Atos 3.11-26: CURA IMPERFEITA, RESTAURAÇÃO COMPLETA
Atos dos Apóstolos • Sermon • Submitted • Presented
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Estamos diante do primeiro milagre registrado pelas mãos dos apóstolos. Pedro e João subiam para orar no templo quando se depararam com um mendigo aleijado à Porta Formosa. O pedinte esperava receber alguma oferta financeira dos apóstolos, mas eles não possuíam riqueza alguma. Contudo, Pedro cheio do Espírito Santo deu uma ordem àquele homem: em nome de Jesus, levante-se! Imediatamente aquele homem saltou sobre os seus pés, entrou no templo e começou a glorificar a Deus.
Aquele homem estava tão feliz, talvez até sem saber o que fazer, que não desgrudava de Pedro e João. Lucas explica o fato com as seguintes palavras: […] apegando-se ele a Pedro e João (v. 11). Acontece que, neste momento, todo o povo correu atônito para juntos deles [dos apóstolos] (v.11). Eles se reuniram no alpendre chamado de Salomão (v. 11).
O alpendre de Salomão era um lugar formado por duas fileiras de colunas de mármore com um telhado de cedro onde as pessoas se reuniam para discutir as Escrituras.
O povo estava tão espantado com o fato, que Pedro precisa intervir e pregar mais um sermão, o segundo depois da descida do Espírito Santo.
Neste sermão, Pedro esclarece que a cura do paralítico prefigura a restauração perfeita que acontecerá após a vinda de Jesus.
I - A RESTAURAÇÃO É DIVINA E NÃO HUMANA (12-16)
I - A RESTAURAÇÃO É DIVINA E NÃO HUMANA (12-16)
A cura do paralítico foi um esboço de uma restauração perfeita. Observamos aqui que a cura do aleijado não se dá por virtude humana alguma, mas unicamente pelo poder de Deus, o qual é operado através da fé no nome de Jesus.
Pedro desvia a atenção do povo para Deus
A restauração não se deu pelo poder ou piedade dos apóstolos (v. 12)
E, quando Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?
Ao ver um homem conhecido de todos (At 3.10), com mais de 40 anos de idade (At 4.22), e que, diariamente, pedia esmolas à porta Formosa (At 3.2), a multidão ficou maravilhada. Nesse momento, Pedro e João poderiam ser tentados a tomarem glória para si, mas, a exemplo de Paulo e Barnabé em Listra (At 14.8-18), não sucumbiram. Pelo contrário, Pedro pergunta: por que olhais tanto para nós […]?.
O olhar da multidão não poderia estar sobre Pedro ou João. A restauração do coxo não se deu por nossa própria virtude ou santidade, disse Pedro.
“Virtude” aqui significa poder, e “santidade” é piedade ou religiosidade. Pedro e João não tinham algum domínio sobre a doença. Eles eram apenas instrumentos nas mãos de Deus. O poder, como se verá, vem do Senhor.
A restauração se deu através da fé no nome de Jesus (v. 13-17)
Não se tratava de uma nova religião (v. 13)
Atos dos Apóstolos 3.13 (RC95)
O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho Jesus, a quem vós entregastes[…]
Logo após tirar o foco dos apóstolos, Pedro direciona-o a Jesus.
Pedro explicou que não se tratava de uma nova religião, mas a antiga. A mesma dos seus antepassados, afinal O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó [… quem] glorificou a seu Filho Jesus (v. 13). Deste modo, Jesus dava continuidade à promessa feita aos antepassados israelitas.
O tratamento dos judeus a Jesus versus o tratamento de Deus para com Ele (vv. 13-15)
Percebam que Pedro não aliviou a culpa dos judeus. Nos versículos 13 a 15, Pedro faz um contraponto entre a forma como Deus tratou Jesus e como os judeus agiram com ele.
Glorificado por Deus, humilhado pelos judeus(v. 13)
O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto.
