos da luz, rejeitando a imoralidade sexual e a ganância, discernindo o que é agradável ao Senhor.
Em resumo nesta noite falaremos que:
Grande ideia: O senhorio de Cristo resulta numa vida vivida em sabedoria, no poder do Espírito Santo.
2. uma nova maneira de viver: a vida em sabedoria
Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus. Portanto, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor. (5.15-17)
A nova maneira de viver, na perspectiva do Reino de Deus, é o viver em sabedoria; uma das grandes preocupações do apóstolo é com o viver daqueles irmãos.
A vontade de Paulo para aquela comunidade é que eles cheguem à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo(4.13), crescendo em tudo naquele que é o Cabeça, Cristo (4.15), em outras palavras, um viver em sabedoria. Por essa razão o apóstolo assevera: “Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam.” (4.1) “... não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos.” (4.17); e mais “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos... a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.” (4.22,24); logo a seguir, “... vivam em amor...” (5.1)e “Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz,” (5.8)
E agora, na presente passagem o apóstolo coloca o seguinte imperativo(isso porque o verbo ter cuidado está no modo imperativo): “Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem...” (5.15)
A expressão “Tenham cuidado” traduz duas palavras no original βλεπω (blepo): “ver, discernir, perceber e ακριβως (akribos): “exatamente, acuradamente, diligentemente”. Em síntese, o que Paulo está instruindo aqueles irmãos é que eles observem e discirnam as realidades da vida de forma cuidadosa, diligente; é um viver atento às realidades espirituais, contrário a um viver displicente, automatizado e irresponsável.
E é justamente esse tipo postura que diferencia uma vida sábia de uma vida insensata: “... que não seja como insensatos, mas como sábios... (5.15). O contraste não poderia ser mais claro: o modo de vida insensato (ασοφος asophos) e o modo de vida sábio (σοπφος sophos).
E quais são as duas grandes evidências de uma vida sábia:
· Aproveitando as oportunidades do Senhor
... aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus. (5.16)
A primeira evidência de sabedoria, apontada por Paulo é aproveitarmos cada oportunidade criada pelo bom Deus. Mas, o que Paulo quer dizer com “aproveitar cada oportunidade”? Será que o apóstolo está ensinado a sermos oportunistas e tirarmos vantagem em cada situação? Será que Paulo está ensinando a sermos grandes empreendedores e aproveitarmos as oportunidades econômicas ou financeiras?
O termo “aproveitar” - tradução de εξαγοραζω (exagorazo): “redimir, resgatar, libertar” – e o termo “tempo”, existe duas palavras no grego que significa “tempo”, a primeira é χρονος (chronos) e καιρος (kairos): “tempo na perspectiva divina, um momento especial criado pelo próprio Deus; uma oportunidade e uma situação em que Deus age para mudar a nossa vida ou a vida das pessoas à nossa volta.
O termo que apóstolo usa aqui não é χρονος (chronos), mas καιρος(kairos). Deus está agindo e se movendo em meio ao χρονος (chronos): salvando, curando, libertando, redimindo, disciplinando, amando, acolhendo, transformando, restaurando e pessoas sábias são aquelas que conseguem perceber o καιρος(kairos) do Senhor, em meio ao χρονος (chronos) e dizem: “Eis-me aqui”.
A pessoa insensata, que vive uma vida autônoma e independente, longe do senhorio de Jesus não consegue perceber o καιρος (kairos), vivendo de forma displicente, por quê? Porque perdera sua sensibilidade espiritual, formada por meio dos exercícios espirituais da oração, meditação bíblica, jejum e solitude.
Por essa razão, o apelo de Paulo serve ainda para nós: “Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem”.
· Compreendendo a vontade do Senhor
Portanto, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor. (5.17)
A segunda evidência de sabedoria é compreendermos a vontade do Senhor. E aqui está mais um imperativo do apóstolo, esse trecho é permeado de imperativos, e o imperativo tem sentido de ordem, mandamento. E depois que Paulo deu a ordem de “tenham cuidado com a maneira como vocês vivem...” (5.15), agora emite mais uma ordem: “... procurem compreender qual é a vontade do Senhor. (5.17)
Cristo, como Senhor tem vontades, desejos, planos, propósitos para vida do seu povo; a vontade de Cristo sempre é boa perfeita e agradável e o desejo de Cristo é que possamos experimentar e comprovar a sua gloriosa vontade.
Porém, o que me chamou a atenção nessa ordem paulina é que, via de regra, quando falamos de compreender a vontade do Senhor ficamos esperando um anjo aparecer pra nós e dizer qual a vontade de Cristo para nossas vidas, ou senão esperamos que algum irmão pentecostal de oração nos revele qual é a vontade de Cristo para nossas vidas. No entanto, o imperativo procurem compreender qual é vontade do Senhor” está na voz ativa, ou seja, cada discípulo deve assumir a responsabilidade de compreender qual é a vontade e o plano de Cristo para sua vida.
A pessoa insensata procura compreender apenas sua própria vontade, vive em torno de si mesmo, ainda não tomou sua cruz e decidiu seguir a Cristo de fato, não decidiu construir sua casa sobre a rocha. A palavra de Deus está dizendo para nós: não sejam insensatos, não sejam tolos, não sejam alienados, não sejam cegos espiritualmente, compreendam a vontade de Cristo para suas vidas e sigam em frente.
