Atos 5.12-16: Uma Igreja Em Fase De Crescimento

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Introdução

Neste trecho, Lucas parece ter a intenção de apresentar a Teófilo (At 1.1), o fantástico crescimento da Igreja, mesmo diante dos ataques de Satanás. Tendo em vista os acontecimentos recentes, podemos afirmar que o crescimento da Igreja só pode ser obra do poder de Deus.
O diabo, por vezes, tentou parar a Igreja, e Lucas não deixou isto passar despercebido. O primeiro ataque de Satanás à Igreja foi as ameaças sofridas por Pedro e João ao curarem um mendigo aleijado na porta do Templo (At 4.1-22). Ao serem libertos do Sinédrio, estes apóstolos foram até os seus irmãos e testemunharam do que havia acontecido. Contudo, ao invés de se acovardarem, os irmãos clamaram a Deus por mais ousadia e poder para pregar o evangelho (At 4.23-31).
Logo em seguida, Satanás tentou novamente calar a Igreja, desta vez introduzindo a hipocrisia em seu seio. Ananias e Safira não agiram com o mesmo propósito da Igreja (At 4.32-37); mentindo, disseram ter vendido a propriedade que tinham por um valor inferior ao que de fato venderam. Todavia, Deus não se deixou escarnecer, mas aplicou o justo juízo (At 5.1-11).
O fato é que, mesmo diante dos seus ardis, o Inimigo não conseguiu o resultado planejado.
A pergunta que fazemos neste ponto é: Por que a Igreja Primitiva crescia tanto? Obviamente, a resposta final é o poder de Deus. Mas nós observamos aqui outras razões que podem explicar um pouco o fantástico crescimento daquela igreja. É sobre isso que abordaremos hoje.

I - A Igreja Cresce Porque os milagres atraem multidões (vv. 12a, 15, 16)