Em primeiro lugar, Deus glorificou Jesus, a quem Pedro chama de seu Filho (v. 13). Sabemos que Jesus é o Filho de Deus, mas a palavra grega aqui é pais, que também pode significar "escravo" ou "servo". Assim, Pedro pode estar se referindo ao Servo Sofredor de Isaías 53. Além disso, a versão ARA traduz como Servo.
Independentemente disso, Deus glorificou Jesus, e aqui, glorificar significa "engrandecer". Paulo nos ensina que, com a ressurreição de Jesus, “Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9).
Em contraste, os judeus agiram de forma bem diferente: a quem vós entregastes e perante Pilatos negastes […] (v. 13), disse Pedro. Os judeus eram culpados de um crime horrendo — eles entregaram Jesus às autoridades como se Ele fosse um criminoso. Contudo, a intenção de Pilatos era outra: tendo ele determinado que fosse solto (v. 13).e.
Deste modo, fica claro que Deus engrandeceu Jesus e os judeus o humilharam.
Afirmado por Deus, negado pelos judeus (v.14)
Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homem homicida.
Outro contraste aqui é que Jesus foi afirmado por Deus enquanto os judeus o negaram. Os termos Santo e Justo (v. 14) são termos utilizados no Antigo Testamento para descrever o Messias. Vejamos:
Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.
Todos os milagres realizados por Jesus provavam que Ele era o Messias enviado por Deus. Deus já tinha afirmado Jesus como tal, mas aqui Pedro apenas faz menção dos termos messiânicos para deixar isso claro.
Esse Santo e Justo, ou seja, o Messias, Pedro diz vós […] negaste (v. 13). O que Pedro parece dizer é o seguinte: Deus lhes deu o Messias, o Santo e Justo, mas vocês não o reconheceram. Deus os deu o Santo e Justo, mas vós, disse Pedro pedistes que se vos desse um homem homicida (v. 14). Naturalmente, Pedro estava se referindo a Barrabás.
Morto pelos Judeus, ressuscitado por Deus (v. 15)
E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas.
Os judeus não apenas rejeitaram e humilharam Jesus, mas o mataram. Não foi Pilatos, como Pedro observa anteriormente, mas eles, o povo eleito.
Eles mataram o Príncipe da vida (v. 15). A palavra “príncipe” aqui é archeggos. Sobre este termo, veja o que diz Craig Keener:
O termo “Príncipe” (ARC) ou “Autor” (A21, NVI, ARA) referia-se aos fundadores e protetores das cidades gregas, aos líderes dos clãs, ou juízes militares (Antigo Testamento), ou aos comandantes que lideravam uma tropa; também era atribuído ocasionalmente a heróis divinos gregos, como Héracles
Deste modo, o que provavelmente Pedro estava dizendo é que Jesus foi aquele que possibilitou a vida tendo ressuscitado.
Ao contrário dos judeus que escolheram o assassino e tiraram a vida do Justo. Deus escolhe o Justo e lhes dá a vida, possibilitando assim vida aos assassinos de Deus.
Concordo com Warren Wiesber quando diz que
O Calvário pode ter sido a última palavra do ser humano, mas o sepulcro vazio foi a última palavra de Deus (Warren Wiesber)
A fé e o Nome de Jesus (v. 16)
E, pela fé no seu nome, fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; e a fé que é por ele deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.
Esse Jesus que foi glorificado por Deus em sua ressurreição, abre as portas da restauração. Foi ele quem curou o enfermo por meio dos apóstolos. Isso foi possível pela fé no seu nome (v. 16).
Essa fé não é a simples crença de que Jesus pode realizar o milagre, mas sim a certeza de que com a vinda, morte e ressurreição de Jesus, o reino de Deus está inaugurado e esse reino se expande no tempo restaurando todas as coisas.
Ter fé no nome de Jesus não significa uma fé mística, como alguns recentemente têm feito. Existe um grupo de pessoas que insistem em dizer que nós precisamos conhecer e falar o nome hebraico de Jesus, porque é este nome que tem poder. Não é isso o que Pedro está dizendo!
