DO MONTE AO VALE, ELE É SENHOR.

Evangelho de Lucas  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Texto Bíblico: Lucas 9.37-43
37 No dia seguinte, ao descerem eles do monte, veio ao encontro de Jesus grande multidão. 38 E eis que, dentre a multidão, surgiu um homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o único; 39 um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra, convulsiona-o até espumar; e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado. 40 Roguei aos teus discípulos que o expelissem, mas eles não puderam. 41 Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze o teu filho. 42 Quando se ia aproximando, o demônio o atirou no chão e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai. 43 E todos ficaram maravilhados ante a majestade de Deus. [1]
O texto que acabamos de ler, unido com o texto que expomos na semana passada, nos concede uma perfeita dimensão do contraste entre o monte e o vale. Este texto nos dá uma verdadeira dimensão de como a ideia de Pedro, de fazer três casas e ficar naquele lugar agradável, era tola.
Enquanto Pedro, certamente apoiado pelos outros dois discípulos pensam gozar dos privilégios daquela gloriosa visão e se estabelecerem no monte. No vale, os homens sofrem, a necessidade humana grita por socorro.
Não podemos negar que a vida tem seus momentos de exaltação espiritual, mas Deus os equilibra com a rotina diária de fadiga e consumo.[2] – Não podemos negar que Deus nos concede bons momentos, grandes alegrias. E que muitas vezes esses momentos nos são concedidos com o refrigério e consolo frente as grandes lutas que enfrentamos.
O texto desta noite tem uma construção peculiar, ele acontece após a Transfiguração gloriosa de Jesus aos seus discípulos. Ao descer do monte, há uma confusão acontecendo, ao que parece, Jesus nem bem chega ao vale, e está sendo esperado por uma multidão, e no meio desta multidão, uma confusa que envolvia Escribas e seus discípulos que haviam ficado ao pé do monte.
Conforme o texto de Marcos (Mc. 9.14-29) relata, os discípulos de Jesus não conseguiram, na ausência do mestre, lhe dar com as necessidades das pessoas. Ao que parece, faltou-lhes poder e autoridade.
Vale ressaltar que Jesus até o momento havia ensinando-os, dando poder, enviando-os a curar e anunciar o Reino de Deus. Jesus os revestiu de tudo quanto fosse necessário para que realizassem a obra. Mas, eles não puderam, faltou-lhes fé.
- O texto desta noite nos fala sobre a fraqueza fé. E de que essa fraqueza não é tratada com normalidade ou banalidade por Jesus.
- Em outras palavras, não é natural que aos discípulos falte-lhe fé, não é natural ou normal que os discípulos de Jesus tenham que lhe dar com a dúvida como parte integral de quem são ou de como se comportam.
- O texto desta noite nos chama a atenção sobre a necessidade de não permitimos que as situações ao nosso redor nos conduzam a incredulidade.
v.37 “No dia seguinte, ao descerem eles do monte, veio ao encontro de Jesus grande multidão”.[3]
- Este versículo apenas nos direciona no texto, nos situando precisamente no acontecimento. Os três evangelhos sinóticos, tratam do acontecimento da mesma forma, Marcos é o que melhor coleciona os detalhes.
- Como o texto nos diz, os acontecimentos que veem a seguir, acontecem após a transfiguração.
- Um outro aspecto importante, é que 3 dos 12 estavam descendo o monte com Jesus, neste caso, os acontecimentos registrados nos versículos seguintes, se deram com 9 dos discípulos (apóstolos) que ficaram no sopé do monte.
v.38-39 – “E eis que, dentre a multidão, surgiu um homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o único; 39 um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra, convulsiona-o até espumar; e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado”[4]
- Aqui está um pai desesperado (Mt 17.15,16). O diabo invadiu sua casa e está arrebentando com sua família. Está destruindo seu único filho (Mc 9.18). Aquele jovem estava possuído por uma casta de demônios, que tornavam sua vida um verdadeiro inferno.[5]
- Do meio dessa grande multidão, um homem de repente se põe diante de Jesus. Respeitosamente, ele se dirige a Jesus como “Mestre”[6]
- Em Mateus o texto diz: “Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático”[7]
– A primeira expressão que destacamos é o pedido de “Compadece-te”que significa “atente”, “olhe com compaixão”, ou “tenha misericórdia”. No texto de Lucas, a expressão utilizada é “Suplico” que tem a mesma ideia, a suplica representa um pedido desesperado, é o mesmo que implorar.
