(1Co 1:1-9)
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Transcript
Peter Wagner diz que 1Coríntios provavelmente tem mais conselhos práticos para os cristãos do nosso tempo do que qualquer livro da Bíblia. Estudar essa carta é fazer um diagnóstico da igreja contemporânea, é ver suas vísceras e entranhas. É colocar um grande espelho diante de nós mesmos.
Contexto temático
O apóstolo Paulo plantou a igreja de Corinto no final de sua segunda viagem missionária. Ele passou um ano e seis meses pregando a Palavra de Deus naquela grande cidade (At 18.11). Depois, Paulo foi para a cidade de Éfeso. De lá mandou essa carta para a igreja de Corinto.
Essa primeira carta não foi a primeira carta que Paulo escreveu aos coríntios. Paulo faz referência a uma primeira carta: “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros” (5.9).
Essa carta que temos, 1Coríntios, é a resposta de Paulo a uma consulta que a igreja fez a ele - “Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher” (7.1).
A problemática que a igreja estava vivendo chegou ao conhecimento de Paulo em Éfeso, por intermédio de uma irmã da igreja de Corinto chamada Cloe. E quando Cloe visitou Paulo em Éfeso, ela levou a ele a informação de que, na igreja de Corinto, havia muita coisa que estava em desacordo com o que ele tinha ensinado, pois havia divisões e contendas na igreja. Então, Paulo, escreve esta carta, como que trazendo resposta e solução de Deus para os problemas que a igreja estava vivenciando.
Contexto histórico
Corinto era uma das maiores e mais importantes cidades do mundo como Roma, Éfeso e Alexandria. Corinto era uma cidade grega. Ela ficava bem próxima de Atenas, a grande capital da Grécia, e a capital intelectual do mundo. Corinto era uma cidade banhada por dois mares, o mar Egeu e o mar Jônico, o que lhe trazia grande vantagem comercial. Em Corinto, ficava um dos mais importantes portos da época, o porto de Cencréia. Portanto, a cidade de Corinto recebia gente de várias partes do mundo todos os dias. O mundo inteiro estava dentro dela.
Corinto era uma cidade de alta cultura, com grande produção intelectual, que transpirava conhecimento. Mas, embora Corinto fosse uma cidade acentuadamente intelectual, era ao mesmo tempo profundamente depravada. Talvez Corinto tenha ganhado a fama de ser uma das cidades mais depravadas da história antiga. A palavra korinthiazesthai, viver como um coríntio, chegou a ser parte do idioma grego, e significava viver bêbado e na corrupção moral.
A cidade de Corinto era corrompida por algumas razões: A prostituição. Em Corinto se confundia religião com prática sexual. Naquela cidade, a deusa Afrodite, a deusa do amor, era adorada. Peter Wagner afirma que aproximadamente mil sacerdotisas trabalhavam como prostitutas cultuais no templo de Afrodite. Milhares de coríntios adoravam seus deuses “visitando” essas “sacerdotisas”. Outra razão: O homossexualismo. Corinto era a cidade onde ficavam os principais monumentos de Apolo. Esse deus grego representava o ideal da beleza masculina. A adoração a Apolo induzia a juventude de Corinto bem como a juventude grega em geral a se entregar ao homossexualismo. Talvez Corinto fosse o centro homossexual do mundo na época.
HDL: Lembre-se que Paulo escreveu sua carta aos romanos dessa cidade. Parece que Paulo escreveu Romanos 1.24–28 abrindo a janela da sua casa e olhando para a cidade de Corinto. A cidade estava entregue às práticas homossexuais sem nenhum pudor. Muitos membros da igreja de Corinto, antes da sua conversão, tinham vivido na prática do homossexualismo (1Co 6.9–11) - “tais fostes alguns de vós”.