O nome simboliza a essência, quem a pessoa é. Assim, a fé no nome de Jesus é a fé em Jesus, em tudo o que Ele é e representa. Foi a fé aliada ao nome que deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde (v. 16), Pedro finaliza.
Aplicação Prática
Às vezes queremos ser vitrines, mas precisamos que as pessoas vejam Deus e não nós.
Por que queremos ser vistos?
Temos um orgulho gigante, que é a causa do pecado. Eva, no Paraíso, quis colocar seu desejo á frente da vontade de Deus. Sempre que pecamos, colocamos o nosso desejo à frente da vontade de Deus. Deste modo, o pecado é apenas o reflexo do nosso orgulho.
Naturalmente, o homem quer assumir a glória para si.
O que fazer?
Sempre que receber um elogio, tente mostrar às pessoas que isso só foi possível porque Deus o ajudou. Pedro sabia que não tinha poder algum, nem mesmo merecia algum elogio pelo feito. As pessoas então não deveriam supor que eles eram piedosos o suficiente para tal feito.
Procure agir sem alarmes. Há pessoas que fazem algo na igreja e querem ser lembradas ou elogiadas pelos seus feitos. Jesus censurou esta atitude ao dizer “quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mt 6.3).
Sempre ore a Deus pedindo que o Senhor te dê mais humildade.
A nossa fé revela o Reino de Deus entre os homens.
De que modo o Reino de Deus se revela na medida em que eu tenho fé?
Através da cura de um enfermo
Deus age como quer, quando quer e da forma que quer. No entanto, a Bíblia nos ensina que Deus normalmente opera mediante a fé.
A fé se revela em 04 aspectos: a fé natural, a fé salvífica, a fé como fruto e a fé como dom.
A fé natural é aquela comum a todos, quer crentes ou descrentes. É a confiança de que algo natural vai acontecer, como acreditar que o sol vai brilhar amanhã.
A fé salvífica é um dom de Deus (Ef 2.9).
A fé como fruto do Espírito está em Gálatas 5.22-23.
A fé como um dom do Espírito Santo está em 1Coríntios 12.8-9.
Através da salvação
É necessário fé para pregar. Bem como é necessário ter fé para testemunhar ao mundo.
Como expandir minha fé?
Fé como fruto do Espírito. A fé como fruto é natural ao crente e precisa ser cultivada. A forma como fazemos isso, é Paulo quem nos esclarece: “Andai no Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16).
Fé como dom do Espírito. É Paulo também quem nos alerta: “procurai com zelo os melhores dons” (1Co 12.31). Assim, dons espirituais devem ser buscados.
II -POR ONDE A RESTAURAÇÃO PERFEITA COMEÇA? (17-20)
II -POR ONDE A RESTAURAÇÃO PERFEITA COMEÇA? (17-20)
Neste próximo bloco, veremos que a restauração perfeita, a qual Jesus realizará na sua vinda, começa pelo arrependimento e conversão a Deus.
A ignorância humana versus a sabedoria de Deus (vv. 17,18)
E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes. Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado: que o Cristo havia de padecer.
Nos versículos 17 e 18, observamos mais um contraste na pregação de Pedro: a ignorância humana versus a sabedoria divina.
Pedro diz: irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância. Com isto, ele não está dizendo que a ignorância do povo judeu justificava seus pecados, nem que eles não precisam de perdão. O que ele está afirmando é que a ignorância do povo possibilita o perdão, pois o pecado consciente, como no caso de saberem que Jesus era o Messias e ainda assim decidirem entregá-lo, seria o pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo, o qual Jesus afirmou não ter perdão (Mt 12.31). Portanto, embora os judeus tenham pecado, eles, ao pecarem, não sabiam que Jesus de fato era o Messias.