- A segunda expressão é Lunático – A expressão lunático significa, naquela cultura, alguém afetado pela lua, uma pessoa insana. Mas a tradução favorecida pela maioria dos tradutores é “epiléptico”.[8]
- Era um endemoninhado ou cativo de demônio, e isso em extensão tal que, quando o espírito mau lhe provocava um ataque, e no processo o maltratava, raramente o deixava livre.[9]
- Olhe atentamente para este texto, olhe compassivamente para este homem, o pai, que tem um único filho, e este é acometido não de uma enfermidade, mas de um demônio que tenta lhe tirar a vida.
- O texto diz que o homem vem a Jesus falando em alta voz, pedindo socorro.
- “Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o único”.
- - O pai apresenta a causa a Jesus, diz que o menino é acometido de: “39 um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra, convulsiona-o até espumar; e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado”
- Existe uma lição importante que precisamos tirar daqui!
- A igreja tem sido agraciada com muitas crianças, e os pais e mães destas crianças estão quase todos presentes aqui.
- Nestes versículos aprendemos o que um pai deve fazer quando estiver atribulado por causa de seus filhos. Vá a Jesus, procure Jesus, clame a Jesus, suplique a Jesus, implore a Jesus, grite por Jesus.
- Se seus filhos não têm seguido ao Senhor, se tem se afastado do caminho, se tem andado com pecadores, se tem buscado coisas que não glorificam a Deus. Deixe de reclamar ou mesmo amaldiçoar seu filho. Deixe de falar “lavei as mãos”. Ore por eles, clame por eles, suplique por eles ao Senhor.
- Não importa o caminho que tenham tomado. Talvez você diga meus filhos são adultos, são casados, são responsáveis por suas vidas. É isso realmente que Jesus deseja de você? O texto que lemos não fala sobre a vida ou formação do filho, não nos diz se ele era casado ou não. Nos diz que ele era único. (Todo filho é único, as minhas são). O fato é que este pai, vai a Jesus e implora, suplica que o Senhor, o Mestre, faça algo a respeito de seu filho.
- Não permita que o diabo roube suas joias, não permita que ele triunfe sobre a sua família.
- Grande é a eficácia da súplica e da intercessão! As muitas orações em favor de nossos filhos jamais serão rejeitadas. O tempo de Deus para a conversão pode não ser o nosso tempo. Ele pode achar conveniente provar a nossa fé ao nos fazer esperar por um longo tempo. Mas, enquanto nossos filhos estiverem vivos e orarmos em favor deles, não devemos perder as esperanças no que se refere à alma deles.[10]
- O texto nos traz lições de como combatermos o diabo!
v.40 “Roguei aos teus discípulos que o expelissem, mas eles não puderam”.[11]
- Este versículo é no mínimo desapontador do ponto de vista de Jesus. Os seus discípulos que foram deixados no vale não puderam socorrer aquele homem.
- - Enquanto o círculo interno experimentava a glória de Jesus na montanha, os demais discípulos experimentavam um enorme fracasso no vale.
- O que aconteceu?
- Eles não deveriam ter passado por isso. Jesus lhes havia dado autoridade sobre os poderes malignos e a doença (9.1), e eles aparentemente foram capazes de usar esse poder em certas ocasiões (9.6). Não nos é dito por que eles não puderam fazê-lo aqui, mas o mais provável é que eles tinham deixado de depender da força do Senhor (Marcos enfatiza seu egocentrismo) e estavam quase se exibindo enquanto tentavam expulsá-lo.[12]
- Eu sei que a leitura deste texto, dá grande ênfase ao fracasso dos discípulos deixados no vale. Mas, eles estavam replicando o mesmo comportamento dos discípulos que estavam no monte. Enquanto eles cochilavam no monte, perdendo a dimensão da Glória revelada, os demais cochilavam no vale, perdendo a dimensão do poder outorgado sobre eles.
- Voltando a questão dos filhos, é possível que nós estejamos nos comportando como os discípulos, cochilando perante o poder de Deus. Cochilando perante a manifestação de sua glória.
- Ao que parece, o pai não era um discípulo de Jesus, nós somos. O pai, vai a Jesus quando seu filho está aprisionado por demônios, e nós, discípulos de Jesus aquém temos recorrido?
- Temo, que talvez a incapacidade e incredulidade dos discípulos seja também a nossa. Que exibem os antigos feitos, gabam-se das antigas resoluções de problemas, mas perante os presentes problemas se acovardam ou lavam as mãos para este. Justificam sua incredulidade dizendo: “fiz a minha parte”.
v.41 – “Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze o teu filho”.[13]
- “Ó geração incrédula e perversa!”