Paulo
Paulo precisou trabalhar em Corinto para o próprio sustento, pois a igreja não estava disposta a sustentá-lo. Logo que chegou a Corinto, Paulo começou a fabricar tendas com a ajuda dos irmãos Priscila e Áqüila, deixando de investir totalmente seu tempo na pregação do evangelho. Mais tarde, Paulo exortou os crentes de Corinto, dizendo que precisou despojar outras igrejas para poder servi-los (2Co 11.8,9) e nesse particular a igreja de Corinto foi inferior a todas as demais igrejas (2Co 12.13).
Propósito
Resumindo: Primeiro, Paulo procurou promover um espírito de unidade na igreja local e, ao mesmo tempo, mostrar aos leitores que eles eram parte da igreja universal. Segundo, o apóstolo procurou corrigir uma série de tendências errôneas na comunidade de Corinto. Uma delas era a apatia quanto ao exercício da disciplina com relação ao homem incestuoso. Terceiro, Paulo respondeu as perguntas que lhe haviam sido feitas sobre vários assuntos como casamento, dons espirituais, ressurreição etc. Quarto e último ponto, a epístola de Paulo instrui os cristãos em Corinto a coletar fundos para socorro aos santos necessitados em Jerusalém.
1Coríntios 1.1 “Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes,”
Chamado…Vontade…Apóstolo. Paulo defende sua autoridade apostólica em Deus. Ele diz que foi chamado para ser apóstolos, assim como os corintios foram chamados para serm salvos. O Deus que salva é o mesmo que nos dá responsabilidades, é o mesmo que nos usa.
Paulo se encontrou pessoalmente com Jesus no caminho de Damasco, onde foi chamado de duas formas: para ser santo (crente) e para ser apóstolo. Um dos critérios para o apostolado é esse chamado pessoas. Os apóstolos se encontraram pessoalmente com Jesus. Não foi apenas uma visão. Não acreditem em que se intitula apóstolo hoje.
A igreja naquele tempo devia ter boas razões pra duvidar do apostolado de muita gente, já que devia aparecer muitos falsos mestre se intitulando apóstolo. Paulo precisou se defender. Imagine hoje.
Irmão Sóstenes. Sóstenes não era apóstolo, e isso é claro no texto. Ele é identificado como m irmão. Um irmão amado, um irmão importante, mas não um apóstolo. Sóstenes é provavelmente o judeu convertido que foi espancado em Corinto.
Atos dos Apóstolos 18.17 “Então, todos agarraram Sóstenes, o principal da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; Gálio, todavia, não se incomodava com estas coisas.”
Quando se lê Atos não dá pra saber exatamente porque Sóstenes foi espancado pelos judeus, mas lendo aqui pode-se especular que talvez os judeus tenham desconfiado de que Sóstenes ajudou Paulo enquanto ele era julgado.
1Coríntios 1.2 “à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:”
Igreja. Igreja significa chamados para fora. Um povo separado por Deus, do mundo para Deus. É a igreja de Deus e em Corinto. A Igreja tem duas localizações: está em Deus e em Corinto. Em Deus e em Curionópolis. Jamais esqueça, com tantas responsabilidades que você tem aqui, você tem um lugar que precede seu local aqui em importância: Cristo!
Efésios 2.6 “e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus;”
Santificados. A palavra aqui traz a ideia de um estado finalizado mas que tem efeitos contínuos. É um tempo verbal chamado “perfeito”, que quer dizer completo, mas que continua. Uma mistura de passado com presente. Essa santidade é uma santidade posicional. Quer dizer que nós somos santos, de uma vez por todas, porque estamos em Jesus. Ela depende do lugar em que nos encontramos. Estamos em Cristo. Essa santidade é um ato, não um processo. Nesse caso todo crente, que crê em Jesus verdadeiramente, é santo. Na igreja católica só é santa a pessoa que é canonizada, depois de morta. A Bíblia ensina que todo crente em Cristo Jesus é santo. Essa é a nossa posição.