Por outro lado, Pedro argumenta: Deus cumpriu o que anteriormente havia anunciado pela boca de todos os seus profetas, que o Cristo haveria de padecer (v. 18). Quando os judeus entregaram Jesus a Pilatos, Deus não foi pego de surpresa, mas sim cumpriu o seu próprio plano de redenção. Note que a palavra “padecer” significa “sofrer dor”, de modo que, para satisfazer a exigência do pecado, Cristo não apenas tinha que morrer, mas também sofrer.
O que fazer?
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado,
O povo judeu cometeu um pecado por ignorância e tal pecado tem solução. A solução é o arrependimento e mudança de rumo. Por esta razão, Pedro é enfático: arrependei-vos, pois, e convertei-vos.
A palavra arrependimento tem o sentido de mudança de mente e coração. O arrependido é aquele que reconhece o seu erro e busca repará-lo, isto é, não cometê-lo mais. A conversão já é uma disposição de dar meia volta ou voltar atrás.
Concordo com Simon Kistemaker quando diz que “Arrepender-se é dar as costas ao pecado; fé é voltar-se para Deus”. Embora aqui Pedro não use a palavra fé, sabemos que a conversão se dá por fé e arrependimento.
Quando o homem peca, é necessário contrição e mudança radical de atitude. Sentir a dor do seu erro e voltar atrás ou mudar de rumo é essencial para se alcançar o perdão.
Pedro informa aos seus ouvintes que tal mudança era necessária para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor (v. 19).
William Barclay nos ensina que
Os escritos antigos eram feitos em papiro e a tinta usada continha ácido. Portanto, não se infiltrava no papiro como a tinta moderna; ela simplesmente “repousava” sobre ele. Para apagar o escrito, bastava pegar uma esponja molhada e passar por cima”.
Nossas vidas são como papiros nos quais são gravados os nossos pecados, mas quando nos entregamos a Cristo, o seu sangue é como uma esponja que apaga pecados. Nossa culpa é eliminada e Deus já não se lembra dela (Jr 31.34).
Com o perdão, Pedro diz: vem os tempos do refrigério pela presença do Senhor (v. 19). A palavra “refrigério” é mais um caso de hapax legomenon, isto é, palavra que aparece apenas uma vez em toda a Bíblia. Quando isso acontece, a tradução é mais difícil.
Tempos de refrigério (v. 19) devem significar “tempos de descanso”. A Bíblia afirma que o homem sem Deus é filho da ira divina (Ef 2.3), e, portanto, está em guerra, mas quando crê em Jesus e se entrega a Ele, passa a ter paz (Rm 5.1), paz essa que “excede todo o entendimento” (Fp 4.7). Logo, tempos de refrigério (v. 19) pode se referir a tempos de paz a qual não vem de outro modo senão pela presença do Senhor (v. 19).
Este termo também tem uma conotação escatológica, pois no presente o homem recebe o refrigério da paz, mas quando o evangelho do reino for pregado em todo o mundo, Jesus virá em glória. Assim, temos uma promessa para Israel, que diz: “todo o Israel será salvo” (Rm 11.26). Por esta razão, Pedro liga o tempo presente com o futuro, ao dizer: E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado (v. 20).
Aplicação Prática
A restauração começará pelo arrependimento e conversão. A Igreja tem a mensagem e precisa pregá-la.
A Igreja tem o remédio contra o pecado — a mensagem do Evangelho. Imagine um paciente que foi ao médico e o doutor encontrou uma doença terminal, mas, ao invés de lhe receitar o remédio para curá-lo ele decidiu simplesmente ignorá-la e o mandou embora. Passado algum tempo o paciente veio a falecer pelo desprezo médico. Às vezes, agimos assim. Temos a mensagem, que é a cura para a humanidade, mas preferimos ignorar a doença do mundo e pregamos um “outro evangelho”. Ao invés de pregarmos sobre arrependimento e conversão e denunciarmos o pecado, preferimos receitar auto ajuda para os nossos pacientes. Certamente eles morrerão se isso acontecer.