- A resposta de Jesus é bastante dura.
- Há uma pergunta sobre o antecedente da “geração incrédula e perversa”. Pode se referir à multidão incrédula, ou podem ser os discípulos infiéis no meio de seu fracasso.
- O mais provável é que sejam ambos, mas especialmente os discípulos, pois eles são o foco mais próximo (“Eu implorei a seus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram”).
- Jesus está escancarando com a descrença que eles demonstravam, ligando-o à “geração perversa e tortuosa” de Israel no deserto.
Dt. 5.20 “e disse: Esconderei deles o rosto, verei qual será o seu fim; porque são raça de perversidade, filhos em quem não há lealdade”. [14]
- O relato deste texto, aproxima o Êxodo de Lucas - Como Moisés desceu do Sinai para enfrentar um Israel em meio ao fracasso, assim Jesus “desceu da montanha” para enfrentar a incapacidade dos discípulos de usar a autoridade que ele lhes havia dado sobre o reino demoníaco.[15]
- A incredulidade é causa de sofrimento contínuo, tanto para nós quanto para os que estão ao nosso redor.
- Por causa da incredulidade, nos perturbamos, exaltamos, desesperamos, enlouquecemos.
- A incredulidade nos conduz ao desespero!
απιστος (apistos) - infiel, incrédulo, (que não é confiável, desleal)[16]
- É importante que tenhamos em mente que incredulidade é pecado. Em Hebreus 3.12 diz: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo”;
- Em Apocalipse 21.8 a Escritura diz: “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte”.
- A incredulidade suprime a verdade, abala a esperança, transforma fé em dúvida.
- As palavras de Jesus não são mera comunicação aos discípulos e todos os que acompanham a situação. Jesus está denunciando o que há no coração dos homens, inclusive aqueles que dele mesmo, haviam recebido poder e autoridade.
v.42-43 “Quando se ia aproximando, o demônio o atirou no chão e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai. 43 E todos ficaram maravilhados ante a majestade de Deus.” [17]
- Nestes dois versículos, temos o registro do desfecho final, onde mais uma vez o poder do nosso Senhor é manifestado.
- O demônio faz mais um grande gesto para provar sua animosidade.
- Como o menino está a caminho de Jesus, o demônio o agarra e o joga “no chão em uma convulsão”.
- Em Marcos 9.21–24 há uma conversa com o pai do menino sobre a fé, mas Lucas omite isso para centrar-se no poder de Jesus sobre o demônio.
- Quero apresentar a conversa de Jesus com o pai do menino – Marcos 9.21
21 Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; 22 e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. 23 Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. 24 E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé[18]”
- Aqui está o modo como nós deveríamos recorrer a Jesus, como nós deveríamos implorar por sua graça e misericórdia.
- Se você vem enfrentando momentos difíceis em sua vida, em sua família, com seus filhos, com seus familiares, não entregue o seu coração à incredulidade!
- Se tem te faltado fé, achegue-se com humildade ao Senhor, suplicando com o pai daquele menino que diz: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé
- E certamente você verá o poder de Jesus agindo em sua vida.
- Mais uma vez, seu ato de cura e exorcismo é instantâneo, pois ele expulsa o espírito impuro e cura a epilepsia de uma só vez. (Dois milagres pelo preço de um!)
- O momento em que ele “o devolveu a seu pai” deve ter sido uma cena triunfante, e as lágrimas teriam corrido. O espanto da multidão é a resposta típica. O maravilhamento diante do ocorrido, toda a glória dada a Deus.
SDG.
[1] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 9.37–45. [2]William MacDonald, Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento, 2‍a edição. (São Paulo: Mundo Cristão, 2011), 184. [3] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 9.37. [4] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 9.38–39. [5] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, ed. Juan Carlos Martinez, 1‍aedição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 311. [6]William Hendriksen, Lucas, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 626. [7] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 17.15. [8] William Hendriksen, Lucas, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 627. [9] William Hendriksen, Lucas, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., vol. 1, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 627. [10]J. C. Ryle, Meditações no Evangelho de Lucas, ed. Tiago J. Santos Filho, 2aEdição. (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2018), 230. [11] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 9.40. [12]Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 273–274. [13] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 9.41. [14] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Dt 32.20. [15] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trans. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 273. [16] James Strong, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (Sociedade Bíblica do Brasil, 2002). [17] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 9.42–43. [18] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mc 9.21–24.
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