Jesus anda sobre as Águas

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Marcos iniciou seu Evangelho dizendo: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. Ele escreve o Evangelho para mostrar as evidências de que Jesus é Deus em carne humana, tudo direciona sua atenção para a pessoa de Jesus Cristo. Isso é consistente com todos os Evangelhos e certamente é a grande intenção de Marcos, que víssemos Cristo em toda a Sua majestade e glória.
No último sermão, vimos Marcos 6: 33-44, quando Jesus alimentou, milagrosamente e fartamente, uma multidão, estimada em mais de 20 mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Esse milagre foi o ponto alto do ministério de Jesus na Galileia, em que mais pessoas foram envolvidas de uma só vez. A região da Galileia foi testemunha de muitos sinais que atestavam a divindade de Jesus.
E agora, Jesus vê o entusiasmo da multidão diante da multiplicação de pães e peixes. Esse milagre foi tão importante que é registrado nos quatro Evangelhos. João 6:14-15 registra que a multidão ficou tão eufórica, que queria fazê-Lo rei. Eles pensaram em usar o poder de Jesus para começar uma rebelião contra Roma, e Jesus seria seu líder.
Essa foi a motivação da multidão em querer fazer de Jesus um rei. Mas, havia um problema: em Sua encarnação, Jesus não veio ser o líder de uma revolução e formar um reino na Terra. Ele não encarnou para julgar e matar, Ele veio para morrer. Na Sua volta, futuramente, Ele virá como Rei para julgar e executar a condenação sobre os ímpios, bem como glorificar os santos.
Jesus não veio há dois mil anos com uma agenda política, econômica, social ou moral. Ele veio com uma agenda espiritual para oferecer a salvação. Ele seria um rei, mas seria um rei espiritual sobre o coração daqueles que creem Nele. Um dia Ele estabelecerá Seu reino por mil anos na Terra, no fim deles dissolverá a criação e formará novos céus e nova terra.
O povo, entretanto, queria apenas coisas temporais. As pessoas estavam ansiosas para receber frutos do poder de Jesus sobre demônios, doenças e a morte. Seu poder de criar comida era ainda mais atraente para elas. Não havia ali adoração verdadeira, arrependimento, disposição de abandonar uma religião da justiça própria. Eles queriam permanecer na religião apóstata, mas queriam as coisas que Jesus poderia lhes dar.
Era uma multidão pronta para o evangelho da prosperidade. Eram caçadores de emoção. Queriam usar Jesus como líder de uma rebelião contra Roma. No dia seguinte, aquela multidão procurou Jesus, mas agora ela vem com exigências, conforme relata João 6.
Jesus se recusou a satisfazer os anseios daquela multidão e começou a falar sobre o Pão da Vida que sacia a alma. Eles não estavam interessados nisso. E em João 6:66 é registrado a multidão dando as costas para Jesus e indo embora. Eles partiram porque nunca tiveram um compromisso com Cristo. Muitos ali tinham um certo interesse em Jesus, mas estavam calculando até onde O seguiriam, e então o limite chegou, pois os interesse deles eram também temporais.
Jesus Se voltou para os doze, como se eles fossem os próximos a irem embora, e pergunta: “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” (João 6:67). E no meio dos apóstolos havia também uma expectativa por um reino terrestre, em que eles seriam proeminentes, e a libertação do julgo romano. Mas a resposta de Pedro demonstrou que Deus tinha iniciado uma obra na vida deles:
Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. (João 6:68-69).
É aqui que eles começaram a entender que se tratava da vida eterna e não da vida terrena. Talvez você diga que o milagre da multiplicação dos pães e peixes firmou a fé deles. Mas Marcos 6:52 diz que eles “não haviam compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido”.
O milagre da multiplicação não foi suficiente.
O cenário aqui humanamente parece indicar a fraqueza do reino:
§ Jesus tinha acabado de ser rejeitado por uma multidão de supostos discípulos;
§ Havia sido rejeitado pela Galileia e pela sua cidade.
§ Herodes e os líderes religiosos de Israel queriam matá-Lo.
§ E agora, Seus apóstolos, a primeira geração de pregadores do evangelho e que governarão as doze tribos de Israel, estão apavorados dentro de um barco sacudido pelo vento.
§ Tudo isso mesmo após terem visto Jesus realizar tantos milagres, inclusive fazendo cessar uma tempestade que os ameaçava, e acabado de alimentar uma multidão.
Mas, a realidade é bem diferente. Marcos 6:45-56 pode ser dividido em 2 cenas: A intercessão de nosso Senhor; a proteção de nosso Senhor para os doze Em cada caso, o Senhor está no centro de tudo.