Não maqueie o pecado das pessoas. Elas precisam saber que são pecadoras e que precisam de perdão.
A indústria da beleza é uma das que mais cresce no mundo. A cada dia as pessoas querem esconder suas imperfeições. Há pregações que também maqueiam imperfeições ao não informar para as pessoas que são pecadoras e que precisam de perdão. Alguns maqueiam a mensagem para não ferir o ego das pessoas e, como resultado disso, vemos igrejas imaturas, crentes “mimizentos” que, na primeira mensagem que lhes desagradam, pegam a sua Bíblia e mudam de igrejas. As pessoas só podem abandonar o pecado se entenderem que estão pecando. Infelizmente o “politicamente correto” tem alcançado um enorme espaço em nosso meio.
III - A RESTAURAÇÃO PERFEITA ANUNCIADA (21-26)
III - A RESTAURAÇÃO PERFEITA ANUNCIADA (21-26)
Pedro não estava pregando alguma novidade. A restauração final e perfeita já foi anunciada pelos profetas, como Moisés e Samuel.
Os tempos da restauração de tudo (v. 21)
o qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.
Caso os ouvintes se arrependessem de seus pecados e se convertessem, O Senhor lhes daria tempos de refrigério (v. 19), na medida em que receberiam a presença do Senhor (v. 19). Como vimos, há uma promessa de salvação para Israel (Rm 11.26). Quando os israelitas se converterem, Deus enviará a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado (v. 20).
Pois bem, esse Jesus foi ressuscitado e subiu ao céu. Assim, Pedro explica que convém que o céu o contenha (v. 21), o que significa que o céu recebeu Jesus. A ideia aqui é que Jesus deve permanecer no céu até o momento chamado de tempos da restauração de tudo (v. 21). Paulo descreve esse tempo, dizendo:
Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força.
Em sua carta, Pedro fala que nesse tempo haverá uma renovação de céus e terra:
Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios.
Mais vívido ainda é a sequência deste versículos, a partir do versículo 10:
Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
Contudo, no meu juízo, as mais belas e esperançosas sobre este dia são as de Paulo:
Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. Porque, em esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.
Esses tempos de restauração, diz Pedro, são os tempos dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas desde o princípio (v. 21). Sobre isso, a seguir, Pedro dá exemplos:
O profeta Moisés (vv. 22-23)
Porque Moisés disse: O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que toda alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo.
O primeiro, e talvez, mais importante profeta mencionado por Pedro é Moisés. Pedro cita Dt 18.15 ao dizer: O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vossos irmãos um profeta (v. 22), referindo-se a Jesus. Esse profeta, Pedro cita Moisés: será semelhante a mim (v. 22).
De que maneira Cristo e Moisés são semelhantes?
Tanto Moisés como Jesus são mediadores de uma aliança. Moisés recebeu a lei e a transmitiu ao povo. Jesus é o cumprimento da lei de Moisés e Ele próprio a nova aliança.
Deus, portanto, escolheu Jesus como “o profeta” que haveria de vir. Sobre Ele, diz Moisés: a ele ouvieis em tudo quanto vos disser (v. 22). Caso isso não aconteça, a sentença é: toda alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo (v. 23). Claro que a sentença é a mesma de
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte.
Todos os profetas (v. 24)
E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias.
Pedro não quis apenas falar do profeta Moisés, mas também falou sobre todos os profetas, desde Samuel, [e] todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias (v. 24).
Embora não tenha na Bíblia alguma referência profética de Samuel sobre o Messias, isso não significa que ele não tenha profetizado sobre a vinda dele. Mas, talvez o que Pedro quis dizer é que os profetas, desde a época de Samuel vêm profetizando a vinda de Jesus. Se isso for assim, estamos diante de uma metonímia. Metonímia é uma figura de linguagem que é usada quando é para substituir uma palavra por outra. Assim, no texto aqui “todos” quer dizer “muitos”.