Hebreus 10.14 “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”
É importante ressaltar que Paulo vai falar de vários problemas na igreja, mas ele começa afirmando que a igreja era santa. Ele começa falando da realidade deles em Cristo, pra depois falar da realidades deles em Corinto. Isso é importante porque o que Paulo vai fazer é exortar os irmãos a viverem de acordo com a realidade deles nas regiões celestes. Ele primeiro fala da realidade deles em Cristo (o indicativo), pra depois chamá-los a viver de acordo com essa nova realidade em Cristo (o imperativo).
Isso também quer dizer que Deus, apesar de nossos pecados, nos vê como seu povo santo, sua noiva pura, porque estamos em Cristo, e quando ele olha pra nós ele vê o sangue de Cristo, que nos purifica de todo pecado. Então parece que nos versos 1 à 9, Paulo mostra a igreja como Deus a vê, e depois, a partir do verso 10, quando ele começa a falar dos problemas da igreja, ele fala da igreja como nós a vemos.
Apesar da imundícia que era Corinto, Paulo tinha bons motivos pra crer que havia um igreja ali. Jesus lhe disse:
Atos dos Apóstolos 18.9–10 “Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade.”
Isso traz a esperança de que Deus tem gente em todo lugar.
Chamados para ser santos. Logo depois de dizer que os coríntios são santos, de uma vez por todas, ele dizer que foram chamados para serem santos. Uma outra realidade, outra parte dessa realidade da santificação, é que precisamos nos santificar. Essa santificação aqui é um processo, e não um ato. É processual e não posicional. Quem está em Cristo uma vez por todas, é também chamado para se parecer com ele. Essa segunda santificação é progressiva, ela cresce, e ela depende de meios, meio de graça - ela depende da leitura da bíblia, da oração, da comunhão, da pregação, da mortificação do pecado, da igreja etc.
Então não temos a desculpa de pensar, já estamos em Cristo, já sou santo nele, não preciso me preocupar mais. Na verdade, a evidência que você é santo em Cristo Jesus, é que você busca caminhar em santidade, busca se parecer com esse Jesus com quem você está unido.
Calvino: “se você não se revelar como cristão pela santidade de vida, então certamente não estará capacitado a esconder-se na Igreja e ainda não pode pertencer-lhe. Portanto, todos quantos desejam ser reconhecidos entre o povo de Deus devem ser santificados em Cristo.”
Com todos os que, em todo lugar, invocam o nome do Senhor Jesus. Os coríntios, dentre tantos problemas, tinha também uma vaidade besta de achar de se acharem muito especiais. Como pode?! Paulo, diferente de outras saudações, faz questão de falar que isso tudo é para todos os crentes, em todo lugar, e que os coríntios não eram os únicos crentes da face da terra. Saber disso nos mantém humildes. Não somos os primeiros, nem os últimos, nem os únicos.
Invocam. Invocar o nome do Senhor é o que une os crentes em toda parte. Além disso, Paulo identifica os crentes como “os que invocam o Senhor Jesus”. Ele os identifica pela oração. Nós somos distinguidos pela oração. E pela oração ao Senhor Jesus.
MH: “Os cristãos se distinguem dos profanos e ateus pelo fato de não ousarem viver sem oração; e se distinguem dos judeus e pagãos pelo fato de invocarem o nome de Cristo.”
A oração nos distingue dos ateus e dos pagãos. Porque os ateus não oram. E porque os pagãos oram a outro deus. Nós oramos, e invocamos o nome de Jesus. Não Maria, não Maomé, nenhum santo católico, e oramos sempre. Cuidado, você que vive sem oração, porque viver sem oração, é viver como ateu. Não basta dizer que acredita em Deus se você não se relaciona com ele. Além disso, invocam o nome de Jesus identifica a divindade ele. Só Deus pode ser invocado. Só a ele devem ser dirigidos nossos louvores e nossas orações. Por isso é um grave da Igreja Católica orar a qualquer outro, porque isso é atribuir divindade aos santos e à Maria. Só Deus pode ser invocado, porque só ele pode ouvir e atender nossas orações. Então a oração nos identifica como crentes, e identifica Jesus como Deus, sempre nós o invocamos nós dizemos: Jesus é o nosso Senhor!