Primeira cena: A intercessão do Senhor junto ao Pai.
Logo após a reação da multidão à multiplicação de pães e peixes, Jesus quis partir com Seus discípulos. O anseio daquela multidão por um líder revolucionário estava presente também nos apóstolos. Jesus quis afastá-los daquele cenário. Ele teve que compelir os apóstolos a saírem dali, era a vontade Dele.
A ordem era atravessar o Mar da Galileia em direção a Betsaida. João 6:24 diz que eles partiram para Cafarnaum. Isso não é uma contradição, porque onde quer que eles estivessem no outro lado, Cafarnaum estava no lado oeste e Betsaida estava em algum lugar ao longo do caminho.
Após dissipar a multidão, Jesus subiu a um monte para orar, enquanto os apóstolos estavam no barco no meio do Mar da Galileia. Certamente Jesus estava ali intercedendo por seus discípulos. Na manhã seguinte, a multidão percebeu que Jesus e os apóstolos não estavam mais lá. E foram por terra e mar em direção a Cafarnaum.
Mas a travessia dos apóstolos não estava sendo como previsto. João 6:18-19 diz que os discípulos foram surpreendidos por um vento contrário muito forte. Mateus 14:24 diz que “o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário”.
Neste momento Jesus estava no topo da montanha orando.
Eles estavam em apuros no meio do Mar da Galileia, e essas tempestades no Mar da Galileia são muito perigosas. Eles já haviam testemunhado o poder de Jesus sobre o vento e o mar (Marcos 4: 35 a 41), mas agora Jesus não estava no barco com eles.
Marcos 6 48 E, vendo-os em dificuldade a remar, porque o vento lhes era contrário, por volta da quarta vigília da noite, veio ter com eles, andando por sobre o mar; e queria tomar-lhes a dianteira. 49 Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. 50 Pois todos ficaram aterrados à vista dele. Mas logo lhes falou e disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais! 51 E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram entre si atônitos,
Eles estavam no meio do Mar da Galileia, a cerca de seis quilômetros da costa. Jesus estava no alto de uma colina e, através de Sua onisciência, sabia que os discípulos estavam em apuros na noite escura no meio do mar. Suas vidas estavam em risco.
Embora não houvesse nenhuma maneira de vê-los na noite escura longe da costa, Jesus sabia exatamente onde eles estavam. Jesus veio andando sobre o mar, desejando estar ao lado deles. Ele atravessou o mar a uma velocidade sobrenatural, para chegar precisamente no momento certo ao lado do barquinho, no meio da escuridão.
Isso assustou os apóstolos. Eles sabiam de uma crença popular muito comum na época, de que espíritos da noite traziam desastres. Eles acharam que estavam vendo um espírito desses, por isso gritaram aterrorizados: “é um fantasma”. Jesus diz a eles: “Sou eu, não temais”. No original, o sentido é: “sejam corajosos, controlem-se!”.
Jesus é a fonte de nossa segurança, por isso Ele disse: “não temam”. De Gênesis a Apocalipse temos mais de cem vezes a expressão “não temais”. A lição no treinamento dos doze é que se pertencemos a Ele, nunca precisamos temer, não importa o quão aterrorizantes sejam as circunstâncias. Se estamos no lugar da obediência, não temos nada a temer. Ele será um socorro presente na hora de necessidade.
Em Mateus 14:28-31 registra a reação de Pedro:
Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus. Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor! E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
Ele é ousado, mas me parece que estava movido pelo medo. Ele pede a Jesus que lhe ordene ir em Sua direção, numa atitude de submissão. Jesus concedeu seu pedido, e ele foi, mas temeu a força das ondas e do vento, e começou a afundar. E Jesus lhe perguntou: “Por que duvidou, homem de pequena fé?”
Há algo maravilhoso em Pedro. Compreendemos seu medo, entendemos sua fé e sua dúvida. Ele demonstrou confiança honesta e genuína no Senhor, de que o Senhor é sua única esperança, protetor e libertador.
Mas não era uma fé pura, estava misturada com dúvida natural, como todos os nossos atos de fé, quando nos colocamos em dilemas e questões da vida, e cremos e dizemos que cremos, porém somos como aquele que diz: “Senhor, eu creio. Ajude-me em minha incredulidade.”
“Por que você duvidou?”. Esse é um grande momento de ensino para os discípulos. Jesus estava ensinando: “você pode continuar confiando em Mim nas circunstâncias mais terríveis e desesperadoras”. A mensagem é: “se você é Meu, você está seguro”. A experiência de Pedro foi como o salmista que disse: “Quando eu disse: ‘os meus pés escorregaram’, a tua benignidade, Senhor, me amparou!” (Salmo 94:18).