O jovem missionário Ashbel Green Simonton (1833-1867) pioneiro do presbiterianismo no Brasil, era o caçula de nove irmãos. Seu pai era médico, deputado federal e presbítero. Formado no Seminário de Princeton, esse jovem brilhante recebeu o chamado para vir para o Brasil ao ouvir um sermão de seu professor Charles Hodge. Muitos tentaram demovê-lo dessa arriscada empreitada, uma vez que precisaria renunciar ao conforto de sua casa, à riqueza da sua nação e vir para um país de muitas doenças endêmicas. Quando as pessoas lhe diziam que essa decisão era muito perigosa, ele sempre respondia: “O lugar mais seguro para um homem estar é no centro da vontade de Deus”. Simonton chegou ao Brasil no dia 12 de agosto de 1859. Em apenas oito anos de um profícuo ministério, ele deixou plantada uma igreja que hoje é uma forte denominação. Simonton morreu jovem, com 34 anos de idade, mas deixou em solo pátrio uma igreja que influencia a sociedade brasileira e é uma voz altissonante a proclamar o evangelho da graça.
3. um novo poder para viver: a vida no Espírito
A seguir o apóstolo aponta com que poder somos desafiados a viver a vida em Cristo em sabedoria: o poder do Espírito Santo.
Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, (5.18)
O apóstolo traz o alerta de quão perigoso é vivermos embriagados pelo vinho desta vida”.
O médico, Dr. Dráuzio Varella escreveu certa feita dizendo: “Muita gente imagina que os comportamentos compulsivos estão apenas associados a drogas como álcool, maconha, cocaína e nicotina, por exemplo, mas a compulsão pode estar ligada a outras situações que provocam prazer, como fazer compras, trabalhar sem descanso, usar o celular, assistir televisão ou passar horas em frente do computador.”
O pastor e escritor Hernandes Dias Lopes, citando o médico e pastor inglês do século XX, Martyn Lloyd-Jones, diz: “O vinho e o álcool, farmacologicamente falando, não são estimulantes, mas depressivos. O álcool é um ladrão de cérebros. A embriaguez, deprimindo o cérebro, tira do homem o autocontrole, a sabedoria, o entendimento, o julgamento, o equilíbrio e o poder para avaliar as coisas. Ou seja, a embriaguez impede o homem de agir de maneira sensata.
E o apóstolo está afirmando: “Não se embriaguem com o vinho... mas deixem-se encher pelo Espírito, (5.18).
E aqui destaco quatro verdades importantíssimas dessa única frase: (i) Ser cheio do Espírito Santo é a vontade de Cristo para sua vida (o verbo está no modo imperativo); (ii) Ser cheio do Espírito Santo é vontade de Cristo para toda a igreja (o verbo está no plural); (iii) Ser cheio do Espírito Santo é uma ação sobrenatural de Cristo sobre a igreja (o verbo está na voz passiva) e (iv) Ser cheio do Espírito Santo é uma realidade que deve ser vivida constantemente (o verbo está no tempo presente).
E o resultado do poder do Espírito Santo na vida de uma pessoa e de uma igreja é:
· a vida no Espírito produz adoração
falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, (5.19)
Aqui indica o mover do Espírito Santo na vida de uma comunidade é conduzi-la a um processo de adoração, uma adoração que envolve desde o entoar cânticos espirituais como o dedilhar de um instrumento (ψαλμος psalmos: toque, ato de fazer vibrar e produzir some ψαλλω psallo: vibrar as cordas de um instrumento musical) e esse louvor e adoração é de coração ao Senhor, ou seja, uma igreja cheia do Espírito Santo reconhece que Cristo é o Senhor e o louva, adora e exalta com todo entusiasmo e alegria, celebrando os atos poderosos do Senhor.
· a vida no Espírito produz gratidão
dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. (5.20)
Um segundo resultado de uma vida cheia do Espírito Santo é uma constante postura de gratidão a Deus Pai, por meio do Senhor Jesus Cristo. O apóstolo afirma que devemos, constantemente, oferecermos graças a Deus Pai por todas as coisas. E a pergunta é: que todas as coisas?
Como a epístola começa?
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheunele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveisem sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, (1.3-5)
E só podemos ser gratos a Deus Pai se estivermos plenamente satisfeitos em tudo quanto Deus já fez por nós, em Cristo Jesus.
· a vida no Espírito produz submissão
Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. (5.9-14)
Por fim, em minha opinião, uma das principais evidências do enchimento do Espírtio Santo: submissão. O termo que o apóstolo usa aqui é υποτασσω (hupotasso): Em uso não militar, era “uma atitude voluntária de ceder, cooperar, assumir responsabilidade, e levar uma carga”. E o apóstolo está ensinando que quando uma pessoa realmente é cheia do Espírito Santo, constante (o verbo está no tempo presente) e voluntariamente abre mão dos seus interesses, coopera para o crescimento e bem do outro, assume a responsabilidade de levar as cargas do seu irmão.
Qual a motivação dessa forma de viver? O temor (reverência, respeito, obediência) a Cristo, o Senhor. Cristo é nosso maior exemplo de sujeição, pois ninguém é mais cheio do Espírito Santo que Cristo e ninguém se sujeitou mais do que Cristo em favor dos outros.
Como escreve o apóstolo noutro lugar:
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.5-8)
4. Conclusão
O senhorio de Cristo resulta numa vida vivida em sabedoria, no poder do Espírito Santo
Uma vida vivida em sabedoria que percebe o que Cristo está fazendo na história e decide participar desse trabalho; uma vida que ativamente está em busca de compreender qual a vontade de Cristo para si; uma vida vivida no poder do Espírito que nos leve a sujeitarmos e servirmos ao outro por amor a Cristo.
A sua vida tem refletido essa sabedoria, refletido esse poder?
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