1Coríntios 1.3–4 “graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus;”
Graça e paz. Henriksen: “No mundo grego, as pessoas saudavam-se umas às outras normalmente com a palavra grega chirein - “saudações”. Sua forma derivada charis significa “graça”. Os judeus, contudo, saudavam-se uns aos outros com o termo shalom (paz). Na literatura epistolar da Igreja Cristã, as duas expressões, graça e paz, aparecem juntas e têm um sentido decididamente teológico. R. C. H. Lenski observa que “graça está sempre antes, e paz, sempre depois. Isso se deve ao fato de que graça é a fonte de paz. Sem graça, não há nem pode haver paz; mas quando a graça é nossa, a paz necessariamente segue”
Sempre dou graças. Além disso, a graça é tanto uma expressão de bênção (graça sobre vocês) com de gratidão (graças por vocês). O coração de Paulo está repleto de gratidão porque Deus quis chamar seu povo para fora do ambiente imoral e idólatra de Corinto. Até mesmo ali Deus estabeleceu a igreja em comunhão com Jesus Cristo.
Do Senhor Jesus. É importante perceber quantas vezes Paulo chama Cristo de Senhor já no início da carta. Ele enfatiza a soberania de Jesus sobre a Igreja. Paulo está dizendo: Jesus é o Senhor da vida de vocês. Isso se refere também a divindade de Jesus. Senhor, no Antigo Testamento, é Iavé. Jesus é o Deus que se revelou no AT e se encarnou no NT.
1Coríntios 1.5–7 “porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo,”
Em tudo fostes enriquecidos nele. A palavra aqui refere-se a uma pessoa muito rica. Paulo está dizendo que, em Cristo, Deus nos faz muito ricos. Definitivamente ele não está falando de dinheiro, por mais que grande parte da igreja evangélica entenda isso, a bíblia passa longe disso. A única razão desse falso evangelho da prosperidade ter feito tanto sucesso, é porque nosso coração já é inclinado a essa mensagem, nosso coração é enganoso. Mas Paulo está falando de outro tipo de riqueza.
Efésios 1.3 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo,”
Efésios 3.8 “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”
Colossenses 2.3 “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.”
Filipenses 4.19 “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.”
Logo em seguida Paulo identifica essa riqueza, se referindo aos dons, que ele resume dizendo: em toda palavra e em todo conhecimento. A Igreja de corinto era muito capaz na palavra e no conhecimento. Paulo reconhecia isso. Em outra carta Paulo diz o seguinte:
2Coríntios 8.7 “Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça.”
Isso é parecido com o que ele fala aos romanos:
Romanos 15.14 “E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros.”
Os coríntios não eram ignorantes, mas tinham muitas habilidades. Mas parece que tinha dificuldade em aplicá-las. Veja como o pecado impede que usemos bem aquilo que Deus nos deu. Quanto coisa temos, quantos recursos, quantos talentos e habilidade, mas a preguiça, o orgulho, a soberba, a inveja, impede que a gente utilize bem dessas coisas. Quantos de nós poderiam crescer, se desenvolver, ajudar outros, mas não o fazemos, por causa do pecado. Está ao nosso alcance, possuímos no nosso estoque, mas não usamos, porque o pecado nos impede.
Assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós. Aqui Paulo talvez esteja se referindo ao conteúdo do evangelho. Deus confirmou a verdade do evangelho no coração dos coríntios. Ou mesmo, eles receberam a pregação do Evangelho. Então o que Paulo quer dizer é que Deus confirmou a mensagem do evangelho pela operação do Espírito neles, pelos dons. Deus fez o evangelho produzir frutos neles. Os dons confirmavam isso. É incrível pensar que os coríntios não tinha falta de dons por causa da pregação do Evangelho. E era o evangelho, a Palavra, pelo Espírito, que produzia neles esses dons, assim como a fé vem pelo ouvir da palavra, os demais dons também. Logo, podemos pensar que Paulo não está meramente de quaisquer dons, quais habilidades, mas dos dons e dos frutos do Espírito Santo.
Aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo associa dons espirituais à expectativa do retorno de Jesus. O interesse dos coríntios no retorno iminente do Senhor parece ter diminuído (comparar com 15.12,33,34); à vista disso, Paulo, logo no início de sua epístola, quer encorajar sua audiência a aguardar ardentemente o retorno de Cristo.
John Albert Bengel: “A prova para um cristão verdadeiro ou falso é sua espera, ou pavor, quanto à revelação de Cristo”.
Então a Igreja de Cristo, o povo chamado por Deus, é um povo santo e um povo que espera. O que mais motiva a igreja a ser santa? Paulo diz que é a expectativa da volta de Jesus. A expectativa da volta de Cristo leva a igreja a se santificar.
1João 3.2–3 “...Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.”
Uma pessoa que perde de vista a verdade sobre a segunda vinda de Cristo tem a tendência de cair num marasmo, na mesmice e se descuidar da sua vida espiritual.
Por isso, como nós aprendemos na exposição de romanos, os que não esperam pela vinda de Jesus não oram, não lêem a bíblia, não congregam, não se santificam. Tudo isso é uma prova de que na verdade não esperam pelo Senhor. Não anseiam por sua vinda.
1Coríntios 1.8–9 “o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.”
Vos confirmará. Nós terminamos a exposição de Romanos falando sobre a confirmação do nosso chamado. Deus confirma nossa eleição, confirma nossa vacação. Isso que é dizer que ele não apenas nos escolhe, ele nos chama e nos mantém. Isso é tão importante, porque aprendendo não é bom não apensar se salvo, mas saber que é salvo. Ter certeza da nossa salvação. Por isso a confirmação é importante. E Paulo diz que ele nos confirmará até ao fim. Paulo olha pra situação da Igreja de Corinto, tanta coisa ruim acontecendo ali, mas ele olha pra Deus e diz: Deus confirmará o seu povo. Deus sabe quem é quem, e ele sustentará o seu povo até o fim. Pra que? Pra que nunca sofram até Jesus voltar? Pra que nunca fiquem doentes, ou passem por problemas financeiros? Não. Pra que sejam irrepreensíveis. O grande interesse de Deus é na santidade do seu povo.
Calvino: “o fim de nossa vocação é para vivermos de maneira pura e livres de mancha na presença de Deus [Ef 1.4; Cl 1.22]. Entretanto, devemos observar que tal pureza não se completará em nós imediatamente; ao contrário, para nosso próprio bem, devemos continuar exercitando a prática diária da penitência, e prosseguir sendo purificados dos pecados [2Pe 1.9], os quais nos fazem passíveis do castigo divino, até que, finalmente, sejamos despidos, juntamente com “o corpo de morte” [Rm 7.14], de toda a impureza do pecado.”
Hendriksen: “Paulo não está dizendo que os coríntios são irrepreensíveis agora que lhes escreve. Ao contrário, ele olha para o futuro e expressa sua certeza de que Deus os apresentará sem culpa por ocasião do julgamento final, isto é, ninguém poderá acusá-los, pois, naquele dia, serão irrepreensíveis.”
Por mais que eu caia, que eu tropece, não me levantará, ele me levará até aquele dia, ele vai me sustentar até lá. Ele vai cuidar do meu coração. Vale destacar que, o que no AT era chamado de dia do Senhor, com referência ao dia do Juízo, no NT é chamado de Dia de Cristo, dia do Senhor Jesus. Deus vai me sustentar até lá. Até aquele grande dia.