É claro que milagres não salvam. A salvação é por meio da fé em Cristo, acompanhada de um arrependimento verdadeiro. Contudo, os milagres atraem a multidão e, ao presenciar milagres, o evangelho é pregado e alcança vidas.
Sinais e prodígios (v. 12a)
Atos dos Apóstolos 5.12 (RC95)
E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos[…]
Os termos semeion (sinais) e teras (prodígios) aparecem 11 vezes em todo o Novo Testamento, sendo que 8 delas é só no livro de Atos. Isto significa que os termos são importantes para o objetivo de Lucas.
Sinais e prodígios eram características marcantes da era Messiânica:
Isaías 35.5–6 RC95
Então, os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão. Então, os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará, porque águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.
O fato de haver sinais e prodígios no meio da Igreja significa que o Reino de Deus estava entre eles. Estes sinais podem ser curas ou expulsão de demônios. Veja At 5.16
Notemos ainda, que Lucas parece querer tirar o foco de Pedro e de João, como se apenas eles realizassem milagres, pois, no capítulo 3 foram eles que operaram aquele milagre no paralítico. Aqui Lucas destaca que os sinais e prodígios eram feitos entre o povo PELAS MÃOS DOS APÓSTOLOS (v. 12a).
É importante destacar que sinais e maravilhas eram marcas do ministério apostólico
2Coríntios 12.12 RC95
Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas.
Em síntese, sinais e prodígios são manifestações características da presença do Reino de Deus entre os homens.
A sombra de Pedro (v. 15)
Atos dos Apóstolos 5.15 RC95
de sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles.
Os apóstolos, como vimos, realizavam sinais e prodígios, regularmente. Conforme veremos mais adiante, a Igreja Primitiva cresceu grandemente, o que pode explicar a fala de Lucas: de sorte que transportavam os enfermos para as ruas (v. 15) para serem curadas.
As pessoas queriam ser curadas e encontravam uma barreira enorme. Barreira semelhante a da Mulher do Fluxo de Sangue (Mt 9.18-23), semelhante a do Homem no Tanque de Betesda (Jo 5.1-11), e semelhante a do paralítico de Cafarnaum (Mc 2.1-12). Na maioria das vezes a barreira era a própria multidão.
Ao levarem os enfermos às ruas, os punham em leitos e em camilhas (v. 15), isto é, em “camas e macas”.
Algo aqui pode incomodar o homem moderno cristão: Parece que eles eram supersticiosos, pois levavam os doentes para as ruas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles (v. 15). É verdade, o texto incomoda mesmo. Talvez eles fossem um pouco supersticiosos, mas Jesus não censurou a mulher que tocou na orla das suas vestes, pelo contrário, pôs sua mente no lugar certo: “Tem ânimo, filha, A TUA FÉ TE SALVOU” (Mt 9.22). Marcos também apresenta algo semelhante:
Marcos 6.56 RC95
E, onde quer que entrava, ou em cidade, ou em aldeias, ou no campo, apresentavam os enfermos nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste, e todos os que lhe tocavam saravam.
John Stott diz que “talvez seja significativo que o verbo episkiazo, escolhido por Lucas, ‘cobrir com a sombra’, tenha sido usado por duas vezes em seu Evangelho, em referência à sombra da presença de Deus”. Veja Lucas 1.34-35
Lucas 1.34–35 (RC95)
E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, visto que não conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.
Em resumo, a fé é o meio de cura e não a sombra de Pedro.
Curas de enfermos e atormentados de espíritos imundos (v. 16)
Atos dos Apóstolos 5.16 RC95
E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados.
É notável que Lucas relate a expansão do Reino de Deus para além das fronteiras de Jerusalém. É certo que os apóstolos ainda não haviam saído de Jerusalém, mas até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém (v. 16). Há um ditado que diz: “Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai até a montanha”. Assim, se os apóstolos ainda não foram até as cidades circunvizinhas, Deus moveu estas para irem até os apóstolos.
Percebe-se que dois tipos de pessoas eram trazidas aos apóstolos: os enfermos e [os] atormentados de espíritos imundos (v. 16). Agora, imaginem: se já era difícil carregar um enfermo, pensem na dificuldade de carregar um endemoninhado? Contudo, a fé era verdadeira.
Impressionante era perceber que todos eram curados (v. 16). Assim, percebemos que a cura era tanto física quanto espiritual.
Resumo
Ao perceber a manifestação de um milagre, os ímpios ficam maravilhados e uma porta para a pregação do evangelho se abre. Contudo, os crentes não devem acreditar que milagres são esporádicos ou que não existem mais. Como vimos, milagres são manifestações do Reino de Deus entre os homens.
A cura, também é um aspecto do Reino de Deus. Engana-se quem pensa apenas em cura física, pois, como vimos, a cura pode estar relacionada à alma, como nos exorcismos. Seja no corpo ou na alma, a cura é, normalmente, realizada por meio da fé e não por meio de amuletos.
Aplicação
Fé em Ação: Os milagres realizados pelos apóstolos nos lembram do poder da fé em ação. Podemos aplicar isso em nossas vidas sendo mais proativos em orar por cura e intervenção divina, confiando que Deus ainda opera milagres. Isso pode fortalecer a fé da comunidade e atrair novos crentes.
Importância da Comunidade: Assim como as pessoas traziam os necessitados até os apóstolos, devemos criar uma comunidade acolhedora e solidária em nossa igreja. Estar disponível para ajudar, apoiar e orar uns pelos outros reforça os laços de fé e demonstra o amor de Deus em ação.
Testemunho e Evangelização: Os milagres abriam portas para a pregação do evangelho. Devemos estar prontos para compartilhar nosso testemunho pessoal e as maravilhas que Deus faz em nossas vidas. Isso pode encorajar outros a buscar e experimentar a presença de Deus, promovendo o crescimento da Igreja.

II - A Igreja Cresce Porque Possui Características Louváveis (vv. 12b, 13, 14)