Pedro e os outros já sabiam que Jesus poderia dominar demônios, doenças e a morte. Eles sabiam que Jesus podia alimentar multidões criando comida. Eles sabiam que Ele tinha poder sobre o vento e as ondas. O que eles não sabiam era o quanto Ele os amava e se importava com eles. Eles precisavam compreender Jesus como protetor deles e quanto eles precisavam confiar Nele. Eles precisavam aprender o poder da fé.
Você confia em Jesus? O nível da sua confiança está ligado o tanto que você fica desesperado nas circunstâncias.
A fé nos sustenta através de qualquer circunstância, quando você não puder ver a saída e o escape, a fé no Senhor irá sustentá-lo através de qualquer situação. Isso é o que eles precisavam aprender. Em João 16:33, Jesus falou que eles passariam por aflições neste mundo, mas que guardassem o bom ânimo, porque Ele venceu o mundo.
Mas neste mundo, como Ele disse em João 16, você terá tribulação. “Tenha bom ânimo, eu venci o mundo.” Quatro vezes, somente no livro de Mateus, Jesus disse aos discípulos: “Vocês têm pouca fé”. Em outras palavras: “Vocês têm um pouco, mas precisam de mais”. E esse tipo de experiência os elevou a um nível mais alto de confiança.
Bem, qual foi o impacto dessa experiência para os discípulos? Mateus não nos conta tudo, mas ele nos diz o suficiente:
Subindo ambos para o barco, cessou o vento. E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus! (Mateus 14:32,33)
Então, você pode entender o que aconteceu no dia seguinte, quando a multidão abandonou Jesus, mas Pedro disse: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus” (João 6:68-69). Nessa ocasião, Jesus falou como cuida dos seus:
Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:37,39,44)
Aquela foi a noite em que eles passaram da admiração à adoração, da confusão à confissão, do medo à fé. E é por isso que eles não foram embora. Eles compreenderam a vida eterna.
Marcos 6 51 E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram entre si atônitos, 52 Porque não haviam compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido.
O relato termina com o comentário: entre si, ficaram muito assombrados e maravilhados, pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido (RC). Mesmo após ver o milagre dos pães, parece que ainda não haviam percebido que nada era impossível para ele. Não deveriam ter ficado surpresos ao vê-lo andar sobre as águas. Não era um milagre maior do que o que haviam acabado de testemunhar.
Diante de tudo que já tinham testemunhado, ainda não tinham compreendido a integra quem era Jesus.
Resultado: os discípulos ficaram grandemente assustados. O que tinha sido motivo de gritos histéricos momentos antes, e qual era a razão para a sua total surpresa agora? Resposta: 52 pois eles não tinham entendido o significado (do incidente) dos pães. Se tivessem entendido o significado da milagrosa multiplicação dos pães (6.35–44), teriam descoberto que isso implicava que o poder de Cristo para curvar o universo material – incluindo não somente o produto do solo (pão), mas também as ondas do mar e as correntes de ar – aos seus desejos. O problema estava em seus corações: De fato, até mesmo seus corações estavam endurecidos.
Na Escritura, o coração é o fulcro dos sentimentos e da fé, assim como a fonte das palavras e ações (Mt 12.34; 15.19; 22.37; Jo 14.1; Rm 10.10; Ef 1.18). É a raiz da vida intelectual, emocional e volitiva, o centro do ser, seu eu interior. “Dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23).
Quando Marcos diz que os corações dos discípulos estavam “endurecidos”, isso provavelmente significa que a obtusidade dos Doze, sua falta de habilidade para tirar as conclusões necessárias dos milagres de Jesus, era resultado de uma negligência pecaminosa em ponderar e meditar a respeito dessas obras maravilhosas e sobre a natureza daquele que os realizou. A perplexidade, de modo que, em sua alegria, esses discípulos até mesmo atribuíssem divindade ao seu Mestre, como aconteceu na presente ocasião (Mt 14.33), não os impediu de cair em um tipo de torpor espiritual, isto é, eles não se perguntaram o que podia ser esperado desse ser divino. Repetidamente eles precisaram ser acordados de sua sonolência espiritual. No entanto, essa dureza de coração não deve ser confundida com a insensibilidade e a indiferença dos escribas e fariseus. A atitude deles era resultado de ódio e descrença. Os discípulos, ao contrário (com exceção de Judas), eram homens de fé… pequena fé.
O fato de que a fé deve ser suficientemente vigilante para tirar conclusões legítimas de premissas firmemente estabelecidas, é a lição que a Escritura ensina (Mt 6.26–30; Lc 11.13; Rm 8.31–32), mas que nem sempre é guardada no coração.
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