Filipenses 1.6 “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
MH: “Os que esperam a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo serão guardados por ele até o fim; e os que assim forem, serão irrepreensíveis no dia de Cristo, graças à rica e livre graça. Quão gloriosas são as esperanças de tal privilégio: ser guardado pelo poder de Cristo, do poder de nossas corrupções e das tentações de Satanás!”
Assim, Paulo conclui: Fiel é Deus! Ele não diz: Nós somos fiéis. Nós conseguimos. Nós aguentamos. Nós perseveramos. Mas: Fiel é Deus. Por que ele atribui a nossa vitória, nossa perseverança, nossa conservação, a Deus. Ele leva aquilo que ele começou até o fim. Logo, se ele começou nossa salvação, ele levará até o fim. É tão claro como o sol do meio dia. Deus é inabalável em seu propósito. Como eu posso perder minha salvação? Como algo ou alguém poderia me separar do amor de Cristo? Como alguém poderia revogar o dom de Deus? Ninguém poderá nos tirar de suas mãos. Ninguém poderá nos afastar do seu amor. A pergunta não é se Cristo me salvará, mas se ele me salvou. Você jamais deve perguntar, uma vez que você foi salvo, se Deus vai cuidar de você até o fim - é claro que vai. Você deve perguntar - eu estou em Cristo? Eu cri em Cristo verdadeiramente? Eu sou dele?
Pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho. Essa é a razão da nossa segurança. Adão era perfeito, mas caiu em pecado, e levou toda sua descendência à miséria. O que vai nos impedir de cair novamente como Adão? E que vai nos impedir de, quando chegamos ao céu, cairmos de novo? É porque agora não estaremos no primeiro Adão, mas no Segundo. E esse segundo Adão é melhor, mais forte, mais perfeito, e jamais cairá em pecado, jamais nos perderá de suas mãos.
Calvino: quando o cristão olha para si mesmo, ele só vê motivo para tremor, ou, melhor, só vê desespero. Mas pelo fato de ter sido chamado à comunhão com Cristo, ele não deve pensar de si mesmo, quanto à certeza da salvação, de nenhuma outra forma senão como membro de Cristo, tornando assim suas todas as bênçãos de Cristo. Dessa forma, ele se assegurará da esperança da perseverança final como algo certo, caso ele se considere membro de Cristo, aquele que não pode jamais fracassar.
APLICAÇÃO
Aos que estão em Cristo Jesus eu digo: confirmem cada dia mais a sua vocação. Se aproximem mais e mais do Senhor Jesus pela oração, pela Palavra, e pela comunhão. Quanto mais maduros estiverem nisso, mas fortalecidos vocês estarão e não serão abalados no dia do mal. Nenhum sofrimento vai abalar você, o diabo não poderá lançar dúvidas em seus corações, porque vocês: eu sei em quem eu tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia. Lembrem-se da aliança inquebrável da graça, da morte vicária e cabal do Filho de Deus em seu lugar, uma vez por todas, para sempre; lembre Espírito Santo e seus dons irrevogáveis - ele jamais sairá de você. Persevere até o fim!
Aos que não são crentes, aos que não tem certeza, eu os convido ao arrependimento, abandonar o pecado, abandonar tudo aquilo que possa abalar a sua fé, possa distanciar você desse Senhor, possa entristecer o Espírito fazendo você perder a alegria da salvação. Creia no Senhor Jesus hoje, ou creia novamente, creia todos dias, volte pra ele, se lance aos seus pés, abandone o pecado que o colocou na cruz, e abrace esse Senhor crucificado por você, vivo pra você. E assim todos possamos dizer a uma voz:
Salmo 125.1–2 “Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre. Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o Senhor, em derredor do seu povo, desde agora e para sempre.”