O segundo motivo pelo qual a Igreja Primitiva crescia é por causa das suas características louváveis. Vejamos:
Um Coração e Mente (v. 12b)
Atos dos Apóstolos 5.12b (RC95)
[…] E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.
A primeira característica louvável era que a Igreja possuía um mesmo propósito.
A palavra unanimemente (v. 12b) aparece 11 vezes em todo o Novo Testamento, 10 das quais aparece em Atos dos Apóstolos. Obviamente, Lucas quer demonstrar um padrão na igreja. Seus membros tinham um só propósito e um só coração. Vejamos todas as vezes em que Lucas usa esta palavra ao se referir à Igreja:
Atos dos Apóstolos 1.14 (RC95)
Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos.
Atos dos Apóstolos 2.46 (RC95)
E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
Atos dos Apóstolos 4.24 (RC95)
E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus e disseram: Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há;
Atos dos Apóstolos 5.12 (RC95)
E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.
Perceba agora a coragem dos cristãos:
Pedro e João curaram um aleijado mendigo na Porta Formosa (At 3);
Aqueles que viram a cura se maravilharam (At 4.12);
Pedro aproveitou e pregou ao povo no alpendre de Salomão (At 4.11);
Enquanto Pedro pregava no alpendre de Salomão, o Sinédrio prendeu Pedro e João (At 4.1-3);
O Sinédrio ameaçou os apóstolos a não falarem mais no nome de Jesus (At 4.17-18);
Depois de soltos, Pedro e João contaram o que lhes havia acontecido e a Igreja orou pedindo a Deus ousadia para anunciar o evangelho (At 4.23-31)
Agora, onde a Igreja estava reunida? No mesmo local onde Pedro e João estavam quando foram presos! Certamente os cristãos não tinham um lugar próprio para abrigar tanta gente (mais de 5.000 pessoas), mas reunir-se no alpendre de Salomão era muita coragem!
Em síntese, a Igreja Primitiva estava unida em uma só mente, um só propósito e um só coração. A vontade de adorar a Deus era tanta que não tinham medo de se reunirem no alpendre de Salomão.
Estimada pelos outros (v. 13)
Atos dos Apóstolos 5.13 RC95
Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles; mas o povo tinha-os em grande estima.
A segunda característica era que a Igreja era bem vista e estimada pelos outros.
No versículo 13, há uma incógnita: quem são os “outros”?
Embora o texto não forneça uma resposta explícita, em conexão com o versículo anterior, onde é dito que estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão (v. 12), parece indicar que os outros (v. 13) referem-se aos não cristãos.
Assim, os não cristãos não ousava[m] ajuntar-se com eles (v. 13). O que Lucas está dizendo é que os não crentes tinham medo de se associar com os crentes, talvez por causa das ameaças do Sinédrio ou pelo que havia acontecido a Ananias e Safira.
Embora não se associassem aos cristãos, o povo tinha-os em grande estima (v. 13), ou seja, ou seja, tinham grande admiração pelos cristãos.
Portanto, a Igreja Primitiva causava duas reações nos descrentes: eles não se associavam à Igreja por medo do que poderia acontecer, mas admiravam a Igreja por suas atitudes.
Não dá mais para contar (v. 14)
Atos dos Apóstolos 5.14 RC95
E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais,
Depois de observarmos as características louváveis desta Igreja, vejamos o resultado...
Em Atos 2, vemos Lucas falar sobre cerca de 3 mil salvos (At 2.41). Em Atos 4, Lucas expande o número para 5 mil (At 4.4). Agora, ele já não pode mais contar. Por essa razão, Lucas abandona os números e expressa que a multidão dos que criam no Senhor […] crescia cada vez mais (v. 14). Tal crescimento não era apenas masculino, como muitas contagens eram feitas. Lucas relata que eram tanto homens como mulheres (v. 14) os salvos.
Em síntese
O crescimento da Igreja também se deu por suas características louváveis. A Igreja Primitiva era unida em um só coração e mente; e era estimada por todos. Portanto, Lucas abandona os números e diz que a multidão dos crentes crescia cada vez mais.
Aplicação
Uma Igreja com Propósito. Para crescermos, é preciso que todos tenhamos uma mesma mente e coração, precisamos de um só propósito. O que quero dizer é que a tarefa de crescimento não é apenas do pastor da Igreja. Todos temos que buscar isto.
Acrescente à sua lista de oração o crescimento da sua comunidade de fé;
Acrescente também o crescimento do Reino de Deus no mundo;
Seja frequente nos cultos. Parece bobagem, mas as pessoas gostam de multidões. Igrejas vazias não atraem gente;
Seja um evangelista onde você estiver.
Uma Igreja admirável. A maneira como os cristãos conduzem suas vidas pode ser um poderoso testemunho para os não crentes.
Seja um exemplo em casa, no trabalho ou em qualquer outro lugar.

CONCLUSÃO

Há muitos fatores que colaboram para o crescimento de uma Igreja. Em primeiro plano, a Igreja só pode crescer de maneira saudável pelo poder soberano de Deus. Mas isso não significa que não temos que fazer nada. Pelo contrário, muito suor ainda deve cair de nossos rostos.
Em primeiro lugar, observamos a necessidade de milagres no seio da Igreja, pois eles atraem multidões, as quais darão ouvidos à mensagem do evangelho. Em segundo lugar, vimos que uma Igreja transformada transforma a sociedade por meio de suas características louváveis. A Igreja Primitiva tinha uma só mente e um só coração, e suas atitudes refletiam a glória de Deus, de tal modo que era estimada por todos.
E nós, quando vamos começar a crescer também?
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