Além disso, embora Samuel não tenha profetizado diretamente sobre o Messias, é ele quem unge o seu precursor, o rei Davi e este tem uma promessa divina, a qual garante que um de seus descendentes assumiria o trono para sempre (2Sm 7.12-16).
Um chamado à consciência (vv. 25-26)
Vós sois os filhos dos profetas e do concerto que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades.
Para entendermos os versículos finais, precisamos reprisar o movimento do pensamento de Pedro. Vejamos:
No versículo 13, Pedro demonstra que Jesus é o cumprimento da aliança de Deus feita a Abraão, Isaque e Jacó;
Nos versículos 21 a 24, Jesus é aquele que foi predito pelos profetas;
Agora, neste versículo 25, Pedro conecta os seus ouvinte: eles são os filhos dos profetas (v. 25), que previram os tempos do refrigério trazido por Jesus, bem como são os filhos […] do concerto (v. 25), isto é, filhos da aliança que Deus fez com Abraão, Isaque e Jacó.
Este versículo nada mais é que um despertar da consciência dos judeus para a realidade de que eles eram participantes das bênçãos de Cristo se, como vimos anteriormente, se arrependessem dos seus pecados e se convertessem dos seus erros (v. 19).
A promessa de Deus a Abraão era a seguinte: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra (v. 25). Paulo nos vai ensinar que a “descendência” a que se refere tal promessa diz respeito a Jesus:
Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo.
Pedro parece fazer a mesma conexão que Paulo. Ao dizer: Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus (v. 26), Pedro parece se referir não apenas à ressurreição em si, mas também à escolha de Deus pelo seu Filho ou Servo (Is 53). O que quero dizer é: Deus ressuscitou Jesus, escolhendo-O.
Ainda Pedro lembra aos judeus dos seus privilégios, dizendo que Cristo ressuscitou e primeiro [Deus] o enviou a vós (v. 26). A razão do envio de Cristo é para que nisso vos abençoasse,e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades (v. 26).
Quando Jesus entra na vida do homem, ele e o abençoa e o muda, desviando-o de suas perversidades, este é o sentido aqui.
Aplicação Prática
A realização das profecias do Antigo Testamento em Jesus reafirma a fidelidade de Deus às suas promessas
Todas as profecias relativas à primeira vinda do Messias se cumpriram em Jesus. Acerca dele, todos os profetas anunciaram. Isso nos mostra que Deus é fiel naquilo que Ele promete. Assim, as promessas que estão na palavra de Deus devem ser tidas como nossas, ainda aquelas que ainda acontecerão. Confie em Deus, Ele não vai falhar!
Jesus, o profeta maior
Jesus é o profeta maior. Todos profetizaram sobre a vinda dEle e do seu Reino. Porém, Moisés nos alerta para que o obedeçamos para não sermos exterminados dentre o povo. Se quisermos ser participantes das promessas de Deus, devemos obedecer a Cristo.
Precisamos viver afastados das perversidades
Cristo nos salvou das nossas perversidades. Foi isso o que Pedro disse no final do discurso para os seus ouvintes. Ora, se Ele nos livrou do caminho da corrupção, por óbvio ele espera que não voltemos para lá. Portanto, abandone as más condutas e pratique as boas obras.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
A cura do paralítico é apenas uma pequena amostra de uma restauração maior e perfeita a qual Jesus vai realizar.
A vinda de Jesus mostrou ao mundo o Reino de Deus e suas manifestações como exorcismos e curas. Ao subir ao céu, Jesus nos enviou o seu Espírito. Por meio do Espírito, a Igreja manifesta o poder de Jesus. O Senhor continua curando em nossos dias, mas o seu maior milagre, sem dúvida alguma, é a salvação. Alguém pode entrar no Inferno sem deformidades aparentes, mas jamais estará lá se os seus pecados foram perdoados.
Pedro curou o aleijado, mas o maior milagre foi realizado através da sua pregação porque ela resultou em mais duas mil almas ao Reino de Deus.